Elaine Cristina Florz


INTERFERÊNCIAS DO BACKLASH EM SALA DE AULA: O ENSINO DE HISTÓRIA E A DESMISTIFICAÇÃO DE (PRÉ) CONCEITOS DO MOVIMENTO FEMINISTA



A tecnologia vem ocupando cada vez mais espaço na vida das pessoas, principalmente pelas formas de comunicação multimídia, conforme apontam Soares e Câmara [2016]. As redes sociais acompanham o crescimento da internet, que além de promoverem comunicação entre internautas independentemente da posição geográfica, possibilitam que informações variadas sejam compartilhadas com o público que acessa, como vídeos, fotos, memes e notícias.

A pesquisadora Nicolaci-da-Costa [2002] denomina esses envolvimentos como a “Revolução da Internet”, que reconfiguram novas maneiras de pensar, comunicar, estudar, escrever e pesquisar. A escola ou os(as) professores(as), nesse sentido, passam a não ser vistos como únicos detentores do conhecimento, uma vez que é possível encontrar qualquer informação via internet. Porém, como alerta Souza [2014], nem todas as informações são confiáveis e verídicas.

Atualmente, a alta elaboração de notícias falsas compartilhadas de maneira rápida pelas mídias sociais, fez com que o termo “Fake News” tomasse maior proporção. Conforme Carvalho e Mateus [2018, p. 5], “o problema dos chamados de pequenos boatos de internet passou a ter status quo de assunto político, uma vez que houve acusações de influências de informações manipuladas para fins políticos.”

A jornalista Susan Faludi ao publicar a obra “BackLash: O contra-ataque na guerra não declarada contra as mulheres” [2001], retrata como a mídia utilizou seu papel de propagadora de informações para produzir uma imagem negativa sobre o papel do movimento feminista em meados da década de 1980. “A expressão backlash ganha sentido prático, expressão codificada com os significados de “retrocesso e movimento ao oposto.” [Bueno, 2011, p. 28]. Para Susan:

“O backlash é ao mesmo tempo requintado e banal, decepcionantemente "progressista" e orgulhosamente retrógrado. Ostenta as "novas" descobertas da "pesquisa científica", assim como o moralismo bolorento do passado [...]” [2001, p. 17].

Susan aponta que o backlash surge justamente com o intuito de impedir progressos, como nos casos citados ao longo do livro: aos direitos femininos. Os progressos das lutas sociais tendem a surtir efeito de maneira lenta e quando a concretização se aproxima, o medo da mudança por parte das lideranças dos backlashs aparece como um refluxo, afim de silencia-las.

Apesar de ser destrutivo, o backlash não é considerado por Susan um movimento organizado, até porque a maioria das pessoas envolvidas no processo não tem necessariamente a consciência de que tentar “prender a mulher aos seus papéis "aceitáveis" - seja como filhinha de papai ou criaturazinha romântica, seja como procriadora ativa ou passivo objeto sexual” [FALUDI, 2001, p. 21] traz severas consequências.

Essas ideias antifeministas são facilmente encontradas nas redes sociais, inclusive compartilhadas por nossos(as) web-amigos(as). Esses discursos que estimulam a odiar e a resistir ao movimento, do qual muitas vezes não conhecem verdadeiramente, aparecem camuflados pelo uso da famosa frase: liberdade de expressão e podem ser definidos como backlashs.

Estimulada por bell hooks – o nome é grafado em letras minúsculas por escolhas da autora, a fim de deslocar o foco da figura autoral para suas ideias -  também acredito que se soubéssemos mais sobre feminismo, poderíamos desmistificar a ideia odiosa sobre ele e com base na reflexão e na prática feminista, poderíamos passar a perspectivar um mundo sem “as amarras do patriarcado”.

Para bell hooks [2019] “uma revolução feminista sozinha não criará esse mundo; precisamos acabar com o racismo, o elitismo, o imperialismo.” [2019, p. 15]. Baseada nessas ideias que me motivei a trabalhar com o tema “Movimentos Sociais” durante a aplicação do Estágio Supervisionado. Seguindo essa linha de raciocínio, além do Movimento Feminista, inclui em meu plano de aula o Feminismo Negro, e o Movimento Negro. O recorte desse artigo priorizará apenas os dois primeiros temas citados. A discussão completa desse trabalho englobando o tema Movimento Negro pode ser lida na integra através da Revista Sobre Ontens - Volume Especial TFES 2019.

Visto que nossos(as) alunos(as) passam grande parte do seu tempo navegando na internet, é provável que esbarrem com os frequentes ataques dos backlashs diariamente. Segundo Souza [2014], é por meio da escola que devemos passar de uma sociedade da informação para uma sociedade do conhecimento. Pensando nisso, o objetivo deste trabalho é tentar entender até que ponto os ataques do blackslash influenciam a vida escolar. Quais são os impactos que esses conteúdos disfarçados de opinião e que são publicados nas redes socais e nas mídias tem para o ensino? Como nós, educadores(as), podemos desmistificar essas relações em sala de aula?

Aplicação
Decidi iniciar minhas aulas inspirada pelo conceito de Aula-Oficina [BARCA, 2004], em que os(as) alunos(as) são interpretados como fundamentais no processo de ensino, assim, é preciso “interpretar o mundo conceitual dos alunos, não para de imediato o classificar em certo/errado, completo/incompleto, mas para que esta compreensão ajude a modificar positivamente a conceitualização dos alunos.” [BARCA, 2004, p. 132].

Em cada uma das turmas selecionei alguns minutos da minha primeira aula como estagiária para a aplicação de um questionário com algumas perguntas [figura 1] referentes aos conteúdos que iríamos estudar nas aulas seguintes. É significativo atentar-se sobre os conhecimentos prévios dos(as) estudantes, já que possibilita ao “professor tomar a decisão sobre o que lhe parece mais necessário para a aprendizagem. Num processo que se configura como uma avaliação diagnóstica e processual.” [FERNANDES, 2008, p. 5].


Figura 1: questões sobre o conhecimento prévios de estudantes. Acervo da autora.

Feminismo
Iniciei a aula com enfoque do papel das mulheres brasileiras na sociedade durante os séculos passados, em que ocupava prioritariamente o espaço privado, vivenciando uma sociedade patriarcal, em meio ao machismo e ao decorrer da fala e das contribuições dos(as) alunos(as), que aconteciam de forma frequentemente, fui especificando tais termos. Dado o contexto dessa sociedade, busquei questiona-los(as) por meio das respostas dos próprios(as) alunos(as) sobre as concepções negativas que obtinham sobre o feminismo e que apontaram no primeiro trabalho.


Figura 2: Conhecimento prévio do Aluno M, 2º B.

Descrição: “Feminismo surgiu como um movimento que pedia direitos iguais aos que os homens tinham, direito de votar, de dirigir, etc.  Na minha opinião o movimento era bom hoje em dia algumas mulheres saem na rua pelada e ainda acham que estão defendendo o feminismo.”

Ao polemizar algumas respostas, a aula passou a seguir um ritmo de debate, dúvidas foram expostas, opiniões diversas foram apontadas, despertando contestações à marcha das vadias, as visões estereotipadas das feministas como radicais e uma série de outros apontamentos. Quando os(as) questionei sobre a origem de tais vídeos em que mulheres saem com “nudes” a mostra e todas essas versões antifeministas, responderam prontamente que obtinham tais informações por meio da internet e das mídias. Mais uma vez “a imprensa preferiu vender o peixe do backlash em lugar de estudar melhor o assunto.” [FALUDI, 2001, p. 95]

Utilizei o quadro negro para indicar o tema da aula, e nesse momento pós debate acrescentei a letra “S” ao termo, tornando-se feminismos. Ao utilizarmos o plural, passamos a observar o movimento não mais como uma unidade, mas como múltiplo.  Esse “S” ajuda a compreender especificidades. O feminismo brasileiro não reivindica as mesmas pautas que o movimento que acontece nos outros locais do mundo, temos culturas e necessidades diferentes. Por meio dessa alternativa, busquei explicar que os vídeos citados na aula sobre mulheres em algum lugar do mundo manifestando-se peladas na rua se encaixam nesse contexto. Não podemos homogeneizar, precisamos analisar o contexto onde as manifestantes estão inseridas e o que reivindicam.

Ao trabalhar a influência das suffragettes como inspiração para que as mulheres brasileiras reivindicassem o voto, trouxe para a aula o contexto do filme “As Sufragistas”, visto que os(as) alunos(as) indicaram grande interesse por filmes em meio a indicações deles(as) que se conectavam ao tema das aulas. Além de abordar o conteúdo, os(as) instiguei por meio da curiosidade a assistir tal filme.

A 3ª onda feminista é evidenciada pelo surgimento do movimento riot grrrl, orquestrado por mulheres punks feministas. O movimento surgiu como uma contestação a dominação masculina nas bandas de punk rock. A denominação riot grrrl surgiu por meio de um zine que contestava a não inserção feminina nos grupos musicais. [RIBERO; COSTA; SANTIAGO, 2012]

Zine vem da palavra magazine e nada mais é, do que um pequeno livreto, muito parecido com a literatura de cordel. A essência dele é produzir conteúdos de forma independente, por meio de fotocópias, propiciando um baixo custo. A prática dos zines se propagou de maneira rápida, chegando inclusive no Brasil [MELO, 2015]. Através dele é possível expressar-se sobre qualquer conteúdo, inclusive os considerados tabus. Muitas mulheres utilizaram do Zine para compartilhar conteúdos relacionados ao corpo, a maternidade, a menstruação, como forma de informar a população comum e propagar o feminismo.

Após contextualizar os(as) estudantes e apresentar de maneira impressa alguns modelos de zines e também de cordéis para que os(as) alunos(as) tivessem uma base, propus no 2º técnico a produção de zines por meio de duplas, em que retratassem os conteúdos estudados durante o estágio e que pudessem divulgar tais informações ao público de forma acessível e de maneira breve, também deveriam apresentar o conteúdo do zine para os(as) colegas de turma. Com auxílio do WhatsApp, socializei com os(as) estudantes alguns zines exemplos e alguns blogs que poderiam auxilia-los a montar o livreto.

O resultado da elaboração dos zines foi significativa. Voltei satisfeita para minha casa carregando os pequenos livretos, mas ao iniciar a leitura, foi inevitável sentir a necessidade de digitar alguns trechos dos trabalhos na aba no Google e bingo! Os(as) alertei durante a explicação de que a ideia do zine era a de compreender um tema e escrever sobre ele com as próprias palavras, mas não aconteceu. Alguns trabalhos tinham como fonte o site Wikipedia, que por ser colaborativo, não acaba sendo um dos mais confiáveis para a pesquisa escolar.

A construção dos zines por meio do “ctrl c + ctrl v” me fez refletir se os(as) alunos(as) realmente leram o trabalho entregue. Apesar disso, a apresentação dos trabalhos fez com que a realização da leitura fosse necessária.

Conforme citado acima, nossos(as) alunos(as) estão de fato imersos(as) nesse mundo tecnológico e podem auxilia-lo(a) no processo de ensino, mas o mal uso também pode comprometer seu processo de ensino aprendizagem uma vez que “os usuários captam as informações na internet, mas não as transformam em um conhecimento pessoal e elaborado.” [SOARES e CÂMARA 2016, p. 211]. O que Souza [2014] denomina de “cultura do ctrl c + ctrl v” faz com que os(as) aluno(as) acessem sites de informações duvidosas, uma vez que possivelmente não fazem a leitura e nem a problematização do tema pesquisado. Essa situação acaba sendo propícia para que o(a) aluno(a) em algum momento da vida entre em contato com o backlash e aceite-o, uma vez que passa a considerar todo e qualquer conteúdo da internet verídico.


Figura 3: capa do Zine: Músicas empoderadoras.

Feminismo Negro
“Mulheres individuais que lutam pela liberdade em todo o mundo já batalharam sozinhas contra o patriarcado e a dominação masculina. Uma vez que as primeiras pessoas no planeta Terra não eram brancas, é improvável que as brancas tenham sido as primeiras mulheres a se rebelarem contra a dominação masculina. Em culturas ocidentais patriarcais capitalistas de supremacia branca, o pensamento neocolonial determina o tom de várias práticas culturais. Esse pensamento sempre se concentra em quem conquistou um território, quem tem propriedade, quem tem o direito de governar.” [HOOKS, 2019, p. 75]

O pensamento de bell hooks reflete a própria ciência histórica e nosso papel como educadores(as) nesse processo para descolonizar o conhecimento.  Devemos nos atentar à inclusão de uma História que não contemple somente uma versão branca e europeia.

“Linda Alcoff [...] chama atenção que para descolonizarmos o conhecimento, precisamos nos ater à identidade social, não somente para evidenciar como o projeto de colonização tem criado essas identidades, mas para mostrar como certas identidades têm sido historicamente silenciadas e desautorizadas no sentido epistêmico, ao passo que outras são fortalecidas.” [RIBEIRO, 2017, p. 18]

Djamila Ribeiro [2018] nos atenta que a própria teoria feminista se estruturou com base nas mulheres brancas. Omitir a luta das mulheres negras e sua existência, faz com que seus problemas sejam minimizados ou se quer lembrados pela sociedade, acarretando para que os índices de violência contra as mulheres negras aumentem, enquanto o das mulheres brancas diminua. As mulheres negras passam a ser silenciadas.

Essas visões ainda encontram-se enraizadas no nosso cotidiano, e as reproduzimos mesmo que de forma inconsciente. Durante a leitura das versões prévias dos(as) estudantes em relação ao Movimento Feminista Negro, percebi que realmente consideravam o feminismo como homogêneo, sem incluir especificidades, como aponta o aluno R, que considerou o Movimento Feminista Negro como desnecessário. Muitos(as) relacionaram à luta antirracista e poucos(as) conseguiram apresentar uma resposta que definisse realmente o movimento.


Figura 31: Conhecimento prévio do Aluno R.

Para propiciarmos a consciência histórica, precisamos utilizar metodologias que aproximem o(a) aluno(a) ao conteúdo. Para isso, planejei inserir nas minhas aulas a relevância e a atuação de coletivos feministas locais. Através do sentimento de pertencimento o(a) estudante morador(a) da região passa a interessar-se pelo conteúdo das aulas, a fim de compreender a sociedade onde vive, além de ampliar o olhar para a totalidade, sendo:
“[...] capazes de apreender as diferentes faces da realidade local, de relaciona-las com os fenômenos globais e/ou universais, de criar alternativas e de promover a mudança social. [ALVEZ, 2005, apud ESTACHESKI, 2008].”

Considerando isso, a participação da acadêmica de História Cleidilene Santos durante a realização do estágio supervisionado foi fundamental. Cleidi é integrante do instituto feminista Rosas do Contestado e se identifica como mulher negra, nos afirmando através da beleza natural do seus fios e através da sua fala o real significado da palavra empoderamento. Em acordo com a fala de bell hooks [2019], em que as mulheres formam-se feministas, convidei a Cleidi para realizar uma fala relatando sua experiência com o coletivo e como se inseriu nele.

Os(as) alunos(as) vibraram quando os(as) informei antecipadamente que uma integrante do coletivo feminista da cidade estaria presente na sala de aula para sanar as dúvidas. Animaram-se, me questionando diversas vezes: “Mas professora, ela vem mesmo?” O feminismo que parecia distante, aos poucos foi se aproximando.

No dia da fala, após apresentar a Cleidi para as turmas, fiz um pequeno esquema utilizando o quadro e giz colorido para salientar a relevância do movimento Feminista Negro por meio de bonequinhos palito exemplificando que: o homem branco oprime a mulher branca através da sociedade patriarcal, ambos oprimem o homem negro através do racismo e os três anteriormente citados oprimem duplamente a mulher negra através do racismo e sexismo. Por esses motivos, a mulher negra acabou não se encaixando no Movimento Feminista, que era majoritariamente composto de mulheres brancas, nem no Movimento Negro. Surgiu então o Movimento Feminista Negro.

A fala da Cleidi foi convidativa e elucidativa. Apresentando inicialmente a história do Coletivo Mais que Amélias que está em processo de transformação para: O Instituto Rosas do Contestado (INROC), uma organização sem fins lucrativos, afim de agir no enfrentamento das violências praticadas contra populações vulneráveis, especialmente mulheres e crianças. Segundo ela, um dos principais objetivos do instituto no momento, é a execução de uma casa de passagem, onde mulheres em casos de violência doméstica possam se refugiar e manter-se em segurança.

O ponto central também foi especificar o objetivo do feminismo, o que seria equidade e sexismo. Apontando que devemos cuidar com as falas do dia a dia afim de desconstruir as visões machistas e preconceituosas. Além da importância de perceber a variação de coletivos existentes, cada um com suas especificidades, trazendo informações sobre a história das mulheres negras e mulheres indígenas.

A fala foi além da intenção inicial de esclarecer sobre o coletivo, em sua narrativa, Cleidi trouxe experiência próprias que ao meu ver valeram mais que qualquer vídeo ou música que pudessem retratar o racismo. O título da obra de Giovana Xavier, nos resume “Você pode Substituir Mulheres Negras como Objeto de Estudo por Mulheres Negras Contando sua Própria História” [2019]. Foi uma mulher, de carne e osso colocando suas vivências, trazendo representatividade e utilizando seu local de fala para estimular a sensibilidade, a empatia, o olhar crítico e observador dos(as) alunos(as). Aliás, a ideia de que o racismo parecia distante da nossa realidade local também foi repensado, uma vez que através dos diálogos abaixo, pode-se perceber que o próprio colega de turma sofria com o impacto da sociedade racista. Despretensiosamente, Cleidi definiu a importância da consciência história na vida cotidiana:

Aluno: “Minha família me julga muito por eu pensar que o preconceito nunca vai deixar de existir. Eles acham que eu estou errado. Você está esperando o fim do preconceito ou você está aprendendo a lidar com ele?”
Cleidi: “Eu to aprendendo a lidar com ele! Antes que a gente queira o fim, a gente precisa entender o preconceito, porque ao contrário, sempre vamos dizer que ele e o racismo não existem!”

Considerações finais
Os resultados obtidos com a aplicação do estágio supervisionado nos afirmam que apesar do backlash influenciar o pensamento de alguns(mas) estudantes por meio da mídia e da internet, tive a possibilidade de desmistificá-lo através de metodologias que se pautam na consideração de que os(as) alunos(as) são portadores(as) de conhecimentos, uma vez que estão inseridos em sociedade e vivem experiências que podem ser utilizadas pelo(a) professor(a) a favor do ensino eficaz. Garantindo que ressignifiquem e agreguem conhecimentos a partir dos temas e conceitos já dominados.
Ao contestar os conhecimentos negativos e generalizados sobre os Movimentos Sociais por meio da inserção de diferentes metodologias que incluíram a vivência dos alunos, oportunizei aguçar o senso crítico para que no dia-a-dia ao se depararem com a propagação do backlash, utilizem o conhecimento adquirido em sala de aula e o uso adequado da internet como alternativas favoráveis de averiguação para que não caiam nas amarras de ignorância dos backlashs.

Conforme Souza [2014], nós professores(as) devemos agir como mediadores e orientadores afim de auxiliar o estudantes diante das variadas formas de atingir consciência histórica, uma vez que “[...] por maior e melhor que seja a estrutura tecnológica, sozinha, ela não consegue realizar nenhum projeto educacional de qualidade.” [KENKY, 2010 apud SOUZA, 2014]

Referências
Elaine Cristina Florz, graduada em licenciatura em História pela UNESPAR, campus de União da Vitória.

BARCA, I. Aula Oficina: do Projeto à Avaliação. In. Para uma educação de qualidade: Atas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga, Centro de Investigação em Educação (CIED)/ Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho, 2004, p. 131 – 144.
BUENO, P. F. Z. Crepúsculo e Juventude: uma pedagogia de gênero em Backlash. Porto Alegre: Lume - Repositório Digital da UFRGS, Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização, 2011.
CARVALHO, M. F. C; MATEUS, C. A. Fake News e desinformação no meio digital: análise da produção científica sobre o tema na área de Ciência da Informação. In: V Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão d Informação das Regiões Sudeste, Centro-oeste e Sul (EREBD SE/CO/SUL). Belo Horizonte. 2018.
ESTACHESKI, D. L. T.; HAUBRICHT, E; SUCH, J. R. C; CALISTO, M. R. ; ANTONIAZZI, S. ; MARTINS, I. C. ; GOHL, J. W. ; GASPARI, L. T. ; ROCHA JUNIOR, D. ; TONON, Eloy . Ensinando a História Local: a experiência do Projeto Contando Nossa História na cidade de União da Vitória. In: Ilton Cesar Martins, Jefferson William Gohl, Leni Trentin Gaspari. (Org.). Fragmentos de Memória, Trechos do Iguaçu: olhares e perspectivas de história local. 1ed.União da Vitória: FAFIUV, 2010.
FALUDI, S. Backlash: o contra-ataque na guerra não declarada contra as mulheres, Rio de Janeiro, Rocco, 2001.
FERNANDES, L. Z. A Reconstrução de aulas de História na perspectiva da Educação Histórica: da aula oficina a unidade temática investigativa. In: VIII Encontro Nacional de Pesquisadores de Ensino de História: Metodologias e Novos Horizontes, São Paulo, 2008.
HOOKS, b. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. Rio de Janeiro: editora Rosa dos tempos, 2019.
MELO, C. O. Projeto didática-zine. UFPR, Curitiba-PR, 2015. Disponível em: https://www.academia.edu/10717252/Didática-zine
NICOLACI-DA-COSTA, A. M. Revoluções tecnológicas e transformações subjetivas. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 18, n. 2, p. 193-202, mai/ago. 2002.
RIBEIRO, D. O que é lugar de fala?. Belo Horizonte, Letramento, 2017.
RIBEIRO, D. Quem tem medo do feminismo negro?. São Paulo: Companhia das letras, 2018.
RIBEIRO, J. K. A; COSTA, J. C; SANTIAGO, I. M. F. L. Um jeito diferente e novo de ser feminista: em cena, o riot grrrl. Revista Ártemis, v. 13, 2012.
SOARES, S. S. D; CAMARA, G. C. V. Tecnologia e subjetividade: impactos do uso do celular no cotidiano de adolescentes. Revista Pretextos, v. 2, p. 203-222, 2016.
SOUZA, V. B. Redes sociais e educação: um diálogo possível. João Pessoa. 2014.

3 comentários:

  1. Olá Elaine, tudo bem?
    Gostaria de parabenizar pelo excelente texto e pelo estágio maravilhoso que você realizou em sala. É muito necessário levar para a sala de aula a importância dos movimentos femininos, da mesma forma desmistificar o conhecimento que os alunos têm sobre o tema através do backlash (obrigada por me apresentar esse termo). Achei muito bacana você ter especificado também em suas aulas o Feminismo Negro, pois de fato as mulheres negras sofrem ainda mais violência que as brancas e muitas pessoas como o seu aluno, acham que é desnecessário ser levantada essa pauta. Na sua opinião, você acha que seria interessante ao trabalhar com esse assunto em sala de aula, levar a questão de como a mulher negra era vista no Brasil Colônia e de como isso reflete ainda hoje em nossa sociedade? Uma vez que as mulheres neste período eram classificadas de acordo com a sua honra, ou seja, as mulheres honradas eram aquelas virgens e preparadas para casar, já as desonradas eram as mulheres que não eram consideradas mais puras e as mulheres sem honra alguma eram as mulheres negras, pois o seu corpo era totalmente sexualizado e portanto sem honra.
    Obrigada!!
    Ass: Flávia Schena Rotta.

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  2. Parabéns pelo seu texto Elaine!
    Adorei ler sobre a sua experiência no Estágio Supervisionado e da sua ideia de debater sobre movimentos sociais, mais especificamente sobre os feminismos, com os alunos. É muito importante a realização desse debate em sala de aula, e principalmente, aproximar esses alunos com movimentos sociais, que muitas vezes parecem distantes e pouco convidativos para eles. O enfrentamento ao backlash é fundamental, essa foi uma ótima abordagem. A minha pergunta é se você teve algum tipo de conflito com a escola, ou com os alunos ao realizar essa proposta, pois vivemos um momento complicado para se discutir sobre os movimentos sociais e tal.
    Ass: Vitória Diniz de Souza

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  3. Parabéns pelo texto e pelas aulas, Elaine! É um movimento extremamente necessário e fundamental esse o de levar os debates feministas para sala de aula e permitir que os alunos e as alunas reflitam sobre o machismo, o racismo e tantos outros preconceitos e opressões. Você tomou contato com alguma experiência de prática docente semelhante, mas em alguma cidade maior, ou mais central? Temos sempre uma impressão de que o interior do Brasil é mais "conservador" do que as grandes cidades, as capitais, que seriam mais "cosmopolitas", mas sua experiência mostra que nada disso é imutável.
    Ass: Lucas Engel Sacht

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