Francisca Kessione M. Bezerra e Jaqueline Ap. M. Zarbato


INVISIBILIDADE FEMININA: O SILENCIAMENTO DA HISTÓRIA DE TIA EVA NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE CAMPO GRANDENSE



O presente artigo faz parte do projeto de pesquisa “Patrimônio histórico-cultural material e imaterial nas cidades de Mato Grosso do Sul e seu impacto histórico- cultural: Cultura regional e formação de um sistema de preservação a partir da educação patrimonial”. Nesse sentido, o artigo tem como objetivo analisar a representação cultural e social de “Tia Eva” (Eva Maria de Jesus, ex escrava que fundou uma comunidade quilombola). Investigando a invisibilidade de uma mulher tão importante para a construção e ampliação de Campo Grande/MS, o silenciamento no processo de construção da identidade local. Utilizando documentos históricos, fotografias, memórias, mapas históricos para ensinar a história pelo prisma de uma mulher negra, quilombola, que migrou para Mato Grosso do Sul.
A “história oficial” de Campo Grande/MS apresenta como fundador José Antônio Pereira que teria ‘desbravado’ a região, primeiramente, com uma comitiva e depois de verificar a existência e condições das terras trouxe sua família e escravos para a região. Que, era até então conhecida como Campos de Vacaria. O enredo da fundação de Campo Grande está envolto, ainda, por interesses oligárquicos e de uma sociedade pecuária pautada em um suposto pioneirismo masculino, que se apropriou da imagem de José Antônio Pereira como desbravador conquistador dessas terras devolutas. Entretanto, essa historiografia não leva em conta a existência de indivíduos que já haviam se alocado na região, sejam eles indígenas ou negros, e foca apenas na imagem de um antepassado elitista e branco.

A historiografia produzida durante o século XX na região buscava solidificar uma identidade que pudesse atribuir respaldo para os movimentos divisionistas promovidos pela elite local. Nesse sentido, era de fundamental importância unificar a população criando formas de possibilitar o sentimento de pertencimento. Esse movimento surge, também, para negar os laços de proximidade com a até então capital do Estado: Cuiabá. Fator explicitado por Queiroz: “[...] encontra-se um primeiro esboço de uma identidade especificamente sul-mato-grossense, como reação à identidade mato-grossense “oficial” (QUEIROZ, PAULO R., p. 160, 2006).

A partir disso, com a efetivação da divisão do Estado, em 1977, o papel da historiografia se tornou ainda mais importante para propiciar o cenário supracitado e impor definitivamente diferenças entre o sul e o norte. Ademais, visava garantir, ainda mais, uma noção de região voltada a produção pecuária e sociedade hegemônica, excluindo as demais populações que contribuíram para a construção de Campo Grande. Marginalizando esses povos e a sua oralidade.

Ainda, essa confecção da história, coloca a comunidade negra como subalterna e a existência do quilombo ( que salvaguarda suas raízes) como um atraso para o progresso de Mato Grosso do Sul como aborda Santos: “ O quilombo e o negro, que representam o antigo Mato Grosso do Sul, são invisibilizados e até mesmo silenciados” (SANTOS, PLÍNIO, p. 30, 2010). Tal problemática refletida até mesmo nos espaços museológicos da cidade, onde os negros e principalmente as mulheres negras não são devidamente representadas, pois houve a dissociação dessas agentes históricos em relação a historiografia local. Isso, gera altercações acerca da história local e o papel desses indivíduos.

Sob tal ótica, o envolvimento de Tia Eva (Eva Maria de Jesus) com a criação de uma identidade negra na região de Campo Grande (até então Campos de Vacaria) foi negligenciado para dar palco a história de uma elite dirigente. A vinda da ex escrava Eva Maria de Jesus para a região é de suma importância e desencadeou o processo de formação da comunidade Quilombola Tia Eva. Com isso, é relevante ressaltar que o espaço quilombola demonstra a ancestralidade, e preservação de costumes culturais e da oralidade local.

Em decorrência disso, se faz essencial a compreensão de como o espaço da comunidade Tia Eva foi construído e a importância desse lugar para o Ensino de uma história mais inclusiva, que leva em consideração os diferentes agentes históricos na composição da identidade local. Assim como, reafirmar a presença de mulheres e negros que por muitas vezes é suplantado por interesses locais. Pretende-se identificar, a trajetória de Tia Eva, desde sua partida em rumo aos Campos de Vacaria até seu papel nessa nova sociedade que se formava na região. Reafirmando sua importância como benzedeira, parteira e as mais diversas facetas dessa mulher.

Além disso, a falta de inclusão dessa figura emblemática na história de Campo Grande constitui uma falta de representatividade, causando o distanciamento de sujeitos com a história regional pois não se veem contemplados por ela. Pois a construção de identidade é continua e perpassa por agentes que corroboram para sua formação e afirmação, tomando diversos marcadores como referenciais.

A jornada de ‘tia Eva’
Eva nasceu em 1848, na fazenda Ariranha em Jataí-Goiás, cujo dono era José Manoel Vilela. Já nasceu escrava, e o seu trabalho era voltado para as atividades domésticas. Com vinte e dois anos foi mãe pela primeira vez, deu à luz a Sebastiana na mesma fazenda onde nasceu e foi criada, logo após vieram mais duas filhas: Joana e Lazara. Depois de um tempo ocorre o acidente determinante para sua vinda aos campos de vacaria, Tia Eva era encarregada de fazer sabão e enquanto exercia seu ofício queimou a perna com banha quente. Devido as condições de vida e a medicina da época a perna não sarava. Foi então, afastada da sede da fazenda, com tudo, ainda presenciou muitos atos de violência contra os seus, vivia, afinal, em um contexto de exploração e abusos. Essas “memórias do cativeiro” seguiram através da transmissão oral e são repassadas na hodiernidade por seus descendentes.

Foi, a partir de ver esses maltratos sofridos pelos escravos que Tia Eva fez um pedido e promessa a São Benedito, como aponta Carlos Plínio dos Santos através da narrativa histórica de Seu Waldemar:

“A tia Eva foi muito devota de São Benedito. Por causa da escravidão ela fez um pedido para São Benedito, por isso ela veio pra cá [Campo Grande]. Ela fez um pedido a São Benedito assim. Um dia eles tinham apanhado lá, ela viu as pessoas apanhando, ela fez um pedido [que] se São Benedito ajudasse que ela saísse de lá para vim pra cá pro Mato Grosso, ela ia arrumar um lugar para criar só as pessoas da cor dela, mas que não iriam mais ser escravos. Iam viver independentes, fazer sua casa, fazer farinha, lavar roupa, fazer óleo de mamona, um local para passar toda a vida. Ela falou isso para São Benedito. E ela tinha o dom de benzer, com as graças de São Benedito. Assim que começou o negócio de benzer os outros.” [Plínio,2012]

Tia Eva já se destacava em sua região de origem pois exercia o papel de benzedeira e parteira. A partir disso, já acumulava alguns bens, como: carro de bois, bois, galinha, porco e doações pelos benzimentos. Vinham pessoas de longe para serem benzidas por ela (Plínio,2012). Com a abolição da escravatura em 1888, se torna possível para a ex-escrava a migração, saindo da localidade em que nasceu e rumando para a região do sul de Mato Grosso, que segundo viajantes era dotada de terras devolutas que poderiam ser habitadas.

Dessa forma, um grupo de ex-escravos se reúne para a longa jornada até Campo Grande, dentre os indivíduos presentes, vale ressaltar, na mesma comitiva também estava Dionísio Antônio Martins (fundador da futura comunidade negra rural Furnas do Dionísio, localizada em Mato Grosso do Sul). Carlos Alexandre Plinio dos Santos comenta que:

“Os integrantes da comitiva, logo que chegaram à recém-formada Vila Santo Antônio de Campo Grande, procuraram por terras ainda vagas e encontraram-nas na região de Olho D’água a cerca de seis quilômetros do centro da Vila. Nessa região, numa área de mais próxima ao córrego Segredo, Tia Eva e outros ex-escravos levantaram a Comunidade negra São Benedito (ou Tia Eva).” [Machado, 2019, p.30].

Outrossim, Tia Eva era muito religiosa e agarrava-se a sua devoção a São Benedito, fez uma promessa então de construir uma igreja em homenagem ao Santo Preto para que lhe concedesse a cura de sua perna. Um de seus primeiros feitos foi erguer a igreja que havia prometido, primeiramente em pau a pique e depois reformada na alvenaria. Iniciou, também as festas de São Benedito que até hoje são realizadas na comunidade, o que demonstra a importância da oralidade e da preservação dos costumes para os membros da comunidade.

Como exposto previamente, Tia Eva era uma mulher de múltiplas facetas, atuou em diversas atividades em Campo Grande, contribuindo com a sociedade local, como aponta Myleide Machado:

“Tia Eva continuava a trabalhar na produção de seus doces, mesma atividade dos tempos de escravidão, produzia e vendia no centro de Campo Grande. Além de benzer, fazer partos, as mulheres das comunidades cultivavam pequenos “jardins”, verdadeiras farmácias, com plantas medicinais – folhagens e flores próprias para chás. Segundo nos relataram, no local todos aprenderam a respeito de plantas, principalmente com a família e com amigos também. Três entrevistados citaram o nome da filha de Tia Eva, Sebastiana, que benzia e era parteira; citaram também o nome do raizeiro Antônio, neto de Tia Eva. Uma demonstração clara de que as Comunidades de São Benedito, dos descendentes da negra Tia Eva, ainda conservam suas tradições como o uso de plantas medicinais e místicas vindas com seus ancestrais da África.” [Machado, 2019, p.31]

Com a morte de Tia Eva em 1926, as funções religiosas e políticas foram passadas para sua filha Sebastiana Maria de Jesus que continuou o legado da mãe, utilizando as terras em favor de seus descendentes.

Silenciamento social
Durante longo tempo histórico, história de negros vem sendo silenciada, como resquícios das mazelas deixadas peça escravidão e abolição inacabada e a situação só se agrava ao entrarmos na seara da negligência das narrativas de mulheres negras. Essa marginalização, é pautada por Léila Gonzales e Carlos Hasembalg no livro “Lugar de Negro”, no qual apontam existir uma hierarquia incontestável: homem branco, mulher branca, homem negro, mulher negra. Com isso, apesar de Tia Eva se constituir como um dos pilares da história campo grandense pouco aparece nas produções e discussões locais.

Na época da chegada (cerca de 1905), Tia Eva e seu grupo já foram alvo de estranhamento, os caracterizaram como “mudanceiros”, para Barros (1999;23) o termo carregava sentido pejorativo e marcava a divisão entre vizinhos desejáveis e indesejáveis. Outrossim, esses moradores antigos se intitulavam detentores do poder e conhecimento sobre essa sociedade, relegando aos recém-chegados o papel de forasteiros. Como apresenta Carlos Plínio dos Santos através da narrativa histórica de Seu Waldemar:
“Lá tinha uns crioulos roceiros, quando tia Eva chegou, falavam que eles também foram escravos, mas era daqui mesmo. Os brancos moravam tudo perto do centro. As coisas antigamente eram assim, crioulos de um lado e brancos do outro, né. Antigamente tinha essas coisas, os brancos era tudo criador de gado, rico. [...]. Ali tudo se chamava Olho D’água, mas depois mudaram para Cascudo [...]. Mas lá tinha muito crioulo, era cheio de crioulada, naquele tempo era tipo o cativeiro, a crioulada gostava muito de andar de pé no chão, quando muito, algum tinha a alpargata. Então, andando de pé no chão, a sola do pé engrossa tudo, aí então ficou essa história de Cascudo pra lá e Cascudo pra cá.” [Plinio dos Santos, 2012, 165]

É possível perceber, então uma segregação já existente entre os moradores da vila, essa diferenciação era ainda agravada pela produção que cada segmento era responsável, a comunidade negra já se encarregar do plantio de alimentos para o abastecimento da pequena vila, o status ainda estava na criação de gado. A comunidade produzia também azeites, peças de madeira, ainda, as mulheres trabalhavam como lavadeiras, cozinheiras e empregadas domésticas. Além disso, tia Eva continuava com a sua produção de doces, que vendia pelas ruas de Campo Grande, além de continuar seu trabalho de parteira e a vocação de benzedeira, com isso, adquiriu dinheiro o suficiente para regularizar suas terras, pagou 85 mil réis para tomar posse de oito hectares de terras devolutas.
A importância de tia Eva pode ser percebida também pelo seu papel dentro da irmandade por ela formada, foi a partir da indignação com a escravidão que ela vislumbrou uma forma de salvaguardar os seus. Da mesma forma, possibilitou uma rede de amparo para esses ex-escravos e seus descendentes, mesmo na fronteira eles já consumaram esses laços familiares, como aponta Plinio dos Santos:

“Esses libertos, ao tentarem cruzar os limites do estado de Goiás para o Mato Grosso, foram obrigados a parar em um Posto de Fiscalização5 para serem cadastrados. Porém, vários desses ex-escravos não possuíam sobrenomes e precisaram inventá-los. Grupos de homens, consanguíneos ou não, assumiram certos sobrenomes. Desse modo, surgiram os “Borges”, os “Custódio”, os “Caetano”, os “Silva”, os “Martins”, os “Souza” e os “Pinto”. Tia Eva, suas filhas e todas as outras mulheres, mesmo sem laços consanguíneos, adotaram o sobrenome “de Jesus.” [Plinio, 2012, p. 163]

Para Patricia Hill Collins, uma das dimensões da opressão de mulheres negras é a forma específica com que o trabalho dessas mulheres será historicamente explorado para a construção e manutenção do capitalismo. Essa percepção nos auxilia a compreender porque o pensamento de mulheres negras ainda é tão subvalorizado pelas lógicas acadêmicas, uma vez que o mesmo não está articulado nas lógicas padronizadas da academia branca. O custo para a manutenção da própria vida, sem sucumbir às violências vivenciadas a partir do trabalho é alto e acaba afastando essas mulheres dos lugares de privilégio social, como é o caso das instituições de ensino superior. O pensamento feminista negro, portanto, é resultado da própria experiência de sobrevivência das mulheres negras e não de observações externas, apartadas e supostamente neutras.

Ademais, Léila Gonzales e Carlos Hasembalg no livro “Lugar de Negro” apontam que sempre o papel das mulheres negras na sociedade sempre foi subalternizado pelo racismo. A historiografia regional não aborda a importância e pioneirismo dessa mulher, que contribuiu vastamente para a construção da identidade negra em Campo Grande. No livro “Mulheres Negras do Brasil” Erico Vital Brasil e Maria Aparecida Schumaher discorrem sobre a falta de visibilidade concedida a essas mulheres:

”Constatamos que a ausência de registros sobre a participação das afro-descendentes na formação e no desenvolvimento do Brasil é gritante. Com exceção dos escritos sobre o sistema escravocrata e, por vezes, uma ou outra alusão ao mito Chica da Silva, não se encontraram muitas outras referências e informações sobre as mulheres negras em nossos museus, currículos escolares, livros didáticos e/ou narrativas oficiais.” [SCHUMAHER e BRAZIL, 2007, p. 9].

Além disso, a história oficial por muitas vezes negligencia os povos de tradição oral, que constituem sua identidade cultural por meio da memória. Dentro desse contexto, os patrimônios materiais e imateriais adquirem extrema força simbólica (Carvalho; Funari, p.11) a partir dessa análise, pode-se abstrair uma perspectiva acerca da importância das histórias contadas dentro da comunidade quilombola, assim como a vitalidade da Igrejinha de São Benedito e da festa dedicada ao santo negro.

Possibilidade de ensinar a história a partir da comunidade negra e de tia Eva
As possibilidade de ensinar história por outras vozes, dissonantes da historiografia tradicional  apresenta a abordagem da história das mulheres negras e ‘tia Eva’ como expoente nas aulas de história em Mato Grosso do Sul. Com isso, entre as diferentes ações didáticas da História pode-se utilizar a memória da comunidade quilombola, bem como da investigação sobre a importância da comunidade quilombola para os grupos subalternos. Pode-se partir do reconhecimento histórico da comunidade, bem como da representação cultural da comunidade e da própria ‘ Tia Eva’.

A complexidade da abordagem sobre o patrimônio cultural e sobre a memória na aula de história tem sensibilizado diferentes fundamentações, estudos e narrativas. Ao abordar o patrimônio cultural, emerge primeiramente a informação clássica de que este é “o conjunto de monumentos e edifícios antigos, ou seja, ao chamado Patrimônio Edificado ou Arquitetônico constituído de bens imóveis”.  Mas, ao problematizar sua utilização na aula de história da Educação Básica, pretende-se aprofundar e ampliar as noções acerca dos costumes, tradições, sensibilidade para valorização dos bens, identidades e fundamentar a consciência preservacionista em todos os âmbitos.

A problematização da representação de “tia Eva’, que ainda hoje tem diferentes concepções na sociedade encaminha a análise sobre a discussão em sala de aula, seja no Ensino Fundamental ou Ensino Médio sobre a História e Cultura africana e afro brasileira. Com isso, propõe-se iniciar as indagações sobre a representação e importância cultural de Tia Eva, uma questão emblemática: Por que em 2018, a escultura de Tia Eva que fica na frente da Igreja São Benedito( comunidade quilombola Tia Eva) foi depredada, sendo jogado tinta branca nela? O que isso representa culturalmente  aos quilombolas?

Essas questões impulsionam o ‘olhar’ a investigação histórica sobre o cotidiano e a representação da comunidade quilombola, que teve a frente a mulher, negra, ex escrava, conhecida como Tia Eva.



(fonte: imagem 01 jornal Campo Grande News, 2018. Imagem 02: foto arquivo pessoal)


Referências
Francisca Kessione Mendonça Bezerra, graduanda do curso de História – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campo Grande/MS – kessy715@gmail.com
Jaqueline Zarbato é professora doutora do curso de História da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

BARROS, Abílio L. de. 1999. “Crônicas de uma vila centenária”. In: Campo Grande: 100 anos de construção. Campo Grande/MS: Matriz Editora.
CARVALHO, Aline Vieira; FUNARI, Pedro Paulo. Memória e Patrimônio: diversidade e identidades. Revista Memória em Rede. UFPEL, 2010.
COLLINS, Patricia Hill. Pensamento Feminista Negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. Tradução Jamille Pinheiro Dias. 1º edição. São Paulo: Boitempo Editorial, 2019.
GONZALES, Lelia; HALSENBALG, Carlos. Lugar de negro (Coleção 2 pontos). Rio de Janeiro: Editora Marco Zero, 1982.
MACHADO, Myleide Meneses de Oliveira. Comunidade Tia Eva: Bairro de Negros e herança de fé. UFGD, 2019.
PLÍNIO DOS SANTOS, Carlos Alexandre Barbosa. Fiéis descendentes: redes – irmandades na pós-abolição entre as comunidades negras rurais sul-mato-grossenses. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2014.
PLÍNIO DOS SANTOS, Carlos Alexandre Barbosa. Eva Maria de Jesus (tia Eva) Memórias de uma comunidade negra. In: Anuário Antropológico, 2012, p. 155-181. Disponível em: https://journals.openedition.org/aa/317
QUEIROZ, Paulo R. Cimó. Mato Grosso/Mato Grosso do Sul: divisionismo e identidades (um breve ensaio). Diálogos, DHI/PPH/UEM, v. 10, n. 2, p. 149-184, 2006.
SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Erico Vital. Mulheres negras do Brasil. Redeh Rede de Desenvolvimento Humano, 2006.

6 comentários:

  1. Uaau, que trabalho de importância histórica fantástico.
    As mulheres são silenciadas até hoje e as mulheres negras sofrem com esse silenciamento muito mais, sentindo a opressão patriarcal, colonial, racista e capitalista. Levantar a importância histórica de simbolos como a Tia Eva é essencial. Tenho na verdade uma dúvida simples, que refere-se sobre as fontes, foi facilitado o encontro de fontes para realizar o trabalho? Pessoas dispostas a falar? Alguma documentação? Pergunto de curiosa mesmo, porque quando o assunto se trata de mulheres, ainda mais negras e ex-escravas, encontrar o vestígio delas é dificultado propositalmente.
    A questão patrimonial é bem importante. O patrimônio deveria preservar a memória com a qual a população se identifica. Há alguns anos trabalhei os patrimônios da cidade de Pelotas/RS com alunos da periferia. A maioria não conhecia aqueles caras das estatuas, e quando conheciam, aí sim que queriam depredar. A identificação com aquela memória é fundamental para o monumento ser preservado. Pra isso a educação patrimonial é essencial.
    Acredito que não seja seu foco, mas a Ana Paula Melo da Silva defendeu seu dissertação ano passado falando sobre as práticas de benzer que é um trabalho fantástico, se tiver algum interesse. A dissertação é "Ancestralidade e Benzedura : Práticas sócio-espaciais, aprendizagens e cura no município de Pelotas/RS" pela UFPel.
    Parabéns pelo belo trabalho!

    Nicole Angélica Schneider

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    1. Olá Nicole, muito obrigada pela pergunta e pela leitura do texto. Encontrar as fontes foi realmente complicado, existem poucos textos que englobam a importância da tia Eva para a comunidade campo grandense que vinha sendo constituída. Me apoiei principalmente no trabalho de Plínio dos Santos para obter mais textos para conseguir realizar a discussão acerca do papel pioneiro dessa mulher. Em relação a documentação, a comunidade tem uma tradição oral muito forte, permitindo que mesmo sem ofícios a história seja perpetuada, mesmo que para esse grupo. Ainda, infelizmente é por essa falta de documentação física que se tem tanta dificuldade de reconhecer tia Eva como uma das fundadoras de Campo Grande.
      Muito obrigada pela sugestão de leitura, vou procurar esse texto.
      Francisca Kessione Mendonça Bezerra

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  2. Boa noite e parabéns para ambas as autoras pelo ótimo texto, ele foi muito bem estruturado e ajudou a expandir mais meu conhecimento sobre outras mulheres negras na história do Brasil. É ótimo ver trabalhos que retratam a história afro-brasileira, ainda mais quando se trata da história das mulheres, que é algo que foi e ainda é muito silenciado. Tenho três questões em mente para esse texto. Por que escolheram trabalhar especificamente com a Eva? Tem intenção de estender ainda mais essa pesquisa? E na sala de aula das escolas, que atividades usariam para ajudar os alunos na compreensão do assunto que muitas vezes é apagado?
    Assinado: Talita dos Santos

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    1. Olá Talita, muito obrigada pela pergunta. Bem, em relação a escolha de trabalhar com a história de tia Eva, eu venho de outra região e quando cheguei a Campo Grande me deparei com uma história de fundação muito bem montada, que era passada para os alunos como um roteiro. A partir disso, me interessei em procurar a existência de outros grupos que estivessem envolvidos nesse processo. Foi quando me deparei com o pioneirismo e importância social de Tia Eva e decidi pesquisar mais a fundo.
      OfO artigo fazpfaz das atividades desenvolvidas pelo projeto de pesquisa "histórico-cultural material e imaterial nas cidades de Mato Grosso do Sul e seu impacto histórico- cultural: Cultura regional e formação de um sistema de preservação a partir da educação patrimonial", e continua em andamento.
      Na sala de aula o intuito é promover o debate entre a história oficial e a importância de mulheres e negros na constituição de Campo Grande. A partir disso, há a possibilidade de trabalhar com a temática em diversas fases da aprendizagem, sendo através de jogos lúdicos que encorporem a figura de tia Eva em papéis centrais, através de dioramas, júris simulados.
      Francisca Kessione Mendonça Bezerra.

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  3. excelente texto! a tia eva é uma figura importante na formação da história da cidade, minha dúvida é como foi a escolha das fontes?


    thaylla giovana pereira da silva

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  4. Ótimo trabalho, adorei ler
    Como vocês sugerem que esse tema seja tratado em sala de aula? Pretendem criar algum material didático?

    Grata

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