Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira


FEMINISMO E SUAS VERTENTES: A IMPORTÂNCIA DE ENTENDER AS PECULIARIDADES DO FEMINISMO NEGRO



A mobilização para a elaboração de uma história das mulheres tem ganhado escopo robusto ao longo das últimas décadas. Diversos trabalhos tem-se apresentado na intenção de ampliar o campo de visão acerca do que é ser mulher, e o que sobre elas pode ser falado ao longo do processo de construção histórica. Como campo definido aparece principalmente entre 1970 e 1980, e já desde as primeiras formulações esteve relacionado à ideia de um posicionamento político e representativo; de certo, “a conexão entre a história das mulheres e a política é ao mesmo tempo óbvia e complexa” [SCOTT, 1992, p. 64].

A historiadora Joan Scott argumenta em seu texto “História das mulheres” [1992], que toda a narrativa necessita ser refletida a partir de uma análise crítica, entendendo também que existem as variações na dependência de quem às relata e para que uso e finalidade esteja sendo evocada. Para ela, a sequência pronta que apresenta a política feminista como ponto de partida, e que ao longo do tempo vai se distanciando até o rompimento para uma história acadêmica erudita voltada ao próprio espaço em uma discussão de gênero aparentemente neutra, precisa ser revista por apresentar-se simplista demais, e por não representar corretamente a história da história das mulheres em sua relação com a política e com a própria disciplina da história. A história deste campo não requer somente uma narrativa linear, mas um relato mais complexo, que leve em conta, ao mesmo tempo a posição variável das mulheres na história, o movimento feminista e a disciplina da história.

Da mesma forma que não se pode restringir a história das mulheres a um processo de construção acadêmico disciplinar deslocado de seu contexto social, não se pode entendê-la apenas como o reflexo de um crescimento da política feminista. Logo, como a própria Scott destaca, para além de apenas uma correlação, é preciso pensar este campo como sendo um estudo mais dinâmico na política da produção de conhecimento.

Os esforços em sintetizar o que seriam os primórdios de surgimento da luta das mulheres acabam também por fim em restringir e esquecer as significativas variações, afinal “o feminismo tem sido, nas últimas décadas, um movimento internacional, mas possui características particulares, regionais e nacionais” [SCOTT, 1992, p. 67]. De certo, não se pode atribuir à história das mulheres um ponto de partida delimitado e imóvel, não existe um ponto inicial assim como não existirá um ponto final. É preciso entender as construções sociais que de diversas maneiras se relacionam entre si, e ainda sim apresentam estritas relações com seus contextos de imersão. Não é possível falar em uma história homogênea e universal do feminismo, e sobre isso Judith Butler conclui que:

“A presunção política de ter de haver uma base universal para o feminismo, a ser encontrada numa identidade supostamente existente em diferentes culturas, acompanha frequentemente a ideia de que a opressão das mulheres possui uma forma singular, discernível na estrutura universal ou hegemônica da dominação patriarcal ou masculina”. [BUTLER, 2017, p. 20]
Outro ponto de destaque se dá para o fato de que para “além das ficções ‘fundacionais’ que sustentam a noção de sujeito, há o problema político que o feminismo encontra na suposição de que o termo mulher denote uma identidade comum” [BUTLER, 2017, p. 20]. É vital a compreensão de que dentro desse grande grupo estão intrínsecas as particularidades de cada indivíduo, e de consequentemente outros grupos de subdivisões dentro da própria causa, na qual as demandas são múltiplas.

O termo “política” deriva do grego politéia [πολιτεία], que indicava todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidade-Estado. Em extensão assume o significado enquanto sociedade, comunidade, coletividade, e outras definições que fazem referência ao entendimento de vida urbana. A política, como forma da práxis humana está estreitamente ligada ao exercício de poder. Em aplicação, o conceito é entendido no exercício das atividades de governos, ou de forma mais geral ao ser expressa em meio às relações de poder pela formação de estratégias, bem como são também práticas normativas que buscam estabelecer identidades individuais e coletivas.  Como Scott apresenta, a narrativa da história das mulheres se faz valer a partir das múltiplas ressonâncias da própria palavra política, e de fato, como se pode esperar, a narrativa é sempre uma expressão política.

A partir disto, faz-se necessário lembrar e debater o conceito de representatividade. A construção política de um sujeito feminino representativo já nasce vinculado aos processos de legitimação e exclusão pertencentes à essência do próprio sistema ao qual se busca subverter, “essas operações políticas são efetivamente ocultas e naturalizadas por uma análise política que torna as estruturas jurídicas como seu fundamento” [BUTLER, 2017, p. 19]. Na política, ao mesmo tempo em que se apresenta como forma de legitimação de poder, se percebe o quão excludente ainda permanece o sistema em sua hegemonia. Em suma, são produzidas e reprimidas pelas mesmas estruturas de poder pelas quais buscam a emancipação.

Certamente, a intenção não é recusar a agência política representacional, mas analisar criticamente em que meio estamos inseridos, pensar o presente e as demandas pelas quais se busca lutar como forma de não perder de vista a multiplicidade que nos constitui. “E a tarefa é justamente formular, no interior dessa estrutura constituída, uma crítica às categorias de identidade que as estruturas jurídicas contemporâneas engendram, naturalizam e imobilizam” [BUTLER, 2017, p. 22].

A bivalência da história das mulheres e seu caráter político nos apresenta certamente uma força crítica e desafiadora das lógicas de opressão. O ocupar dos espaços tão restritos e hierarquizados é emblemático, desafia e desestabiliza as premissas disciplinatórias; ainda sim, esse processo não é algo dado, e nem mesmo apresenta uma síntese a seguir. Assim, “não há resolução simples, mas apenas a possibilidade de constante atenção aos contextos e significados no interior dos quais são formuladas as estratégias políticas subversivas” [SCOTT, 1992, p. 77.].

Um dos processos percebidos e vivenciados atualmente – em especial no contexto em que vivemos, enquanto sociedade brasileira –, é a permanente sensação de que nos falta um certo senso histórico. Nos deparamos frequentemente com a dificuldade de entendimento das corrente teóricas e políticas do que é o feminismo, e o que buscam as mulheres frente às patentes e latentes desigualdades enfrentadas. Essa percepção se intensifica ainda mais no que se refere às diversas especificidades dentro dessa própria luta, como o chamado feminismo negro, o qual trabalharemos aqui mais notadamente.

As especificidades do feminismo negro
Para que possamos adentrar pelo caminho do feminismo negro, suas formulações na História e lutas, trazemos para a discussão a intelectual nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie e sua importante contribuição para o feminismo na obra Sejamos todos feministas [2014]. Nesta obra se volta a discutir sobre a normalização do machismo; imersos em uma cultura e estrutura social onde na grande maioria das vezes homens estão no comando e no poder, acabamos por não perceber o machismo das falas e atitudes imbricadas na sociedade. É valido portanto refletir sobre a própria formação social da educação infantil, ao mesmo tempo em que reprimimos posturas de questionamento e confrontamento nas meninas, abafamos a humanidade dos meninos ao ponto de que não possam chorar, ter medo ou demonstrar muita vulnerabilidade, acabando por gerar problemas em ambos os sexos, homens durões de ego frágil e mulheres altamente permissivas [ADICHIE, 2014, p.11].

Criticando as divisões opressoras de gênero menciona que o “problema da questão de gênero é que ela prescreve como devemos ser em vez de reconhecer como somos” [ADICHIE, 2014, p.14]. Aponta ainda o fato da discussão de gênero ser um lugar obscuro onde nem homens nem mulheres querem estar, pois mudar o padrão social, transformando o status quo, é um assunto complexo e sensível.

Adentrando mais o campo dos movimentos feministas em si, para compreendermos em que momento na história do feminismo as reivindicações das mulheres negras de terem seu lugar como diferenciado pela própria vivência, assim como as questões de raça, classe e sexualidade serem pensadas de forma teórica e epistemológica, trazemos para o artigo a intelectual da área do direito que pensa mulheres e gênero, Naiara Andreoli Bittencourt, no artigo “As ‘ondas’ dos movimentos feministas e o eurocentrismo da História” [2015].

Bittencourt parte de um princípio interessante e necessário para entendermos o porquê das ramificações do feminismo quando afirma que este não é um movimento único, singular, que permeia a história das organizações de mulheres por todo o mundo. A multiplicidade e os posicionamentos teóricos quebram essa teoria de que há um histórico do movimento feminista, mas mesmo assim aponta que é possível vermos ideias que aparecem e predominam entre os movimentos que vivenciam o mesmo contexto histórico.

Característica central dos movimentos feministas sempre foi o silenciamento e é devido a isso a dificuldade de encontrar a existência de grupos organizados, acabando por ressaltar apenas personagens individuais. A pesquisadora destaca que “as respostas das mulheres à opressão estrutural do patriarcado e à dominação masculina sempre ecoaram no silêncio da história” [BITTENCOURT, 2015, p.2] e é por conta desse calar os movimentos como algo pensado no coletivo e combativo na mesma lógica, que só vamos encontrar as primeiras organizações feministas na Revolução Francesa com o aparecimento das sufragistas. Pontua que é nesse momento histórico que são separados na teoria as correntes teóricas socialista, anarquista, conservadora cristã e liberal. A busca pelo conceito ampliado de cidadania a partir do ideal burguês liberal tornar-se o ponto central e as reivindicações pela formação profissional e por representação política demonstra como esses interesses partiam de uma classe média branca, pois na mesma época as mulheres negras não eram nem equiparadas como ser humano, muito menos estavam lutando por direitos de cidadania, já que se encontravam tendo que enfrentar primeiramente as opressões e as amarras da escravidão.

Em uma análise do contexto histórico pré movimento da segunda onda, Naiara Bittencourt percebe que “o cenário mundial também é marcado por uma intensa efervescência, como o movimento hippie nos EUA, a guerra no Vietnã, o maio de 1968 em Paris, o lançamento da pílula anticoncepcional e os levantes populares” [BITTENCOURT apud PINTO, 2015, p.4]; entre as décadas de 1960 e 1980 os movimentos feministas passam a incorporar outras reinvindicações que não sejam de caráter burguês. É aqui que as vozes das mulheres negras e pobres que sempre foram caladas e subjugadas dentro do próprio movimento feminista vão tomar dimensão e lugar na luta contra as opressões de gênero e trarão para esse enfrentamento as questões de raça e de classe.

A partir disto é possível entrar no âmbito de análise e entendimento das peculiaridades dos movimentos negros para que assim possamos compreender a importância de seu estudo. O artigo “Feminismo negro diaspórico” [2007], da socióloga PhD em Antropologia Social Sônia Beatriz dos Santos, foi a base para alcançar a análise da forma que se deu a composição social e política do feminismo negro. Através de sua definição de feminismo negro como “grupos cujas práticas políticas e intelectuais são produzidas e desenvolvidas por feministas e/ou ativistas afrodescendentes” [SANTOS, 2007, p.1], e a divisão de cinco correntes que representam esse feminismo no plano mundial, o afro-latino americano, o afro caribenho, o afro-americano, o africano e o das negras britânicas, podemos perceber as múltiplas dimensões das experiências de mulheres negras em suas diversas particularidades.

Demonstra em sua discussão a crítica feita por intelectuais negras sobre a ausência de um estudo teórico das relações raciais dentro dos movimentos feministas. Partindo desta defasagem apontada pelas mulheres negras é que surge a busca para conceituar suas experiências em relação às opressões que vivenciam. A luta da mulher negra é colocada como um legado, já que desde o momento em que nasce passa a sofrer com a submissão estruturada historicamente desde o período da escravidão. Dessa forma, a socióloga trás a importância da ideia de que as experiências dessas mulheres sejam validadas como relevante na produção de conhecimento. Para uma experiência ganhar veracidade como descrição da realidade social, essa precisa possuir um papel epistemológico, pois assim ajudará a reconhecer o lugar do indivíduo na sociedade e no mundo [SANTOS apud MOHANTY, 2007, p.3].

É interessante refletirmos a respeito desses questionamentos feitos pelos movimentos feministas negros e suas intelectuais porque nos leva a pensar sobre quem sempre contou a história do mundo, a quem pertence à produção do conhecimento e quem está autorizado a falar. A filósofa e ativista do feminismo negro brasileiro, Djamila Ribeiro, trás em seu raciocínio, na publicação da Revista Pandora o texto “O que é lugar de fala” [2018], a importância de entender de que lugar social as pessoas partem para relatar suas histórias e agir no mundo. Aponta que essas experiências vão muito além de falar acerca de determinado assunto, o lugar de fala é sobre poder existir na sociedade.

Djamila menciona a epistemologia dominante que impõe um conhecimento tornando ele universal e passível de reprodução sistemática e como a discussão do lugar de fala ser importante para romper com essa dinâmica, já que essa disputa de narrativas é também uma forma de disputar reconfigurações de mundo. Enfatiza que “mais do que falar é necessário educação de base e políticas públicas eficientes, que sejam capazes de quebrar e desconstruir a voz única, masculina, branca, eurocêntrica e cristã que controla todas as narrativas” [RIBEIRO, 2018, p.7].

A importância de entender o conceito está na capacidade que possui para nos ajudar a perceber os preconceitos e estereótipos que perpetuamos. A fala, portanto, pode deslegitimar lugares e sujeitos, pois é uma ferramenta política que toma proporções ostensivas. Djamila identifica no colonialismo o centro das legitimações ou deslegitimações de certas identidades, onde são criadas as estruturas de opressão e “embora a colonização tenha terminado formalmente, o imperialismo e a globalização ainda perpetuam inúmeras formas de desigualdade” [RIBEIRO, 2018, p.17].

Ao longo da história a visão da exploração das mulheres negras tem sido contada a partir daqueles que a subjugaram. O uso opressivo de suas imagens contribuiu para a manutenção da dominação sobre essas mulheres. Intelectuais da década de 30 do século XX sustentaram essa imagética da mulher negra a partir de ideologias racistas e machistas. Em sua pesquisa e no desenvolvimento da sua tese “O feminismo negro brasileiro: um estudo do movimento de mulheres negras no Rio de Janeiro e São Paulo” [2007], a socióloga Núbia Regina Moreira trás Gilberto Freyre como um dos pensadores que auxiliaram e deram caráter científico no degradar a imagem da mulher negra, designando a ela um papel social na hierarquia da família patriarcal.

Ao sexualizar a mulher mulata, Freyre dá à negra a única função que lhe caberia, de acordo com ele, ter o trabalho braçal. “O servilismo tem sido considerado atributo natural ou papel social designativo das funções da mulher negra na sociedade” [MOREIRA, 2007, p.19], ou seja, a mulher negra tem a sua existência baseada em servir aos outros. A escravidão foi o sistema responsável pela configuração da mulher negra de forma pejorativa. Para legitimar o estupro que praticavam contra essas mulheres, o homem branco afirmava que as negras eram dotadas de uma sexualidade desenfreada e por isso precisavam ser controladas.

Moreira demonstra que “de antiga escrava, a mulher negra ascende à condição de empregada doméstica, quando a nação brasileira se insere numa ordem industrial/fabril, cabendo, ao segmento negro, a execução de trabalhos manuais.” [MOREIRA, 2007, p.23]. A posição e as condições sociais das mulheres negras fizeram com que elas aprendessem a lidar com a rua, a fim de garantir o sustento da família. Isso se dá de forma diferente da mulher branca classe média do século XX, que não necessitava lidar com o trabalho braçal.

Através das diferenças entre as mulheres brancas e negras que já se encontravam estruturadas desde muito tempo, podemos compreender a necessidade de existir vertentes especificas dentro do feminismo, pois é latente que as condições as quais viveram e vivem não são iguais. À exemplo, é válido pensar sobre a enorme representatividade que tem Carolina de Jesus nos movimentos feministas nacionais contemporâneos. Em sua obra “Quarto de despejo” [1960] é possível perceber como a condição de mulher, negra, pobre e favelada é marcada pela dificuldade de sobreviver em um país com um governo omisso às conjunturas sociais, e em uma sociedade machista e racista que subjuga mulheres em todo tempo.

A literatura é desenvolvida entre 1955 e 1960, e a partir de uma narrativa muito envolvente e tocante, Carolina conta do seu próprio dia a dia e suas dificuldades como catadora de papel, demonstrando em sua escrita uma válvula de escape da dura e cruel realidade vivida na favela de Canindé, na beira do rio Tietê. Através da escrita de si, marca uma identidade muito forte em seus relatos que denunciam a violência, a miséria e a fome. Sua obra é um conjunto de escritos em cadernos encontrados nos lixos que catava, onde relata o abandono das favelas pelo poder público. Denomina a favela como o verdadeiro “quarto de despejo”, o que posteriormente se torna o nome da literatura.

O machismo e a violência contra a mulher são marcas explícitas no livro; a autora relata diversos acontecimentos vividos e presenciados onde mulheres eram agredidas em casa por seus maridos ou em brigas na rua, e é a partir disto que enfatiza em alguns momentos que não quer ter homem dentro de casa, pois não se submeteria a ser violentada e ter mais problemas na vida além dos que já possuía.

Neste sentido, Carolina de Jesus é um exemplo de mulher negra que não se deixou abalar pelo sistema opressor de gênero, raça e classe social, lutando diariamente contra o machismo, o racismo e a fome para poder sobreviver em um ambiente abandonado pelo poder público, em uma sociedade estruturalmente preconceituosa. Pensando em histórias como essa e auxiliando no empoderamento de outras mulheres negras, temos significativamente, por exemplo, a formação do Coletivo Negro Carolina de Jesus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, fazendo com que essas mulheres ocupem espaços de poder, reivindicando seus direitos, denunciando e lutando contra o racismo institucional que visa impedir sua mobilidade social, e contra uma estrutura repressora que insiste em manter a população negra nos porões da sociedade.

Referências
Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira são mestrandas do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense, tendo ambas concluído a graduação na mesma instituição. Este artigo é, portanto, fruto de questionamentos coletivos acerca dos debates de gênero e suas aplicações no cotidiano e em sala de aula.

ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Sejamos todos feministas. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
BITTENCOURT, Naiara Andreoli. As “ondas” dos movimentos feministas e eurocentrismo da História. Revista InSURgência, Brasília, v.1, n.1, jan/jun 2015.
BUTLER, Judith. Sujeitos do sexo/gênero/desejo.  In: Problemas de gênero: Feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Coleção Sujeito & História, Civilização Brasileira, 2017.
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo. Edição Popular. 1960.
MOREIRA, Núbia Regina. O feminismo negro brasileiro: um estudo do movimento de mulheres negras no Rio de Janeiro e São Paulo. Biblioteca Central UNICAMP, Campinas, 2007, p.19.
RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala. Revista Pandora, n.2, 2018, p.7.
SANTOS, Sônia Beatriz dos. Feminismo negro diaspórico. Revista Gênero, Niterói, v.8, n.1, 2007.
SCOTT, Joan. História das Mulheres. In: A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Editora Unesp, 1992.

54 comentários:

  1. Olá, Ana Beatriz e Juliana, parabéns pelo ótimo texto de vocês. Adorei que todas as referências foram de autoras mulheres e achei muito interessante a divisão das cinco correntes do feminismo negro.

    Quando vocês colocam o trecho "desconstruir a voz única, masculina, branca, eurocêntrica e cristã que controla todas as narrativas" me faz lembrar de alguns comentários que já vi dentro do feminismo negro sobre a mulher branca não estar em busca da igualdade, mas em busca estar no mesmo patamar que seu companheiro branco, mesmo que isso oprima outras mulheres. E muitas vezes quando uma mulher negra se pronuncia sobre feminismo e racismo, de fato outras mulheres brancas tentam invalidar a fala dela.
    Gostaria de saber se vocês tem uma opinião sobre isso e poderiam compartilhar e se tem textos que tratem dessa questão da "superioridade" da mulher branca em relação a mulher negra.

    Lumena Rios da Cunha Pereira

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    1. Achei super interessante o questionamento, não sou a autora do texto, mas queria deixar a indicação de leitura. Mulheres, raça e classe da Angela Davis, que discuti bastante o assunto que você abordou acima.
      Atenciosamente,
      Ana Paula Herrera de Souza.

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    2. Juliana Otero Nogueira18 de maio de 2020 às 20:44

      Olá Lumena,

      Obrigada pelo seu retorno e pelas suas colocações.
      A respeito de seus questionamentos sobre nossa opinião a cerca da opressão de mulheres brancas com mulheres negras, entendemos que há sim esse silenciamento muitas vezes nos debates e nos coletivos feministas onde não se leva em conta e problematiza o racismo.
      Através dos debates e leituras que já vivenciamos, percebemos a necessidade de as feministas brancas pensarem o feminismo interseccional, levando em consideração a autoeducação e entender o significado do privilégio da cor que vivenciam, não ao ponto de separar as lutas, o que acaba enfraquecendo-as, mas perceber as particularidades, analisando-as e compreendendo-as para assim dialogarmos e desenvolvermos um caminho mais próximo e unido de luta contra as opressões de gênero, raça, sexualidade e classe.
      Quanto aos trabalhos que possam te auxiliar nesse caminho de estudo podemos lhe indicar a tese “Pactos Narcísicos no Racismo: branquitude e poder nas organizações empresariais e no poder público” de Cida Bento. Outras autoras que buscam essa temática como caminho para análise do feminismo negro são a Djamila Ribeiro e Chimamanda Adichie.

      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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    3. Muito obrigada pelo dica de leitura Ana Paula, com certeza vou procurar por essa obra.

      Ana Beatriz e Juliana, obrigada pela resposta e por todo conhecimento compartilhado. Vou em busca de obras das autoras indicadas.

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  2. A lista de elogios que posso enumerar é imensa, mas todos culminam na mesma conclusão: ótimo trabalho.
    Partindo da premissa que o "pessoal é político" como reafirmado por grandes nomes. Como as autoras consideram manifestos em prol da causa em Coletivos poderiam atingir o cerne social?
    Uma vez que o interseccionalismo em muitas vezes é deixado de lado em detrimento ao viés econômico, como dar mais voz a essas mulheres?

    Talytha Cardozo Angelo.

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    1. Ana Beatriz Bittencourt20 de maio de 2020 às 22:14

      Oi Talytha,

      Primeiramente agradecemos pelo seu interesse em nosso texto, e pelo elogio rs.
      De certo, concordamos com a afirmação e entendemos que ela não se opõe à visão de uma luta coletiva. O próprio entendimento da política, como exposto no texto, é compreendido em práticas que buscam estabelecer identidades individuais e coletivas. O fazer político na sociedade é plural e aborda diversas frentes. De maneira geral, os Coletivos buscam fazer com que os desafios e problemas identificados sejam vistos e discutidos de maneira mais ampla na sociedade, e pra isso se utilizam de uma infinidade de ações. Dessa maneira, é um tanto quanto complicado discutir aqui a validade ou não dessas diversas ações quanto ao atingir e transformar o social através delas. Mas em um mundo ideal, os Coletivos e afins buscam através de suas atividades e debates em sociedade, atingir o social e gerar transformação neste meio, dando visibilidade à causa.
      Pensando agora em sua segunda pergunta, é um desafio e tanto equilibrar esta balança, inclusive dentro do próprio entendimento teórico do estudo da história das mulheres. O texto de Joan Scott discute essas questões minuciosamente (SCOTT, Joan. História das Mulheres. In: A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Editora Unesp, 1992.), recomendamos a leitura.
      Neste sentido, é válido lembrar do que é parte de nossa intenção na escrita deste artigo, perceber as particularidades do feminismo negro destacando a necessidade da representatividade; dando voz aos que permanecem silenciados e excluídos pelo sistema em sua hegemonia.

      Att.
      Ana Beatriz Bittencourt e Juliana Otero

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  3. Olá,
    Além do feminismo negro, gostaria de saber o que vocês pensam sobre outras vertentes do Movimento Feminista, em especial, sobre o feminismo classista e o feminismo interseccional para/com a luta das mulheres negras?
    Também gostaria que explicassem como essas questões poderiam ser abordadas em sala de aula?

    Daiane da Silva Vicente

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    1. Juliana Otero Nogueira18 de maio de 2020 às 20:51

      Olá Daiane,

      O feminismo classista é em nossa perspectiva fundamental, pois não vislumbramos um caminho de luta que anule as diferenças de classe presentes na sociedade burguesa. A percepção histórica, teórica e dialética da luta contra o capital se aproxima da realidade complexa em que vivemos. Isso abre espaço para o reconhecimento de que existem outras relações sociais com as de raça e que estas não se desassociam das relações de classe.
      Podemos observar, por exemplo, dentro da divisão social do trabalho aqueles que são desempenhados por mulheres brancas e outros por mulheres negras, onde as marcas do racismo e do colonialismo são evidentes. Ao mesmo tempo não seria possível falar de um feminismo negro invalidando a questão de classe, pois o racismo que atingiu Carolina de Jesus (exemplo de mulher negra, favelada e periférica como tantas outras em nossa sociedade) não é o mesmo que atinge mulheres negras em classe social superior.
      Dessa forma, a interseccionalidade entre as vertentes do feminismo se faz tão necessária a nosso ver. A luta contra o capital, o patriarcado e o racismo precisam caminhar no diálogo e nas aproximações para o combate efetivo das opressões, levando é claro em consideração as particularidades de cada um para englobar nas pautas e reivindicações dos movimentos.
      Sobre a segunda pergunta referente ao Ensino de História. As questões do feminismo levando em conta o racial e a classe é possível de ser abarcado facilmente através da literatura “O quarto do despejo” de Carolina de Jesus. A autora exprime em suas palavras vivências e críticas que nos possibilitam dialogar com o conteúdo curricular de História do Brasil Contemporâneo no meado do século XX. Trabalhando em sala de aula o governo de Juscelino Kubitschek, pode-se abarcar a literatura que contém o relato de uma mulher que viveu o contexto histórico do abandono governamental, que estava subjugada pelas questões raciais que vão além desse momento da História, mas que não eram validados como campo a ser alterado e que também experimentava o campo do gênero e suas opressões.

      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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  4. Diante das diversas especificidades no interior da causa feminista e para além do conceito de euro-centrismo, em que sentido é feita a crítica epistemológica referente aos estudos de gênero por parte do feminismo negro? Dito isso, qual o teor da crítica do feminismo negro acerca do conceito de interseccionalidade?

    Caio Cesar Honório Moreira

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    1. Ana Beatriz Bittencourt20 de maio de 2020 às 22:16

      Oi Caio,

      Este é um debate interessante.
      Scott [1992, p. 92] sintetiza que: “Creio que a oposição entre ‘teoria’ e ‘política’ é uma oposição falsa, que busca silenciar os debates que devemos realizar sobre que teoria é mais útil para o feminismo, para tornar apenas uma teoria aceitável como ‘política’”.
      Da mesma forma, acreditamos que em sua pluralidade os diferentes debates se complementam em seus diferentes focos, e são parte da luta política por direitos básicos. Relembrando parte do que foi exposto em nosso artigo, a bivalência da história das mulheres e seu caráter político nos apresenta certamente uma força crítica e desafiadora das lógicas de opressão. O ocupar dos espaços tão restritos e hierarquizados é emblemático, desafia e desestabiliza as premissas disciplinatórias; ainda sim, esse processo não é algo dado, e nem mesmo apresenta uma síntese a seguir.
      De maneira geral, o teor da crítica do feminismo negro está posta na premissa de que não importa em que “nível” social o negro esteja, ele vai sofrer alguma forma de racismo, velado ou não. Acreditamos que a interseccionalidade é necessário na medida em que é preciso de uma unificação da luta. Não perdendo de vista, porém, as multiplicidades que a constitui, a particularidade das diferentes vivências e experiências do grupo, atentando ao macro e ao micro em suas narrativas (que é também uma expressão política).

      Att.
      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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  5. Eu simplesmente amei o artigo. Parabéns às autoras, acho fundamental a discussão que o artigo aborda. Gostaria de saber das autoras, quais os maiores desafios da luta da mulher negra ainda hoje dentro do feminismo?

    Talita Samara Oliveira Mesquita

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    1. Juliana Otero Nogueira21 de maio de 2020 às 01:47

      Obrigada pelo seu retorno e seu elogio.
      Acreditamos que sintetizar os maiores desafios da luta das mulheres negras dentro do feminismo seja uma contenda difícil de abarcar. As necessidades das mulheres negras são muito peculiares e sem fazermos uma profunda análise do racismo brasileiro, se torna impossível atender às urgências do grupo. Os abismos raciais que separam as mulheres brancas das negras são possíveis de serem vislumbrados nas notícias, pesquisas e no dia a dia da sociedade. No campo do mercado de trabalho, por exemplo, como explicitado no artigo através da exposição do trabalho de Núbia Moreira, as empregadas domésticas são majoritariamente negras. Vinculadas ao trabalho braçal como algo inerente a cor da pele pelas estruturas marcadas pelo racismo e por intelectuais que defendiam essa perspectiva preconceituosa, as mulheres negras ainda se encontram em um cenário onde enquanto a mulher branca busca equiparação salarial com o homem branco, as negras não atingem nem o que essas mulheres brancas, muitas vezes com escolaridade superior (outro desafio), recebem. Podemos pontuar outros desafios da luta diante de questões como maior índice de violência doméstica e sexual ser de mulheres negras, assim como maior taxa de feminicídio, baixa escolaridade e maior sexualização dos corpos. Dessa forma, a luta da mulher negra caminha por situações de violências diversas além das acometidas as mulheres brancas e assim podemos perceber a necessidade de uma vertente onde possam se sentir representadas e discutirem pautas tão distintas, já que muitas vezes são silenciadas e invisibilizadas dentro de movimentos hegemônicos.

      Att.
      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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  6. Olá, parabéns pelo artigo. Gostaria de saber a que público se destina e quais são as ações do Coletivo Negro Carolina de Jesus?

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    1. Ana Beatriz Bittencourt19 de maio de 2020 às 15:06

      Olá Itamara,

      Muito obrigada.
      Então, o Coletivo Negro Carolina de Jesus usado por nós como exemplo em nosso trabalho é um coletivo formado por estudantes principalmente ligados à UFRJ, fundado em março de 2014. Esse e outros coletivos geralmente possuem grupos de estudos relacionados à temática, se colocando também na divulgação pra fora dos muros da academia do que se tem produzido, buscando trazer para debate na sociedade as particularidades dos desafios e das lutas do cotidiano enfrentadas. Recomendamos procurar as páginas oficiais de cada um deles para ficar por dentro e participar das diversas ações promovidas.

      Att.
      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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    2. Olá, muito obrigada pela atenção.
      Abraços

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  7. Oi gostaria de saber se você consegue fazer um comparativo das literaturas já escritas sobre a representação das mulheres negras e sua luta com as escritas de hoje? o que se tem feito para mudar tais visões preconceituosas que a sociedade criou.
    Desde já agradeço sua atenção.

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    1. Ana Beatriz Bittencourt20 de maio de 2020 às 00:50

      Oi Rafaela,

      Daria uma boa pesquisa! Não temos nada nosso especificamente sobre isso, mas certamente pode-se encontrar alguns trabalhos já escritos nessa linha; tanto acerca de análises sobre a escrita de mulheres como o caso por nós citado da Carolina de Jesus, quanto a análise da representação da mulher em literaturas como as de Aluísio Azevedo, Machado de Assis, e etc... vale a procura!
      Acho que precisamos dar destaque ao fato de tais assuntos hoje serem debatidos, esse já é um avanço importante. A divulgação da temática é o pontapé para uma mudança de pensamento na sociedade.

      Att.
      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

      Obs.: se voltar, não esquece de deixar seu nome no comentário pra que seja contabilizada sua pergunta/presença pelos responsáveis do evento ;)

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    2. Muito obrigada pelo retorno..vou procurar .!
      atenciosamente, Rafaela oliveira.

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  8. Olá Ana Beatriz e Juliana,
    Gostaria de saber como o feminismo, sendo um movimento que visa interseccionar as diversas formas de opressão vividas por cada mulher, pode alcançar e sensibilizar mulheres negras e periféricas, a fim de representar suas vivencias e dar voz as suas lutas?

    Parabéns pelo texto.

    Evelin Souza dos Santos

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    1. Juliana Otero Nogueira21 de maio de 2020 às 18:57

      Oi Evelin,

      Obrigada pelo seu elogio e seu questionamento. Acreditamos que podemos pontuar duas questões no que rege essa esfera de debate. Sobre a parte da representação pensamos que as mulheres negras podem por si só se representarem, não havendo, portanto, necessidade de outros feminismos ocuparem esse espaço. O papel de outros feminismos frente ao negro e a intersecção tende a dois caminhos. Primeiro entender o privilégio da cor e o espaço o qual ocupam por possuir ele, se anulando diante de algumas situações e manifestações às quais apenas as mulheres negras podem falar sobre. Segundo como diria Angela Davis “em uma sociedade racista, não basta não ser racista, é necessário ser antirracista” e dessa forma é fundamental não apenas propor uma intersecção, mas de fato colocá-la em prática, sempre levando em conta as diversas peculiaridades vividas pelas mulheres negras.

      Att.
      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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  9. Saudações. Primeiramente gostaria de parabenizar e agradecer as autoras pelas questões apresentadas no texto. É esclarecedor e guiador, por assim dizer, pois nos leva a entender e nos convida a pensar as questões ligadas ao gênero, raça e classe. Sobre o feminismo negro e a interseccionalidade é impossível, para mim, não memomorar o texto de Angela Davis, Mulher, raça e classe traduzido em 2016 para a língua portuguesa. Vocês autoras trouxeram aqui o trecho "“de antiga escrava, a mulher negra ascende à condição de empregada doméstica, quando a nação brasileira se insere numa ordem industrial/fabril, cabendo, ao segmento negro, a execução de trabalhos manuais.” [MOREIRA, 2007, p.23]."

    Aproveitando todas as discussões trazidas em vosso texto, seus referenciais teóricos e o livro da Davis, gostaria de saber como vocês estudiosas desses assuntos compreendem a condição da mulher negra e trabalhadora doméstica nesse tempo pandêmico em que vivemos e, ainda, quais os reflexos desse contexto para o movimento feminista negro?

    Agradeço antecipadamente,

    WAGNER CAVALCANTE FARIAS

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    1. Juliana Otero Nogueira22 de maio de 2020 às 05:22

      Oi Wagner,

      Agradecemos seu retorno e considerações.

      No contexto da pandemia provocado pelo corona vírus podemos vislumbrar de forma muito clara as diferenças de classe, raça e gênero na maneira que essa situação esta impactando as mais diversas pessoas. No campo da Saúde já é possível encontrar estudos e dados que comprovam que negros e negras possuem mais chance de vir a óbito, não por alguma vulnerabilidade genética, mas pelo acesso precário a saúde.
      No campo do trabalho e na renda como questionado é necessário pontuar e expor que a população negra , sobretudo as mulheres negras, são quem recebem os salários mais baixos e os que estão mais expostos a informalidade. A segurança na renda desses trabalhadores foi prejudicada de maneira expressiva assim como também sofrem além no que diz respeito as condições de isolamento social, fechamento de serviços e diminuição do fluxo de pessoas. Muitas dessas mulheres negras que exercem o trabalho de empregada doméstica estão vivenciando a pressão de continuar trabalhando, inclusive mesmo se seus empregadores estiverem infectados, ou sofrendo consequências como a falta de pagamento por não estarem indo trabalhar e até mesmo o desemprego.
      Para finalizar essa reflexão a respeito dos reflexos que essas questões estão mobilizando dentro do movimento feminista negro, não estamos acompanhando de fato as atitudes e ações destes coletivos de forma a conseguir aqui explicitar de maneira clara e concisa. Agradecemos seu questionamento muito pertinente que nos possibilita a partir desse diálogo travado caminhar nossos sentidos a isso.

      Att.
      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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  10. Primeiramente gostaria de parabenizar pelo ótimo texto. Como graduando de licenciatura em história, gostaria de perguntar como é possível trabalhar a questão da representatividade da mulher negra na sala de aula, levando em consideração sua luta e papel histórico.
    Atenciosamente,
    Cassia Cristina Aleixo de Moraes

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    1. Ana Beatriz Bittencourt21 de maio de 2020 às 18:18

      Olá Cassia,

      Muito obrigada.
      Boa pergunta! Este é um desafio importante e precisa ser colocado em pauta. A própria visibilidade já é parte de um entender e debater o assunto na sociedade. Quando se fala de uma representatividade, trata-se de reconhecer e dar voz aos sujeitos históricos em sua pluralidade. Consideramos importante o reconhecimento, e nesse sentido em sala de aula, de cada um como parte do processo histórico, como agentes de seu tempo; e só a partir deste entendimento que se consegue pensar o passado e seus acontecimentos em suas diversas narrativas, compreendendo a necessidade da observação de cada uma delas. É neste meio que a questão, por exemplo, da mulher negra, aparece e deve ser desenvolvida.

      Att.
      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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  11. Olá Ana Beatriz e Juliana.
    A diferença entre essas duas vertentes do feminismo me fez lembrar de uma série produzida pela Netflix “Coisa Mais Linda”, em um certo momento a protagonista que é branca e rica discute com a amiga negra e pobre porque quer defender o seu direito de trabalhar, sua amiga rebate de acordo com sua experiencia de vida falando que ela nunca teve essa escolha e trabalhava desde criança pra conseguir sobreviver. E é sobre isso, sobre as mulheres brancas colocarem a luta da mulher negra no mesmo patamar que o delas por serem do mesmo gênero, mas, a luta do feminismo branco não encaixa o antirracismo em suas pautas tornando-o praticamente irrelevante na vida das mulheres negras e pobres. Li o post de uma feminista negra uma vez que falava que a raça vem antes do gênero, pelo fato de que se o machismo fosse hoje erradicado da sociedade, amanhã veríamos as próprias feministas brancas ainda reproduzindo o racismo contra a as mulheres negras. E é essa a pergunta que quero fazer as autoras, para vocês a raça vem antes do gênero ou o gênero vem antes da raça?


    Vanessa Rodrigues
    Historia - UFMS/CPNA

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    1. Ana Beatriz Bittencourt22 de maio de 2020 às 02:48

      Oi Vanessa,

      Primeiro, agradecemos a indicação da série da Netflix, já vai entrar pra lista, e pelo explicitado serve como um exemplo bem didático (aliás, pode ser uma opção interessante para instigar o assunto em sala de aula). Realmente este é um ponto de debate importante. Na mesma proporção se apresenta em uma relação complexa de definição, ao passo que é permeada por uma gama teórica extensa. Neste sentido, através dos debates e leituras que já vivenciamos, percebemos a necessidade de as feministas brancas pensarem o feminismo interseccional, levando em consideração a autoeducação e entender o significado do privilégio da cor que vivenciam, não ao ponto de separar as lutas, o que acaba enfraquecendo-as, mas perceber as particularidades, analisando-as e compreendendo-as para assim dialogarmos e desenvolvermos um caminho mais próximo e unido de luta contra as opressões de gênero, raça, sexualidade e classe.

      Att.
      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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  12. Olá Ana Beatriz e Juliana Otero. Parabéns pela escolha da temática, hoje mais do que nunca se tem falado sobre feminismo e realmente precisar ser discutido este assunto tanto por homens quanto por mulheres. Você conhece o significado da palavra DORORIDADE? Deixo aqui como indicação de leitura para você. O conceito é uma criação de Vilma Piedade, pós-graduada em Ciência da Literatura pela UFRJ, pois ela diz que o feminismo negro vai além da Sororidade, é uma questão de dor (dororidade), é a dor portanto que une várias mulheres negras, que tem seus corpos assediados, sofrem machismo e até feminicídio. E nós sabemos que neste período de pandemia temos ainda mais casos de agressão contra a mulher, o que é terrível, então fica aqui a minha pergunta- Como fazer para que essas ideias de feminismo chegue até as mulheres em situação de vulnerabilidade? Todos os tons de preto devem estar inclusos no feminismo.
    Cordialmente, ANTONIA STEPHANIE SILVA MOREIRA

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  13. Olá Ana e Juliana. Primeiro queria parabenizar pelo o trabalho lindo e completo, como estudante e pesquisadora negra, ver trabalhos que contemplam mulheres negras e tudo que enfatiza o poder da mulher negra no espaço social que estamos, me alegra e me dá força para continuar. Gosto da discussão: "...Para uma experiência ganhar veracidade como descrição da realidade social, essa precisa possuir um papel epistemológico, pois assim ajudará a reconhecer o lugar do indivíduo na sociedade e no mundo". Quando colocamos essas mulheres como agentes da construção da história, damos espaço para que elas sejam porta-voz de suas trajetórias e de toda a ancestralidade que elas carregam consigo. Questiono como podemos como professores poder dar voz para o feminismo negro dentro da sala de aula, dando visibilidade para além de citar a conquista do voto feminino e assim podermos dar espaço para as características do feminismo negro e trazer ele a maior conhecimento e reconhecimento político e social?

    Att,
    Ana Paula Herrera de Souza.

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    1. Juliana Otero Nogueira21 de maio de 2020 às 21:08

      Oi Ana Paula,

      Ficamos agradecidas pelo elogio e muito felizes pelo impacto do trabalho, assim como pelos questionamentos no âmbito do Ensino. Acreditamos que existem vários caminhos que possamos traçar para dar voz a esse feminismo de forma mais geral e também mais específica expondo os motivos que levaram a criação dessas peculiaridades do feminismo negro. Vemos o papel do professor e o seu comprometimento com o Ensino uma questão de extrema importância. Pensar o eurocentrismo presente no currículo escolar é um ponta a pé inicial para questionarmos a História dos poderosos que ainda se faz presente de forma quase que exclusiva nos livros didáticos. Trazer a “História vista de baixo”, como expõe Edward Thompson, nos possibilita ampliar os campos de debate e conhecimento. Como professores podemos e devemos questionar esse currículo e criar formas de mudar essa realidade. É aí que respondemos de fato sua pergunta. Estudar personalidades de populares, de mulheres, de indígenas, de negros e de negras e discuti-las em sala de aula faz parte desse comprometimento. Expor as mulheres negras como sujeitos históricos, que enfrentaram ao longo da História brasileira diversos tipos de violência e demonstrar como esse passado escravocrata e machista se faz presente nos dias de hoje, promovendo ao mesmo tempo uma reflexão sobre a luta que sempre foi latente e enaltecendo essas mulheres, é fundamental. Precisamos ir além das violências às quais são subjugadas para demonstra-las como pessoas que impactaram e impactam a sociedade, a economia, a política e a cultura. Podemos trabalhar não apenas aquelas importantes figuras do passado, mas as de hoje, para aproximar o discurso da realidade e demonstrando que a luta das mulheres negras têm seus resultados expressos na sociedade atual mesmo havendo muito ainda o que mudar. Sabemos que esse trajeto pode ser complexo, mas de uma relevância enorme para o reconhecimento político e social das mulheres negras.

      Att.
      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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  14. Obrigada por nos proporcionarem esta leitura.
    Esse texto foi de grande importância para a minha formação no universo do feminismo negro e muitas perguntas pairam a minha mente. Por ser uma mulher negra não retinta, tenho problemas relacionados ao meu local de fala. O padrão de beleza é algo imposto socialmente, fruto do machismo estrutural. Mesmo assim, quando vejo uma mulher negra no comercial, fico muito feliz. Só que é perceptível que a negra não retinta ganha maior visibilidade dentro dos movimentos. Como fazer para perceber melhor esses privilégios e tentar combatê-lo, de modo que não ocupe o lugar de fala de outra mulher?

    Desde já, agradeço a atenção.

    Leitora: Karoline Pinheiro da Silva

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    1. Ana Beatriz Bittencourt22 de maio de 2020 às 00:30

      Oi Karoline,

      Obrigada, pra nós é uma honra! rs
      Muito legal ter compartilhado conosco a sua própria experiência.
      O desafio é imenso, e ainda que percebamos o caminho da mudança, muito ainda precisa ser feito e entendido na sociedade. Acreditamos que levantar este questionamento já é o pontapé do reconhecimento da questão, parabéns! Só é possível reconhecer as diferenças e os privilégios quando ouvimos a voz do outro, e é por isso que se bate tanto na tecla da representatividade, do dar voz ao que foi silenciado. Perceber os diferentes olhares e as experiências vividas é essencial. Reconhecemos a importância do lugar de fala, e de como é necessário percebermos os desafios enfrentados pelo outro. Ao mesmo tempo defendemos a necessidade da ampla divulgação e debate, a luta é de todos nós! Nós enquanto professores somos desafiados a trazer todas essas questões à tona, e incentivar a percepção de que somos seres plurais.

      Att.
      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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  15. Bom dia, no que se refere a esse texto salienta-se que ele aborda de maneira contextualizada a questão do feminismo e além disso, se percebe visivelmente que ele enfatiza também, o feminismo de âmbito negro que é um tipo especifico de feminismo que luta para que a mulher negra tenha seus direitos sociais alcançados.

    Assina: Francielcio Silva da Costa.

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    1. Ana Beatriz Bittencourt21 de maio de 2020 às 17:47

      Boa tarde, Francielcio

      Agradecemos o interesse e as considerações feitas.

      Att.
      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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  16. Dentro da esfera do feminismo negro, quais as principais referencias de lideranças engajadas nessa luta??

    Assina: Francielcio Silva da Costa.

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    1. Ana Beatriz Bittencourt21 de maio de 2020 às 17:49

      Bom, esse é um campo vasto e engloba diversas áreas de atuação. Pensando especificamente nas autoras utilizadas neste artigo e/ou referenciadas ao longo destes dias, destacamos: Chimamanda Adichie, Angela Davis, Djamila Ribeiro, Núbia Moreira, dentre outras.

      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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  17. De que maneira a escravidão configurou a mulher negra como um objeto sexual??

    Assina: Francielcio Silva da Costa.

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    1. Ana Beatriz Bittencourt21 de maio de 2020 às 22:00

      Ao longo da história a visão da exploração das mulheres negras tem sido contada a partir daqueles que a subjugaram. O uso opressivo de suas imagens contribuiu para a manutenção da dominação sobre essas mulheres. Intelectuais da década de 30 do século XX sustentaram essa imagética da mulher negra a partir de ideologias racistas e machistas. Em sua pesquisa e no desenvolvimento da sua tese “O feminismo negro brasileiro: um estudo do movimento de mulheres negras no Rio de Janeiro e São Paulo” [2007], a socióloga Núbia Regina Moreira trás Gilberto Freyre como um dos pensadores que auxiliaram e deram caráter científico no degradar a imagem da mulher negra, designando a ela um papel social na hierarquia da família patriarcal. Ao sexualizar a mulher mulata, Freyre dá à negra a única função que lhe caberia, de acordo com ele, ter o trabalho braçal. “O servilismo tem sido considerado atributo natural ou papel social designativo das funções da mulher negra na sociedade” [MOREIRA, 2007, p.19], ou seja, a mulher negra tem a sua existência baseada em servir aos outros. A escravidão foi o sistema responsável pela configuração da mulher negra de forma pejorativa. Para legitimar o estupro que praticavam contra essas mulheres, o homem branco afirmava que as negras eram dotadas de uma sexualidade desenfreada e por isso precisavam ser controladas.

      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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  18. Quais as explicações teóricas para o fato da mulher negra, ao longo da História ter sido tão discriminada??

    Assina: Francielcio Silva da Costa.

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  19. Em que aspectos o feminismo negro se diferencia do feminismo tradicional praticado pelas mulheres brancas??

    Assina: Francielcio Silva da Costa.

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  20. Ótimo trabalho.
    De que forma o conhecimento do feminismo negro poderia ajudar na formação de jovens meninas negras no ensino básico ?

    Ass: Erika Francelino Vieira

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    1. Ana Beatriz Bittencourt21 de maio de 2020 às 21:44

      Oi Erika,

      Obrigada.
      Então, pensando pelo lado do ensino de História, como já falado aqui nos comentários do artigo, é extremamente importante falar de um reconhecimento da agencia de todos enquanto sujeitos históricos, abordar isto faz parte do processo de dar voz aos que são em muitos momentos silenciados. O reconhecimento traz identificação e transformação do meio. Vale lembrar que toda essa discussão no âmbito acadêmico e social tem por objetivo transformar o mundo em que vivemos. Assim, lutamos por igualdade de direitos.
      Expor as mulheres negras como sujeitos históricos, que enfrentaram ao longo da História brasileira diversos tipos de violência e demonstrar como esse passado escravocrata e machista se faz presente nos dias de hoje, promovendo ao mesmo tempo uma reflexão sobre a luta que sempre foi latente e enaltecendo essas mulheres, é fundamental. Em sala de aula, o professor tem o papel fundamental de ser direcionador desses debates, trazendo essas personalidades pra perto ao ponto do aluno conseguir também se reconhecer integrante e empoderado.

      Att.
      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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  21. Boa Noite! Como abordar o feminismo em sala de aula? Uma vez que vivemos em uma sociedade em que cada um tem um pensamento, dúvidas, opiniões e sugestões?

    Talita de Souza Silva Bueno

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  22. Olá Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.
    É um texto muito elucidativo.

    Quais os pontos comuns aos movimentos feministas negros hoje no Brasil! Existem aproximações entre eles e os afro-latino americanos?

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    1. Ana Beatriz Bittencourt22 de maio de 2020 às 00:31

      Oi Andréa,

      Agradecemos pelo seu interesse por nosso artigo.
      Ótimas perguntas, e neste sentido elas abrem margem a uma infinidade de discussões. Por ser um tema extenso e carente de uma contextualização mais precisa, indicamos a leitura dos trabalhos desenvolvidos pela socióloga Núbia Regina Moreira, em especial o texto utilizado por nós e presente na bibliografia que faz uma abordagem do feminismo negro no Brasil [MOREIRA, Núbia Regina. O feminismo negro brasileiro: um estudo do movimento de mulheres negras no Rio de Janeiro e São Paulo. Biblioteca Central UNICAMP, Campinas, 2007, p.19.].

      Att.
      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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  23. Parabenizo as autoras pelo conteúdo apresentado e coloco aqui algumas inquietações.
    Entendemos o movimento feminista, em sua totalidade, como um movimento social de extrema necessidade para a busca de equidade de gênero na sociedade. A busca por um feminismo plural, dialógico e interseccional, ao mesmo tempo que o enriquece expõe as desigualdades ainda presentes na luta pela igualdade de todas as mulheres.
    Há correntes que criticam a ramificação do movimento feminista sob a alegação de que o enfraquece, ignorando a especificidade das necessidades das mulheres negras na luta cotidiana por direitos. A pesquisa "Síntese de Indicadores Sociais" do IBGE, publicada anualmente, aponta as desigualdades latentes em indicadores referentes à educação, trabalho e renda, habitação, saúde dentre outros, quando compara-se mulheres negras e mulheres brancas.
    Face ao exposto, de que forma as autoras percebem a contribuição do debate de raça e classe para o avanço do feminismo como um todo?

    THARINE SOARES BRAGA

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  24. Olá, primeiramente irei parabenizá-las pelo excelente trabalho, achei muito interessante cada colocação, inclusive cada autora dentro desse movimento que vocês escolheram. Bom, eu gostaria de perguntar se vocês conhecem o chamado "Mulherismo Africano", caso sim, existe alguma relação entre este e o Feminismo Negro?

    Att,
    Luana Martins Pereira.

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  25. Vitória da Silva Dias21 de maio de 2020 às 22:30

    Boa Noite! Quero parabenizá-las pelo ótimo trabalho, por terem colocado questões extremamente importantes acerca do feminismo negro e as esferas racistas da sociedade brasileira com um excelente aparato teórico. Dentro da discussão do feminismo negro, há a introdução de alguns conceitos que demonstram representatividade e reconhecimento mútuo, um deles é o conceito de sororidade, mencionado no corpo do trabalho. Estou realizando uma pesquisa sobre a Carolina Maria de Jesus numa perspectiva ancestral,e trabalho com diferentes conceitos que norteiam a pesquisa, um dos principais é o conceito de Dororidade, criado pela filósofa Vilma Piedade. Dito isso, gostaria de saber se as autoras conhecem esse conceito e de que maneira introduziram no trabalho exposto?
    Obrigada.

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    1. Ana Beatriz Bittencourt22 de maio de 2020 às 01:07

      Comentário duplicado, respondido abaixo.

      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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  26. VITÓRIA DA SILVA DIAS21 de maio de 2020 às 22:35

    Boa Noite! Quero parabenizá-las pelo ótimo trabalho, por terem colocado questões extremamente importantes acerca do feminismo negro e as esferas racistas da sociedade brasileira com um excelente aparato teórico. Dentro da discussão do feminismo negro, há a introdução de alguns conceitos que demonstram representatividade e reconhecimento mútuo, um deles é o conceito de sororidade, mencionado no corpo do trabalho. Estou realizando uma pesquisa sobre a Carolina Maria de Jesus numa perspectiva ancestral,e trabalho com diferentes conceitos que norteiam a pesquisa, um dos principais é o conceito de Dororidade, criado pela filósofa Vilma Piedade. Dito isso, gostaria de saber se as autoras conhecem esse conceito e de que maneira introduziram no trabalho exposto?
    Obrigada.
    Vitória da Silva Dias

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    Respostas
    1. Ana Beatriz Bittencourt22 de maio de 2020 às 01:06

      Oi Vitória, boa noite

      Desejamos sucesso à sua pesquisa!
      Então, sobre o termo dororidade ainda não havíamos nos deparado com ele até a apresentação desta comunicação. Um dos comentários feitos ao longo destes dias foi exatamente falando sobre o novo termo e a pesquisa da Vilma Piedade. Inclusive, agradecemos pela indicação. No que tange a elaboração do nosso artigo não abordamos especificamente este conceito.

      Att.
      Ana Beatriz Siqueira Bittencourt e Juliana Otero Nogueira.

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  27. Olá, boa noite.
    Primeiramente, gostaria de elogiar o trabalho, possuí uma ótima temática, excelentes reflexões, e está muito bem escrito. Parabéns.

    É muito importante trazer esse debate para a sociedade, o mundo contemporâneo está propício para isso, pois as mulheres negras durante muitos anos não encontraram espaço de representação nos movimentos sociais hegemônicos. E o feminismo negro veio justamente para incluir a pauta dessas mulheres.
    A historiografia tradicional e positivista, durante anos, excluiu personagens negras dos estudos historiográficos, um exemplo é Dandara dos Palmares.
    Dandara, servia de inspiração para outras mulheres que ali viviam no Quilombo, era um símbolo de resistência feminina negra. Contraponto, com mulheres brancas, da mesma época, esposas dos senhores de engenho.
    Dandara, não aceitou viver conforme as imposições do seu tempo, precisou ir a luta, mostrar que a mulher não tinha direito de servir, mostrou que a mulher negra mesmo com toda a sua trajetória renegada, pode fazer diferença no contexto social em que estar inserida.

    Diante disso, como os docentes podem incluir o debate sobre feminismo negro, em sala de aula, abordando personagens históricos?

    Samara Alves de Oliveira

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