AS POSSIBILIDADES DE TRABALHAR A MUSEOLOGIA DE GÊNERO NO MUSEU JOSÉ ANTÔNIO PEREIRA EM CAMPO GRANDE – MATO GROSSO DO SUL
Explorando
o Museu José Antônio Pereira
No espaço anteriormente ocupado pela Fazenda
Bálsamo, hoje se encontra o Museu José Antônio Pereira. Localizado na Avenida
Guaicurus, sem número – Jardim Monte Alegre, Campo Grande – Mato Grosso do Sul,
o local aceita visitações de terça a domingo, e não cobra taxa para entrada. É
um recinto grande e aconchegante, com uma imensa potencialidade em dialogar com
o público, entrelaçando educação transformadora e lazer.
Figura 1 - Fonte Marcos
Ermínio
Ilustrando a história da família Pereira, o
museu possui o intuito de manter vivo o histórico de seus antecedentes. Antiga
residência de Antônio Luiz, filho do fundador de Campo Grande, a visitação
oferece ao público a oportunidade de conhecer a pequena casa, os móveis e
objetos da família, disponibilizando a ideia de como viviam as pessoas dessa
época. Influenciando na formação patrimonial, na garantia da memória e na
construção da identidade regional é um museu que tenta superar a conotação de
“depósito de tesouros” aproximando o seu acervo museológico aos seus usuários.
A identidade regional surge aqui não como aspecto único, e sim, como
complementar de toda uma identidade cultural, buscando criar uma sensação maior
de pertencimento.
Reformado no ano de 1999 o espaço, que
atualmente é gerido pela prefeitura, ganha um certo ar de abandono. A visita
guiada não possui suporte histórico ou pedagógico, um grande prejuízo para o
maior público deste museu: escolas públicas de ensino básico. Em nossas visitas
ao local, presenciamos crianças e professores totalmente alheios aos bens
culturais que ali são apresentados, deste modo, contribuindo para o
desinteresse dos alunos em relação ao patrimônio. Sendo o espaço museológico um
ambiente não formal de educação, é necessário que se crie uma proposta
pedagógica para a visitação dos alunos. Apoiando-se em percepções tanto da
História quanto da Pedagogia juntamente com o entendimento das práticas de organização
e gestão do espaço, que necessita de um planejamento mais adequado. É a partir
dessa base, de sua natureza e funções, que o trabalho do docente que visita o
local será aprimorado.
Assim, fica evidente que um dos maiores
desafios observados no Museu José Antônio Pereira, trata da elaboração e
execução de projetos que busquem um melhor atendimento ao público, uma
abordagem sobre a relação entre patrimônio, memória e a mediação destas para a
construção da identidade. É urgente uma ação educativa que promova uma
reflexão, esclarecendo a sociedade a importância da preservação desse bem
cultural, que conforme Souza Filho, “é aquele bem jurídico que, alpe de ser
objeto de direito, está protegido por ser representativo, evocativo ou
identificador de uma expressão cultural relevante.” É importante ressaltar que
velhas identidades calcadas no ser masculino/herói, que tanto tempo
predominaram no mundo social, caíram em declínio, dando espaço a novas
identidades de um indivíduo mais fragmentado e moderno. Utilizar dessa ideia
como prática museológica, pode tornar a visita mais atrativa para uma
quantidade maior de pessoas.
Figura 2- Arquivo pessoal
Registrado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pelo Instituto Brasileiro de Museus
(IBRAM), o espaço que já possuiu apoio para ações educacionais e até mesmo
projetos socioeducativos com a realização de eventos internos hoje se encontra
em um estado de quase abandono.
A restauração do museu que foi prometida para
começar em agosto de 2019 acabou sendo cancelada por falta de verbas, em mais
uma demonstração de descaso foi deixado de lado todo um plano de sensibilização
da população sobre a necessidade de conservação desse espaço museológico,
construído com taipa de mão, madeira e telhas de barro feitas nas coxas. Sendo
que esse programa educativo que possuía o intuito de aproximar a sociedade ao
museu é um trabalho de extrema importância, tendo a capacidade de motivar a
família a repensar esse universo, criando um estreitamento das atividades de
cunho cultural e incentivando o hábito de frequentação de museus de arte de
todos os envolvidos.
A
estátua
Em frente à casa de pau a pique, está a
estátua de Antônio Luiz, Anna Luzia, e Carlinda Contar. Respectivamente filho,
nora e neta de José Antônio Pereira. É uma estátua com muitas histórias
contraditórias, diversos sites, notícias e teses a tratam como sendo do próprio
descobridor de Campo Grande. Feita pelo artista plástico José Carlos da Silva,
conhecido como “Índio”, foi entregue ao museu na década de 80. Relatos de sua
esposa – dados a revista Vozes das Artes Plásticas, contam que o artista
acordava antes das quatro da madrugada para “bater pedra”. Moradores do bairro
Coophasul, em Campo Grande, tiveram sua casa visitada por artistas, aprendizes,
e compradores de todos os tipos.
Figura 3 - Arquivo pessoal
Conhecido como um dos maiores expoentes da
arte sul-mato-grossense o Índio é fruto do romance entre um marinheiro do
Arsenal de Marinha de Ladário (Mato Grosso), e uma índia da tribo Pareci.
Nascido em 4 de novembro de 1948, em Corumbá (Mato Grosso), foi deixado com sua
avó paterna quando ainda era um bebê. Trabalhou por quase toda a sua vida como
marceneiro, na cidade de Aquidauana (Mato Grosso do Sul), ao abandonar a
profissão esculpiu sua primeira obra de arte em arenito, no ano de 1976. Já no
ano seguinte foi integrar o time dos restauradores do Teatro Municipal do Rio
de Janeiro, ensinando sua arte a todos que desejassem aprendê-la.
Índio demonstrava preocupação em preservar a
formação da pedra, resultando em uma obra que seguia as formas do mármore,
chegou a vender seu carro para viajar à Europa e conhecer a obra-prima do
arquiteto catalão Antoni Gaudí, ficou ali por duas semanas, tempo suficiente
para receber propostas de trabalho. Em sua volta ao Brasil, para buscar a
família que levaria consigo para a Europa o escultor acabou falecendo vítima de
um acidente de trânsito, em novembro de
1991, na cidade de Campo Grande.
Figura 4 - Imagem que inspirou
a escultura feita por índio (arquivo do museu)
No centro dessa imagem encontram-se Antônio
Luiz Pereira, Ana Luísa de Souza e sua filha Carlinda Pereira Contar. Nessa
ocasião o casal comemorava as suas bodas de ouro, foi se utilizando dessa
imagem que Índio criou sua famosa escultura.
A própria estátua, primeira figura visível
logo na entrada do museu, pode ser utilizada de uma melhor forma na visita
guiada. Os guias possuem pouquíssimas informações sobre o objeto, passando por
ele de forma rápida e rasa. Até oferecem informações mais concretas de Antônio
Luiz Pereira, porém, quando se trata de falar sobre o artista, sobre Ana Luísa
de Souza ou sobre Carlinda Contar padecem na falta de informação. Sendo a
figura feminina mais uma vez tratada como secundária, desvalorizada como
sujeito integrado. O museu não acompanhou as mudanças da sociedade, estático
ele se torna desinteressante para as novas gerações que são cada vez mais
caracterizadas pela diferença, apenas mais um local de “coisas velhas”.
Figura 5 - Inscrição do
artista na escultura feita para o museu
Mulheres
e Museu no Ensino de História
A narrativa histórica dominante que priorizou
certas esferas da vida social, dentre elas a política, a religião, as guerras,
os reis, os príncipes, profetas, missionários, padres, guerreiros e
colonizadores foram erguidas como protagonistas de historiografias que davam
claro destaque aos sujeitos masculinos. Solidifica-se a crença de que os homens
ocupavam-se dos grandes acontecimentos, enquanto elas ficavam reduzidas apenas
à reprodução da ordem e do costume, ou seja, aos cuidados domésticos, a
colheita, o trabalho fabril, em todos os casos tarefas desvalorizadas
socialmente. Segundo Mary del Priore são duas as características que marcaram o
início das produções sobre o saber feminino: fazer emergir a mulher no cenário
de uma história não muito preocupada com as diferenças sexuais e demonstrar a
exploração, a opressão e a dominação que a vitimava. Mesmo após três décadas em
que se observa um crescimento constante dos níveis de escolaridade e das taxas
de participação feminina no mercado de trabalho brasileiro, essa noção de
inferioridade presente no imaginário social ainda persiste.
Sendo assim, o cenário da museologia e dos
museus nacionais possibilitam algumas reflexões acerca das perspectivas de
entrelaçamento com os estudos de gênero. São diversos os espaços museológicos
que permitem ressaltar a presença e protagonismo da mulher na sociedade e,
pensar a museologia a partir de uma perspectiva de gênero é um grande desafio,
sendo importante lembrar que é errônea a equiparação de “gênero” com
“mulheres”. Segundo Aida Rechena:
“Na verdade, gênero refere-se à construção
social da masculinidade e da feminilidade e engloba um complexo sistema de
relações que ultrapassa em muito a relação homem/ mulher, entretanto em campos
como os da identidade e cultura gay, transgênero, transexualidade,
bissexualidade, androginia e o chamado “terceiro sexo”. Isso significa que nos
estudos de gênero estão englobadas todas as formas sociais e culturais de ser
<ser humano>, independentemente do sexo biológico ou da orientação
sexual.” [Rechena, 2014, p. 154]
Dessa forma, tendo os estudos de museologia o
conjunto de referências materiais e imateriais com potencial para atuar na
construção de identidades e desenvolvimento dos grupos humanos, a representação
da figura feminina como ativa e participativa é de grande importância
pedagógica, principalmente se tratando da formação de identidade das meninas.
Os museus são instituições exemplares para entendermos como a preservação das
referências patrimoniais pode contribuir para diminuir diferenças entre
mulheres e homens. São os museus instituições tomadas como exemplo para
compreendermos a influência do caráter político e subjetivo na escolha e
preservação das referências patrimoniais e, como se atribuem valores para
fundamentar quais bens culturais serão preservados em detrimento de outros.
O contexto atual da museologia brasileira é
rico e complexo, articulando: ensino/formação acadêmica, políticas públicas e
exercício/prática profissional. Juntos, esses três segmentos ainda que
entrelaçados possuem certa liberdade. Dessa forma é possível a abordagem de uma
história feminina e, também, da história de mulheres negras no Museu José
Antônio Pereira, pois o mesmo representa uma casa do século XIX nos
possibilitando entender como era a convivência daquelas mulheres no ambiente
doméstico.
Segundo Samara, a mulher entra como assunto
de análise pelos historiadores na década de 1980, juntamente com a história da
família. Do mesmo modo, segundo a autora, se cria, concomitantemente, a
necessidade de se estudar a família levando-se em consideração as dimensões de
raça, condição social, religião e outros. Lembrando aqui que desde o
descobrimento até as décadas finais do século XIX, a escravidão foi a grande
marca da formação social brasileira e esse modo de produção lhe serviu como
base material. Porém, essa mesma historiografia oitocentista acabou por
negligenciar o papel desempenhado pela mulher escrava, reproduzindo a ideologia
dominante permeada de mitos e preconceitos.
O próprio José Antônio Pereira, em março de
1872 sai em sua primeira viagem rumo a essas terras de vacarias já com dois
escravos: João Ribeira e Manoel. Algumas historiografias relatam também que o
fundador contava com a ajuda de uma velha escrava para realizar práticas em
medicina, histórias essas que foram deixadas de lado em detrimento da
construção da figura do “Fundador”, conhecido pela longa barba branca formando,
assim, a estampa de um grande herói.
Investigando a imagem das mulheres que
participaram da história regional, bem como da construção histórica como parte
do patrimônio cultural material de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. É de
extrema importância analisar e enfrentar o silenciamento da participação
feminina na fundação desta cidade, mesmo tendo uma historiografia escassa.
Nesse sentido, discutir a colonização e descolonização dos museus e do
patrimônio e suas formas de expor e construir narrativas sobre o Outro, nos
permite problematizar o destaque dado para os grandes eventos da história, dos
heróis e principalmente dos homens. Trata-se de desafiar lógicas que são
presentes nos museus criando espaços de resistência que afirmam a entrada em
cena de sujeitos excluídos historicamente dessas instituições.
No século XIX a situação da mulher era de
subserviência ao pai e/ou ao marido, a situação feminina era frágil em uma
sociedade em que, além de permitir omissões sociais quanto à conduta masculina,
não possuía uma segurança jurídica confiável para as pessoas do sexo feminino.
Infelizmente, a legislação brasileira, tradicionalmente colocou mulheres e
homens em patamares desiguais, atribuindo a elas uma quantidade menor de
direitos. A primeira Constituição brasileira elaborada em 1824, falava de “cidadãos
brasileiros” que, na verdade, eram apenas os homens, pois a mulher juntamente
com as escravos e homens livres pobres estavam excluídos de praticamente todos
os atos da vida civil.
Essa sociedade patriarcal do século XIX pouco
permitia uma ascensão social para a mulher, que muitas vezes via na subida
financeira do marido sua única possibilidade de percorrer melhor posição na
sociedade. Portanto, o casamento e o lar eram os locais de atuação dessa
personagem, que passava da tutela do pai à do marido. Sendo importante lembrar
aqui da mulher negra, presa fácil do sistema escravista nacional era vítima de
violência e sadismo.
No Brasil oitocentista as famílias
endinheiradas possuíam escravas para realizar os trabalhos domésticos, Angela
Davis ao tratar do recorte de gênero e raça nos Estados Unidos é assertiva na
afirmação, que também é válida na história brasileira, ao enfatizar que
enquanto para as mulheres brancas, o trabalho era algo a se discutir e
conquistar, para as negras, ele sempre existiu, inclusive como um objeto de
exploração. Ou seja, nos campos de Vacaria que deram início a história de Campo
Grande, os papeis sociais que ambas desempenhavam só tratava como digna de
algum direito, a mulher branca.
Porém, segundo Lordelllo: “A mulher
brasileira branca do século XIX aparecia como um ser despersonalizado, com
atividade circunscrita ao lar e à Igreja, salvo pouquíssimas exceções (...).
Sua situação era de subserviência, até jurídica, passando das mãos do pai às do
marido”. Esse discurso que provém do patriarcado formou a construção social em
torno do feminino que, se analisada juntamente com as desigualdades entre
homens e mulheres que ainda persistem comprovam a importância da museologia
social na busca de uma maior igualdade.
Isso faz com que o estudo museológico sobre
as mulheres nos permita ressaltar que o conceito de gênero ultrapassa o
determinismo biológico, pois, não é possível traçar um único perfil para a
mulher latino-americana. É extremamente necessário estar atento as diferenças
ao considerar a trajetória de cada retrato, assim, a Educação Patrimonial
pautada pela perspectiva da decolonialidade nos permite trazer novas discussões
que questionem como tem sido o processo de dominação saber-poder sobre as
memórias da fundação da cidade.
Dessa forma podemos em consonância com
Bourdieu não apenas identificar as mudanças na condição feminina ao longo do
tempo, mas de compreender os sistemas formais que tem o poder de arrancar da
História a historicidade da “supremacia masculina”. O autor chama a atenção
principalmente para a família, a igreja e a escola. No século XIX um mundo para
a mulher fora da esfera familiar e do casamento era impensável, a mulher
deveria permanecer virgem antes do casamento e fiel após o mesmo. O Museu José
Antonio Pereira permite um estudo da vida cotidiana de uma família do século
XIX, e é importante questionar a ausência da história das minorias nesse espeço
museológico.
Aplicabilidades da Museologia de Gênero no
Museu José Antônio Pereira
Figura 9 - Museu José Antônio
Pereira / Arquivo Pessoal
A casa no século XIX permite elucidar toda
uma visão social da vida cotidiana daquela época, ela nos possibilita entender
melhor a interligação entre o espaço doméstico e a mulher. Considerando aqui
que uma família que possuía condições financeiras de fazer uma viagem entre
Minas Gerais e Mato Grosso do Sul é aquela pertencente à classe mais alta,
podemos afirmar que a figura feminina estava diretamente ligada ao trabalho com
a casa, pois, possuía uma vida mais reclusa. Dessa forma, essa mulher exerceu
maior influência na disposição espacial das residências. O nosso objetivo aqui
é apontar de que forma esse espaço museológico pode ser mais bem pensado,
fundamentado na importância do saber feminino na constituição da sociedade.
Ao encontrar essa mulher pertencente a uma
família da elite, transformada em “rainha do lar” pela literatura, acabamos
deixando de lado seu papel como agente transformador na comunidade. Nesse
momento, a compreensão da dinâmica social estará comprometida pela negligência
de não valorizar a importância de cada ator. A constituição da esfera privada
como “lugar” das mulheres, e a pública como “lugar” masculino, carrega consigo
inúmeras consequências que são difíceis de superar.
Na História da colonização da cidade de Campo
Grande – MS, o papel do homem pioneiro tem grande destaque, sempre retratado
como desbravador e corajoso José Antonio Pereira ganha realce como quase que
único responsável por estabelecer aqui o início de uma cidade. Acredita-se que
pesquisar para relatar e descrever sobre a participação das mulheres na
História é de suma importância, possibilitando novos olhares sobre os
acontecimentos passados. O trabalho é árduo, pois, os grandes acontecimentos já
estão estabelecidos, mesmo que, com grandes lacunas da História contada. É
necessário questionar o porquê de as
mulheres não aparecerem nos livros sobre a fundação de Campo Grande, o que
consequentemente gerou a sua ausência dentro do espaço museológico. Em 1999,
ano do centenário da cidade, o jornal
local Correio do Estado realizou uma pesquisa sobre o conhecimento da população
quanto a História da fundação dessas terras. Como resultado obteve que 68% dos
entrevistados sequer conheciam o nome do fundador, comprovando a necessidade de
mudanças na forma de abordar esse tema no Ensino de História.
Figura 10- Arquivo ARCA
A preocupação aqui é dar ênfase àquelas
mulheres que, de alguma forma, já aparecem em algumas pesquisas, entretanto,
mesmo assim, acabam por não fazer parte do discurso reproduzido nos locais de
memória. O objetivo é perpetrar com que esse saber nas salas de aula,
facilitando a criação de uma cultura de valorização e respeito ao feminino,
ressignificando o lugar social dessa mulher. Dessa forma podemos citar a
instituição escolar como mecanismo que vem sendo utilizado para silenciar as
mulheres, a escola é um espaço cultural onde discriminações, enquadramentos e
preconceitos de toda uma sociedade se reproduzem insistentemente. Nesse
sentido, Ferrari (2011) aponta que:
“Podemos pensar que os processos de silêncio
e silenciamento ocorrem em diferentes dimensões: para calar os alunos diante da
necessidade de uma explicação, para colocar em vigor um entendimento de
disciplina e controle de turma, mas também para silenciar práticas, assuntos e
comportamentos tidos como indesejáveis e não valorizados.” [Ferrari, 2011,
p.72]
Sendo assim, a museologia de gênero vem como
uma forma de suscitar questionamentos sobre o lugar ocupado pela mulher na
sociedade. O Museu José Antônio Pereira tem como visitantes mais frequentes
professores e alunos da educação básica, sendo então um possível local para dar
visibilidade as ausências.
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