Marciele Sousa da Silva e Jakson dos Santos Ribeiro


HISTÓRIA DO CASAMENTO NA PRINCESA DO SERTÃO: ANALISANDO AS NOTAS DE CASAMENTO NOS JORNAIS CAXIENSES



Durante muito tempo as mulheres não foram consideradas sujeitos da história, ficando assim, excluídas das narrativas dos historiadores. Porém, o panorama da historiografia brasileira mudou, visto que hoje podemos notar a presença desses novos sujeitos na historiografia, adentrando as discussões teóricas e sugerindo novos conceitos e abordagens a serem trabalhadas.

O avanço nas pesquisas sobre a história das mulheres e das questões de gênero nos deram subsídios para entendermos o universo do matrimônio, e, principalmente, compreendermos os papéis sociais desempenhados pelas mulheres dentro do casamento. Desse modo, este estudo parte da necessidade de entender a construção da ideia matrimonial, em Caxias–MA, na primeira metade do século XX, através da análise dos discursos produzidos pelos jornais caxienses acerca do casamento.

As notas em jornais sobre casamentos vieram a contribuir para entender os discursos produzidos, visto que eram fortes aliados para que a moral e os bons costumes fossem exaltados em um local onde se visava o desenvolvimento e a prosperidade.

 Neste sentido, foram analisadas sessenta e nove (69) notas de casamento retiradas de jornais caxienses, como: O PAIZ, JORNAL DO COMÉRCIO, E O CAIXEIRO, todos encontrados na Biblioteca Benedito Leite, de São Luís. Fontes que foram essenciais para o entendimento da sociedade caxiense e das transformações ocorridas durante o período analisado. Com esta pesquisa pretendemos contribuir para a ampliação das perspectivas da história local e suas potencialidades.

Além desta questão, a pesquisa demonstrou o quão ainda se faz necessários debates e reflexões, como também, o alargamento do conhecimento sobre a história das mulheres e as relações de gênero, intercalando o casamento como meio de entender os papéis sociais destinados a mulher dentro da sociedade caxiense.

Introdução
O desenvolvimento da História Cultural vem reforçando o avanço na abordagem das questões femininas ao longo do processo histórico, porém, esses estudos tiveram força com o auxílio das outras ciências humanas, com perspectiva interdisciplinar que permitiu entender a mulher dentro dos seus vários aspectos, ou seja, em suas práticas, no imaginário social, nas representações constituídas em relação a ela.

Assim, a pesquisa histórica tem passado por uma ampliação, em que passa a apresentar uma grande variedade de objetos, novas fontes, metodologias e abordagens. Tem-se procurado dar voz aos grupos, antes negligenciados, como: crianças, doentes, operários, mulheres e tantos outros, que podem ser considerados como “excluídos da história”. Neste processo de ampliação e renovação os estudos sobre as mulheres e as relações de gênero emergem com novos objetos e categorias de análise.

Por esse viés, Geneviève Fraisse e Michelle Perrot (1991), discorrem que três movimentos contribuíram para a emergência das mulheres na história: a crise dos grandes paradigmas, entre eles o positivismo e o marxismo, visto que suas concepções não davam brechas à inserção da mulher; a abertura da História que começa a refletir sobre grupos deixados de lado anteriormente (mulheres, negros, operários), como na Nova História; e a demanda social advinda dos movimentos feministas.

Fez-se necessário retirar o sexo feminino da ideia de exclusão, do esquecimento, do mundo privado. Surge assim, um imenso esforço para legitimar a figura da mulher como pioneira de grandes transformações sociais, com intenção de reconhecer sua indiscutível participação na organização da história do país, não somente como mera coadjuvante.

Devemos refletir que em alguns momentos da história a participação feminina ocorria de forma singular. Visto que, sendo o Brasil, majoritariamente, católico, a Igreja exerceu grande influência sobre o “adestramento” da sexualidade feminina. A Igreja teve participação na construção do modelo de mulher frágil, submissa, e do homem como mantedor da casa e da família. Com isso, reforçam seus dogmas para assegurarem a moral e o matrimônio.

Desse modo, este estudo parte da necessidade de entender a construção da ideia matrimonial, em Caxias–MA, na primeira metade do século XX, através da análise dos discursos produzidos pelos jornais caxienses acerca do casamento. As notas em jornais sobre casamentos vieram a contribuir para entender os discursos produzidos, visto que eram fortes aliados para que a moral e os bons costumes fossem exaltados em um local onde se visava o desenvolvimento e a prosperidade.

Vale salientar que o acesso e a busca pelo casamento permite compreender o enlace das normativas da Igreja na sociedade. O casamento nos possibilita entender as relações familiares, o papel da mulher casada e como estava disciplinada. Deste modo, a problemática desta pesquisa parte então dos seguintes questionamentos: Como os jornais tratavam a questão do matrimônio na primeira metade do século XX? Qual era o perfil de mulher ideal para o casamento? Buscaremos responder esses questionamentos no decorrer deste trabalho, objetivando produzir uma discussão e compreensão sobre a problemática apresentada.

Para se entender algumas categorias discutidas neste trabalho nos utilizamos de alguns teóricos, que possibilitaram o entendimento do tema abordado. Utilizamos autores como: LE GOFF (1996), para entender a questão de História e memória, PERROT e FRAISSE (1991) que corrobora debatendo sobre a história das mulheres. Para entender a ideia de casamento trabalhamos com TRIGO (1989), em “Amor e casamento no século XX”. Trabalhando a ideia de representação nos jornais utilizamos THOMPSON (2005), que estuda “A mídia e a modernidade”; e CAPELATO (1988), que trabalha imprensa e História do Brasil.

A mulher ideal para casar e as notas de casamentos
Durante o século XIX, a imprensa constituiu um importante meio de divulgação de informações, opiniões e ideias, que ficaram demarcadas nas páginas impressas, demonstrando as várias formas de sociabilidades presentes nas vivências e no cotidiano da sociedade brasileira. Os diversos tipos de jornais refletem características inerentes à sociedade na qual circulava, o que reproduz fragmentos das vivências em coletividade. Como escreve Maria Helena Rolim Capelato (1988), a imprensa escrita teve um papel significativo na formação dos hábitos, dos gostos, das atitudes, dos desejos e, enfim, da opinião pública, se tornando um “instrumento de manipulação de interesses e intervenção na vida social”.

No campo da História, podemos considerar o jornal como um “lugar de memória”. De modo que se seleciona o fato, retirando-o do cotidiano e anunciando, tornando-o de conhecimento público. Quando se escolhe a forma da narrativa, se está constituindo o acontecimento e criando uma memória da atualidade. “A memória, como propriedade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas” (LE GOFF, 1996, p. 366). Podemos assim, dizer que ao selecionar os acontecimentos que serão tornados notícias, há a contribuição para a formação da memória coletiva da sociedade.

Os jornais caxienses, dentro desse contexto, demonstravam uma imprensa séria, que acompanhava os acontecimentos locais e nacionais, assim como a sociedade nos seus aspectos cotidianos. Voltados para notas de casamentos e notas sobre mulher, recorremos às folhas de circulação na cidade, nos anos de 1900 a 1920, destacando os jornais como O Paiz, Jornal do Comercio, e o Caixeiro.

Quando voltamos os estudos para entender o casamento na sociedade brasileira, vemos a diferença entre os de pessoas da elite e de pessoas que tinham uma condição menor, ou mesmo, nenhuma condição de realizar o casamento. Em consequência disso, reconhecemos que os arranjos matrimoniais entre os membros da elite eram pautados na tentativa de equilibrar interesses familiares. Neste sentido, é necessária a exposição do casamento em jornais, como meio de divulgação e expressão da condição social.

Ao analisarmos essas notas, percebemos que, muitas vezes, quando se anunciava a união, o nome da família vinha antes ou logo após o nome dos noivos. Como modo de demonstrar a distinção e de diferenciar a condição social da família. Muitas dessas notas eram enviadas pelos contraentes para que fossem noticiadas nos jornais ou os contraentes faziam parte do ciclo de amizade dos responsáveis pelos jornais, como observamos nesta nota:

“Na capital do Estado, consorciou-se civil e religiosamente, o nosso sympathico e bom amigo Arthur Leão e Silva com a Exma. Sra. D. Lizinia Ferreira Santos, tendo logaras cerimonias no dia 24 do mez que passou. Ao garrido par agradecemos a comunicação que nos fizeram, e almejamos um futuro ridente e de venturas” (O PAIZ, Caxias, 19 de Julho de 1905).

Esses destaques, dados ao casamento, eram correntes nas páginas jornalísticas, de Caxias, mostrando o poder que esta relação tinha dentro da sociedade e a importância de tornar o ato um fator público, comunicando o enlace ou destacando o noivado, um passo para o casamento. Desta maneira, as pessoas demonstravam seu poder, seu prestígio social, muitas pagavam por estes anúncios, demonstrando-se detentoras de certas posses.

Dando destaque ao Jornal do Comercio, que possui o maior número de notas de casamento, por ser um jornal político em suas páginas pouco se sabe sobre a vivência matrimonial, visto que as notas se tornaram pequenos resumos, de modo que se coloca apenas o nome dos contraentes e a data do casório.

Casamentos:
Dia 8: Canuto Martinho Carneiro e Pedrolina Maria de Almeida.
Dia 9: Fabio da Costa Sousa e Barbara de Jesus e Silva.
(JORNAL DO COMERCIO, Caxias, 15 de Maio de 1915).

As notas aparecem ao lado de registros cíveis de nascimento e óbito, desse modo, percebemos que havia no jornal, uma desvalorização em relação ao casamento. Ficando em evidência apenas algumas notas, como as citadas anteriormente, no início deste tópico. Anúncios de casamentos com mais detalhes, sendo de pessoas da elite, e do grupo político ao qual o jornal estava inserido.

Neste jornal encontramos uma chamada para a aprovação do Decreto, de Nº 181, de 24 de Janeiro de 1890, que secularizou o casamento e o divórcio no Brasil. O decreto foi acolhido e reforçado pela proibição do casamento religioso antes de celebrado o civil, com o decreto, nº 521, e com a criação de juízes privativos de casamento, pelo decreto, nº 320. Caxias, não ficou alheia a este assunto, pois o mesmo foi tratado pelo Jornal do Comércio, de 1915.

No artigo publicado no jornal é chamada a atenção dos pais que continuam a casar seus filhos no religioso, sem haver o casamento no civil. O artigo diz ainda que é “apenas por meio do casamento civil que se constitui família legítima, e se legitima os filhos, anteriormente, havidos de um dos contraentes; se investe o marido da representação legal da família e da administração dos bens comuns; do direito de fixar o domicílio da família, de autorizar a profissão da mulher e dirigir educação dos filhos.” (JORNAL DO COMÉRCIO, Caxias, 14 Abril de 1915). O artigo pede aos pais para casarem seus filhos perante as leis cíveis, destacando a importância das leis, mas, deixando claro que podem casar-se também no religioso, e que antes devem se casar perante o juiz, escolhido pelo Estado.

O matrimônio, no início do século XX, vai perdendo o caráter econômico, e se buscar outros interesses. É necessário se ter agora moralidade, bons costumes e educação. Como escreve Abrantes (2010), o verdadeiro dote de uma noiva eram suas qualidades morais, ainda que fosse recorrente a existência do dote em dinheiro entre as famílias das camadas altas, como meio de garantir o futuro das mulheres em caso de desamparo marital, em vez de prepará-las para o trabalho e para a conquista profissional (ABRANTES, 2010, p. 108-111).

Notamos também a influência do romantismo, que traz o amor como base para um casamento feliz e se forma a ideia de que o casamento deve ser a expressão do amor que um cônjuge sente pelo outo. Como mostra a nota no jornal, O Paiz, em 07 de Setembro de 1905:

O Casamento
‘Casar sem amor é profanar o mais respeitável de todos os sentimentos; casar sem amor é um suicidio moral. Os desgraçados que contrahem este laço por frio calculo nunca terão lua de mel. O matrimônio teve por base o affecto mutuo de dous coracoes. Os seres estreitados por este suave laço reduzem os pesares da vida á metade e centuplicam as felicidades’.
Guerra JUNQUEIRO. (O PAIZ, Caxias, 07 de Setembro de 1905).

Segundo Trigo (1989), baseado na Literatura Romântica, do final do século XIX e início do século XX, são propostos sentimentos novos, que garantiriam a felicidade, iniciando assim, “um período em que a escolha matrimonial deixa de ser, fundamentalmente, assunto familiar para tornar-se ‘teoricamente’ livre e, mais que do que isso, com expectativa de ter o amor como base.” Com ou sem amor, o casamento continuou a ser visto como único destino da mulher.

Além dos discursos acerca do casamento encontramos nos jornais analisados, notas sobre a mulher:

“A MULHER”
Para uma mulher ter merecimento real precisa aprender: A coser; a cosinhar; a ser amável; a ser obediente; a ter livros uteis, a levantar-se cedo; a fugir da ociosidade; a guardar um segredo; a evitar bisbilhotices; a ser graciosa e alegre; a dominar seu gênio; a ser a alegria da casa; a cuidar bem dos filhos; a convencer pela meiguice; a não falar antes do tempo; a ser a poesia e a flor do lar; a não ser demasiada ciumenta; a não andar sempre pelas lojas; a tratar de tornar-se agradável; a ter uma grande bondade de coração (O PAIZ, Caxias, 27 de Março de 1904).

Nas páginas do jornal havia também a divulgação da mulher considerada ideal, de modo que criava a representação do perfil ideal da mulher, visando uma mulher voltada ao cuidado da família e da aparência pessoal. Para que essa mulher tivesse reconhecimento, deveria ter virtudes femininas, ter passividade, sensibilidade e ser submissa ao marido. Essa lógica permeia o discurso de que o lugar da mulher é o lar, sob a proteção masculina, cuidando do lar e dos filhos. As mulheres se tornaram alvos de um discurso normalizador que pretendia manter os valores familiares com permanência nas relações entre os sexos. Era necessário manter a imagem de boa moça, prendada, administradora do lar, boa companheira. A mulher é embutida de valores, responsável pela educação moral e disseminadora dos valores dentro dos lares. Ela deveria estar sempre sorrindo, disposta.

John B. Thompsom (2005), ao tratar da imprensa e de sua importância para a sociedade, mostra como ela se tornou uma arma eficaz para a divulgação e criação de ideologias que buscavam criar modelos e concepções sociais que deveriam ser seguidas pelos indivíduos. Por isso, podemos entender os jornais como instrumento de manutenção e modificação social, buscando normatizar o papel social ideal de mulher.

Desse modo, os jornais se tornaram arma eficaz para a disseminação do ideal de mulher, e como deveria se comportar, estando casada ou não. Criavam-se modelos e concepções sociais que deveriam ser seguidos pelas mulheres.

Considerações finais
Do início da colonização brasileira até meados do século XX, a mulher devia obediência, primeiro ao pai e depois ao marido a quem seria entregue preparada para assumir seu papel de esposa, recatada e submissa. A preocupação com o casamento sobressaia à preocupação com a educação formal para a mulher, e elas poderiam até serem educadas, mas, para o lar.

Discursos encontrados nas notas dos jornais caxienses demonstraram que após o casamento, a mulher adquire um novo papel social. Deverá ser uma boa dona de casa, esposa submissa e boa mãe. Deveria estar sempre preocupada com bem-estar dos filhos, do marido e do lar. A imagem da mãe está relacionada à imagem de Maria, pura, assexuada, bondosa, aquela de capaz se sacrificar, constantemente, vivendo em função da família.

Diante disso, podemos notar que os papéis sociais da mulher na sociedade não são fixos, principalmente, no caso das mulheres casadas, dado que, com o matrimônio ela adquire novos hábitos e comportamentos que se tornam imprescindíveis na pedagogia do casamento, visto que para ser uma boa dona-de-casa precisa saber perfeitamente os gostos do marido e procurar sempre agradá-lo, de modo que esteja sempre atenta às necessidades do lar e do marido.

Referências
Marciele Sousa da Silva, Especialista em História do Brasil pelo IESF (Instituto de Ensino Superior Franciscano), Graduada no Curso de Licenciatura Plena em História, pelo Centro de Estudos Superiores de Caxias da Universidade Estadual do Maranhão – CESC/UEMA. Graduanda do curso de Pedagogia EPT pelo Instituto Federal do Maranhão – IFMA/UAB, participante do grupo de Estudos de Gênero do Maranhão – GRUGEM/UEMA.
Jakson dos Santos Ribeiro Adjunto I, Doutor em História Social da Amazônia pela Universidade Federal do Pará (2018), Mestre em História Social pela Universidade Federal do Maranhão (2014). Especialista em História do Maranhão pelo IESF (Instituto Superior Franciscano) (2011). Graduado no Curso de Licenciatura Plena em História da Universidade Estadual do Maranhão (Centro de Estudos Superiores de Caxias-MA) (2011). Coordenador do Grupo de Estudos de Gênero do Maranhão – GRUGEM/UEMA. Coordenador do Laboratório do Teatro do Centro de Estudos Superiores de Caxias – CESC/UEMA.

ABRANTES, Elizabeth Souza. “O dote é a moça educada”: mulher, dote e instrução feminina na Primeira República. 2010. Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2010. Disponível em:
https://www.historia.uff.br/stricto/td/1252.pdf
CAPELATO, Maria Helena Rolim. Imprensa e História do Brasil. São Paulo: Contexto/EDUSP, 1988. p. 21.
FRAISSE, Geneviève; PERROT, Michelle. Introdução: Ordens e Liberdades. IN: DUBY, Georges e PERROT; Michelle. História das mulheres no Ocidente: século XIX. Vol4. Porto/PT: Edições Afrontamento, 1991.
LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas/SP: Unicamp, 1996.
THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Wagner de Oliveira Brandão. 7ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.
TRIGO, Maria Helena Bueno. Amor e casamento no século XX. In: D’INCAO, Maria Ângela. Amor e família no Brasil. São Paulo: Contexto, 1989. P.88 – 94.

Fontes Hemerográficas
O PAIZ, Caxias, 27 de Março de 1904.
O PAIZ, Caxias, 07 de Setembro de 1905.
O PAIZ, Caxias, 19 de Julho de 1905.
JORNAL DO COMÉRCIO, Caxias, 14 Abril de 1915.
JORNAL DO COMERCIO, Caxias, 15 de Maio de 1915.

7 comentários:

  1. Parabéns pelo o texto de vocês! É pertinente tais análises no campo da história cultural. A respeito disso, como o discurso da imprensa caxiense ajuda a construir os costumes matrimoniais da sociedade daquele período.
    Aguardo as sua respostas.

    MARCOS ARAÚJO COSTA.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Oi Marcos, Obrigado pelas considerações.

      Respondendo ao seu questionamento, a imprensa caxiense é pensada para intervir na formação dos hábitos, dos gostos, das atitudes, dos desejos, enfim, da opinião pública sobre o a ideia de casamento e de como deve ser uma mulher ideal para o casamento. Os jornais e a imprensa se tornam um instrumento de manipulação de interesses e intervenção na vida social. Esses destaques, dados ao casamento, eram correntes nas páginas jornalísticas, de Caxias, mostrando o poder que esta relação tinha dentro da sociedade e a importância de tornar o ato um fator público, comunicando o enlace ou destacando o noivado. Desta maneira, as pessoas demonstravam seu poder, seu prestígio social, muitas pagavam por estes anúncios, demonstrando-se detentoras de certas posses. Notamos que era preciso manter na sociedade os discursos de um casamento indissolúvel, que deveria ser feito sob os cuidados da Igreja, que a mulher deveria ser mãe, dedicada, amante do lar do filho e do marido.

      MARCIELE SOUSA DA SILVA E JAKSON DOS SANTOS RIBEIRO

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  2. Boa noite!
    Primeiramente, gostaria de parabenizar os autores pelo texto e pela temática abordada que é de extrema relevância no momento atual.
    Assim como os jornais, nos quais as mulheres eram alvos de um discurso normalizador, outros recursos midiáticos da época, como as propagandas, também reforçavam os esteriótipos de uma "mulher ideal" (dona de casa e obediente ao marido). Vocês acreditam que seja possível trabalhar com estes dois materiais (tanto jornais quanto propagandas) em conjunto, apresentando as questões de gênero a partir deles? Quais outros recursos poderiam ser empregados para suscitar essas discussões em sala de aula?
    Att. Nathália Moro.

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    3. Oi Natália, obrigado pelas considerações.

      É sim possível trabalhar com esses dois materiais (jornais e propagandas), e principalmente entender as questões de gênero presente neles e nos discursos produzidos através destes. Como você pode vê no nosso trabalho, focamos nas notas de casamento que nos deram subsídios para entender a ideia de casamento em Caxias e como a sociedade estava envolta nesses discursos. Outros recursos que posso te mostrar foram usados por mim, na minha defesa de TCC, onde fui orientada pelo querido professor Jakson, onde utilizamos os livros de casamento das paróquias caxienses, onde buscamos entender e trabalhar a idade que as mulheres e homens se casavam, em que espaços o casamento na igreja se propagava mais, entre outros. E utilizamos também os processos de desquite (divórcio) como. meio de entender como essa mulher era vista fora do casamento, e como era recebida pela sociedade quando saia desse casamento. Tudo isso pode ser tornar material para uma discussão em sala de aula, pois é uma temática nova, e são materiais que despertam a curiosidade pelo conteúdo novo e extremamente necessário.

      MARCIELE SOUSA DA SILVA E JAKSON DOS SANTOS RIBEIRO

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