A IMPORTÂNCIA DO TEMA GÊNERO NAS AULAS DE HISTÓRIA E HUMANIDADES: UMA ANÁLISE A PARTIR DAS REDAÇÕES NOTA MIL DO ENEM/2015
O presente artigo tem como objetivo destacar
a importância da temática “gênero” no ensino de História e de outras
disciplinas de Humanidades na Educação Básica. Para tanto, demonstraremos como
o tema tem sido pauta de provas importantes da educação nacional, a exemplo da
sua presença na redação de 2015 do Exame Nacional do Ensino Médio [ENEM], cujo
título foi “A persistência da violência contra a mulher na sociedade
brasileira”. Metodologicamente, abordaremos a importância dessa temática numa
educação pautada nos direitos humanos e na valorização da diversidade, e
analisaremos cinco redações que obtiveram nota máxima, as quais estão
disponibilizadas no manual de redação do ENEM 2016 [INEP, 2016].
A
temática “Gênero” na educação brasileira
Em 2014 foi apresentado pelo Ministério da
Educação [MEC] o Plano Nacional de Educação [PNE], que determina as diretrizes,
metas e estratégias para a política educacional dos dez anos seguintes.
Destaquemos que um dos objetivos do PNE seria a “promoção da igualdade racial,
regional, de gênero e de orientação sexual”, caracterizando, assim, uma
educação voltada ao desenvolvimento do aluno como cidadão crítico apto a
compreender e conviver com a diversidade social que o cerca, além de ser uma
das formas de combate aos diversos tipos de discriminação.
Desde a sua apresentação no Congresso
Nacional, no entanto, o projeto recebeu inúmeras críticas de parlamentares de
vertente conservadora, o que levou a modificação da proposta inicial. Foi
retirado o termo “gênero” sob a acusação de que fazia referência à ideologia de
gênero nas escolas. O PNE modificou o antigo trecho por “cobrir todas as formas
de discriminação”. Essa mudança: “soou como recuo às lutas por políticas
públicas não sexistas, antirraciais e antidiscriminatórias na educação, logo
uma perda para os direitos humanos” [Neves, 2018, p. 736]. Após essa
modalização, o Plano Nacional de Educação foi aprovado através da Lei n°
13.005/2014 [Brasil, 2014].
Importante ressaltar que durante esse período
diversos projetos políticos defendiam uma educação pretensamente sem
doutrinação ideológica. Tais projetos tinham apoio de movimentos como Movimento
Brasil Livre [MBL] e Movimento Escola sem Partido [ESP]. Este segundo, como é
possível perceber na própria nomenclatura, faz alusão ao combate de uma suposta
educação político-partidária em sala de aula, quando na verdade tem como
pretensão erradicar a educação democrática [Penna, 2016].
Num primeiro momento os apoiadores do Escola
Sem Partido [ESP] sinalizavam o combate ao que chamam de “doutrinação marxista”
em escolas, universidades e materiais didáticos. O movimento foi fundado em
2004 pelo advogado e procurador do Estado de São Paulo Miguel Nagib, mas apenas
a partir de 2014 ganhou notoriedade, sendo apresentado como projeto de lei em
diversas casas legislativas do país. Muitos políticos apoiadores do movimento
pertencem à bancada evangélica, usando como argumento o discurso de combate a
ideologia de gênero nas escolas. Com isso, o ESP se voltava para outra pauta da
agenda conservadora: o combate à “ideologia de gênero”, entendendo de forma
equivocada e preconceituosa que
a escola executa papel único na orientação de gênero do indivíduo [Ferreira,
Alvadia Filho, 2017].
Em decorrência dessa mudança, passou a haver
uma pressão do movimento no sentido de proibir que professores falassem sobre
temas como o criacionismo, gênero, sexualidade, entre outros, sob o risco de
que fossem denunciados para a associação e difamados na página da internet do
ESP.
Além do tema da redação de 2015, a
contraditoriedade do Escola sem Partido em relação ao tema “gênero” no ENEM
ainda teve outro foco em 2015. Miguel Nagib direcionou sua crítica a uma
questão presente na prova de Ciências Humanas e Suas Tecnologias que trazia uma
das citações mais famosas da filósofa feminista Simone de Beauvoir no livro “O
segundo sexo”, de 1960: “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher” [Beauvoir,
2008, p. 13].
A visão crítica do fundador do ESP, presente
no site oficial do Escola sem Partido [escolasempartido.org], diz: “Este ano,
mais de milhões de estudantes tiveram de
escrever uma redação sobre a violência contra a mulher na sociedade brasileira.
Cuidava-se, é claro, de uma provocação ideológica, e é de supor-se que muitos
candidatos tenham ficado temerosos de expressar seus pensamentos” [Nagib,
2015]. Sua crítica sugere que o próprio INEP estaria desrespeitando,
claramente, os direitos humanos ao impor que a intervenção para o problema
abordado respeitasse os direitos humanos, sem romper com valores como
cidadania, liberdade, solidariedade e diversidade cultural. Sua argumentação
prossegue: “Condicionar o acesso de um estudante ao ensino superior a que ele
possua ou expresse determinada opinião sobre o que quer que seja configura, sem
sombra de dúvida, uma forma acintosa de cerceamento àquelas liberdades” [Nagib,
2015]. Nagib finaliza seu discurso dizendo que no fim das contas, Simone de
Beauvoir era apenas o boi de piranha do ENEM. Esta frase diz respeito
justamente à repercussão obtida pela questão de Ciências Humanas que, segundo
ele, teria tirado o foco sobre o real “problema” da prova que era o “controle
de pensamento” da redação ao zerar aqueles alunos que desrespeitassem os
direitos humanos.
Segundo defende o Escola sem Partido, a
função de educar cabe a família e a religião. O objetivo da escola seria apenas
instruir para a entrada no mercado de trabalho. Partindo dessa perspectiva,
além de inconstitucional, o movimento ignora uma educação emancipatória e
crítica e também o caráter plural da escola. Louro [2001] nos lembra que no
ambiente escolar estão presentes o sexismo, o racismo, a LGBTfobia e o ódio a
diversidade. A escola, muita vezes, pode ser ambiente de reprodução das mesmas
formas de discriminação, visto que é constituída através de uma parcela da
sociedade.
Assim sendo, numa visão democrática de
Ferreira e Alvadia Filho [2017], o papel do profissional da educação é, além de
repassar o conteúdo, estimular o pensamento crítico para que o aluno consiga
relacionar passado, presente e os padrões culturais que permeiam a sociedade a
sua volta. Só dessa maneira será possível fortalecer a luta por políticas
públicas que valorizem as minorias e façam com que os indivíduos aprendam,
desde cedo, a conviver respeitosamente em ambientes permeados pela diversidade.
O
ENEM de 2015 e a educação em direitos humanos
Assim como nos outros anos, na redação de
2015 o estudante deveria escrever uma dissertação-argumentativa, com no máximo
30 linhas, que em seu parágrafo de conclusão apresentasse uma proposta de
intervenção articulando medidas e agentes responsáveis, respeitando os direitos
humanos, sendo esta conclusão-intervenção um diferencial do exame. Em caso de
violação dos direitos humanos o candidato teria nota zero atribuída a sua
prova.
Além de se constituir no principal mecanismo
de ingresso ao ensino superior do país, é importante salientar que o ENEM se
apresenta como forma de avaliação do currículo educacional em âmbito nacional,
tendo em vista o cumprimento do artigo 205 da Constituição Federal de 1988,
tanto por instituições de ensino privada como por instituições de ensino
público, o qual afirma: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho” [BRASIL, art. 205]. Logo, diferente do que
afirma o movimento Escola Sem Partido, a educação é um direito que relaciona
diversas instituições e deve ser uma educação que prepara também para o
exercício da cidadania e não apenas para a qualificação no mercado de trabalho.
Ademais, assim como a educação é uma
atividade que relaciona diversas instituições, a educação em direitos humanos
[EDH] faz-se necessária com o auxílio de várias instituições, inclusive dentro
da própria escola, ou seja, não é função apenas do professor de História ou de
seus colegas de Humanidades abordarem conteúdos sociais em suas aulas, mas sim
de todos os educadores em conjunto. Com isso, não haverá apenas um letramento
em direitos humanos, mas uma cultura em direitos humanos e dessa forma será
possível fazer com que medidas realmente aconteçam extraclasse [Neves, 2018].
Para isso, também é necessário que os educadores pensem em estratégias para
abordar os conteúdos sem que reproduzam discriminações que já estão
estruturadas na sociedade, inclusive no currículo e na linguagem irrefletida
que são usadas, e que, por conseguinte, acabam reafirmando as diversas formas
de discriminação existentes na sociedade [Meyer, 2003].
Análise
das redações nota 1000 e sua importância para a História e as Humanidades
Ao examinarmos as cinco redações nota 1000 de
2015 disponibilizadas no manual de redação do ENEM 2016 [INEP, 2016], é
possível observar a percepção das melhores provas sobre o tema. Quatro das
cinco redações salientaram que, apesar de a sociedade ter tido mudanças em
relação aos espaços sociais, que passaram a ser mais ocupados por mulheres,
ainda há muito a avançar em termos de igualdade de direitos e condições entre
os gêneros.
Abaixo apresentaremos os trechos que mais
chamaram a atenção nas redações disponibilizadas, podendo perceber em cada uma
a alusão ao tema gênero. Em seguida, os analisaremos.
Redação 1: “A crença na subalternidade
feminina é construída socialmente. A filósofa Simone de Beauvoir corrobora isso
ao afirmar que “ninguém nasce mulher, torna-se mulher”. Os dizeres de Beauvoir
revelam como a associação da figura feminina a determinados papéis não é
condicionada por características biológicas, mas por pré-determinações sociais”
[INEP, 2016, p. 49].
Redação 2: “O Brasil ainda não conseguiu se
desprender das amarras da sociedade patriarcal. Isso se dá porque, ainda no
século XXI, existe uma espécie de determinismo biológico em relação às
mulheres. Contrariando a célebre frase de Simone de Beauvoir “Não se nasce
mulher, torna-se mulher”, a cultura brasileira, em grande parte, prega que o
sexo feminino tem a função social de se submeter ao masculino,
independentemente de seu convívio social, capaz de construir um ser como mulher
livre” [INEP, 2016, p. 51].
Os trechos acima, retirados das duas
primeiras redações, citam a frase de Simone de Beauvoir que também esteve
presente na prova de Ciências Humanas. Diferentemente do fundador do Escola sem
Partido, que a usou para fomentar suas críticas a respeito da educação sobre
gênero, os alunos a utilizaram para salientar a sociedade brasileira como
possuidora de uma cultura que pré-estabelece o papel feminino e que, por sua
vez, essa “construção” determina a posição e o comportamento das mulheres se
comparadas aos homens.
Devido ao exposto, vale relembrar o nome de
uma antropóloga que não foi mencionada nas redações, no entanto é de grande
prestígio para o tema. Margaret Mead, em 1935, contribuiu para a ruptura da
ideia de que o comportamento dos homens e das mulheres era determinado por
fatores biológicos em seu ensaio intitulado “Sexo e Temperamento”. Comparando
diversas sociedades, Mead conclui que as chamadas qualidades masculinas e
femininas não são baseadas em diferenças sexuais fundamentais e determinantes,
mas reflete condicionamentos culturais de diferentes sociedades. Apenas o sexo
é biológico [Mead, 1969].
Redação 3: “O ensino veta todo e qualquer
tipo de instrução a respeito do feminismo e da igualdade de gênero e contribui
com a perpetuação da ignorância e do consequente preconceito” [INEP, 2016, p.
53].
A escola, por representar um veículo de
formação e estar presente da infância à vida adulta do individuo deve ter como
proposta central a convivência de todos com a diversidade e a pluralidade. As
temáticas das aulas, portanto, tornam-se definitivas para que estas
convivências sejam colocadas em prática no âmbito social. Não é viável que os
alunos tenham conhecimento sobre um tema que eles não têm a oportunidade de
discuti-lo. Conforme o trecho extraído, o papel fundamental da educação não
deve ser apenas contribuir com termos e conceitos para avaliações, mas fazer
com que essas referências se consolidem e se tornem ações efetivas que sejam
levadas também para fora do ambiente escolar.
Redação 4: “Na revolução de 1930, paulistas
insatisfeitos com a falta do poder político que detinham na República do café
com leite usaram a falta de uma constituição para se rebelar contra o governo
Vargas. O presidente, cedendo às pressões, garantiu na nova Constituição um
direito nunca antes conquistado pela mulher: o direito ao voto. A inclusão da
mulher na sociedade como cidadã, porém, não foi o suficiente para deter o
pensamento machista que acompanhou o Brasil por tantos séculos – fato
evidenciado nos índices atuais altíssimos de violência contra a mulher” [INEP,
2016, p. 55].
No parágrafo de introdução desta redação o
candidato expôs o avanço na luta pelo direito ao voto feminino, só alcançado na
década de 1930. Além disso, destaquemos a percepção, em especial ao estudante
autor desta redação, sobre a luta feminista, pois a pressão para a conquista de
direitos não se deu somente relacionada ao voto. A população feminina ainda
teve que lutar pelo direito ao divórcio, ao controle da natalidade, ao direito
à segurança, visto a alta taxa de violência contra a mulher e ao direito à
educação, este que ainda não foi conquistado completamente. Outro fato que deve
ser levantado consiste na falta de representatividade feminina na política
brasileira já que é uma das formas de fomentar a criação de políticas públicas
para garantir avanço na luta pelos direitos das mulheres.
A redação conseguiu valer-se, ainda, do
repertório da disciplina de História para relacionar um assunto do passado à
contemporaneidade, no caso a persistência da violência contra a mulher. Diante
do conteúdo abordado no trecho é possível debater como os fatos e lutas do
passado podem contribuir para as problemáticas que, ainda hoje, são enfrentadas
pelas mulheres. Assim, o passado histórico do Brasil, bastante negativo, pode
contribuir para fomentar discussões que contribuam para a formação do aluno
cidadão, isto é, um cidadão participativo e solidário, aliado a uma educação
democrática e de direitos humanos, esses dois últimos que precisam sempre andar
juntos para alcançarmos essa educação [Benevides, 2003].
Redação 5: “’A história da humanidade é a
história da luta...’ das mulheres. Karl Marx, filósofo e sociólogo alemão
baseou seu pensamento na extinção gradual das classes sociais e das diferenças
presentes na sociedade moderna. Analogamente, percebe-se, no âmbito das
relações sociais humanas, a presença de um grupo que não foge à luta por seus
direitos: a população feminina. Por viverem em um país patriarcal - herança herdada dos tempos do Império - as
mulheres brasileiras permanecem à deriva da sociedade” [INEP, 2016, p. 57].
O conceito “patriarcal” aparece na última
redação fazendo alusão ao “estado” de superioridade dos homens e a herança
existente até hoje que submete as mulheres e as deixam em condições de
sub-representação social. Ademais, observa-se uma importante
interdisciplinaridade. O estudante destacou Marx, que diz respeito às aulas de
Sociologia e Filosofia, e também cita a herança patriarcal vinda dos tempos do
Império, o que provavelmente esteve presente nas suas aulas de História. São
utilizados termos como “sociedade moderna”, “relações sociais” e “direitos”,
sinalizando um repertório com expressões e conceitos do currículo de Humanas
para fortalecer sua argumentação.
Também é válido ressaltar que as redações 1,
3 e 5 abordaram uma das políticas públicas que visam à proteção da mulher, a
Lei Maria da Penha, Lei n° 11.340/2006, cujo principal objetivo é coibir todos
os tipos de violência contra a mulher. Apesar de seu objetivo, as redações
alertam que ela não chega a ser inteiramente eficaz. O estudante autor da
primeira redação cita o aumento dos casos de homicídios contra as mulheres,
ainda que a Lei Maria da Penha criminalize o feminicídio. Na segunda redação
ela é citada como: “nem sempre eficaz” [INEP, 2016, p. 53]. Já na quinta o
autor, em sua proposta de intervenção, propõe que: “cabe ao Estado a
fiscalização da Lei Maria da Penha e também a aplicação da mesma com maior
rigor” [INEP, 2016, p. 57]. Através da percepção dos autores das redações do
ENEM 2015, cabe a nós refletirmos o quão significativo torna-se o estudo das
Ciências Humanas no contexto atual.
Considerações
finais
Por meio da análise das cinco redações nota
1000 podemos perceber como a argumentação antidiscriminatória, bem como o uso
de conteúdos das diferentes áreas de Humanidades, é valorizada pelo ENEM. Esse
fato reafirma a necessidade da defesa de um currículo de História e de Humanas
na Educação Básica que contribua para uma educação lastreada nos direitos
humanos e na democracia [Abreu, 2015].
Opondo-se a movimentos que defendem uma
educação sem supostas doutrinações políticas ou ideológicas que, por
conseguinte, defendem a manutenção, e até retirada das disciplinas de
Humanidades do ensino básico brasileiro, é necessário destacar que abordar
assuntos que contribuam para uma visão independente e crítica em sala de aula
não diz respeito à doutrinação, mas sim em estabelecer uma identificação dos
alunos perante o meio social em que estão inseridos.
Devemos lembrar que os direitos humanos são
fatos históricos, mudam conforme o tempo e não se resumem apenas ao que está
escrito na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Logo, questões de
gênero, questões de raça e etnia, de sexualidade, entre outros também são
questões de Direitos humanos [Neves, 2018; Benevides, 2003].
Não é possível contribuir para a formação de
cidadãos participativos em um regime não democrático visto que durante a
história, principalmente durante o século XX, regimes totalitários contribuíram
para a formação cívica, porém, também fascista e nazista da população. Logo,
uma educação em direitos humanos focada na participação cívica da população
deve ser também em um regime que se perpetue a democracia [Benevides, 2003].
Nesse sentido, expressões vistas nas redações
nota 1000 como “pré-determinações sociais”, “sociedade patriarcal”, “determinismo
biológico” e até mesmo a frase “ninguém nasce mulher, torna-se mulher”, devem
estar presentes em sala de aula. O propósito é fortalecer a educação em
direitos humanos, situar o aluno e familiarizá-lo com fatos recorrentes
socialmente, dentre eles a necessidade de se combater a violência contra a
mulher. As aulas podem servir como estimulante para que os estudantes busquem
soluções para diversas problemáticas sociais, e não para que compactuem com
culturas discriminatórias e violentas.
Referências
Juliana Dias Lima é graduanda em Licenciatura
no curso de Ciências Sociais na UERJ e estagiária do projeto PIBIC "A
Sociologia no ENEM e a visão dos licenciandos em Ciências Sociais na
UERJ".
E-mail: juuliana_dl@hotmail.com
Victor Romero de Lima é graduando em
Licenciatira no curso de Ciências Sociais na UERJ e estagiário do projeto PIBIC
"A Sociologia no ENEM e a visão dos licenciandos em Ciências Sociais na
UERJ". E-mail: victor.romero.lima@gmail.com
ABREU, R. N. “Exercício da cidadania e
direitos humanos: as funções da competência V na redação do ENEM”. In: SILVA,
L. R. da; FREITAS, R. M. K. (Org.). Linguagem, interação e sociedade: diálogos
sobre o ENEM. João Pessoa: Editora do CCTA, 2015, pp. 97-108.
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. vol.2.
Lisboa: Bertrand Editora, 2008.
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humanos: de que se trata?”. In: BARBOSA, R. L. L.(Org.). Formação de
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do Brasil: D.O. 5 de outubro de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
BRASIL. Lei 13.005, de 25 de junho 2014.
Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE 2014-2024 e dá outras providências.
Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.
Brasília: DF, 2014
FERREIRA, Walace; FILHO, Alberto Alvadia. “A
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LOPES, C. S.. “Gênero e Ensino de História:
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NEVES, C. A. B.. “Direitos Humanos e
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Disponível em:
https://professorescontraoescolasempartido.wordpress.com/2016/11/14/o-odio-aos-professores-se-profissionaliza/
Bom dia!Em algumas das redações nota 1000 de 2015 foi encontrado uma compreensão equivocada ou distorcida sobre as causas que explicam a violência contra as mulheres?
ResponderExcluirHélio! Boa noite. Obrigada pela leitura. Considerando as cinco redações analisadas, que foram disponibilizadas pelo INEP em seu edital de 2016, não houve distorções quanto observações históricas das causas que explicam a violência contra a mulher, apesar de apresentarem causas diferentes para explicar essa violência recorrente. A maioria, 3 das 5 redações, apresentou de forma explícita o patriarcado em que o Brasil encontra-se inserido e afirmam que o país possui raízes históricas nesse sentido. As outras duas, por sua vez, citaram o pensamento machista como imposto na sociedade e passado de geração para geração, gradativamente, tornando-se assim um padrão sócio cultural.
ExcluirParabenizo a pesquisadora Juliana Dias Lima e o pesquisador Victor Romero de Lima pelo artigo. Excelente abordagem.
ResponderExcluirÀ época, quando o tema escolhido pelo Ministério da Educação veio a tona, surgiram algumas questões como por exemplo a saúde mental de mulheres que sofreram algum tipo de violência e que realizaram a prova daquele ano. Dentre as redações analisadas, os autores do artigo observaram o ''eu lírico'' das candidatas das redações analisadas presente na dissertação?
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ExcluirEsqueci de assinar a pergunta...
ResponderExcluirParabenizo a pesquisadora Juliana Dias Lima e o pesquisador Victor Romero de Lima pelo artigo. Excelente abordagem.
À época, quando o tema escolhido pelo Ministério da Educação veio a tona, surgiram algumas questões como por exemplo a saúde mental de mulheres que sofreram algum tipo de violência e que realizaram a prova daquele ano. Dentre as redações analisadas, os autores do artigo observaram o ''eu lírico'' das candidatas das redações analisadas presente na dissertação?
Assinatura: João Marcello Boueri Rossigneux
Muito obrigado pela pergunta, João.
ExcluirNormalmente o "eu lírico" é mais presente em poesias e o ENEM pede uma dissertação argumentativa, mas um fato que pode ser interessante e reflexivo é que das cinco redações nota mil selecionadas pelo INEP, quatro foram escritas por mulheres, estas que são as principais vítimas da violência de gênero
Válido salientar também que a proposta do nosso trabalho é dizer como uma educação pautada em direitos humanos ajuda os alunos a não compactuarem com atitudes discriminatórias e violentas
ExcluirBoa noite! Tive que enviar a pergunta novamente porque não assinei logo abaixo dela.
ResponderExcluirEm algumas das redações nota 1000 de 2015 foi encontrado uma compreensão equivocada ou distorcida sobre a violências contra as mulheres?
HÉLIO SECRETÁRIO DOS SANTOS
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirHélio! Boa noite. Obrigada pela leitura. Considerando as cinco redações analisadas, que foram disponibilizadas pelo INEP em seu edital de 2016, não houve distorções quanto observações históricas das causas que explicam a violência contra a mulher, apesar de apresentarem causas diferentes para explicar essa violência recorrente. A maioria, 3 das 5 redações, apresentou de forma explícita o patriarcado em que o Brasil encontra-se inserido e afirmam que o país possui raízes históricas nesse sentido. As outras duas, por sua vez, citaram o pensamento machista como imposto na sociedade e passado de geração para geração, gradativamente, tornando-se assim um padrão sócio cultural.
ExcluirPrezados autores, parabéns pelo ótimo trabalho!
ResponderExcluirA escolha pela abordagem do tema gênero no ENEM por meio da denúncia da violência contra a mulher me pareceu bastante acertada, pois aproxima uma temática presente no currículo de Sociologia no ensino médio para a realidade vivida por muitas pessoas na sociedade brasileira e que precisa sem amplamente denunciado e combatido. Sabemos que a escola desempenha papel importante no sentido de chamar atenção para problemas sociais, bem como pensar coletivamente em formas de enfrentamento. Nesse sentido, como os autores pensam que a escola poderia abordar o tema da violência contra a mulher visando uma conscientização mais eficiente de jovens que devem combater uma cultura patriarcal e machista que tem levado a esse grave problema?
Cordialmente,
Walace Ferreira.
Boa noite, Walace! Em primeiro lugar agradecemos a sua leitura. Acreditamos que a escola possui papel fundamental na introdução de práticas como oficinas e/ou exposições, sendo estas feitas pelos próprios alunos, por meio de pesquisas, desenhos, murais, entre outros, com o objetivo de abordar temas como a violência contra a a mulher, e não só esse, como também temas que englobam outras questões de gênero como violência contra homossexuais, a dificuldade de transexuais no mercado de trabalho e homofobia. Para isso é necessário uma reformulação do currículo de Humanidades e das aulas ministradas pelos docentes, trazendo assim estes temas para a sala de aula. Visto que a escola pode também ser uma forma de reprodução de desigualdades presentes na sociedade deve se posicionar para que tais discriminações não aconteçam. Ainda sobre a violência contra a mulher, é válido ressaltar que este é um problema que vem de um pensamento patriarcal e machista estruturado na sociedade, isso torna o papel da escola em relação ao assunto fundamental, mas não completo no combate dessas discriminações, por isso à importância também do estudo dos Direitos Humanos dentro da escola para que práticas anti discriminatórias sejam executadas fora dela.
ExcluirPrezada Juliana,
ExcluirGostei muito das suas sugestões. São ótimas alternativas a serem trabalhadas no âmbito escolar.
Cordialmente,
Walace Ferreira.
Boa tarde! Parabenizo aos autores pela excelente articulação do texto, porém um questionamento para além do que vocês produziram me veio a mente, e gostaria de saber a opinião de vocês, pesquisadores que estão relacionados a esse tema: apesar de na escola não ser trabalhado as questões de gênero, com todo o senso crítico que se deve ser pensado, e também levando em consideração as desigualdades nessa questão, como vocês acreditam que os alunos conseguiram explorar tão bem esse tema? Ou, por quais vias eles conseguiram desenvolver uma pensamento mais crítica para questão, considerando que no currículo atual esse não é um ponto debatido?
ResponderExcluirArthur, agradecemos a leitura e sua pergunta.
ExcluirEm primeiro momento é necessário dizer que a escola não é o único ambiente de socialização do aluno e ela também poder ser um ambiente de reprodução das mesmas desigualdades presentes na sociedade, pois é construída por uma parcela ativa dela.
Em segundo momento, como foi visto no início do nosso artigo o docente desempenha um papel para eliminar as formas de desigualdades, então parte do próprio professor quais e como temas que ele considera de maior importância abordar nas aulas, evitando eventuais formas de discriminações presentes na própria fala. E através das redações analisadas acreditamos que as aulas de História e Sociologia foram fundamentais para colaborar na escrita das redações dos, então, estudantes que conseguiram traçar uma interdisciplinaridade para formular suas argumentações. Concluímos isso a partir de termos vistos nas redações como se tratando de determinismo biológico (geralmente estudado em Sociologia), termos como sociedade patriarcal, desde os tempos do Império, tempos históricos citados como o direito ao voto das mulheres, concedido por Getúlio Vargas em 1930 (geralmente estudados em história).
Em terceiro momento, um fato reflexivo é que das cinco redações analisadas disponibilizadas pelo INEP, quatro delas foram escritas por mulheres, essas que são as maiores vítimas da violência de gênero.
Além disso, parafraseando a pesquisadora Juliana Dias de Lima, com quem escrevi esse artigo, é necessário que todas as atitudes praticadas dentro da escola sejam a força matriz para que reproduzam práticas anti discriminatórias pautadas nos direitos humanos em ambientes fora dos muros da escola.
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