A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS E
O ISOLAMENTO SOCIAL DAS MULHERES:
REFLETINDO SOBRE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR NO BRASIL
O presente artigo tem como objetivo abordar a
violência doméstica e familiar contra as mulheres no período do isolamento
social causado pela pandemia do coronavirus no Brasil, principalmente no Estado
do Rio Grande do Norte, com ênfase nos meses de março e abril de 2020. O que
nos chamou a atenção para escrever o presente artigo foi o aumento do número
das denúncias em relação violência doméstica contra as mulheres, momento em que
nosso país está passando por uma pandemia, tendo como medida cautelar o
isolamento (o exercício da quarentena), é uma forma encontrada de não
disseminar a doença, tendo como lema, “fique em casa”. O slogan “Isolamento sem
violência: Não se cale”, é a campanha encampada pelas delegacias das mulheres
em Natal- RN.
Entretanto, as violências contra as mulheres
não só têm aumentado no RN- Rio Grande do Norte, mas em quase todas as capitais
do Brasil. Neste período, em que homens e mulheres permanecessem restritos a
companhia de seus familiares, muitos homens se aproveitam o isolamento social
para cometerem crimes contra as mulheres. De acordo com os dados estatísticos
da delegacia especializada em violência doméstica, representa atualmente um
problema da maior gravidade que aflige as mulheres, em face das sérias
consequências não só para as vítimas, mas também para toda a sociedade.
Para entender esse contexto, apresento os
dados do relatório do Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEVUSP, 2019), no
ano de 2019, foram 3.739 homicídios dolosos de mulheres no ano passado, uma
queda de 14,1% em relação a 2018. Em 2019 houve uma taxa de 12% nos
feminicídios e uma queda de 67% nos homicídios dolosos de mulheres (Estudos de
Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública). Em 2019 no Brasil
houve um aumento de 7,3% nos casos de feminicidios, que são crimes de ódio
motivados pela condição de gênero, comparado a 2018 (NEVUSP, 28/03/2020).
Segundo Erika Andreassy, a folha de São
Paulo, apresentou dados da violência doméstica no período do isolamento em que
estamos vivemos, entre as principais cidades no número de crescimento de violência
contra as mulheres estão Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e outras. No Estado
do Rio de Janeiro de acordo com as denúncias a violência doméstica é de 50%, em
São Paulo 55 mulheres perderam a vida esse ano no Estado, vítimas de
feminicídio, 15% a mais que no mesmo período do ano passado. Com a quarentena a
situação piorou, somente entre 24 de março e 13 de abril, 16 mulheres foram
assassinadas, um aumento de 72% na taxa de mortalidade (ANDREASSY, 2703/2020).
Embora o número seja alto referem-se apenas
aqueles que ocorreram dentro de casa demonstrando que, assim como ocorrem com o
coronavirus, a subnotificação nos casos de violência contra a mulher também é
grande.
Segundo Andreassy, os pedidos de medidas
protetivas cresceram 29% de fevereiro para março e as prisões em flagrantes,
51%. No Estado do Paraná foram 15% as
denúncias por agressão. Ainda de acordo
com Andressay (2020), esses dados não expressam o conjunto da realidade, as
delegacias são poucas, ás vezes não atendem os telefonemas. São várias as
dificuldades, dentre estas a falta de comunicação, os dados podem ser bem
maiores. Um dado interessante é que no Estado do Pará houve uma redução no
número de casos da violência contra as mulheres, de 14%, durante o isolamento
social (ANDRESSAY, 27/03/2020).
As mulheres são que mais sofrem com esse
isolamento, muitas delas são responsáveis pela casa sozinhas, tendo que fazer
as atividades domésticas, cuidar dos filhos, além de auxiliar nas tarefas da
escola, com um acréscimo no tempo destinado ao trabalho doméstico neste
período. Acrescida as tarefas já realizadas no dia a dia das famílias, neste
período de quarenta e com a impossibilidade das crianças frequentares as
escolas, os pais, mas principalmente as mães são responsáveis por acompanharem
a educação dos seus filhos em suas residências. Nesse momento de quarentena há
uma sobrecarga que, na maioria das famílias, fica a cargo das mulheres. O
desemprego é um fator econômico responsável pelo maior número de mulheres em
casa, pois muitas delas são autônomas e estão sem ter renda própria.
No Estado do Rio Grande do Norte essa
situação não é diferente, sabemos que houve uma diminuição de 30% na queda do
número de violência do ano de 2019, foram 21 casos de feminicídio, 8 casos a
menos comparado ao ano de 2018, foram registrados, 29 casos de feminicídio. No
RN o número de registro de violência doméstica em 2020 vem aumentando, foram
354 casos no mês de fevereiro, no mês de março 385, variação de 8,8%, na cidade
de Natal no mês de fevereiro foram 143 de registro de violência doméstica, no
mês de março já temos 162 casos; na região metropolitana (Parnamirim, São
Gonçalo do Amarante, Ceará Mirim e Extremoz), tivemos 125 casos no mês de
fevereiro, em março 153, um aumento de 22,04%.
Portanto em Natal de fevereiro a março tivemos um aumento de registro de
violência doméstica 305 casos, equivalente a 13,3% (CANUTO- SESPDS,17/04/2020).
No período de isolamento social devido a
pandemia, em relação aos casos de feminicidio no Estado do RN, em comparação em
relação a março do ano passado, que foi de uma morte, no mesmo período da
pandemia, na primeira quinzena do mês de março já houveram 4 mortes, tivemos um
aumento do feminicidio de 300%, no RN.
Em Natal, na segunda quinzena do mês de março de 2019, 18% aumento no
número de pedidos de medidas protetivas 8,8%, nesse período de isolamento
social (CANUTO, 2020). Ainda de Acordo com os dados de Canuto (2020), 7 a cada
10 mulheres morrem em casa.
As relações de poder desiguais entre homens e
mulheres são naturalizadas, sendo que o sentimento de posse dos homens sobre as
mulheres acaba sendo naturalizado o que se agrava no isolamento social, não vem
de hoje, no entanto se agrava com a pandemia do coronavirus. O aumento do
número de violência contra a mulher não é novidade para nós, mas se ela já
vinha crescendo, o que muda com essa pandemia. Segundo Andreassy (2020), a
novidade agora é que, com as medidas de isolamento social, esse quadro de
horror para muitas mulheres e crianças tende a se agravar, já que para muitas
delas, o lar longe de ser um ambiente seguro, é justamente o local onde a
violência se materializa. É nesse ambiente onde sempre ocorreu a violência
doméstica, uma vez que ela foi institucionalizada, Infelizmente é visto até
hoje pelos homens como uma questão cultural.
Cito um trecho de Margarete Rago que afirma:
“no Brasil isso se deu a reprodução de uma sociedade patriarcal, na qual o
homem era considerado o sujeito capaz e habilitado a atuar publicamente,
enquanto a mulher ficava restrita ao lar e a educação dos filhos”. A
constatação de que essa situação ainda se reproduz de maneira parcial na
atualidade e de que, devido a terem sido historicamente excluídas, tanto
legalmente quanto socialmente da vida pública, elas são excluídas de participar
de atividades ainda inerentes ao sexo masculino (RAGO, 2004, p.32).
Porém, não podemos esquecer que as mulheres
de classes populares, nascidas nas periferias já trabalhavam, e atuando no
âmbito público, exercendo as mesmas funções masculinas. Para Souza-Lobo (1991,
p. 75), “o trabalho doméstico faz parte da condição de mulher, o emprego faz
parte da condição da mulher pobre”. Não
podemos esquecer que as violências são cometidas por homens considerados de
família, os quais não registraram casos de violências em outras situações ou
relações. Desta forma, muitas vezes, é a cultura machista que faz com que se
sintam no direito de demonstrar sua força com a violência.
Nesse sentido é importante mais campanhas
educativas de emergência sobre a violência doméstica, disponibilizando e
intensificando os canais de denúncias e ampliando os serviços públicos de
assistência as mulheres, como as delegacias 24 horas, o atendimento
psicossocial, entre outras medidas públicas emergenciais. Constatamos a falta
de interesse dos governantes com a implementação de políticas públicas de
combate à violência contra as mulheres, políticas que de fato venham a se
concretizar e pôr fim à violência não só contra as mulheres, mas a toda forma
de opressão, bem como o combate e fim do machismo e o racismo. Os dados mostram
o crescimento do feminicídio diariamente, a necessidade urgente de encontrar
alternativas concretas, principalmente neste período marcado pela falta de
contato com outras pessoas e o não acesso a políticas públicas.
O conceito de feminicídio é utilizado para
designar os homicídios de mulheres em razão da condição de gênero. “Entende-se
como uma forma extrema de violência de gênero que resulta na morte de
mulheres”. Pode-se dizer que o “feminicídio se configura como o ápice da trajetória
de perseguição à mulher com diferentes formas de abuso verbal e físico, como
estupro, tortura, incesto, abuso sexual infantil, maltrato físico e emocional”
(COLLING; TEDESCHI, 2019, p. 245). O termo feminicídio em 2015 foi inserido na
lista do homicídio por meio da Lei nº 13.104/2015. Temos assistido e ouvido
constantemente nos meios de comunicação que o feminicídio ocorre em razão de
sermos mulheres, ou seja, crime praticado contra as mulheres, portanto,
feminicídio como qualificadora do crime de homicídio
Vale enfatizar que, uma das primeiras normas
a possibilitar visibilidade no ordenamento jurídico brasileiro a respeito da
violência contra as mulheres é a Lei Maria da Penha, que leva esse nome em
referência a Maria Da Penha Fernandes, que assim como milhares no Brasil,
sofreram e sofrem de graves violências acometidas em suas relações conjugais e
familiares. Diante da morosidade do judiciário brasileiro, Maria da Penha
Fernandes recorreu a corte interamericana de Direitos Humanos, que impôs ao
Brasil a criação de medidas de proteção as mulheres, como forma de punição ao
seu caso. Assim em 2006 surgiu a Lei Maria da Penha nº 11.340/2006. Apesar da
lei ter sido criada visando diminuir os elevados índices de violência contra
mulheres, esta não foi suficiente, principalmente devido a sua não
implementação na totalidade e a ausência de políticas públicas que de fato
venham proteger as mulheres vítimas da violência doméstica e familiar.
As violências contra as mulheres, não apenas
a que leva a morte, como o caso do feminicídio, podem se caracterizar de
diferentes formas, como a violência física, moral, psicológica, sexual e
patrimonial, todas nominadas pela Lei Maria da Penha. Essa luta constante do
combate ao fim da violência contra as mulheres e por políticas públicas que
venham a sanar as desigualdades de gênero é presenciada cotidianamente. É
preciso encontrar os meios de coibir essa violência cobrando do Estado a
responsabilidade, sendo a denúncia um fator importante para a implementação de
políticas públicas.
Assim, este artigo tem como objetivo mostrar
o aumento da violência praticada contra as mulheres no decorrer do isolamento
social, uma das medidas utilizadas para o enfrentamento da pandemia causado
pelo coronavirus. Ocorre que outras situações são agravadas com o isolamento,
sendo uma delas a violência contra as mulheres. Temos a compreensão que a
violência doméstica ocorrida no âmbito do espaço doméstico durante esse período
de isolamento social é um dos fatores que nos deixam indignadas, diante de um
momento em que estamos passando por mudanças estruturais na nossa vida causada
por uma pandemia, em que não está oferecendo condições de socialização, tendo
dificuldades de comunicação e o temor de sair de casa. Todos esses fatores dificultam
para que as mulheres tenham acesso a serviços essenciais, bem como a efetivação
da denúncia a violência elas vêm sofrendo no âmbito do espaço privado, uma vez,
que são as principais responsáveis pela administração da casa e das receitas
financeiras, muitas delas são afetadas pelo subemprego, o desemprego, sempre
diante de uma crise são as mulheres a serem demitidas, a sentir o impacto
causado pelo coronavírus.
Vemos observando que diante dessa violência
doméstica ocorre predominantemente em todas as camadas sociais, já que ela é
decorrente das desigualdades ocorridas nas desigualdades de gênero, de classe
social, raça e etnia, amparada pela desigualdade de gênero, abrange as diversas
extensões de sociabilidade através da dominação e exploração. A ideologia
patriarcal dominante naturaliza o comportamento de dominação do homem sobre as
mulheres, diante disso, o isolamento social passou a ser mais um fator que
impulsiona a prática das violências, principalmente contra as mulheres.
Referências
Aluizia Freire do Nascimento é professora de
História da Rede Municipal de Ensino do Rio Grande do Norte, é graduada em
história, mestra em Serviço Social, pela UFRN (Universidade Federal do Rio
Grande do Norte), doutoranda em História pela UFGD (Universidade Federal da
Grande Dourados).
Claudia Regina Nichnig é professora visitante
do Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal da Grande
Dourados – UFGD. É pós-doutora em História, pela Universidade Federal de Santa
Catarina - UFSC e em Antropologia Social
pela École des hautes études en sciences
sociales – EHSS, em Toulouse/França. É doutora pelo programa Interdisciplinar
em Ciência Humanas da UFSC, na área de Estudos de Gênero.
ANDRESSAY, Erika.
https://www.pstu.org.br/basta-de-violencia-machista-deter-o-avanco-da-pandemia-e-garantir-a-vida-das-mulheres/.
Acesso 27/03/2020. (Internet)
COLLING, Ana Maria e TEDESCHI, Antônio
Losandro (Org.) Dicionário Critico de gênero. 2º ed. Dourados, MS, 2019, p.
245. (Dicionário)
Núcleo de Estudos da Violência da USP
(NEVUSP) Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEVUSP), https://nev.prp.usp.br/
RAGO, Margareth. A mulher brasileira nos
espaços público e privado. Ser mulher no século XXI, 2004, p. 31. (Livro)
SESPDS- Secretaria Estadual Da Segurança
Pública E Da Defesa Social. Coordenadoria De Informações Estatísticas E
Análises Criminais. Enviado Por (ERICA CANUTO, 17/04/2020). (E.mail)
SOUZA-Lobo, Elisabeth. A classe operária tem
dois sexos: Trabalho, Dominação e Resistência. São Paulo:
Brasiliense/Secretaria Municipal de Cultura-SP, 1991, p. (Livro).
Caras professoras, primeiramente parabenizo pelo texto e pela proposição de reflexões tão importantes. A partir da experiência de vocês, gostaria de perguntar: No atual momento de pandemia e de isolamento social, onde os casos de violência contra a mulher vem aumentando, como podemos fazer para combatê-la? Vi uma ação de uma empresa de variedades de grande porte que disponibilizou um link em seu site que ajuda à denunciar. Pensam que essa pode ser uma alternativa? Obrigado
ResponderExcluirAry Albuquerque Cavalcanti Junior
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ExcluirBom dia. Venho acompanhando nos meios de comunicação, assistindo lives, sobre as subnotificações acerca dos casos de violência contra as mulheres durante o período do isolamento social. As cidades que mais tem crescido a violência domestica são: SP, RJ, ACRE, RN, RS, MS E PA. As dificuldades que vemos percebendo que as delegacias são poucas e não atendem os telefones, o governo atual não tem dado atenção as questões referentes a violência contra as mulheres, ao contrário é só ataques. Para resolver esse "problema seria importante implementação de políticas públicas que de fato sejam implementadas, construções de casas abrigos, principalmente que as mulheres tenham a coragem de denunciar essa violência e medidas mais rígidas para o agressor. Existe um projeto da sociedade civil as justiceiras, são voluntários que recebem denuncias com pedido de ajuda, existe um site que oferecem medidas psicológicas ou jurídicas de profissionais voluntários. Nós sabemos que são medidas paliativas que não resolvem. Acredito que com o fim da sociedade de classes teremos o fim dessa pandemia que é a violência doméstica.
ExcluirOlá Ary bom dia! Que bom poder interagir com você! Sim acreditamos que medidas e canais de denúncia são importante, como fez uma grande loja de departamentos. Existem diferentes iniciativas que podem ser feitas para que as mulheres que se sentem com medo ou desprotegidas em relação a denúncia se sintam incentivadas. Alguns bares criaram formas de pedir um drinks que signfica que estão se sentindo amedrontadas por seus companheiros. Mas é importante ressaltar que essas iniciativas precisam ter contato com as políticas públicas do Estados (na linha de frente as delegacias de polícia especializadas) primeiro porque a Lei Maria da Penha criou várias medidas de enfrentamento, com as medidas protetivas de afastamento, que fazem com que agressores não se aproximem das vítimas e seus familiares e ainda medidas de acompanhamento de policias para a retirada de itens de primeira necessidade das casas que conviviam com companheiros violentos. Importante ressaltar que é preciso estar atento nos momentos de reconciliação, pois na maioria das vezes são nestes momentos que os crimes acontecem e as mulheres são acometidas de violências que levam a morte.
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ResponderExcluirAgradeço sua participação. Obrigada
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ResponderExcluirBom dia, primeiramente gostaria de parabenizá-las pelo texto que traz uma temática tão importante.
ResponderExcluirGostaria de saber como, em sua visão, deveríamos então proceder para ajudar a combater esse aumento nos casos de violência doméstica? Existem canais de ajuda a quem recorrer?
Mais uma vez parabenizo-as pelo texto,
Emilly Layane de Sá Lima
Acredito que o que mais podemos fazer é ouvir, apoiar que as mulheres que são vítimas façam a denúncia. As redes de apoio são muito importantes nesse momento.
ExcluirÉ claro que não podemos julgar as mulheres que são vítimas, pois é bastante difícil reconhecer-se em um relação violenta, e esta não é fácil mesmo para mulheres que estão cientes das características de uma relação violentas. Perceber que estão se anulando ou se sujeitando em prol de um relacionamento ou da manutenção de uma família é um caminho que necessita de apoio e geralmente as mulheres não se dão conta isoladas. Mas o que queremos dizer é que se em uma situação de pandemia esse comportamento violento se acentua é porque antes já havia dados sinais de ausência de respeito na relação afetivo-conjugal.
Portanto, o importante é a informação, fazendo com que meninas e mulheres se respeitem e conheçam que devam vivenciar relações afetivas de respeito e não discriminação, pois em um momento destes de isolamento não estejam submetidas a relações violentas e vivenciem situações como estas. AS mulheres vivenciam outras situações de isolamento: com filhos recém-nascidos ou em situações de doença, muitas vezes as mulheres se isolam de outras pessoas, de amigas e de seus grupos de apoio. É muito comum esse isolamento e distanciamento em prol da família, fazendo com as mulheres se distanciem por amor e para que cuidem de outras pessoas. Portanto, é importante que as mulheres tenham consciência que para viver um amor ou construir uma família não é necessário se distanciar de todos e todas. O distanciamento ou isolamento forçado não é uma forma de amor, ao contrário é um sinal de falta de amor próprio, e é isso que precisamos deixar claro para as meninas que se relacionam e se distanciem das amigas e familiares, de suas atividades de lazer, pois este distanciamento facilita a situações de violências. O que queremos dizer que além da manutenção do vínculos com amigas e familiares, o importante é ter ciência de que percebida a situação de violência o mais importante é buscar ajuda e DENUNCIAR. Os principais canais ainda são é o telefone 180 e as delegacias especializadas da mulher e as delegacias de polícia. A denúncia faz com que as políticas públicas sejam aplicadas e o Estado interfira em relações familiares e conjugais não respeitosas. Essa é uma luta de quarenta anos dos movimentos feministas brasileiros que é preciso denunciar.
Mas isso tudo não quer dizer que não devamos exigir políticas públicas e principalmente pensar em eleger mulheres com plataformas feministas para ocupar lugares de poder e decisão. Entendemos que só elegendo mulheres preocupadas com a desigualdade e a opressão vivida pelas mulheres é que poderemos modificar as coisas.
REsposta encaminhada por Claudia REgina Nichnig
ExcluirPrimeiramente gostaria de elogiar o texto escrito por Aluizia Freire do Nascimento e Claudia Regina Nichnig, pois, neste momento ele se torna de suma importância para enxergarmos claramente a situação atual de nosso país. Além das lutas diárias em busca do fim do tratamento diferenciado entre homens e mulheres, do embate para destruir as raízes de um patriarcado, que ações imediatas vocês enxergam para o combate desta situação, considerando o desinteresse governamental do combate às práticas cruéis da violência contra as mulheres? Que tipo de ações, tanto pequenas quanto grandes poderiam ser feitas de modo a colaborar com a situação?
ResponderExcluirAmanda da Silva Neto
Olá Amanda agradecemos sua pergunta. Primeiro gostaria de esclarecer que sempre houve um desinteresse nas políticas públicas de enfrentamento as violências. Mesmo que em outros governos tenhamos tido avanços, é importante ressaltar que todos os avanços que tivemos foram frutos dos movimentos feministas e de mulheres. Ou seja, não há interesse em retirar as mulheres dessa situações de submissão, pois fazem um papel importante para o EStado (gratuito e por amor) do cuidado das famílias e das crianças. Então manter essa situação é um projeto vamos dizer assim. Mas o que queria ressaltar é que o enfrentamento as violências contra as mulheres passa por identificarmos o que é violência, e que muitas vezes é considerados como formas de amor, cuidado e proteção. Gostaríamos de pontuar que a violência contra as mulheres é algo bastante naturalizado em nossa sociedade, mesmo nos dias de hoje. O fato de se reconhecer em uma situação de violência geralmente é algo que leva bastante tempo e geralmente uma relação conjugal desrespeitosa ela vai dando sinais que muitas vezes não são reconhecidos como violências pelas mulheres. Esse tempo que falamos decorre do fato de não entendermos como violência vários comportamentos, como o controle excessivo, o não respeito a individualidade do outro, o que se faz normalmente é considerar que esses diferentes comportamentos desrespeitosos são formas de ciúme, e aí as pessoas os consideram como comportamentos que são considerados como cuidado e amor.
ExcluirO mais importante da Lei Maria da Penha é que traz as formas expressas de violência psicológica, exemplificando como estas formas de violência são caracterizadas como “condutas que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento”. Além disso esses comportamentos tem como objetivo “degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões” e os diferentes meios utilizados são “ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação”.
Desta forma, neste momento de isolamento, duas questões precisam ser ressaltadas: as mulheres estão isoladas de outras mulheres, dos grupos de apoio ou grupos feministas que lhe ajudam a identificar situações de violências e ainda estão impedidas de se comunicar para buscar a ajuda em políticas públicas do Estado. Mas o que queremos dizer, que as relações violentas elas dão sinais e quase na sua maioria a violência fatal não é a primeira forma de violência, e portanto é preciso estar atenta para os sinais de que uma relação violenta está se construindo e que as mulheres estão permitindo vivenciar uma relação violenta.
Foi afirmado que existem subnotificações nos casos de violência contra a mulher, e que as delegacias são poucas e às vezes não atendem os telefones. Levando em conta que ainda existe o acesso precário das Tecnologias da Informação e Comunicação, como o telefone, e que mulheres pobres têm mais dificuldade em sair de casa, e portanto, maior medo em denunciar, esses dados abordam a classe e a raça das mulheres que sofrem violência doméstica? É possível afirmar que essa subnotificação está mais ligado a mulheres pobres e por isso os dados apresentados sobre violência doméstica são de mulheres com uma melhor condição social? Ou mesmo assim as denúncias durante a pandemia são majoritariamente de mulheres negras e pobres?
ResponderExcluirAna Claudia Pereira Mota
Bom dia Ana Cláudia agradecemos a sua pergunta. Bom essa é uma importante questão a se levar em consideração. Provavelmente o aumento da violência tenha ocorridos em mulheres que são marcadas por sua raça, etnia e classe social. Mas geralmente as plataformas de denúncia não consideram esses recortes e não trazem essas informações claramente. Geralmente é necessário que alguma pesquisadora tenha acesso aos dados e faça uma análise mais cuidadosa das informações. Mesmo se as mulheres pobres, negras ou indígenas estejam entre aquelas que sofrem mais com as violências neste momento de isolamento social, temos que considerar que muitas dessas mulheres não tem acesso as políticas públicas e as denúncias. Ainda vivemos uma sub-notificação. Muitas mulheres ainda se sentem amedrontadas em denunciar pois não se sentem protegidas. Mas alertamos que a denúncia sempre é a saída, do que ficar isolada e não denunciar, pois a violência ela ocorre isoladamente ou uma única vez, ou seja, ela vai aumentando e crescendo em intensidade, fazendo com que chegue em situações com a morte e ameça de morte aconteça. Estamos vivendo um aumento dos feminicídio pois o isolamento faz com homens violentos estejam protegidos pelo isolamento social das mulheres violentadas. Então mesmo que tenhamos procurado as respostas em relação ao recorte de classe e raça, muitos órgãos de atendimento não tem essa resposta. Mas o que queremos dizer é que mesmo sem acesso as tecnologias e canais de informações o isolamento, a vergonha e o medo ainda impede mais fortemente as mulheres sem apoio e isoladas, que tem desconhecimento de que existem diferentes formas de proteção para as mulheres que denunciam. Como respondi para Amanda, importante é perceber que está vivendo uma relação violenta, não marcada por cuidado e ciúme como algo positivo. Mas ainda é importante incentivarmos pesquisas que possar esmiuçar as informações e os dados fornecidos nos registros. Ainda podemos perceber que muitas mulheres são silenciadas pela família de origem e por sua condições sócio-econômica, o que por certo leva a sub-notificação.
ExcluirBom dia. Infelizmente não estão disponibilizados esses dados no recorte de interseccionalidade. Acredito que teremos esses dados concretos pós pandemia, são várias as dificuldades de comunicação com órgãos responsáveis por denúncias. Eu tentei e não consegui.
ExcluirDiante do agravamento do quadro da violência doméstica e familiar contra as mulheres retratada no presente artigo e considerando a negligência por parte do atual governo em questões de importância social, a perspectiva não é das mais otimistas. Nesse sentido e a partir do conceito de interseccionalidade em que a análise é colocada em um plano de diversos sistemas de opressão bem como a raça, o gênero e a classe, pode-se dizer em uma tendência de agravamento ainda mais proeminente deste quadro. É neste momento então, que os movimentos sociais são fundamentais de maneira a pressionar a classe política exigindo políticas públicas de proteção a essas classes mais fragilizadas. Por fim, é de se destacar a importância da presente pesquisa para a análise desses dados de forma a reflexão acerca de possíveis solução para o problema da violência doméstica e de gênero.
ResponderExcluirCaio Cesar Honório Moreira
Olá Caio agradecemos a sua pergunta. Com certeza acreditamos que os movimentos sociais são imprescindíveis nessa luta. Temos uma Lei especifica de enfrentamento a violência diante da luta de quarenta anos do movimento de mulheres e feministas, exigindo políticas públicas de enfrentamento. é importante ressaltar que tivemos muitos avanços nos governos de esquerdas, mas uma das questões que devam ser apontadas como relevante é que esses governos permitiram a interferência e a participação dos movimentos sociais, através dos conselhos municipais, estaduais e nacionais e ainda as conferências realizadas nesse períodos. Esses momentos em que os diferentes grupos levam suas demandas específicas de enfrentamento faz com que políticas públicas sejam requeridas e incentivadas. O fato da lei Maria da Penha ter deixado expresso que todas as mulheres podem ser vítimas de violências, trazendo expresso os marcadores de raça, etnia, classe, religião, deficiência, entre outros, estão presente e devem ser levados em consideração nas políticas públicas a serem implementadas
ExcluirQuero primeiramente parabenizar o textos de vocês, Aluizia e Claudia! Tudo que escreveram é uma reflexão necessaria para o nosso atual momento. Como vocês dissertaram houve um aumento da violência doméstica contra mulheres em tempo de pandemia. Como o advento do isolamento social (quarentena) causado pelo coronavírus, as mulheres estão sofrendo ainda mais violência, pois seus maridos então em casa, além de seu trabalho se intensificar ainda mais, pois além de ter que cuidar da casa, elas ainda tem a “obrigação” de cuidarem da educação dos filhos que estão sem ir à escola. As agressões e as atitudes machistas dos homens são heranças patriarcais, que até hoje atuam na nossa sociedade, infelizmente, ainda mais fortes nessa pandemia. Isso se intensifica quando não há políticas públicas que não oferecem apoio a essas mulheres, naturalizando as atitudes dos homens em relação as mulheres, que acabam em graves situações sendo vítimas de feminicídio, onde acabam morrendo por serem mulheres. Gostaria de saber de vocês se na atual situação que estamos, qual a ação que devemos tomar em relação a essas agressões, e como fazer para combate-las? Já que as politicas publicas falham muitas vezes. Visto todas as complicações que a violência domestica envolve, onde muitas mulheres não denunciam.
ResponderExcluirObrigada!
Mirielen Machado Rodrigues
Agradecemos Mirielen pelo seu questionamento. O que devemos fazer, que atitude tomar já falamos em outras pessoas, infelizmente, mesmo diante do descaso e da ausência desde desgoverno, as políticas públicas de enfrentamento ainda é principal maneira de enfrentamento, como as denúncias em delegacias especializadas da Mulher. Outra questão que já retomei é a ligação com grupos de apoio, grupos de mulheres e feministas e acolhem e auxiliam as mulheres para o enfrentamento. Mas a maioria das mulheres não denunciam por medo, não só por que as políticas são falhas, mas porque não se sentem acolhidas por suas famílias de origem, pois as mulheres tem que aceitar essa situação para que as famílias se mantém. Essa situação já se modificou bastante, mas ainda a falta de acolhimento e o não ter para onde ir afligem muitas mulheres, não só pela condição econômica, por não terem uma rede de apoio para as auxiliarem nesse momento. acho que a principal medida a ser tomada é lutar contra a naturalização de violências, fazendo com que meninas e mulheres entendam que precisar estar em relacionamentos respeitosos e não opressões.
ExcluirParabéns pelo triste, mas necessário trabalho!
ResponderExcluirMuitas foram as conquistas das mulheres nas últimas décadas na luta por igualdade, mas ainda temos muitos desafios pela frente.
Considerando os estudos por vocês realizados, quais seriam as possibilidades de ações para eliminar os entraves estruturais à equidade de gênero e à justiça social?
Obrigada Celimara pelo questionamento. Acho que as lutas e as batalhas são muitas para atingirmos a equidade de gênero. Se já tivemos avanços também vivemos retrocessos, porque as mulheres sofrem demasiadamente com momentos como esse de crise e retrocesso, pois é sempre o trabalho que não é mais importante, fazemos sempre uma ajuda e não efetivamente um trabalho, então é na maioria das vezes desqualificado em momentos como esse. Mas como eu disse a luta travada pelo movimentos de mulheres e feministas de demandar contra a naturalização das violências precisa ser feitas todos os dias e intensificada. Fazer que meninas e mulheres entendam que precisar estar em relacionamentos respeitosos e não opressões perpassa por políticas públicas, mas também pela educação. Uma educação para a igualdade é necessária, uma educação libertadora que reconheça que precisam ser respeitadas em suas decisões e em suas relações afetivo-conjugais. Outro ponto é incentivar que as mulheres ocupem cargos de poder e decisão e na política, votar em mulheres que tragam em suas plataformas de governos medidas que incentivem as políticas de proteção as mulheres se fazem necessárias. Em ano eleitoral precisamos ter em mente que é necessário votar em mulheres feministas e incentivar a participação de mais mulheres na politica partidária e em outros seguimentos.
ExcluirOla boa tarde. Celimara obrigada pelos seus questionamentos. Estamos percebendo que a cada ano mais mulheres são vitimas de feminicidio, sofrem agressões psicológicas, assedio moral, seja em casa, na rua e no trabalho, todos esses lugares nós estamos inseguras. Entretanto os governos e seus capachos não estão nem ai para as mulheres, a cultura machista só destroem o sonho de muitas mulheres. Só nos restar lutar, participar dos grupos de discussões que é uma forma muitas vezes de entender e denunciar a violência, cobrar dos governantes políticas públicas que de fato venham a diminuir essa violência, medidas protetivas como forma de proteção e principalmente medidas que fato afaste o agressor das vitimas, infelizmente muitas denunciam e o agressor permanece solto, as ameaçando até cometerem o crime. Eu acredito que a violência contra as mulheres só terá fim de fato com a construção de uma sociedade sem opressores e oprimidos, uma sociedade sem classes sociais.
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ResponderExcluirO texto traz uma reflexão muito importante para pensar a violência doméstica diante da pandemia do Coronavírus. As agressões físicas, verbais, patrimoniais, psicológicas e morais se intensificam nos lares de muitas brasileiras que precisam dividir a casa com um companheiro violento, e isso de fato, preocupa. Gostaria de perguntar às autoras como a interseccionalidade dos marcadores sociais da diferença (gênero, classe, raça e etnia) podem contribuir para compreender o fenômeno da violência contra a mulher no Brasil?
ResponderExcluirVanderlene de Farias Lima
Obrigada Vanderlene pela pergunta. Entendo que temos que levar em consideração os diferentes marcadores sociais quando estudamos violências. Como nos ensinam Joana Maria Célia "a
Excluircategoria raça, como um marcador social, coloca a mulher negra
em situação duplamente diferenciada na ordem de subordinação de
gênero e assevera sua vitimização." Da mesma o marcador etnia, que além de asseverar a vitimização acrescenta questões culturais que faz com que as mulheres não realizem as denúncias. Desta forma, entendemos que as violências não são sofridas da mesma forma por todas as mulheres. AS feministas negras denunciam essa questão desde os anos 80 no Brasil, dentro do movimento negro e do movimento feminista, de que as mulheres negras são vítimas de seus maridos e muitas vezes não são ouvidas por outras militantes feministas. Se Kimberle Crenshaw, feminista negra estadunidense nomeia o conceito de interseccionalidade, as feministas negras brasileiras já denunciam as multiplas opressões, as imbricações de opressões que sofrem as mulheres negras e pobres do Brasil, a exemplo de Lélia Gonzalez. Para compreender o fenômeno além de estudar, falar sobre e fomentar a pesquisa, devemos ler mais as feministas negras que nos ensinam como essas opressões se sobrepôem através de sua experiência vivida, com a sua escrevivência como nos ensina a escritora negra Conceição Evaristo.
Sabemos que a mulher tem travado uma batalha para conseguir seus direitos, como também é sabido que a violência doméstica a acompanha desde os primórdios da história e que se distigue por classe e raça. Embora tenha havido mudanças socialmente essas não foram capaz de acabar com a opressão, humilhação e o feminicídio. Seria o medo de denunciar, a fragilidade das leis, a negligência do poder público e a certeza da impunidade que eleveram ao aumento no número de casos turante o isolamento social. Maria Reinalda Farias dos Santos.
ResponderExcluirOlá Maria Reinalda, acredito que todas as tuas alternativas levem a aumento de caso, mas ainda acrescido pelo fato das mulheres estarem com dificuldade de se locomover e pedir ajuda e a falta ainda de outro lugar para ser acolhida neste momento que todas as pessoas se mantem perto de seus familiares. Mas acredito que a naturalização da violência e da manutenção de atitudes submissas por parte das mulheres e opressoras por parte dos homens, faz com que muitas mulheres não se reconheçam em situações de violência. REconhecer e buscar ajuda pelos diferentes canais é de suma importância.
ExcluirCaras professoras, no meu ponto de vista lendo o texto acima não acredito que seja só agora a violência contra a mulher, na verdade acredito que sofriam antes a mesma violência só em menor quantidade o isolamento social aumentou as agressões sofridas, a presente pesquisa nos faz refletir e analisar de como e qual forma poderá ser feita para amparar essas mulheres, e procurar possíveis solução para resolver a situação de violência doméstica.
ResponderExcluirass: Lucinda Silva de Almeida Tossi
Olá Lu, agradecemos seu questionamento. Acreditamos sim que o isolamento social somente agravou uma situação já existente, e que a forma de amparar essas mulheres passará necessariamente pela denúncia e pelo fortalecimento. Como respondi para Amanda, a violência contra as mulheres é algo bastante naturalizado em nossa sociedade, mesmo nos dias de hoje. O fato de se reconhecer em uma situação de violência geralmente é algo que leva bastante tempo e geralmente uma relação conjugal desrespeitosa ela vai dando sinais que muitas vezes não são reconhecidos como violências pelas mulheres. Esse tempo que falamos decorre do fato de não entendermos como violência vários comportamentos, como o controle excessivo, o não respeito a individualidade do outro, o que se faz normalmente é considerar que esses diferentes comportamentos desrespeitosos são formas de ciúme, e aí as pessoas os consideram como comportamentos que são considerados como cuidado e amor por parte dos homens.
ExcluirO mais importante da Lei Maria da Penha é que ela traz as formas expressas de violência psicológica, exemplificando como estas formas de violência são caracterizadas como “condutas que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento”. Além disso esses comportamentos tem como objetivo “degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões” e os diferentes meios utilizados são “ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação”.
Desta forma, neste momento de isolamento, duas questões precisam ser ressaltadas: as mulheres estão isoladas de outras mulheres, dos grupos de apoio ou grupos feministas que lhe ajudam a identificar situações de violências e ainda estão impedidas de se deslocar para buscar a ajuda em políticas públicas do Estado. Mas o que queremos dizer, que as relações violentas elas dão sinais e quase na sua maioria a violência fatal não é a primeira forma de violência, e portanto é preciso estar atenta para os sinais de que uma relação violenta está se construindo e que as mulheres estão permitindo vivenciar uma relação violenta. É claro que não estamos julgando essas mulheres, pois é bastante difícil reconhecer-se em um relação como esta e não é fácil mesmo para mulheres que estão cientes das características de relações violentas, que estão se anulando ou se sujeitando em prol de um relacionamento ou da manutenção de uma família.
Primeiramente gostaria de elogiar o trabalho. A pandemia, certamente, ajudará a acentuar muitas questões sociais que já estavam expostas. A violência contra a mulher é uma delas. Minha pergunta é sobre as fontes. Como foi feito o levantamento? Quais os critérios de seleção? Foi apresentado alguns jornais e apresentado alguns dados, mas o critério de seleção e análise não ficaram claros.
ResponderExcluirBruna Alves Lopes
Ola boa tarde. Não se trata de uma pesquisa que já havia sido desenvolvida, até porque tratamos da análise de uma situação excepcional, nunca antes vivenciada, de um isolamento forçado, de todas as pessoas, sendo que algumas pessoas podem exercer o real distanciamento e permanecer em suas casas e outras tem que continuar o trabalho sendo visível um recorte de classe social. Devido ao fato de ter sido uma pesquisa a partir de um objeto especifico, selecionamos revistas de circulação no Estado do Rio Grande do Norte, em que resido, bem como periódicos de outras cidades, a partir de noticias que circulam nas redes sociais e lives sobre a temática,é uma pesquisa de inspiração etnográfica nas redes sociais, somadas as análise de periódicos em circulação no nordeste brasileiro, principalmente periódicos online. Os dados mostrado são a nível nacional e local como forma de mostrar como a situação é grave. Assistir as lives locais e nacionais nos deu uma visão mais ampla da gravidade da violência estabelecida. Foi uma pesquisa extensa com muitas dificuldades, uma vez que as delegacias não nos fornecem dados.
ExcluirOlá professoras! Diante do quadro que estamos vivendo hoje e o aumento da violência contra a mulher seriam conplicadores o fato de algumas mulheres não reconhecerem que estão vivendo uma relação violenta? Em outros casos até reconhecerem a aviolêcia na relação mas, por outro lado, sentirem-se presas ao seu agressor por questões finaceiras ou por medo de o denunciar? Como podemos ajuda-las já que elas próprias se negam a acreditar que vivem em violência?
ResponderExcluirAss: Maria Reinalda Farias dos Santos.
Olá Maria Reinalda é uma situação bastante delicada, agora acrescida da situação de isolamento social. A negativa de estarem vivenciando uma situação violenta perpassa pela questão da naturalizaçao da violências, as mulheres muitas vezes se sentem incomodadas, violentadas, mas não tem coragem de desabafar, de realizar uma denúncia pois acreditam que seja esta uma situação, de menor importância e a histórias de violências vão crescendo em proporção e em gravidade. Como afirmei na resposta anterior a ajuda será no sentindo de incentivar a denúncia e fortalecer as mulheres para que reconheçam comportamentos abusivos e situações de violência.
ResponderExcluirOlá boa tarde. Obrigada pela sua contribuição. Estar tendo uma rede de proteção sendo divulgadas, assim como alguns números que estão sendo jogados como meio de denúncias contra a violência doméstica é 180, das delegacia 190. Pode-se contar ainda com aplicativos como das justiceiras em alguns Estados, projeto da sociedade civil, outro é um site do mapa de acolhimento, oferece ajuda psicológica e jurídica com profissionais voluntários. Outro meio é, se você passar por qualquer lugar e perceber gritos, mulheres sendo agredidas ligar para o 190, meter a colher mesmo. Espero ter contribuído com sua pergunta.
ResponderExcluirNo início da quarentena ouvi uma mulher gritando pedindo para chamarem a polícia, os moradores do meu prédio não conseguiam localizar qual prédio vinha o som e logo após surgiu uma música acobertando. Ligamos pra polícia que circulou a região para achar algo, ficamos o dia todo esperando algum outro sinal para que saber a localização e conseguirmos denunciar. Ouvir o pedido de socorro foi a primeira vez que me ocorreu o pensamento de quantas mulheres e crianças estão com seus agressores neste momento. Qual o meio para se ter um mapeamento das ocorrências de uma região? Qual a metodologia aplicada para comparar o crescimento da violência em relação aos outros meses? Pois estudos como esses são de extrema importância para percebemos as violências que ocorrem ao nosso redor. Parabéns pela reflexão!
ResponderExcluirBoa tarde. Agora diante de todas as dificuldades que as mulheres estão tendo para fazer denuncias de violência nas delegacias presenciais, no Estado em que resido temos uma conquista que é a delegacia virtual em defesa das mulheres. Apesar de saber das dificuldades que as mulheres das periferias terão para acessar, muitas não tem celular e uma internet de qualidade que funcione.
ResponderExcluirPrimeiro gostaria de elogiar a vocês, Aluizia Freire Do Nascimento, e Claudia Regina Nichnig, por nos proporcionar uma ótima leitura e discussão sobre esse tema tão importante e pertinente para nós, bem no texto é citado sobre políticas públicas emergenciais para o combate ao feminicidio, como também seria importante ao racismo etc. O por que que no nosso país temos leis tão falhas e despreparadas, pois a lei Maria da penha pelo que vemos e ouvimos não tem eficácia, antes da implementação dessa lei, esse assunto era tratado como "crime de menor potencial ofensivo" a própria mulher que sofreu de violência quando saia viva, teria que levar a intimação para o agressor comparecesse a delegacia que acaba se resolvendo com o pagamento de uma cesta básica, sim uma cesta básica vai amenizar vidas que foram retiradas, sempre se teve violência contra as mulheres, e agora com o isolamento social, tivemos um grave aumento sendo prova que a lei não funciona em sua totalidade, então no ponto de vista de vocês, quais ações devem ser tomadas, , para uma melhor aplicação dessa lei, para se obter melhores resultados com uma maior eficácia, que os índices de violência diminuam consideravelmente em nossa sociedade. Um grande abraço.
ResponderExcluir- Amanda Karem Falcão Da Silva
Olá boa tarde Amanda. Agradecemos sua participação. Infelizmente o governo atual não investe em políticas públicas, a lei Maria da Penha apresenta suas falhas. Sem políticas públicas que de fato contribua para diminuir essa violência, nós percebemos que ela só aumenta, as condições não são dadas para que isso tenha fim. O meios são ainda exigir que o governo invista em políticas públicas, que serão suportes para se por em prática a construção de mais delegacias para as mulheres, medidas protetivas que de fato afaste a vitima do agressor, construção de casas abrigos e que as mulheres não tenham medo de denunciar, de gritar e pedir socorro, o silencio também contribui para o aumento da violência,o feminicidio contra as mulheres. Acreditamos que são medidas paliativas que não resolvem essa opressão,essa agressão. Continuo repetindo essa violência de fato só cessará com o fim da sociedade de classes e a construção de uma outra sociedade onde não haja opressores nem oprimidos.
ExcluirBoa tarde Débora. Agradeço sua participação nessa mesa. Eu respondi e não foi publicado. Esses são mecanismos que publiquei acima devem ser prioritários para que possamos denunciar essa violência domestica. A metodologia utilizada teve como referências artigos publicados via Google, online, dados divulgados pela ONU, as mídias sociais hoje são meios de divulgação de quase tudo que você procura, assistimos algumas lives sobre a violência doméstica elas nos deu condições de fazer esse mapeamento por região, estado. Os canais oficiais como as delegacias das mulheres não repassam os dados, segundo as atendentes não dispõem de dados atualizados. Espero ter te ajudado.
ResponderExcluirObrigada.
Aluizia, muito obrigada pelas informações. Fiquei bastante pensativa sobre isso, porque pela delegacia das mulheres na região não encontrava ou outras localidades, vou tentar arrumar meios e observar as publicações ao meu redor sobre esse crescimento. Queria demarcar a localidade onde passo a quarentena por seus aspectos econômicos e sociais que o complementam.
ExcluirObrigada mesmo!
Débora Queiroz.
Caras professoras, a princípio as parabenizo pelo ótimo texto, esta discussão é de suma importância.
ResponderExcluirVocês tocam num ponto interessante, ao destacar que nem sempre as violências contra as mulheres levam a morte, as violências podem se caracterizar de diferentes formas como colocaram, nesses tempos de confinamento, também existe a violência psicológica. Assim, como conscientizar as mulheres sobre o que é uma agressão psicológica e como buscar saídas?
Obrigada!
Raiza Aparecida da Silva Favaro.
Ola boa tarde. Agradeço sua participação.
ResponderExcluirA violência psicológica é bem complicada, poucas admitem sofrer, as vezes não se reconhece como violência e as mulheres acabam se calando, então, a ajuda de uma amiga contribui muitas vezes para esse alerta, para mostrar que ela sofre violência psicológica e ela acordar e pedir ajuda. A solução é procurar um terapeuta para saber lidar com isso. A ajuda psicológica muitas vezes contribui para a saída de um relacionamento abusivo. Existe o telefone 180 central de atendimento à mulher que você pode ligar. Espero ter contribuído. Obrigada.
Acrescento que a criação do botão do pânico é mais um sistema que contribui para diminuir essa violência, um dispositivo de medida protetiva, é uma tornozeleira eletrônica que avisa quando o homem se aproxima da mulher. Esperamos que funcione de verdade.
ResponderExcluirOlá professoras. Parabéns pelo texto, e pelas informações trazidas. A temática é pertinente e precisa ser historiada. Minha pergunta vai na direção de implementação de políticas públicas. Na avaliação de voçês, as políticas públicas implementadas até o momento vão de encontro a medidas punitivas. Estas medidas punitivas ganham contornos de justiçamento, pois de maneira geral, a sociedade clama por medidas pontuais (bateu em mulher, ou matou tem que ser preso,tem que pagar enfim). Essa narrativa da punição pontual (como vimos o discurso da castração química ganhar força) não resolve o problema, pois ele é estrutural,é de ordem cultural.
ResponderExcluirPosto isto, pergunto às professoras: as políticas publicas precisam avançar no âmbito da educação, da cultura, no sentido da desconstrução do patriarcado e do machismo?
Olá Suellen agradecemos seu questionamento. A Lei Maria da Penha tem esse objetivo punitivo, de criminalizar comportamentos e práticas violentas no âmbito doméstico e familiar, mas também traz em seu bojo sua intenção pedagógica, ou seja, de propor uma educação igualitária e não discriminatória, que tem como objetivo propor respeito e igualdade nas relações familiares. Sabemos que vivenciamos relações hierárquicas entre homens e mulheres, país e filhos, como estudou o filósofo Michel Foucault, em que há um sistema desigual que produz opressões. desigualdades. É certo que esse viés punitivo da Lei e que visa a criminalização das relações é bastante criticado, principalmente pela criminologia feminista. Mas os movimentos feministas brasileiros entenderam que diante da crise e dos grande número de mulheres vitimadas no Brasil por suas relações familiares e conjugais violentas se fazia necessária um lei punitiva. Mas como já disse, não é possível esquecer que o viés pedagogico, já descrito na lei, é uma das principais formas de alteração essa situação que a inda é naturalizada em nossa sociedade. Acreditamos sim que a descontrução da cultura patriarcal e machista passa por uma educação emancipatória, libertária, que vise o respeito e a não discriminatória, como nos ensinaram Paulo Freire e bell hooks.
ResponderExcluirPrimeiramente gostaria de parabenizar as autoras, Aluizia e Claudia pela excelente explanação. Acredito que o debate sobre violência doméstica contra as mulheres é de extrema urgência, ainda mais no contexto de pandemia que estamos enfrentando, onde emergem múltiplas problemáticas. Sendo assim, gostaria de perguntar até que ponto vocês acreditam que a luta pela emancipação feminina vai ser prejudicada na pós pandemia? e se vocês pensam em alguma ação que possa auxiliar essas mulheres a lidar com essa situação de violência nesse momento?
ResponderExcluirObrigada!
Lara de Sousa Lutife
Olá boa noite Lara. Primeiramente agradeço sua participação. Ao contrário essa luta nesse período percebo que está sendo fortalecida, são vários meios que estão sendo encontrados para diminuir essa violência, as mulheres tem que romper o silêncio, denunciar o machismo e se organizar para conter o avanço da violência, para isso hoje contamos com várias redes de proteção nas redes sociais, aplicativos como das justiceiras, atendimento virtual de ajuda psicológica e jurídica em alguns Estados, contamos as delegacias das mulheres, delegacias virtuais, o botão do pânico, e do telefone de atendimento as vítimas de violência e do 190. O atendimento psicológico deve ser essencial pós essa pandemia, para isso esperamos que os postos de saúde disponibilizem esse serviço, as Universidades públicas, os governantes, os movimentos de mulheres que estão diariamente discutindo essas questões são responsáveis por dar apoio nesse momento. Vai ter que ser criado todas essas redes de proteção as mulheres nesse momento difícil.
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ResponderExcluirBom dia, Aluizia Freire do Nascimento e Claudia Regina Nichnig
ResponderExcluirPrimeiramente, parabéns pela temática, tão importante e necessária, sobretudo diante da atual situação em que vivemos.
Nós sabemos que, historicamente, o lar nunca foi um lugar seguro para as mulheres, que sofrem com a agressividade de seus parceiros. Por esta razão, a violência contra a mulher possui características próprias, uma vez que é perpetrada justamente no âmbito familiar, o que nos leva à conclusão que aquelas mulheres que permanecem por longos períodos em suas casas são as maiores vítimas de agressões, sejam verbais ou físicas.
Com o atual cenário da Pandemia a situação tem se agravado, pois a liberdade de locomoção ficou mais restrita, o que dificulta a possibilidade da mulher que se encontra em situação de violência familiar buscar ajuda e tentar romper o ciclo da violência.
Ainda, acrescenta-se o fato de que no Brasil as mulheres são mais sujeitas ao trabalho precário e informal do que os homens, sendo que na atual situação, a taxa de desemprego afeta especialmente essas trabalhadoras, que passam a depender financeiramente de seus companheiros.
Diante de tudo isso, é possível então afirmar que a crise trazida pela COVID-19 afeta as mulheres de forma desproporcional? (Ariana Lopes Santos Silva)
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ResponderExcluirOlá Ariana, foram tantos comentários que eu me confundi, te chamei de Lara. Peço desculpas. Obrigada
ExcluirOlá boa noite Ariana. Agradeço sua participação.
ExcluirSim, diante de uma crise como essa que estamos vivenciando as mulheres estão sendo as mais afetadas. Nós sabemos que sempre que ocorre uma crise nós mulheres somos prejudicadas, o desemprego estrutural nos atinge, como está ocorrendo nesse momento, muitas mulheres vivem em trabalhos precarizados, no setor informal somos maioria, nesse momento estamos afastadas do mercado de trabalho, primeiramente pelo fechamento de estabelecimentos, há esvaziamento em alguns lugares, depois o risco de contaminação é grande. Então, essa crise econômica já esta instalada, no entanto, pós pandemia será pior, muita gente ficará desempregada o caos será instalado, portanto a crise econômica contribuirá ainda mais para o desemprego, e as mulheres diante de uma crise são sempre as prejudicas, isso ocorreu em outros momentos no Brasil e na Europa.
Concordo com você. Que possamos, um dia, conseguir reverter essa triste realidade! Obrigada pela resposta. Ariana Lopes
ExcluirOlá. consegui um número de telefone das justiceiras atuam no Rio de Janeiro- (11) 996391212. Em Natal/RN ontem foi implementada a delegacia virtual, o botão do pânico foi implementado no RN no final do ano passado. São canais de denuncias. É importante enfatizar que precisamos gritar, chamar a polícia ao primeiro sinal de socorro da mulher que está sendo agredida. Os números 180 e 190.
ResponderExcluirEsse número das justiceiras é do Estado de São Paulo. Peço desculpas.
ResponderExcluirParabéns Professora Aluízia pelo trabalho e o debate desenvolvido aqui. A violência doméstica é um triste "marcador de gênero" que a sociedade brasileira precisa enfrentar e combater em todos os tempos, e nesses tempos de pandemia é preciso sermos mais solidários ainda a essa questão. Parabéns pela abordagem.
ResponderExcluirBoa tarde. Obrigada pela contribuição. As mulheres que sofrem violência doméstica tem que ter ajuda de todas as pessoas que estão ao seu redor, é responsabilidade do Estado investir recursos de combate a essa violência. Só com muita luta conseguiremos modificar esse quadro de desigualdades.
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ResponderExcluirOlá Boa Tarde! Devido a pandemia e o isolamento social os casos de violência doméstica aumentou significativamente, gostaria de indagar em relação às políticas públicas que aumentou e potencializou os canais de atendimento durante o covid-19 no entanto por que essas ações não foram tomadas quando o índice de violência começou a subir drasticamente antes da pandemia? Uma vez q a violência doméstica sempre existiu?
ResponderExcluirTalita de Souza Silva Bueno
Boa tarde, Sim, temos consciência que a violência doméstica sempre existiu, com o isolamento social, situação excepcional, nunca antes vivenciada, de um isolamento forçado, de todas as pessoas, sendo que algumas podem exercer o real distanciamento e permanecer em suas casas e outras tem que continuar o trabalho, sendo visível um recorte de classe social. Infelizmente estamos diante de um governo que só tem reduzido os investimentos públicos em serviços essenciais, como as políticas públicas de combate a violência contra as mulheres, a questão da violência doméstica é um problema do Estado, hoje alguns Estados com a pandemia está tentando fazer com que essa violência diminua, isso está ocorrendo justamente pelos altos índices. Os dispositivos, essas redes de proteção, tem contribuído para aumentar um maior número de denúncias, em alguns casos está dando certo. Está rolando nas redes sociais vídeos de mulheres pedindo socorro, muitas pessoas que moram em condomínio estão atentos a qualquer sinal de pedido de socorro. Está sendo divulgados os telefones 180 e 190,existe o botão do pânico. Espero ter respondido a seus questionamentos.
ExcluirObrigada.
Gostaria de parabenizar pelo tema, muito importante!
ResponderExcluirGostaria de saber se ai no Estado do RN, o poder público está de fato agindo de alguma maneira? Para além das campanhas nas delegacias (visto que há todo um problema de estrutura e atendimento nesses locais em dias normais).
Joana Bleza Cunha Alves
Olá boa tarde. Obrigada Joana pela sua participação. Aqui o Estado é governando por uma mulher, acredito que isso sensibilize-a para que medidas sejam tomadas, no caso da violência contra as mulheres, primeiramente as delegacias das mulheres jogaram nas redes sociais, e nos meios de comunicação uma campanha de enfrentamento a violência contra à mulher, o slogan "isolamento sem violência":"Não se cale", no final do ano passado foi criado o botão do pânico, a mulher usa um equipamento, o agressor usa uma tornozeleira, ao menor sinal de perigo da vítima esse botão é acionado, está funcionado a delegacia virtual, está sendo jogado nas redes sociais campanha das mulheres ligadas a movimentos sociais com o objetivo de denúncias, divulgação do disque 180 de denúncia da violência contra as mulheres e o 190. São esses os dispositivos responsáveis, tenho percebidos que as delegacias não atendem os telefones, isso é um ato bastante falho. No entanto, outros meios estão sendo garantidos. Obrigada.
ExcluirOlá, gostei bastante do presente trabalho, por trazer uma questão que é alvo de debates já há algum tempo e que se faz mais intensa no momento de pandemia em que nos encontramos. A pergunta que gostaria de fazer é a seguinte: como a violência contra a mulher muitas vezes não se faz de imediato de forma física, mas de forma verbal e psicológica que também trazem sérios prejuízos, muitas mulheres levam tempo para identificar e assumir que estão sendo violentadas, principalmente no atual momento em que muitas delas sentem-se fragilizadas por conta do isolamento social, das questões financeiras, prejuízos no trabalho e até mesmo em decorrência do acúmulo de funções dentro do ambiente doméstico, vindo a se sentir dependentes de seus parceiros e até mesmo submetendo-se aos maus tratos por medo de ficar só e de ter maiores prejuízos. Dessa forma, qual seria a orientação mais imediata e eficaz para tal problema? Para que a mulher possa se entender e se expressar de modo a identificar e buscar ajuda para solucionar o problema que vem sofrendo quanto a violência?
ResponderExcluirLUANA KULICZ
Ola boa tarde. Agradeço sua participação.
ExcluirA violência psicológica é bem complicada, poucas admitem sofrer, as vezes não se reconhece como violência e as mulheres acabam se calando, então, a ajuda de uma amiga contribui muitas vezes para esse alerta, para mostrar que ela sofre violência psicológica e ela acordar e pedir ajuda. A solução é procurar um terapeuta para saber lidar com isso. A ajuda psicológica muitas vezes contribui para a saída de um relacionamento abusivo. 180 da Central de Atendimento à Mulher em Situação Violência, eles dão apoio psicológico. Obrigada.
Parabenizo as professoras pelo texto e coloco algumas indagações para reflexão.
ResponderExcluirConsiderando que vivemos uma situação de saúde pública de caráter emergencial cuja principal ferramenta de contenção do coronavírus, até o momento, é o isolamento social não seria uma proposição válida tornar mais rígidas as penas previstas na Lei Maria da Penha para os crimes cometidos no período de pandemia?
Outra questão que coloco diz respeito ao aumento da oferta de serviços públicos de assistência às mulheres em situação de violência como, por exemplo, os espaços de abrigamento temporário para que as mesmas fossem amparadas e se sentissem confiança para realizar a denúncia. De que forma podemos pressionar o poder público a ampliar essa política?
Espero ter contribuído e desde já agradeço.
THARINE SOARES BRAGA
Olá boa noite. Realmente a violência doméstica é um caso de saúde pública, que assim como tudo no nosso país é negligenciado. Os investimentos de políticas públicas são cada dia mais escassos,não se investem em serviços essenciais, os governantes não estão preocupados com a população. A Lei Maria da Penha precisa ser revista, e concordo que medidas mais duras devam ser tomadas para que esse agressor não tente cometer o mesmo erro, a construção de espaços, casas abrigo temporários nesse período pode ser uma saída para manter o agressor distante da vítima, foram criado mecanismos em alguns Estados, como já coloquei, o botão do pânico que afasta o agressor, ele usa uma tornozeleira e ela usa um equipamento que aciona, ao menor sinal de perigo ele dispara e o agressor vai preso, talvez esse equipamento faça efeito, não soluciona o problema, existem delegacias presencias e virtuais. Cabe ao estado lançar campanhas educativas de emergência sobre a violência doméstica, ampliando os serviços que atuem na prevenção e no atendimento ás vítimas, fortalecendo os equipamentos públicos de assistência 24 horas, oferecer atendimento psicossocial e jurídico como a sociedade civil está oferendo através das mídias, é fundamental a classe trabalhadora assumir para si a luta contra a violência e o machismos. Os movimentos sociais, sindicatos precisam levantar essa bandeira, organizar campanhas e disponibilizar informações, como estou fazendo aqui hoje. A organização diária contra a violência às mulheres cabe a nós diariamente também.
ExcluirObrigada pelas suas contribuições Tharine.
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ResponderExcluirOla boa tarde. Agradeço sua participação.
ResponderExcluirA violência psicológica é bem complicada, poucas admitem sofrer, as vezes não se reconhece como violência e as mulheres acabam se calando, então, a ajuda de uma amiga contribui muitas vezes para esse alerta, para mostrar que ela sofre violência psicológica e ela acordar e pedir ajuda. A solução é procurar um terapeuta para saber lidar com isso. A ajuda psicológica muitas vezes contribui para a saída de um relacionamento abusivo. Existe o telefone 180 central de atendimento à mulher que você pode ligar. A agressão física ela é visível, as mulheres denunciam mais, á saída é fazer denuncias pelos números 180 e 190, usar o botão do panico se tiver, denunciar através da delegacia virtual e pedir ajuda a uma amiga se não conseguir fazer a denúncia sozinha. Espero ter contribuído. Obrigada.
sabemos que o modo mais fácil de se fazer uma denuncia de violência domestica é ligando para o 180, porém, além das ameaças físicas constantes que as mulheres sofrem pelos agressores se elas prestarem a denuncia, existe uma parte das mulheres que são privadas de usar celular justamente para não pedir ajuda. gostaria de saber se existe algo que essas mulheres possam fazer nessa situação, afinal existem muitas mulheres que vivem em cidade diferente da sua família, onde existe apenas ela e o agressor.
ResponderExcluirIvanessa Dos Santos
Ola boa noite Ivanessa, obrigada pela sua contribuição. O único meio é ela chamar atenção através do pedido de socorro, se ela já sofre essa violência avisar a vizinhança o que está acontecendo, nesse momento muitas mulheres estão atentas a isso, caso escute alguma discussão e ouvir gritos ligar para a polícia. Outro dia ia passando pelo condomínio e escutei uma pessoa falando alto, parei e fiquei atenta, qualquer coisa ligaria para a polícia, gritaria para saber o que estava acontecendo. Espero ter esclarecido seus questionamentos.
ExcluirParabenizo pelo trabalho!
ResponderExcluirEu cresci em um lar onde minha infância foi marcada por violência doméstica. Várias vezes eu e meus irmãos tivemos que nos esconder na lage enquanto minha mãe se defendia e nos defendia das agressões praticadas pelo meu pai. Muitas pessoas utilizam o ditado que "...não se deve meter a colher" e hoje vejo o quão importante é que todos nós façamos isso ao presenciar/saber de casos de agressão à mulher. O que me deixa mais triste é saber que esses casos ainda são muito banalizados inclusive pelas instituições públicas que deveriam oferecer o serviço de segurança a essas mulheres, daí fica a indagação: A quem recorrer? O que fazer quando a instituição que deveria garantir essa segurança não dá a importância devida aos casos?
Thamires Soares
Ola. Boa tarde Thamires. Obrigada pela sua participação na nossa mesa. Então, devemos insistir ligar para os números que estão sendo disponibilizados, o 180 e 190, recorrer aos meios virtuais como algumas pessoas estão fazendo, não sei se você assistiu a um vídeo de uma vitima da violência doméstica, ela conseguiu através de uma live com as amigas colocar o agressor para fora de casa após se fazer a denúncia, bem como chamar a atenção dos vizinhos, pedir socorro, gritar. apelar para todos os meios. Nesse momento estamos tendo uma rede de proteção um aplicativo as justiceiras, hoje muito Estados está contando com a delegacia virtual. Portanto as mulheres tem que perder o medo e colocar a boca no trombone e nós metermos a colher. Espero ter respondido. Obrigada
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