Hiza Júlia Ruben Corrêa Leal e Nila Michele Bastos Santos


AINDA SOMOS “ATREVIDA”?: UM ESTUDO COMPARATIVO DOS PADRÕES DE BELEZA PRESENTES NA REVISTA DO SÉCULO XX COM A ATUALIDADE



A desigualdade de gênero é presente devido a um contexto sócio-histórico-cultural que afetam a realidade de mulheres das mais variadas formas; estas desigualdades são reforçadas a todo momento na sociedade, principalmente pela mídia, que como pretendemos mostrar impõe uma imagem às mulheres que afetam desde a identidade até a própria autoestima desse grupo, essas representações são frequentes no nosso dia-a-dia, sendo a todo tempo normalizada. Levando em consideração a realidade apresentada, os meios de comunicação possuem importante espaço quanto a difundir essa construção do que deve ser a mulher, principalmente em relação aos padrões de beleza que são relacionados a como o corpo deve ser e a ideia de que existe uma obrigação do indivíduo a se adequar àquilo que é estabelecido.

Nesta pesquisa, intitulada: “Ainda somos ‘Atrevida’?: Um estudo comparativo dos padrões de beleza presentes na revista do século XX com a atualidade”, buscamos entender como esses padrões foram passados durante os últimos cinco anos do século XX por meio da revista ATREVIDA, que tinha como público-alvo meninas adolescentes, e problematizá-los. Além disso, também objetivamos entender qual meio de comunicação possue na atualidade a mesma visibilidade e o mesmo apelo às adolescentes como a revista ATREVIDA tinha nos anos 90, assim pretendemos analisar o modelo da revista do século XX e comparar quanto às representações de gênero abordadas nos meios de épocas diferentes e, por fim, entender se elas perduraram ou não.

A pesquisa se realiza por meio da análise documental das revistas, análise bibliográfica tanto de livros clássicos sobre questões de gênero quanto teses e dissertações sobre padrão de beleza. O presente estudo se justifica, principalmente, quando analisamos o quão mulheres, que na tentativa de se adequarem a esses padrões inalcansáveis de beleza, contam com intervenções estéticas e cirurgicas, sustentando toda uma indústria baseada em serviços e produtos como plásticas, cosméticos e etc. Muitas destas mulheres desenvolvem doenças como bulimia, anorexia e depressão, devido a pressão que existe para se colocar dentro desta imagem que foi construída. É preciso portanto problematizar os Padrões de beleza, analisando a Beleza e os padrões estéticos enquanto categorias historicamente construídas.

Metodologia
O estudo se estabeleceu em uma pesquisa exploratória e documental, de carater qualitativo com técnicas da pesquisa bibliográfica.

Como dito na Introdução houve uma análise documental dos textos tanto verbais, quanto os textos não verbais das Revistas Atrevida das edições de 1995 até os anos 2000, foram analizadas as capas, as fotos nas colunas de moda, os editoriais e até às receitas que estão presentes nas Revista. Esta documentação encontra-se no acervo do NEABI do campus Pedreiras, foram essenciaias para identificar quais discursos são reforçados e classificar quais corpos são exaltados, além é claro de indentificar quais são invisibilizados. Todas as revistas foram lidas, mas somente dez foram escolhidas para analises em relação a revisão de conteúdo, e estas foram escolhidas aleatoriamente.

Foi lido o relatório final do trabalho: Atrevida! Às representações de Gênero na revista adolescente do final do Século XX de Silvana Maranhão Lucas, uma vez que a presente pesquisa visa dá continuidade aos estudos iniciados pela estudante. Também houve um estudo bibliográfico de autoras como Bell hooks, Elizabeth Grosz e Joan Scott, que trazem um direcionamento sobre raça, classe e gênero para a pesquisa, que são temas que estão ligados a problematização dos discursos das revistas. Foram estudados artigos das mais diversas áreas como comunicação e enfermagem para entender como a linguagem é construída para persuadir e sustentar os diversos discursos relacionados a poder, principalmente em relação ao capitalismo, e o efeito desses padrões na saúde de mulheres contemporâneas, como exemplo podemos citar os trabalhos de Helaine Dias de Araújo Oliveira com sua tese de mestrado em Comunicação e Semiótica e Márcia Rebeca Rocha de Souza, Jeane Freitas de Oliveira, Enilda Rosendo do Nascimento e Evanilda Souza de Santana Carvalho com suas teses em Enfermagem.

Foram estudados também os trabalhos brasileiros de Márcia Tiburi, Djamila Ribeiro e Silvana Mara de Morais dos Santos, que trazem as mais diversas questões de gêneros, que explicam desde a construção destas opressões, como elas atuam até a como existe a exclusão de mulheres negras no próprio movimento feminista, e explicando ainda como os padrões de beleza são limitantes e prejudiciais às mulheres e reforçando sempre a importância do diálogo e do estudo sobre gênero.

Foram feitas as apresentações orais nos mais diversos eventos do NEABI em que sempre que participamos reforçamos a importância do estudo sobre gênero e de como os meios de comunicação podem reforçar as mais diversas opressões.

Análise da documentação
De modo geral, a revista por ter como público-alvo meninas adolescentes e adaptar a sua linguagem para algo que seria próxima da realidade delas, se utilizando de expressões, gírias, e também criando táticas para se aproximar da leitora, como respondendo perguntas em quadros como Sabe tudo sobre sexo ou Sabe tudo sobre tudo, tem a finalidade de se tornar um meio mais convincente para a leitora, construindo uma ideia de que a revista seria a “melhor amiga” da leitora, mas essa relação se torna passível de crítica levando em consideração que a revista sempre carrega um apelo comercial, e também por reproduzir diversos discursos esteriotipados, que apesar de refletir a época, normalizava deteminados preconceitos. Márcia Tiburi afirma em seu livro sobre o porquê de esses discursos serem tão normalizados  para as meninas da época: ‘Talvez seja realmente difícil compreender a dominação masculina, porque estamos mergulhados nela. A própria ideia de compreensão é controlada pelo sistema patriarcal’ (TIBURI; 2018, p.70)

Levando em consideração a análise da revista, observamos que em seus textos não verbais existe um padrão de quais meninas viriam a aparecer e quais não. São invisibilizados corpos não brancos e não magros e ligado sempre à textos verbais que retratavam assuntos relacionados, em sua maioria a beleza, moda e comportamento, ou seja, excluía-se os fenótipos de maior parte da população brasileira.

Sobre o padrão das modelos que eram escolhidas para fazer parte das fotos, quase nenhuma possuía um corpo que fosse diferente de branco e magro, a não ser quando a revista estava retratando uma temática específica, como na edição de janeiro de 1997 na qual a revista trouxe uma reportagem sobre moda denominada “O vestido certo para o seu tipo de corpo”, neste número ela trouxe dicas as meninas consideradas “cheinhas”, em que aparecia uma menina não magra em comparação às outras modelos da mesma manchete, contudo, esta ainda aceitável, ou seja, não muito “cheinha”, aliás a revista usa esta palavra como forma de amenizar a palavra gorda, passando uma ideia de que essa seria ofensiva, ou seja, que ser gorda não é algo normal.


Capa e manchete de janeiro de 1997, a modelo “cheinha”

Quando é observada a questão de raça, modelos negras são totalmente invisibilizadas, exceto quando não eram uma celebridades, como Michael Jackson e Taís Araújo, ou figurantes em alguma reportagem, e são totalmentes invisíveis nas capas das revistas, nos 5 anos de revista a única edição que possui uma negra na capa é a de março de 1999, apenas porque tratava-se de um sorteio entre as leitoras e as vencedoras apareceriam na revista, outro exemplo em que há a aparição de uma menina negra é em uma reportagem em que aparece uma modelo branca sendo atendida por uma baiana, no caso a modelo negra, trata-se de uma matéria sobre Moda chamada de “Salve Salvador!”, na edição de novembro de 1996, ou seja, quando meninas negras são representadas são em espaços “exóticos” e de servidão ou então quando a revista não tem controle sobre essa escolha.



Capa de março de 1999 e Foto da manchete: Salve Salvador! da edição de novembro de 1996

Em seu conteúdo a revista se utiliza na sua estrutura manchetes que se dividem em diversos temas como: beleza, moda, saúde, comportamento e etc, assuntos esses que sempre são abordados com uma motivação voltada a conquista de um namorado ou então para poder manter uma relação, ou seja, assuntos são quase sempre relacionados ao agrado ao sexo masculino, principalmente sobre como adequar seu comportamento e/ou sua aparência para isso, questões que estão ligadas a como os organizadores da revista imaginaram o que às meninas da época devem se interessar e que ao mesmo tempo reforçam essa imagem e os mais diversos estereótipos.

A revista muitas vezes traz modos de como chegar a um certo ideal de beleza, seja pela forma de dicas, nas quais a revista sempre direciona as meninas a fazerem usos de produtos e serviços específicos com a finalidade de estar de acordo com a “tendência da estação”. Também traz diversas dicas de como se livrar de celulites e de dietas milagrosas, aliás sempre que a revista trazia alguma receita, nela estava atrelada o números de calorias e existiam alertas para as meninas não exagerarem e engordarem, assim alimentava-se e naturalizava-se um discurso de não aceitação do próprio corpo.
Outra questão que é analisada na revista é que existiam diversos quadros sobre opiniões, dois deles são o Palavra de Menino e o Pensando Alto, no primeiro diversos meninos davam opiniões, na maioria delas sobre o comportamento e imagem de garotas que os agradavam, enquanto no segundo quadro era dada uma pauta que podia ser considerada polêmica, essas pautas abordavam assuntos como política, educação, sociedade e etc, nela era pedida a opinião das leitoras por cartas, que eram publicadas as duas opiniões opostas melhor argumentadas das leitoras.

O “Palavra de Menino” sempre ficava no meio da revista e tinha destaque, o quadro Pensando Alto era colocado no fim da revista, sem muito destaque, observamos que a opinião dos meninos sobre como as meninas eram mais evidenciadas que que as opiniões das meninas sobre o mundo à sua volta, assim a revista deixava claro a quais opiniões as meninas deviam dar mais importância.

De modo geral, a revista traz uma imagem irreal e estereotipada do que a menina deveria ser e sustenta uma ideia de que ela deve se adequar ao padrão para poder ser aceita, ou seja, que é responsabilidade dela se manter naquele ideal, com uma promessa falha de conquista da felicidade, resumi-se a existência delas à sua aparência, ou a quem elas se relacionam, com a finalidade de manter uma indústria que vive dessas “dicas para melhorar seu visual”, ou seja, das inseguranças. No trabalho Droga de Corpo! Imagens e Representações do corpo feminino em revistas brasileiras às autoras explicam essa ideia:

‘Se, historicamente, as mulheres preocupavam-se com sua beleza, atualmente ser/estar bela é responsabilidade da mulher imposta pela sociedade. A busca por padrões estéticos deixou de ser um dever social que pode ser conseguido ou não, e passou a ser um dever moral, para o qual a mulher deverá se esforçar o suficiente para conquistar’ (SOUZA; OLIVEIRA; NASCIMENTO; CARVALHO, 2013, p.13).

No momento estamos analisando qual meio específico contemporâneo deve ser comparado a revista ATREVIDA do final dos anos 90 para podermos fazer o paralelo, já decidimos quanto ao formato que é a internet, pois é o mais acessível e utilizado atualmente, nosso desafio é entender se abriram ou não novos espaços e como eles estão atuando. Pois como na internet existem inúmeras plataformas diferentes para as quais as adolescentes se dividem entre si e na qual elas podem preferir de acordo com seus interesses pessoais, agora entender como essas plataformas repassam seus discursos se torna cada vez mais complicado.

Revisão da literatura
Em sua tese de mestrado “Ser adolescente: construções identitárias em revista” Helaine Dias de Araújo Oliveira traz a história de como o adolescente se tornou um público lucrativo e como a linguagem se adequou a esse público, ela mostra quais são as características dessa linguagem analisando revistas brasileiras voltadas a meninas adolescentes, na qual a linguagem toda tem uma finalidade extremamente comercial, um exemplo é a revista vender uma ideia de ser melhor amiga da leitora para assim se tornar mais persuasiva, características estas que foram observadas também nas revista deste estudo, além do mais também é observado que quando analisado sob este ponto os discursos problemáticos acabam ganhando mais força já que a linguagem das revistas é muito persuasiva, essa tese serviu então de base para o presente estudo, principalmente em relação a linguagem.

Foi analisada também às ideias de Joan Scott que em sua obra “Gênero: uma categoria útil para análise histórica” traz a história dos estudos de gênero da época e o que seria “gênero”, sempre fazendo uma análise de como gênero está relacionado às relações de poder e como às mulheres acabavam sempre sendo inferiorizadas em relação aos homens, observa-se este conceito no trecho:

‘Minha definição de gênero tem duas partes e várias sub-partes. Elas são ligadas entre si, mas deveriam ser analiticamente distintas. O núcleo essencial da definição baseia-se na conexão integral entre duas proposições: o gênero é um elemento constitutivo de relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos, e o gênero é uma forma primeira de significar às relações de poder’ (SCOTT, 1989, p. 21)

E analisando como a imagem do ser “menina”, que é a junção de duas categorias: mulher e adolescente, é construída dentro da revista uma identidade que é sustentada pela linguagem persuasiva e comercial, identidade esta que carrega uma imagem atrelada aos mais diversos estereótipos, que reforçam tanto o consumo quanto o machismo.

No entanto, quando estudado os textos de Bell hooks é analisado uma dura crítica a trabalhos como os de Joan Scott, principalmente em relação ao perigo de se analisar gênero sem o recorte de raça e classe pois o sexismo não é a única forma de opressão, ela deixa isso claro no trecho de Ensinando a Transgredir:

‘As análises feministas sobre a sina da mulher tendem a se concentrar exclusivamente no gênero e não proporcionam uma base sólida sobre a qual construir a teoria feminista. Elas refletem a tendência, predominante nas mentes patriarcais ocidentais, a mistificar a realidade da mulher, insistindo em que o gênero é o único determinante do destino da mulher. Certamente, tem sido mais fácil para as mulheres que não vivenciam opressão de raça ou classe se concentrar exclusivamente no gênero’. (HOOKS, 2013, p. 207)

Aliás a teórica ainda analisa como as mulheres negras são oprimidas devido ao racismo e ao machismo, até pelos próprios movimentos que deveriam lutar por elas, no texto é feito uma crítica extensa ao movimento feminista, mas ela também critica o movimento negro, pois mesmo eles sendo excluídos por uma condição ainda podem oprimir, sendo a mulher negra a última nesta escada social, como no trecho Ensinando a Transgredir ela explica:
As mulheres brancas e os homens negros têm as duas condições. Podem agir como opressores ou ser oprimidos. Os homens negros podem ser vitimados pelo racismo, mas o sexismo lhes permite atuar como exploradores e opressores das mulheres. As mulheres brancas podem ser vitimizadas pelo sexismo, mas o racismo lhes permite atuar como exploradoras e opressoras de pessoas negras. Ambos os grupos têm liderado os movimentos de libertação que favorecem seus interesses e apoiam a contínua opressão de outros grupos. O sexismo masculino negro prejudicou a luta para erradicar o racismo, assim como o racismo feminino branco prejudica a luta feminista. (HOOKS, 1994, p. 207 e 208)

Assim é percebido na revista a exclusão de meninas (mulher + adolescente) negras, ou seja, como a revista sempre analisava o que seria a identidade da adolescente brasileira ela nunca representava meninas negras, ou seja, tornando as invisíveis, como se aquele espaço não fosse para elas e elas não fossem adolescentes brasileiras.

Ao mesmo tempo em que construímos a mídia ela também nos constrói, pois ela nos dita qual a forma adequada de nos vestirmos, nos comportamos e, claro, como devemos consumir, pois tudo isso é reforçado com um viés capitalista, assim se torna cada vez mais perigoso como e por quem esses espaços são construídos e controlados, pois é fato o tanto de mulheres, principalmente meninas, que sofrem com esse sistema de aprisionamento, que vai de baixa autoestima a depressão. No artigo Droga de corpo! Imagens e Representações do corpo feminino em revistas brasileiras é analisado os motivos e como às mulheres buscam se adaptar para entrar no padrão magro, sendo desde a utilização de dietas absurdas até a busca por cirurgias, no caso do trabalho foi aprofundado sobre o uso de remédios para emagrecimento, mas o texto também alerta sobre diversos distúrbios alimentares que são consequência da pressão que existe sobre o corpo feminino.

Também foi estudado o livro “Feminismo em comum: para todas, todes e todos” da filósofa brasileira Márcia Tiburi, em que ela traz seus conceitos sobre feminismo e questões relacionadas, principalmente no Brasil, de forma didática e simples, nele observa-se em seu capítulo Mulheres e o Feministas: o problema da identidade das mulheres, o quanto é difícil a construção da sua própria identidade sendo que esta foi construído pelo grupo hegemônico e não pelos próprios grupo, o seja, são identidades que reforçam essas relações de poder. Observa-se isto no trecho:

‘Às mulheres precisam lutar para defender também suas imagens, capturadas pelo sistema econômico e social e que, nos meios de comunicação de massa, foram transformadas em moeda e mercadoria. Lutar pelo direito à autoimagem é, por outro lado, lutar por uma identidade, reivindicação das pessoas que foram invisibilizadas na opressão do espetáculo que mede às pessoas pela aparência’. (TIBURI; 2018, p.80)

Levando em consideração o presente estudo das revistas, os meios de comunicação são a forma de “reprodução” de uma sociedade em uma certa época, ela pode tanto reforçar as mais diversa formas de opressão quanto também podem desconstruí-las, assim como a revista ATREVIDA reforçou estereótipos e padrões, podemos (e devemos) repensar esses locais, os tornando mais democráticos e desconstruí-los atualmente, para que não continuemos a limitarmos nossa existência em “atrevidas” de forma inconsciente, especialmente quando discutimos representações de gênero, nas quais às mulheres, como em diversos segmentos, acabam sofrendo muito, enfim a discussão e a desconstrução sobre estereótipos de gênero deve ser uma constante luta e merece o seu espaço.

Referências
Hiza Júlia Ruben Corrêa Leal é Bolsista PIBIC ENSINO MÉDIO 2019/2020 - EDITAL PRPGI N° 04/2019 Aluno do ensino médio integrado ao Curso de Eletromecânica do IFMA- Campus Pedreiras.
Email: hiza.julia@acad.ifma.edu.br
Nila Michele Bastos Santos é Historiadora, Psicopedagoga, Especialista em Formação de Professores. Mestra em História Social pela Universidade Federal do Maranhão. Professora EBTT de História do Instituto Federal do Maranhão IFMA - Campus Pedreiras. Coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas do IFMA campus Pedreiras e Coordenadora do LEGIP. Contato: nila.santos@ifma.edu.br

HOOKS, Bell. “Ensinando a Transgredir”. WMF, 1994, pp. 193 210 GROSZ, Elizabeth. “Corpos Reconfigurados”. Pagu (14), 2000, pp. 45-86
OLIVEIRA, Helaine Dias de Araújo. Ser Adolescente: construções identitárias em revista. Orientador: Dr. José Luiz Aidar Prado. 2010. 115 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Semiótica) - Pontifícia Universidade Católica De São Paulo, São Paulo, 2010.
RIBEIRO, Djamila. Quem tem medo do feminismo negro? 1°ed. São Paulo.Companhia das Letras. 2018
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil para análise histórica. In: Gender and the Politics of History. New York: Columbia University Press, 1989. Tradução: Cristine Ruffino Dabat e Maria Betânia Ávila.        SOS   CORPO. 3.ed.        Recife, 1996. Disponível em:
http://www.observem.com/upload/935db796164ce35091c80e10df659a66.pdf
SOUZA, Márcia Rebeca Rocha de; OLIVEIRA, Jeane Freitas de; NASCIMENTO, Enilda Rosendo do; CARVALHO, Evanilda Souza de Santana; Droga de Corpo! Imagens e Representações do corpo feminino em revistas brasileiras. Rev Gaúcha Enferm. 2013;34(2):62-69.
SANTOS, Silvana Mara de Morais dos; OLIVEIRA, Leidiane. Igualdade nas relações de gênero na sociedade do capital: limites, contradições e avanços. Rev. Katál. Florianópolis v. 13 n. 1 p. 11-19 jan./jun. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rk/v13n1/02.pdf
TIBURI, Márcia Angelita. Feminismo, para todas, todes e todos. 7°ed. Rio de Janeiro. Rosa dos Tempos. 2018

6 comentários:

  1. Primeiro quero parabenizar pela iniciativa, belo trabalho.
    Em seguida, levando em conta a democratização da internet e a liberdade para gerar conteúdo, a leitora que antes apenas consumia conteúdos como a da revista Atrevida, pode agora como criadora alcançar espaços inimagináveis através de plataformas como Youtube e Instagram. Vocês acreditam que o discurso estabelecido pelas revistas adolescentes possam agora ser questionados, através dos atuais "influenciadores digitais"?
    Julia Alvino de Souza

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    1. Olá, Julia Alvino de Souza.
      Obrigada por sua questão.
      Acreditamos que os discursos podem ser tanto questionados, reforçados, ou ainda criado discursos totalmente novos. Na continuação de nossa pesquisa, buscaremos justamente fazer essas comparações, mas já podemos apontar de antemão que ao contrário do que acontecia nas revistas do século XX, a internet permitiu uma democratização do conhecimento e embora existam páginas, sites e “influencers” que reproduzem o padrão Branco, Ocidental e Hetronormativos, a diversidade está presente, uma vez que cada vez mais surgem páginas, sites e “influencers” que contestam o padrão e apresentam novas formas de ser, pensar e agir.

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  2. Primeiramente, parabéns pela pesquisa. É um tema importante a ser debatido, visto que todas nós, em maior ou menor grau, crescemos moldadas pelos ideais comercializados nas revistas adolescentes. Minha pergunta é a seguinte: vocês consideram que houve uma mudança muito grande em relação ao que era o “ideal de beleza” propagado por estas revistas da década de 90 e começo dos anos 00s e o que é tido como ideal agora? Avançamos em algum nível? Ou apenas a plataforma de opressão mudou, e ao invés de ser propagada em revista, é propagada em mídias sociais?

    Mais uma vez, parabéns pelo trabalho.

    Bettina Pinheiro Martins

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    1. Olá, Bettina Pinheiro Martins.
      Muito obrigada por sua questão.
      Neste estudo nos concentramos, a priori, nos últimos 5 anos do século XX e o que pudemos apurar foi que durante todo esse período não houve alterações no padrão de beleza apresentado. Sabemos, contudo, que as transformações na cultura acontecem no tempo da longa duração e a passagem do século, e até mesmo do milênio, não demonstrou rupturas drásticas ou imediatas. No que se refere a revista Atrevida sabemos que esta avançou até os primeiros anos do século XXI e nos poucos exemplares que dispomos desse período, o padrão de beleza Ocidental da menina Branca e Magra foi uma constante. No entanto as lutas dos diversos movimento sociais contra as discriminações e a democratização da informação pela internet e as redes sociais permitiu o descortinar de diversos corpos - antes marginalizados - obrigando as mídias e as indústrias de moda e cosméticos a se adaptarem para alcançar esses novos clientes que exigiam representatividade e pluralidade de belezas.
      Entretanto acreditamos que essas mudanças, são fruto das lutas sociais e não o contrário. Foi graças a atuação de diversas minorias em busca de representatividade é que hoje podemos acessar um discurso de beleza mais diversificado.

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  3. Parabéns pela pesquisa! Trabalhos como esse são importantes na desconstrução da imagem ideal feminina. Como afirmou Mary Del Priore, "as mulheres do século XXI são feitas de rupturas e permanências", dessa forma, gostaria de saber de vocês em quais padrões impostos as mulheres, houveram rupturas e permanências?
    DIELE AMANDA MARQUES DE SOUSA

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  4. Olá Diele, agradecemos sua pergunta.
    Infelizmente não há como nossa resposta ser completa, pois envolve uma diversidade de fatores que não temos como acessar, afinal são muitos padrões e as permanências e rupturas ainda convivem lado a lado uma vez que essas transformações só ocorrem no tempo da longa duração. O que vemos é que embora as lutas feministas tenham avançado muito e vitorias como novos espaços de trabalhos, novos padrões de beleza, novas leis de proteção e até mesmos novas formas de relacionamento afetivos já sejam aceitos, uma grande parcela da população ainda comunga de ideia machistas que menosprezam e inferiorizam as mulheres.
    Exigindo que sigam um padrão que impendem a diversidade tão almejada, basta lembrar da fala esdrúxula “meninos vestem azul e meninas vestem rosa” da então ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
    Contudo, ao compararmos os discursos de beleza da revista atrevida com o que é posto nas redes sociais hoje, vemos um maior número de representatividade

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