Andréa Giordanna Araujo da Silva


A COR LILÁS E A BONECA ABAYOMI: SÍMBOLOS DA LUTA POLÍTICA DAS MULHERES E DAS MULHERES NEGRAS NO ENSINO DA HISTÓRIA




O texto aborda a história da criação de dois símbolos que têm relação com a história da mulher e dos movimentos feministas. O Primeiro é a adoção da cor lilás como símbolo do movimento feminista, em âmbito internacional, e o segundo é a boneca Aboymi, como referência às mulheres negras no Brasil. Realiza-se a descrição da origem histórica dos símbolos e dos seus possíveis usos no ensino de história, com crianças, nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O estudo analisa as produções pedagógicas resultantes do trabalho realizado com graduandos do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Alagoas, na disciplina Saberes e Metodologias do Ensino de História II – SMEH II (2017-2019) e no projeto de extensão “Raízes Negras do Brasil e de Alagoas: por uma História recontada nas escolas” (2018-2019).

Os símbolos em questão
Nas atividades pedagógicas desenvolvidas no campo da educação, formal e não formal, a cor lilás tem sido utilizada como símbolo da causa feminista: da luta das mulheres por dignidade e igualdade nas relações sociais, equidade nas condições de trabalho, direitos civis e liberdade sexual.

Segundo a pesquisadora Ana Isabel Álvarez González [2010], a cor lilá foi, inicialmente, adotada como a cor oficial do movimento feminista em âmbito internacional para recordar um incêndio ocorrido, em 1911, numa fábrica de produção de roupas femininas em Nova York, quando em torno de 146 pessoas formam mortas. O mito trata de uma fábrica que teria sido incendiada, de propósito pelo proprietário, em represaria à recursa das trabalhadoras de desenvolverem suas funções em condições indignas de trabalho.  Assim, o empresário teria fechado as portas e ateado fogo na fábrica, devido a um movimento grevista.

Gonzalez ao pesquisar as fontes históricas, observou que as condições de trabalho nas fábricas, na primeira década do século XX, eram de modo geral inseguras e que os empresários não atendiam as mínimas exigências de segurança determinadas pelos órgãos oficiais:

“No outono de 1910, o serviço de controle sanitário de Nova York (New York Joint Board of Sanitary Control) investigou as condições de 1.243 oficinas têxteis da cidade Dessa, 99% foram declaradas inadequadas em matéria de segurança; 14 não possuíam saídas de incêndios; em 101 foram detectadas escadas defeituosas; 491 tinham apenas uma saída; em 23, as portas permaneciam fechadas com chaves durante o dia; 58 estavam insuficientemente iluminadas; em 78, os acessos às saídas de incêndio estavam bloqueados e as portas de 1,172 (94%) abriam para dentro” [Gonzalez, 2010, p. 35].

Considerando as precárias condições a que estavam submetidos os trabalhadores e trabalhadoras das fábricas e a incidência de desastres nos locais de trabalho, o movimento de reivindicação dos trabalhadores e trabalhadores é fenômeno constante nos países em que a indústria estava em ascensão no início do século XX. Assim, não parece crível pensar que um empresário perderia todo o seu o patrimônio com o objetivo de punir o movimento reivindicatório, e que se utilizaria de um tipo de violência que lhes traria sérias consequências jurídicas.  O incêndio resultou, possivelmente, do resto de cigarro aceso e descartado por um trabalhador. Todavia, os proprietários da fábrica foram levados a julgamento devido ao não atendimento das normas de segurança, pois as portas estavam fechadas e as funcionárias não conseguiram sair do local. Porém, foram inocentados, porque não se conseguiu provar se eles ou funcionários haviam fechado a porta, e cabe salientar que se tratava de um júri formado apenas por homens. 

Este desastre teve como consequência a realização de muitos eventos de reivindicação por segurança. Alguns foram promovidos por instituições sindicais formadas por mulheres, como a Liga Sindical de Mulheres e o Sindicato Internacional dos Trabalhadores em Confecção para Mulheres. As ações resultaram no alcance de alguns direitos jurídicos para as trabalhadoras.

“Entre as recomendações, que se transformaram em leis, não só no Estado de Nova York, mas também em outros Estados, estavam a redução da jornada de trabalho  das mulheres, a limitação da idade das crianças  para começar a trabalhar, a proibição do trabalho noturno para mulheres, as compensações econômicas pelos acidentes de trabalho, as medidas para preveni-los e a exigência de normais mais rígidas para instalação de fábricas e estabelecimentos comerciais” [Gonzalez, 2010, p. 40].

Embora o acontecimento trágico descrito apresente as opressões vividas e as lutas travadas pelas mulheres trabalhadoras nos Estados Unidos e tenha servido de referência ao movimento feminista, em âmbito internacional, segundo González [2010, p. 35], não existe registro histórico que relacione a cor lilás ao incêndio ocorrido na Triangle Shirtwaist Company:

“Apesar de que o mito conta que as empregadas da fábrica incendiadas utilizavam uniformes de cor lilás, posteriormente adotado como a cor feminista por excelência, as fontes consultadas para determinar as condições de trabalho da Triangle não só não fazem menção a nenhuma cor, como nem sequer mencionam que estas operárias utilizassem uniformes.”  

Embora a cor lilás não esteja relacionada ao fenômeno histórico citado, ela é o símbolo que agrega o conjunto dos movimentos e práticas feministas surgidos a partir das lutas das mulheres por direitos. Assim, usualmente, aparece na exposição dos trabalhos das feiras de ciências e nas imagens e produções expostas nas escolas no dia Internacional da Mulher, ou em eventos que tratam sobre gênero e violência contra a mulher. 

A Abayomi é descrita, usualmente, como uma boneca, porém, em sua origem, ela foi produzida não relacionada ao ato do brincar, mas como um objeto de expressão da memória de um grupo étnico e hierarquicamente situado na estrutura da sociedade: a mulher negra ou a mulher negra africana traficada para o Brasil, nos governos colonial e imperial escravocratas.  

A Abayomi transformou-se em um mito nas narrativas orais, após sua criação. De uma produção artística, criada e difundida em curso para mulheres negras no estado do Rio de Janeiro, a Abayomi se transformou em um mito. Passou a ser descrita como uma referência às mulheres negras africanas, que, quando traficadas e transportadas para as colônias no navio, rasgavam suas vestimentas e produziam bonecas de pano, modeladas pela feitura de nós nas extremidades do tecido, como  objetivo de acalentar seus filhos durante a tortuosa viagem. Essa narrativa está disseminada como se fosse um fato histórico em muitos sites na internet. Assim, ao escrever a frase “crianças nos navios negreiros”, no buscado Google, o primeiro anúncio é “Abayomis: Amuleto que diminuía a dor de crianças nos navios negreiros”, produzido pela Rádio Agência Nacional [2016]. O texto afirma que:

“Por séculos, milhares de africanos foram trazidos ao Brasil para serem escravizados. Dentro do navio negreiro e em meio a condições terríveis, mães se esforçavam para amenizar a dor e o medo dos filhos. Durante a travessia, as mulheres rasgavam pedaços do tecido das suas saias. Para acalantar as crianças, o pano se transformava em matéria-prima para a confecção de pequenas bonecas, as Abayomi. Feitas sem costura, apenas com tranças e nós, as africanas acreditavam que a peça de tecido preto e vestes coloridas também servia como amuleto de proteção para seus filhos. De origem iorubá, “abay” significa encontro e “omi”, precioso. Para as mães, as bonecas Abayomis trazem uma mensagem: “Ofereço a você o melhor que tenho em mim”. Em terra e séculos depois, a boneca de pano que acalentou tantas crianças negras virou símbolo da sabedoria e da resistência dos povos africanos.”

Ao escrever no mesmo buscador termo Abayomi, o primeiro site ao tratar da temática foi o Geledés – Instituto da Mulher Negra [2015],  um  importante espaço on-line  e físico que desenvolve atividades de formação para tratar das questões da mulher negra no Brasil. Neste espaço a narrativa  se repete:

“Para acalentar seus filhos durante as terríveis viagens a bordo dos tumbeiros – navio de pequeno porte que realizava o transporte de escravos entre África e Brasil – as mães africanas rasgavam retalhos de suas saias e a partir deles criavam pequenas bonecas, feitas de tranças ou nós, que serviam como amuleto de proteção. As bonecas, símbolo de resistência, ficaram conhecidas como Abayomi, termo que significa ‘Encontro precioso’, em Iorubá, uma das maiores etnias do continente africano cuja população habita parte da Nigéria, Benin, Togo e Costa do Marfim. Por Kauê Vieira, do Afreaka”  [Gedeles, 2015].

Todavia, o texto anterior tem como complemento outra informação: 



“’Lena Martins, Movimento Negro e o começo de tudo’
Cláudia Muller também se inspirou no trabalho da pioneira quando o assunto é Abayomi, Waldilena Martins, ou Lena Martins para os mais chegados. Educadora popular e militante do Movimento das Mulheres, ela liderou a confecção das bonecas no Brasil no final dos anos 1980, ao mesmo tempo em que o Movimento Negro organizava uma marcha para lembrar os 100 anos da abolição. Em um cenário em que a questão ecológica estava se popularizando, o objetivo de Lena era fazer da arte popular instrumento de conscientização e sociabilização. Não demorou para que o trabalho fizesse sucesso e chamasse a atenção de mulheres espalhadas pelos quatro cantos do país. A aceitação foi tanta que em 1988 foi criada no Rio de Janeiro a Cooperativa Abayomi, plataforma fundamental para o fortalecimento da autoestima e reconhecimento da identidade afro-brasileira. Por meio de um trabalho social e humanitário, a Cooperativa Abayomi está em constante diálogo com os movimentos negros, estudantil, sindical e religioso. O projeto faz parte da rede nacional contra a violência à mulher e da rede de mulheres negras latino-caribenhas. Integram o time da Cooperativa Abayomi mulheres educadoras, psicólogas, terapeutas, que juntas organizaram um grupo de trabalho baseado na conscientização e socialização do indivíduo” [Gedeles, 2015].

Segundo pesquisa desenvolvida por Gomes et al. [2017], sobre trajetória da artista Lena Martins e do surgimento das Abayomi,  a criação da boneca Abayomi ocorreu na segunda metade da década de 1980, por iniciativa da artesã Lena Martins, à época militante do movimento de mulheres negras. O objeto lúdico recém inventado, por uma maranhense, que vivia no Rio de Janeiro e atuava como coordenadora de animação cultural no Centro Integrado de Educação Pública (CIEP) Luís Carlos Prestes, tinha a função política ser um “[...] exercício de transmissão de uma memória a ser reconstruída [p. 256], era como estratégia para fortalecer a identidade negra e a dar visibilidade à origem africana deste grupo étnico-racial”.

A Abayomi é mais que uma Boneca, é uma técnica de criação; é um objeto lúdico feito com nós sem costura e sem cola e sem face; um saber-fazer que buscar a re(construção) da memória negra. “Os nós são resultados da ação das mãos, das palavras, da identificação social, de gênero e da ancestralidade [p. 259]. Criada por mulheres negras, militantes do movimento negro da década 1980  e reproduzidas em cursos e oficinas nos anos 1980 e 1990, as Abaoymi “[...] integram o conjunto de símbolos que marcam a memória dos movimentos negros” e caracterizam-se “[ ...] como instrumento pedagógico de sensibilização concernente à identidade das mulheres negras” [p. 261 e 262].

Na obra Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer [1988] observam como a lenda das aventuras de Homero serviram de inspiração para justificar os valores e princípios da razão da burguesia, em acessão política e econômica na Europa, no âmbito do iluminismo.  Assim, Homero cumpre a função de ser um fenômeno agregador dos povos da Europa, na época da acedência dos ideários iluministas, ele é visto como um ancestral comum e fundador das qualidades do homem burguês; trata-se do um desbravador de terras, corajoso, ágil, criativo, forte e inteligente. Homero foi capaz de vencer um ciclope, criatura maior e mais forte que ele, utilizando-se da dissimulação e da mentira como recursos que representavam a inteligência e a astucia; obras de sua mente criativa. Foi capaz de atravessar o canto das sereias ouvindo a música que elas cantavam, porém não as seguiu, porque estava amarrado em um mastro do navio, isto permitiu que ele não as seguisse. Fingiu ser outro indivíduo, ao retornar para casa, para testar a fidelidade de sua esposa e a confiança de seus súditos. Assim, embora as ações de Homero nem sempre estivessem imbuídas da verdade e da ética, elas eram úteis, vistas como inteligentes, pois buscavam a autoconservação do indivíduo (a preservação da vida), logo eram justas e coerentes com a razão burguesa. 

É considerando o mito com um elemento comum aos sujeitos, que possibilita encontrar uma unidade na diversidade, assim também são os símbolos que podem representar no campo político, por exemplo, uma causa social, um grupo étnico ou um partido político. Assim, a cor lilás e a boneca Abayomi ganharam sentido e tonaram-se símbolos de lutas comuns às mulheres na diversidade (movimentos feministas) e na unidade (particularidade das mulheres negras no Brasil). 

Observamos que os símbolos não foram construídos a partir da memória histórica oficial, mas ainda assim produzem sentidos como referência ao passado de violência e resistência das mulheres. Assim, como o mito, o efeito de sentido dos símbolos é produzir e fazer circular discursos que reforçam a imagem da mulher como sujeito histórico ativo, receptor, produtor e transformador de cultura.   

O Ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental
Em nosso trabalho de formação inicial de professores, no curso de Pedagogia, temos realizado, sobretudo, duas ações para a abordagem da História das Mulheres e a História dos Negros e Negras no Brasil.  Realiza-se um trabalho de discussão teórica sobre as temáticas citadas e a produção de jogos didáticos na disciplina Saberes e Metodologia do Ensino de História II. Ainda, frequentemente, em nossos projetos de extensão, produzimos oficinas que abordam a História dos Negros e Negras em Alagoas e no Brasil. Nesta última ação, priorizamos a confecção da boneca Abayomi para criar a representação positiva da mulher negra, que passa a ser apresentada às crianças como a mãe e a filha de alguém. Com esse trabalho pedagógico buscando desassociar a imagem da mulher negra da pessoa escravizada que as crianças veem nos livros de história. 

Um exemplo de jogo didático que explora a cor Lilás como símbolo é o “A Luta Feminina por Direitos no Brasil do Século XX”, produzido pelas futuras professoras Anielle Silva e Emanoela Damasceno [2019, p. 2]:

“Quando pensamos em trabalhar a luta das mulheres por direitos no Brasil do século XX, pensamos principalmente que queríamos, com o trabalho, demonstrar um pouco da importância da atuação da mulher em diversas lutas que diversas vezes passam despercebido e com a reunião da literatura para a confecção do jogo pudemos comprovar isso. Diversas histórias de luta, de união, que pode causar um senso de pertencimento enorme nas meninas que tiverem acesso ao jogo e de respeito (que muitas vezes não é semeado ao longo da vida) entre os meninos, vendo que, apesar de ainda vivermos numa concepção patriarcal de sociedade e valores, muito do que temos hoje é advindo da luta feminina.

Percebemos que ao se trabalhar história na sala de aula, em diversos acontecimentos apresentados há apenas figuras masculinas a frente destes. Assim sendo, o jogo A Luta Feminina Por Direitos no Brasil do Século XX traz em si uma relevância social enorme, quando auxilia no combate ao sexismo, visando ainda um empoderamento feminino, fomentando uma educação pautada na equidade, quebrando assim estereótipos implantados na sociedade ao longo das gerações.”


Imagem 1: Jogo “A Luta Feminina por Direitos no Brasil do Século XX”
Fonte:  Silva e Damasceno, REP 2, 2019.

No material pedagógico, a cor Lilás (em suas várias “tonalidades”) é usada como discurso político e ideológico. Não se trata de um elemento utilizada para melhor expor a estrutura física do objeto, ele pretende formar e direcionar o olhar da (o) estudante para a luta feminista, por meio do uso do símbolo.

Já a Abayomi, usualmente, é utilizada em oficinas, cursos e momentos pedagógicos diversos no ensino de história (oficinas pedagógicas para os professores, feiras de ciências e atividades relacionadas ao dia da Consciência Negra)  em que a questão da história e cultura negra busca ser tratada como símbolo de luta, resistência e produção de cultura. Assim, em nossas vivências pedagógicas, a linguagem artística, com a confecção da “boneca” (vista por nós mais como escultura que como boneca),  visa criar a miragem da mulher negra como mãe e mulher, como sujeito capaz de amar, distanciando-se da representação da mulher negra escravizada, representada como se fosse um mero objetivo, uma mercadoria  e um indivíduo incapaz e inerte, animalizado e distante da figura humana) tão comum na abordagem dos livros de história dos anos iniciais do ensino fundamental.



Fonte: a autora, 2019.

Segundo Joice Beth [2019, p. 113], “[...] os conceitos estáticos acerca do belo têm mudado de acordo com os valores e intenções da época”. A abordagem do mito da Abayomi apresenta à escola a história da mulher negra como sujeito produtor de história e de cultura, que sofreu (e ainda sofre) opressões diferentes de outras mulheres membros da nossa estrutura social patriarcal, mas que resiste e se reproduz como figura forte e que luta por emancipação política e econômica [Ribeiro, 2017]. Pretendemos colaborar para que as crianças, jovens e adultos desenvolvam o sentimento de empatia, como construção intelectual [Ribeiro, 2019], em relação as questões políticas e sociais conexas à opressão e à resistência do negro e da negra no Brasil e estimular a criação de ações antirracistas e de reconhecimento do papel da mulher na sociedade brasileira  no trabalho pedagógico realizado na escola, desde a infância.

Considerações
Os materiais (jogos) e as atividades pedagógicas (oficinas de produção de Abaoymi) produzidos na disciplina SMEH II e no projeto de extensão “Raízes Negras”, mesmo lembrando da situação de desqualificação da mulher na história e os processos de silenciamento da mulher negra como mãe, esposa e filha, mostram que esta condição não é natural e que a luta e a resistência das mulheres foram e são os meios necessários para o reconhecimento da mulher como  sujeito histórico produtor de cultura e de resistências, que interferem na transformação das  práticas culturais, econômicas e políticas constituídas por elas, com elas, para elas e entre elas.    

Nota: Adotamos o termo tráfico em contraposição a ideia de um comércio ultramarino de pessoas, pois o rapto, captura, compra, aprisionamento, transferência para as colônias e escravização de pessoas africanas precisam ter considerados como formas de violências à existência humana, não um acordo entre Estados e comerciantes. 

Referências
Andréa Giordanna Araujo da Silva é professora da disciplina  Saberes e Metodologias do Ensino de História do Curso de Pedagogia e Programa de Pós-Graduação em História  da UFAL, pesquisadora do “Grupo de Estudos Ensino, História e Docência” e Líder do Grupo de Pesquisa “História da Educação, Cultura e Literatura”
[https://cedu.ufal.br/grupopesquisa/gephecl/].


ADORNO, Theodor; HORKEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Tradução Guido de Almeida, Rio de Janeiro:  Zahar, 1988.
BERTH, Joice. Empoderamento. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.
GELEDÉS. Bonecas Abayomi: símbolo de resistência, tradição e poder feminino. 22 mar. 2015.  Disponível em:
https://www.geledes.org.br/bonecas-abayomi-simbolo-de-resistencia-tradicao-e-poder-feminino/.
Acesso em: 06 nov. 2019.
GOMES, Edlaine et al. A boneca Abayomi: entre retalhos, saberes e memórias. Iluminuras, Porto Alegre, v. 18, n. 44, p. 251-264, jan./jul., 2017.
GONZÁLEZ, Ana Isabel Álvarez. As origens e a comemoração do dia internacional das mulheres. São Paulo: Expressão Popular: SOF- Sempreviva Organização Feminina, 2010.
Rádio Agência Nacional. Abayomis: Amuleto que diminuia a dor de crianças nos navios negreiros. Brasília, 16 nov. 2016. Disponível em: <http://radioagencianacional.ebc.com.br/cultura/audio/2016-09/abayomis-amuleto-que-diminuia-dor-de-criancas-nos-navios-negreiros>. Acesso em: 6 nov. 2019. 
RIBEIRO, Djamila. Pequeno manual antirracista. São Paulo: Companhia das Letras, 2019
______. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento: Justificando, 2017.
SILVA; Anielle; DAMASCENO, Emanoela Damasceno.  Relatório de Experiência Pedagógica. Maceió: UFAL/SMEH II, 2019.

Bibliografia (usada para produção dos recursos e práticas pedagógicas)
AGUIAR, Vilenia V.P.  Somos todas margaridas: um estudo sobre o processo de constituição das mulheres do campo e da floresta como sujeito político.  Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas, 2015.
GIULANI, Paola Cappelin. “Os movimentos de trabalhadoras e a sociedade brasileira”. In: PRIORE, Mary Del (org.). História das Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2004.
HAHNER, June E.  A mulher brasileira e suas lutas sociais e políticas (1850- 1937). São Paulo: Brasiliense, 1981. p 61.
PINTO, Céli Regina Jardim. Uma história do feminismo no Brasil. São Paulo: F. Perseu Abramo, 2003.
SOUTO, Bárbara. “Senhoras do seu destino”: Francisca Senhorinha da Motta Diniz e Josephina Alvares de Azevedo – projetos de emancipação feminista na imprensa brasileira (1873-1894). Dissertação (Mestrado), Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. 
TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1999.

8 comentários:

  1. Andréa, muito bacana suas abordagens na sala de aula. Tenho duas curiosidades sobre as abayomi, primeiramente a respeito da fonte pela qual esta prática chegou até nós na contemporaneidade, foi pela oralidade e repetição da prática ou tem alguma pesquisa que abordou a abayomi como vestígio material? A segunda questão, você tem conhecimento sobre a simbologia desta prática para as mulheres de comunidades tradicionais (quilombolas). Quero dizer, tem a possibilidade de a "fabricação" das bonecas ainda serem usuais como um conhecimento passado por gerações ou mesmo realizado como expressão da memória nestes espaços?
    Grata.

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    1. Bom Dia Paola. Gradeço as suas perguntas.
      Na historiografia de mulheres negras e da infância negra no Brasil não encontramos, até o momento, produções que tratem da temática brinquedo citando as Abayomi. Elas foram uma criação de uma artesã e militante do movimento negro, das décadas de 1980 e 1990. Porém é possível que nas comunidades quilombolas possamos encontrar muitas produções materiais e materiais para infância negra. Estou cada vez mais inclinada a considerar as Abayomi como escultura, não como bonecas, deviso a sua simbologia e formas de produção e circulação das práticas culturais.

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  2. Ola bom dia.Bem interessante a representação da boneca abayomi como simbolo de luta das mulheres negras. Eu conhecia um pouco da história dessa representação, seu trabalho me esclareceu. Na cidade em que moro nós temos um espaço cultural Abayomi, bem interessante gosto muito de frequenta-lo. Quero saber mais como surgiu seu interesse pela abayomi?

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    1. Bom Dia Aluizia.
      Sou professora de metodologia do ensino de história do Curso de Pedagogia a mais de 10 anos. Temáticas relacionadas aos excluídos da História (mulheres, negros, crianças, indígenas,camponeses...) são muito de difíceis de abordar na formação dos professores dos anos iniciais devido ao pouco tempo dedicado à disciplina de História no currículo, então tenho realizado projetos de extensão para "complementar as lacunas" que possam ser deixadas na formação inicial e para formação continuada de professores. Assim realizei o Projeto Raízes Negras: por uma história recontada nas escolas e passei a utilizar a Abaoymi na formação dos professore e estudantes como um mito contemporâneo, simbolo de luta e resistência.

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  3. Olá Andréa,
    Inicialmente parabenizo pelo trabalho que vens desenvolvendo. Gostaria de saber como o material de vocês, o jogo, as oficinas e a confecção de abayomis é recebido pela comunidade escolar: alunos e famílias. Pergunto isto, pois resido em um município de colonização germânica, no Estado do Rio Grande do Sul, onde muitas vezes questões relacionadas a cultura africana e ao negro, são recebidas com desconfiança e preconceito por parte das famílias e alunos. Mesmo após a implementação da lei 10.639/2003, o nosso trabalho enquanto professores avança a passos lentos
    Desde já agradeço
    Vitória Duarte Wingert

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    1. Bom Dia Vitória.
      Obrigada pela pergunta e relato.
      Essa é uma realidade que vivencio, mesmo morando em um Estado com um grande grupo populacional preto e pardo. Algumas escolas não gostam de abordar a história e cultura negra e indígena devido a confrontos de ordem religiosa, pois essas culturas apresentam a dança, a música, as linguagens, a espiritualidade... como movimentos de resistência histórica. Então de modo geral, quando as escolas não querem participar do projeto informam que não existe tempo no currículo, porém como existe a obrigatoriedade do ensino de História dos Negros e Indígenas, costumo questionar como a escola aborda a temática durante o ano letivo? Não temos como "fiscalizar" as abordagens nas escolas, e nem deve ser assim, mas é preciso lembrar aos gestores e professores que existe uma legislação que deve ser cumprida, o que é possível, por exemplo, se a escola estabelecer parcerias. E preciso lembrar aos gestores que racismo é crime no Brasil, e que muitas das comunidades étnicas contemporâneas brasileiras são originárias de povos e países dos quais seus ancestrais saíram porque foram perseguidos ou imigraram por necessidades religiosas, políticas, econômicas e culturais... A memória precisa sempre ser posta em funcionamento no tratamento da questão étnica no Brasil.

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