INTERFERÊNCIAS DO BACKLASH
EM SALA DE AULA: O ENSINO DE HISTÓRIA E A DESMISTIFICAÇÃO DE (PRÉ) CONCEITOS DO
MOVIMENTO FEMINISTA
A tecnologia vem ocupando cada vez mais
espaço na vida das pessoas, principalmente pelas formas de comunicação
multimídia, conforme apontam Soares e Câmara [2016]. As redes sociais
acompanham o crescimento da internet, que além de promoverem comunicação entre
internautas independentemente da posição geográfica, possibilitam que
informações variadas sejam compartilhadas com o público que acessa, como
vídeos, fotos, memes e notícias.
A pesquisadora Nicolaci-da-Costa [2002]
denomina esses envolvimentos como a “Revolução da Internet”, que reconfiguram
novas maneiras de pensar, comunicar, estudar, escrever e pesquisar. A escola ou
os(as) professores(as), nesse sentido, passam a não ser vistos como únicos
detentores do conhecimento, uma vez que é possível encontrar qualquer
informação via internet. Porém, como alerta Souza [2014], nem todas as
informações são confiáveis e verídicas.
Atualmente, a alta elaboração de notícias
falsas compartilhadas de maneira rápida pelas mídias sociais, fez com que o
termo “Fake News” tomasse maior proporção. Conforme Carvalho e Mateus [2018, p.
5], “o problema dos chamados de pequenos boatos de internet passou a ter status
quo de assunto político, uma vez que houve acusações de influências de
informações manipuladas para fins políticos.”
A jornalista Susan Faludi ao publicar a obra
“BackLash: O contra-ataque na guerra não declarada contra as mulheres” [2001],
retrata como a mídia utilizou seu papel de propagadora de informações para
produzir uma imagem negativa sobre o papel do movimento feminista em meados da
década de 1980. “A expressão backlash ganha sentido prático, expressão
codificada com os significados de “retrocesso e movimento ao oposto.” [Bueno,
2011, p. 28]. Para Susan:
“O backlash é ao mesmo tempo requintado e
banal, decepcionantemente "progressista" e orgulhosamente retrógrado.
Ostenta as "novas" descobertas da "pesquisa científica",
assim como o moralismo bolorento do passado [...]” [2001, p. 17].
Susan aponta que o backlash surge justamente
com o intuito de impedir progressos, como nos casos citados ao longo do livro:
aos direitos femininos. Os progressos das lutas sociais tendem a surtir efeito
de maneira lenta e quando a concretização se aproxima, o medo da mudança por
parte das lideranças dos backlashs aparece como um refluxo, afim de
silencia-las.
Apesar de ser destrutivo, o backlash não é
considerado por Susan um movimento organizado, até porque a maioria das pessoas
envolvidas no processo não tem necessariamente a consciência de que tentar
“prender a mulher aos seus papéis "aceitáveis" - seja como filhinha
de papai ou criaturazinha romântica, seja como procriadora ativa ou passivo
objeto sexual” [FALUDI, 2001, p. 21] traz severas consequências.
Essas ideias antifeministas são facilmente
encontradas nas redes sociais, inclusive compartilhadas por nossos(as)
web-amigos(as). Esses discursos que estimulam a odiar e a resistir ao
movimento, do qual muitas vezes não conhecem verdadeiramente, aparecem
camuflados pelo uso da famosa frase: liberdade de expressão e podem ser
definidos como backlashs.
Estimulada por bell hooks – o nome é grafado
em letras minúsculas por escolhas da autora, a fim de deslocar o foco da figura
autoral para suas ideias - também
acredito que se soubéssemos mais sobre feminismo, poderíamos desmistificar a
ideia odiosa sobre ele e com base na reflexão e na prática feminista,
poderíamos passar a perspectivar um mundo sem “as amarras do patriarcado”.
Para bell hooks [2019] “uma revolução
feminista sozinha não criará esse mundo; precisamos acabar com o racismo, o
elitismo, o imperialismo.” [2019, p. 15]. Baseada nessas ideias que me motivei
a trabalhar com o tema “Movimentos Sociais” durante a aplicação do Estágio
Supervisionado. Seguindo essa linha de raciocínio, além do Movimento Feminista,
inclui em meu plano de aula o Feminismo Negro, e o Movimento Negro. O recorte
desse artigo priorizará apenas os dois primeiros temas citados. A discussão
completa desse trabalho englobando o tema Movimento Negro pode ser lida na
integra através da Revista Sobre Ontens - Volume Especial TFES 2019.
Visto que nossos(as) alunos(as) passam grande
parte do seu tempo navegando na internet, é provável que esbarrem com os frequentes
ataques dos backlashs diariamente. Segundo Souza [2014], é por meio da escola
que devemos passar de uma sociedade da informação para uma sociedade do
conhecimento. Pensando nisso, o objetivo deste trabalho é tentar entender até
que ponto os ataques do blackslash influenciam a vida escolar. Quais são os
impactos que esses conteúdos disfarçados de opinião e que são publicados nas
redes socais e nas mídias tem para o ensino? Como nós, educadores(as), podemos
desmistificar essas relações em sala de aula?
Aplicação
Decidi iniciar minhas aulas inspirada pelo
conceito de Aula-Oficina [BARCA, 2004], em que os(as) alunos(as) são
interpretados como fundamentais no processo de ensino, assim, é preciso
“interpretar o mundo conceitual dos alunos, não para de imediato o classificar
em certo/errado, completo/incompleto, mas para que esta compreensão ajude a
modificar positivamente a conceitualização dos alunos.” [BARCA, 2004, p. 132].
Em cada uma das turmas selecionei alguns
minutos da minha primeira aula como estagiária para a aplicação de um
questionário com algumas perguntas [figura 1] referentes aos conteúdos que
iríamos estudar nas aulas seguintes. É significativo atentar-se sobre os
conhecimentos prévios dos(as) estudantes, já que possibilita ao “professor
tomar a decisão sobre o que lhe parece mais necessário para a aprendizagem. Num
processo que se configura como uma avaliação diagnóstica e processual.”
[FERNANDES, 2008, p. 5].
Figura 1: questões sobre o conhecimento
prévios de estudantes. Acervo da autora.
Feminismo
Iniciei a aula com enfoque do papel das
mulheres brasileiras na sociedade durante os séculos passados, em que ocupava
prioritariamente o espaço privado, vivenciando uma sociedade patriarcal, em
meio ao machismo e ao decorrer da fala e das contribuições dos(as) alunos(as),
que aconteciam de forma frequentemente, fui especificando tais termos. Dado o
contexto dessa sociedade, busquei questiona-los(as) por meio das respostas dos
próprios(as) alunos(as) sobre as concepções negativas que obtinham sobre o
feminismo e que apontaram no primeiro trabalho.
Figura 2: Conhecimento prévio do Aluno M, 2º
B.
Descrição: “Feminismo surgiu como um
movimento que pedia direitos iguais aos que os homens tinham, direito de votar,
de dirigir, etc. Na minha opinião o
movimento era bom hoje em dia algumas mulheres saem na rua pelada e ainda acham
que estão defendendo o feminismo.”
Ao polemizar algumas respostas, a aula passou
a seguir um ritmo de debate, dúvidas foram expostas, opiniões diversas foram
apontadas, despertando contestações à marcha das vadias, as visões
estereotipadas das feministas como radicais e uma série de outros apontamentos.
Quando os(as) questionei sobre a origem de tais vídeos em que mulheres saem com
“nudes” a mostra e todas essas versões antifeministas, responderam prontamente
que obtinham tais informações por meio da internet e das mídias. Mais uma vez
“a imprensa preferiu vender o peixe do backlash em lugar de estudar melhor o
assunto.” [FALUDI, 2001, p. 95]
Utilizei o quadro negro para indicar o tema
da aula, e nesse momento pós debate acrescentei a letra “S” ao termo,
tornando-se feminismos. Ao utilizarmos o plural, passamos a observar o
movimento não mais como uma unidade, mas como múltiplo. Esse “S” ajuda a compreender especificidades.
O feminismo brasileiro não reivindica as mesmas pautas que o movimento que
acontece nos outros locais do mundo, temos culturas e necessidades diferentes.
Por meio dessa alternativa, busquei explicar que os vídeos citados na aula
sobre mulheres em algum lugar do mundo manifestando-se peladas na rua se
encaixam nesse contexto. Não podemos homogeneizar, precisamos analisar o
contexto onde as manifestantes estão inseridas e o que reivindicam.
Ao trabalhar a influência das suffragettes
como inspiração para que as mulheres brasileiras reivindicassem o voto, trouxe
para a aula o contexto do filme “As Sufragistas”, visto que os(as) alunos(as)
indicaram grande interesse por filmes em meio a indicações deles(as) que se
conectavam ao tema das aulas. Além de abordar o conteúdo, os(as) instiguei por
meio da curiosidade a assistir tal filme.
A 3ª onda feminista é evidenciada pelo
surgimento do movimento riot grrrl, orquestrado por mulheres punks feministas.
O movimento surgiu como uma contestação a dominação masculina nas bandas de
punk rock. A denominação riot grrrl surgiu por meio de um zine que
contestava a não inserção feminina nos grupos musicais. [RIBERO; COSTA;
SANTIAGO, 2012]
Zine vem da palavra magazine e nada mais é,
do que um pequeno livreto, muito parecido com a literatura de cordel. A
essência dele é produzir conteúdos de forma independente, por meio de
fotocópias, propiciando um baixo custo. A prática dos zines se propagou de
maneira rápida, chegando inclusive no Brasil [MELO, 2015]. Através dele é possível
expressar-se sobre qualquer conteúdo, inclusive os considerados tabus. Muitas
mulheres utilizaram do Zine para compartilhar conteúdos relacionados ao corpo,
a maternidade, a menstruação, como forma de informar a população comum e
propagar o feminismo.
Após contextualizar os(as) estudantes e
apresentar de maneira impressa alguns modelos de zines e também de cordéis para
que os(as) alunos(as) tivessem uma base, propus no 2º técnico a produção de
zines por meio de duplas, em que retratassem os conteúdos estudados durante o
estágio e que pudessem divulgar tais informações ao público de forma acessível
e de maneira breve, também deveriam apresentar o conteúdo do zine para os(as)
colegas de turma. Com auxílio do WhatsApp, socializei com os(as) estudantes alguns
zines exemplos e alguns blogs que poderiam auxilia-los a montar o livreto.
O resultado da elaboração dos zines foi
significativa. Voltei satisfeita para minha casa carregando os pequenos
livretos, mas ao iniciar a leitura, foi inevitável sentir a necessidade de
digitar alguns trechos dos trabalhos na aba no Google e bingo! Os(as) alertei
durante a explicação de que a ideia do zine era a de compreender um tema e
escrever sobre ele com as próprias palavras, mas não aconteceu. Alguns
trabalhos tinham como fonte o site Wikipedia, que por ser colaborativo, não
acaba sendo um dos mais confiáveis para a pesquisa escolar.
A construção dos zines por meio do “ctrl c +
ctrl v” me fez refletir se os(as) alunos(as) realmente leram o trabalho
entregue. Apesar disso, a apresentação dos trabalhos fez com que a realização
da leitura fosse necessária.
Conforme citado acima, nossos(as) alunos(as)
estão de fato imersos(as) nesse mundo tecnológico e podem auxilia-lo(a) no
processo de ensino, mas o mal uso também pode comprometer seu processo de
ensino aprendizagem uma vez que “os usuários captam as informações na internet,
mas não as transformam em um conhecimento pessoal e elaborado.” [SOARES e
CÂMARA 2016, p. 211]. O que Souza [2014] denomina de “cultura do ctrl c + ctrl
v” faz com que os(as) aluno(as) acessem sites de informações duvidosas, uma vez
que possivelmente não fazem a leitura e nem a problematização do tema
pesquisado. Essa situação acaba sendo propícia para que o(a) aluno(a) em algum
momento da vida entre em contato com o backlash e aceite-o, uma vez que passa a
considerar todo e qualquer conteúdo da internet verídico.
Figura 3: capa do Zine: Músicas
empoderadoras.
Feminismo
Negro
“Mulheres individuais que lutam pela
liberdade em todo o mundo já batalharam sozinhas contra o patriarcado e a
dominação masculina. Uma vez que as primeiras pessoas no planeta Terra não eram
brancas, é improvável que as brancas tenham sido as primeiras mulheres a se
rebelarem contra a dominação masculina. Em culturas ocidentais patriarcais
capitalistas de supremacia branca, o pensamento neocolonial determina o tom de
várias práticas culturais. Esse pensamento sempre se concentra em quem
conquistou um território, quem tem propriedade, quem tem o direito de
governar.” [HOOKS, 2019, p. 75]
O pensamento de bell hooks reflete a própria
ciência histórica e nosso papel como educadores(as) nesse processo para
descolonizar o conhecimento. Devemos nos
atentar à inclusão de uma História que não contemple somente uma versão branca
e europeia.
“Linda Alcoff [...] chama atenção que para
descolonizarmos o conhecimento, precisamos nos ater à identidade social, não
somente para evidenciar como o projeto de colonização tem criado essas
identidades, mas para mostrar como certas identidades têm sido historicamente
silenciadas e desautorizadas no sentido epistêmico, ao passo que outras são
fortalecidas.” [RIBEIRO, 2017, p. 18]
Djamila Ribeiro [2018] nos atenta que a
própria teoria feminista se estruturou com base nas mulheres brancas. Omitir a
luta das mulheres negras e sua existência, faz com que seus problemas sejam
minimizados ou se quer lembrados pela sociedade, acarretando para que os
índices de violência contra as mulheres negras aumentem, enquanto o das
mulheres brancas diminua. As mulheres negras passam a ser silenciadas.
Essas visões ainda encontram-se enraizadas no
nosso cotidiano, e as reproduzimos mesmo que de forma inconsciente. Durante a
leitura das versões prévias dos(as) estudantes em relação ao Movimento
Feminista Negro, percebi que realmente consideravam o feminismo como homogêneo,
sem incluir especificidades, como aponta o aluno R, que considerou o Movimento
Feminista Negro como desnecessário. Muitos(as) relacionaram à luta antirracista
e poucos(as) conseguiram apresentar uma resposta que definisse realmente o
movimento.
Figura 31: Conhecimento prévio do Aluno R.
Para propiciarmos a consciência histórica,
precisamos utilizar metodologias que aproximem o(a) aluno(a) ao conteúdo. Para
isso, planejei inserir nas minhas aulas a relevância e a atuação de coletivos
feministas locais. Através do sentimento de pertencimento o(a) estudante
morador(a) da região passa a interessar-se pelo conteúdo das aulas, a fim de
compreender a sociedade onde vive, além de ampliar o olhar para a totalidade,
sendo:
“[...] capazes de apreender as diferentes
faces da realidade local, de relaciona-las com os fenômenos globais e/ou
universais, de criar alternativas e de promover a mudança social. [ALVEZ, 2005,
apud ESTACHESKI, 2008].”
Considerando isso, a participação da
acadêmica de História Cleidilene Santos durante a realização do estágio
supervisionado foi fundamental. Cleidi é integrante do instituto feminista
Rosas do Contestado e se identifica como mulher negra, nos afirmando através da
beleza natural do seus fios e através da sua fala o real significado da palavra
empoderamento. Em acordo com a fala de bell hooks [2019], em que as mulheres
formam-se feministas, convidei a Cleidi para realizar uma fala relatando sua
experiência com o coletivo e como se inseriu nele.
Os(as) alunos(as) vibraram quando os(as)
informei antecipadamente que uma integrante do coletivo feminista da cidade
estaria presente na sala de aula para sanar as dúvidas. Animaram-se, me
questionando diversas vezes: “Mas professora, ela vem mesmo?” O feminismo que
parecia distante, aos poucos foi se aproximando.
No dia da fala, após apresentar a Cleidi para
as turmas, fiz um pequeno esquema utilizando o quadro e giz colorido para
salientar a relevância do movimento Feminista Negro por meio de bonequinhos
palito exemplificando que: o homem branco oprime a mulher branca através da
sociedade patriarcal, ambos oprimem o homem negro através do racismo e os três
anteriormente citados oprimem duplamente a mulher negra através do racismo e
sexismo. Por esses motivos, a mulher negra acabou não se encaixando no
Movimento Feminista, que era majoritariamente composto de mulheres brancas, nem
no Movimento Negro. Surgiu então o Movimento Feminista Negro.
A fala da Cleidi foi convidativa e
elucidativa. Apresentando inicialmente a história do Coletivo Mais que Amélias
que está em processo de transformação para: O Instituto Rosas do Contestado
(INROC), uma organização sem fins lucrativos, afim de agir no enfrentamento das
violências praticadas contra populações vulneráveis, especialmente mulheres e
crianças. Segundo ela, um dos principais objetivos do instituto no momento, é a
execução de uma casa de passagem, onde mulheres em casos de violência doméstica
possam se refugiar e manter-se em segurança.
O ponto central também foi especificar o
objetivo do feminismo, o que seria equidade e sexismo. Apontando que devemos cuidar
com as falas do dia a dia afim de desconstruir as visões machistas e
preconceituosas. Além da importância de perceber a variação de coletivos
existentes, cada um com suas especificidades, trazendo informações sobre a
história das mulheres negras e mulheres indígenas.
A fala foi além da intenção inicial de
esclarecer sobre o coletivo, em sua narrativa, Cleidi trouxe experiência
próprias que ao meu ver valeram mais que qualquer vídeo ou música que pudessem
retratar o racismo. O título da obra de Giovana Xavier, nos resume “Você pode
Substituir Mulheres Negras como Objeto de Estudo por Mulheres Negras Contando
sua Própria História” [2019]. Foi uma mulher, de carne e osso colocando suas
vivências, trazendo representatividade e utilizando seu local de fala para
estimular a sensibilidade, a empatia, o olhar crítico e observador dos(as)
alunos(as). Aliás, a ideia de que o racismo parecia distante da nossa realidade
local também foi repensado, uma vez que através dos diálogos abaixo, pode-se
perceber que o próprio colega de turma sofria com o impacto da sociedade
racista. Despretensiosamente, Cleidi definiu a importância da consciência
história na vida cotidiana:
Aluno: “Minha família me julga muito por eu
pensar que o preconceito nunca vai deixar de existir. Eles acham que eu estou
errado. Você está esperando o fim do preconceito ou você está aprendendo a
lidar com ele?”
Cleidi: “Eu to aprendendo a lidar com ele!
Antes que a gente queira o fim, a gente precisa entender o preconceito, porque
ao contrário, sempre vamos dizer que ele e o racismo não existem!”
Considerações
finais
Os resultados obtidos com a aplicação do
estágio supervisionado nos afirmam que apesar do backlash influenciar o
pensamento de alguns(mas) estudantes por meio da mídia e da internet, tive a
possibilidade de desmistificá-lo através de metodologias que se pautam na
consideração de que os(as) alunos(as) são portadores(as) de conhecimentos, uma
vez que estão inseridos em sociedade e vivem experiências que podem ser
utilizadas pelo(a) professor(a) a favor do ensino eficaz. Garantindo que
ressignifiquem e agreguem conhecimentos a partir dos temas e conceitos já
dominados.
Ao contestar os conhecimentos negativos e
generalizados sobre os Movimentos Sociais por meio da inserção de diferentes
metodologias que incluíram a vivência dos alunos, oportunizei aguçar o senso
crítico para que no dia-a-dia ao se depararem com a propagação do backlash,
utilizem o conhecimento adquirido em sala de aula e o uso adequado da internet
como alternativas favoráveis de averiguação para que não caiam nas amarras de
ignorância dos backlashs.
Conforme Souza [2014], nós professores(as)
devemos agir como mediadores e orientadores afim de auxiliar o estudantes
diante das variadas formas de atingir consciência histórica, uma vez que “[...]
por maior e melhor que seja a estrutura tecnológica, sozinha, ela não consegue
realizar nenhum projeto educacional de qualidade.” [KENKY, 2010 apud SOUZA,
2014]
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Olá Elaine, tudo bem?
ResponderExcluirGostaria de parabenizar pelo excelente texto e pelo estágio maravilhoso que você realizou em sala. É muito necessário levar para a sala de aula a importância dos movimentos femininos, da mesma forma desmistificar o conhecimento que os alunos têm sobre o tema através do backlash (obrigada por me apresentar esse termo). Achei muito bacana você ter especificado também em suas aulas o Feminismo Negro, pois de fato as mulheres negras sofrem ainda mais violência que as brancas e muitas pessoas como o seu aluno, acham que é desnecessário ser levantada essa pauta. Na sua opinião, você acha que seria interessante ao trabalhar com esse assunto em sala de aula, levar a questão de como a mulher negra era vista no Brasil Colônia e de como isso reflete ainda hoje em nossa sociedade? Uma vez que as mulheres neste período eram classificadas de acordo com a sua honra, ou seja, as mulheres honradas eram aquelas virgens e preparadas para casar, já as desonradas eram as mulheres que não eram consideradas mais puras e as mulheres sem honra alguma eram as mulheres negras, pois o seu corpo era totalmente sexualizado e portanto sem honra.
Obrigada!!
Ass: Flávia Schena Rotta.
Parabéns pelo seu texto Elaine!
ResponderExcluirAdorei ler sobre a sua experiência no Estágio Supervisionado e da sua ideia de debater sobre movimentos sociais, mais especificamente sobre os feminismos, com os alunos. É muito importante a realização desse debate em sala de aula, e principalmente, aproximar esses alunos com movimentos sociais, que muitas vezes parecem distantes e pouco convidativos para eles. O enfrentamento ao backlash é fundamental, essa foi uma ótima abordagem. A minha pergunta é se você teve algum tipo de conflito com a escola, ou com os alunos ao realizar essa proposta, pois vivemos um momento complicado para se discutir sobre os movimentos sociais e tal.
Ass: Vitória Diniz de Souza
Parabéns pelo texto e pelas aulas, Elaine! É um movimento extremamente necessário e fundamental esse o de levar os debates feministas para sala de aula e permitir que os alunos e as alunas reflitam sobre o machismo, o racismo e tantos outros preconceitos e opressões. Você tomou contato com alguma experiência de prática docente semelhante, mas em alguma cidade maior, ou mais central? Temos sempre uma impressão de que o interior do Brasil é mais "conservador" do que as grandes cidades, as capitais, que seriam mais "cosmopolitas", mas sua experiência mostra que nada disso é imutável.
ResponderExcluirAss: Lucas Engel Sacht