Alethéia Paula Lapas Prado


LIÇÃO DE RESISTÊNCIA: A ORGANIZAÇÃO FEMININA CONTRA A DITADURA CIVIL MILITAR NO BRASIL



Nesse artigo, escrevo a respeito das diversas formas de resistência articuladas pelas mulheres brasileiras durante a Ditadura Civil Militar [1964-1985]. Falar sobre autoritarismo, relembrar o peso da mão opressora do Estado e dos seus agentes sobre a população, é mais que um exercício de memória, é uma lição para os nossos dias. O tempo presente, lega ao Brasil o retorno de atores autoritários ao poder que, em movimentos constantes, ameaçam o pleno funcionamento das instituições democráticas, cerceiam as manifestações culturais, a produção intelectual e científica.

Além das desventuras políticas trazidas pelos atuais representantes de uma plutocracia misógina, há os fantasmas que insistem em aparecer através de setores da sociedade que manifestam simpatia e até evocam o retorno da Ditadura Militar. De repente, essa cegueira coletiva começou a nos impedir de identificar o nosso passado e as duras consequências de vinte e um anos de governo ditatorial sobre o país. “Por ter se estendido ao longo de 21 anos, o regime militar impactou profundamente a sociedade e interrompeu o curso de vida criativa de toda uma geração de brasileiros, com consequências incalculáveis para a vida da Nação.” [BRASIL, 2010, p.12].

Diante dessa perspectiva, é essencial que a pesquisa, o estudo e o ensino de História cumpram o papel pedagógico de lembrar a sociedade o quão nocivo e obscuro são os períodos históricos regidos pelas arbitrariedades de regimes de exceção.  Atribui-se, desse modo, aos historiadores e professores de História a tarefa de mostrar aos demais cidadãos “que a inteligibilidade do tempo presente requer o conhecimento das experiências daqueles que nos procederam, assim como o reconhecimento do passado em comum.” [CAIMI, 2014, p.169]. É através do conhecimento histórico que podemos perceber, por exemplo, nossa capacidade de resistência diante de governos opressores. Se hoje somos um país democrático, ainda que envolto em insistentes problemas, a história nos ensina que conquistamos a democracia por meio de muita resistência.

 A importância do conhecimento histórico acerca da Ditadura Civil Militar brasileira e as diversas formas de resistência a esse sistema, ultrapassa, sobremaneira, o âmbito político. Há muitas especificidades do tema que são enriquecidas à luz de abordagens como o estudo de gênero. Assim, é fundamental que todos compreendam que os movimentos de resistência que baniram a Ditadura e nos trouxeram até aqui, eram formados pelos mais diferentes agentes socias, contando com efetiva participação feminina.

 Por meio do estudo de gênero, percebermos a intensa participação das mulheres, na luta contra poder exercido pelos militares. Contrariando os papéis impostos pela sociedade do seu tempo, as mulheres mostraram que eram transgressoras ao não aceitar o regime de exceção. Elas se mobilizaram, participando de organizações partidárias, integrando sindicatos, atuaram na luta armada e encabeçaram o movimento pela Anistia.

Nesse sentindo, o presente artigo tratará, a princípio, da influência da “segunda onda” do feminismo no Brasil, a organização de movimentos sociais a partir da liderança feminina. Posteriormente, falaremos sobre as torturas praticadas contra as mulheres brasileiras no contexto ditatorial e destacaremos ações coletivas como das revolucionárias que participaram da Guerrilha do Araguaia e, individuais, como as da mato-grossense Jane Vanini, que atuou contra as ditaduras brasileira e chilena.

Este texto ampara-se nas seguintes bibliografias, nos livros “Direito à memória e à verdade: luta, substantivo feminino”, de Tatiane Merlino e Igor Ojeda, “Habeas corpus: que se apresente o corpo”, produzido pela Secretaria de Direitos Humanos, o artigo “Feminismo e gênero: uma abordagem histórica, de Ana Maria Marques. Para compreensão do contexto histórico utilizamos o livro “Uma História do Brasil” de Thomas E. Skidmore, e referências de apoio como os sites Memória da Ditadura, Tortura Nunca Mais, além de documentários como “Ditadura Militar e Violência Sexual” e “Memórias Femininas da Luta Contra a Ditadura Militar.”

Ditadura, Feminismo e Movimentos Sociais
Ao longo das décadas de 1960 e 1970, a “segunda onda” do feminismo ou “feminismo da diferença”, influenciou pensamentos e atitudes em diversas partes do mundo. Nessa época, as ideias feministas cresceram em conjunto com os movimentos negro, pacifista e correntes progressistas. “No ‘feminismo da diferença’, a Mulher (com letra maiúscula) tornou-se o sujeito ativo que necessita romper com a condição de dominação masculina.” [MARQUES, 2015, p. 13]. No Brasil, por conta da Ditadura Militar, além de romper com a dominação masculina, as mulheres tiveram que resistir a um regime político opressor.

Assim, naquele contexto, o engajamento na luta contra a Ditadura foi essencial para as feministas brasileiras. Todavia, se por um lado a participação feminina nos movimentos em oposição ao governo militar era efetiva, por outro, elas ainda tiveram que enfrentar uma realidade em que prevalecia o masculino, ou seja, a maior parte dos postos de comando nas associações partidárias ou organizações revolucionárias ainda ficavam sob a responsabilidade do homem. Para muitos deles, a luta de classe estava acima da luta pelos direitos das mulheres.

A cultura opressora do governo militar via o movimento feminista como uma ameaça. “Por questionarem os padrões de família e de feminilidade, as organizações feministas colidiam com a ideologia disseminada pelo regime” [MEMÓRIAS DA DITADURA, 2017]. As mulheres resistiam ao não assumirem os estereótipos de esposa e donas de casa, pacíficas e ordeiras, determinadas pelo governo e setores conservadores daquela sociedade. “Ao mesmo tempo, que se organizavam em movimentos de protestos e de indignação, nas ruas, praças, dentro das universidades, das escolas, igrejas, fábricas, sindicatos, campo.” [MERLINO, OJEDA, 2010, p. 31].

A política econômica praticada pelos militares gerou intenso arrocho salarial e foi sentida por trabalhadoras e trabalhadores que nas áreas periféricas dos grandes centros urbanos do país também passaram a se mobilizar, sobretudo, a partir de 1975, período em que tem início uma distinção “lenta e gradual” do regime autoritário. Como afirma SKIDMORE, “na década de 1970, as mulheres trabalhadoras organizaram um movimento contra a carestia que desafiava a política econômica do governo. O movimento ajudou a dissipar o medo da autoridade por parte das mulheres e lhes deu confiança para trabalharem juntas.” [2000, p.286]. Nesse cenário, as dificuldades econômicas uniam as mulheres das classes populares que passaram a reivindicar junto ao poder público moradias, escolas, creches, postos de saúde, etc.

A exploração das trabalhadoras e trabalhadores do campo, desassistidos do apoio governamental, e os incentivos dados aos grandes latifundiários, fizeram surgir diversas mobilizações das populações rurais pelo país. Muitas camponesas trabalhavam como “boias-frias”. A falta de perspectivas, “o ambiente miserável de trabalho e a proximidade das mulheres entre si, levou-as a organizar poderosos sindicatos rurais. Em 1984, 60 mil boias-frias conseguiram reconhecimento sindical.” [SKIDMORE, 2000, p.287].

A organização de movimentos femininos também auxiliou na criação de comitês em favor da anistia. Muitos desses comitês foram criados por iniciativa de mães ou companheiras de presos ou desaparecidos políticos. Mulheres como Tereza Zerbini, criadora do Movimento Feminino pela Anistia, em 1975 ou Iramaya de Queirós Benjamin, que teve dois filhos presos, torturados e exilados durante a ditadura, e foi uma das fundadoras do Comitê Brasileiro pela Anistia. “Inicialmente organizada por mulheres, como o Movimento Feminino pela Anistia e, depois, pelos Comités Brasileiros pela Anistia (CBAs) a campanha pela anistia foi fruto da indignação de setores da sociedade brasileira que queriam dar um basta à Ditadura.” [MERLINO, OJEDA, 2010, 31].

Desse modo, é possível compreender que as lutas empreendidas pelas mulheres colaboraram para o gradativo enfraquecimento do regime autoritário no Brasil. Várias pautas debatidas pelo movimento feminista brasileiro durante o governo militar, como a violência contra as mulheres, direitos de reprodução e a sub-representação feminina no campo político, continuam extremamente atuais e ainda em nossos dias provocam muita discussão.

 A Tortura como Instrumento de Coerção e a Ação Revolucionária Feminina
O período entre 1968 e 1974, é conhecido como a fase mais implacável da Ditadura, por contra do controle exercido pelos militares da chamada “Linha Dura” das Forças Armadas. É a época marcada pela instituição do AI5, 13 de dezembro de 1968, que entre outas ações, fechava o Congresso Nacional, cassava mandatos de opositores ao governo autoritário e fazia forte censura à imprensa. É durante esse período, que ocorreu a maior ofensiva da Ditadura contra a oposição, sobretudo, aos grupos armados. “Em 1974, os militares já haviam derrotado os grupos de guerrilha urbana e completavam a última campanha de aniquilamento da Guerrilha do Araguaia.” [MERLINO, OJEDA, 2010, P.30].

Durante esse período, a tortura passou a ser a linguagem usada pelo Estado para se comunicar com a oposição. Todo o tipo de violência poderia ser usada contra os que não se subordinassem às determinações autoritárias dos que ali representavam o governo. Para as militantes femininas, as torturas eram acompanhadas de abusos psicológicos e violência sexual. “O corpo da mulher, sempre objeto de curiosidade, tornou-se presa do desejo maligno do torturador e ficou à deriva em suas mãos.” [ARANTES, 2010, p. 33].

Assim, além de toda a força do Estado opressor, os agentes torturadores, detentores de referenciais simbólicos marcados pela hierarquia do masculino sobre o feminino, da relação pretensamente natural [SCOTT apud MARQUES, 2015, p. 14] que sobrepõe o papel do homem ao da mulher, utilizava de toda forma de intimidação e violação quando uma militante era torturada, pois ela transgredia os padrões de gênero já estabelecidos. A cultura machista, alimentada historicamente por abusos cometidos pelo colonizador às mulheres indígenas ou as atrocidades cometidas por feitores ou senhores sobre as suas escravas, legitimava agora as ações dos agentes torturadores do Estado às cidadãs brasileiras.

De acordo com Glenda Mezarobba, no documentário “Ditadura Militar e Violência Sexual”, a violência sexual/ gênero foi usada ao longo de toda a Ditadura Militar como método de repressão e tortura. As mulheres torturadas descreviam que recebiam choques nos mamilos e genitais, eram obrigadas a se despirem no momento da prisão. Mulheres grávidas eram levadas para assistir os companheiros sendo torturados, ou ainda, eram torturadas para que perdessem seus bebês e, perdiam.

O livro “Direito à memória e à verdade: luta, substantivo feminino”, de Tatiana Merlino e Igor Ojeda, reúne histórias de mulheres torturadas, desaparecidas e mortas na resistência à ditadura. Todos os relatos citam que as torturadas eram alvo de insultos, humilhações, violações ao corpo feminino, ameaças, enfim, toda ordem de violência era permitida. Um desses depoimentos, de Yara Spadini, explica com clareza todo o sentimento dos representantes da repressão estatal em relação à participação feminina na militância revolucionária: Havia um desprezo por parte deles, junto com a ideologia, vinha essa humilhação pelo fato de ser mulher, como se a gente estivesse extrapolando o nosso papel de mulher. Era como se você merecesse ser torturada porque estava fazendo algo que não deveria ser feito. [MERLINO, OJEDA 2010, p.96].

Outra marca da brutalidade da Ditadura Civil Militar Brasileira, foi a repressão empreendida aos membros da Guerrilha do Araguaia, que se desenvolveu entre 1972 e 1974, à margem esquerda do rio Araguaia, no sul do Pará, sob a direção do PC do B (Partido Comunista Brasileiro). Os membros do partido acreditavam que a derrubada da ditadura e a tomada do poder deveria começar pelas áreas rurais com o apoio de camponeses, com ocorreu à China Maoísta.

Integrando-se às comunidades locais, os membros da guerrilha dedicavam-se a ocupações típicas dos camponeses da região. As mulheres que compunham o grupo revolucionário, geralmente desempenhavam as tarefas de professoras, parteiras, lavradoras, caçavam e auxiliavam na derrubada da mata. Eram divididos em destacamentos, geralmente os postos de comando eram reservados aos homens. Porém, havia exceções como a baiana “Dina”, Dinalva Oliveira Teixeira, que ocupou o cargo de vice comandante do seu destacamento “C”. “Única mulher da guerrilha a alcançar um posto de comando. Destacava-se por sua habilidade militar para escapar de ataques inimigo e por participar de vários choques armados.” [MERLINO, OJEDA, 2010, 137].

Por representarem uma séria ameaça à ordem instituída, os guerrilheiros do Araguaia foram alvos de três operações de combates efetuadas pelo governo militar, a partir de 1972. “Um corpo da elite, treinado de 10 mil soldados, matou e capturou todos os 69 guerrilheiros na área. Mas, isso levou dois anos de repetidos assaltos, de modo semelhante a Canudos.” [SKIDMORE, 2000, p.234]. Em janeiro de 1975 a guerrilha estava liquidada.

Os homens e as mulheres que morreram no Araguaia eram muito jovens, a maioria tinha menos de trinta anos de idade. Seus corpos permanecem como desaparecidas até os nossos dias. “Uma diretiva de Planejamento da Operação Papagaio, realizada contra os guerrilheiros, em 1972, mencionava que antes do sepultamento deveriam ser tomadas os elementos de identificação.” [BRASIL, 2010, p.95]. Era a forma das forças armadas silenciarem a memória dos acontecimentos. Não bastava “sumir” com os prisioneiros e prisioneiras. Era necessário torna-los invisíveis. A história da Guerrilha do Araguaia, nunca deveria ser contada, por isso, a ocultação dos corpos. “A não entrega dos corpos dos opositores políticos mortos as famílias é um dos legados mais dolorosos do regime militar”. [BRASIL, 2010, p.15].

A história da Guerrilha do Araguaia é também uma história de resistência feminina, história de Marias, Helenira, Lúcia, Luzia, Jana, Áurea Eliza, Walquíria, Telma, Suely, Dinalva. História de um idealismo levado às últimas consequências. Ao conhecer a história dessas mulheres é impossível não ficar tocada com a capacidade de cada uma em fazer as suas escolhas e pensar em todos os sentimentos que as movia.

Da mesma forma, que nos sensibilizamos com a história da mato-grossense Jane Vanini. Assim como as revolucionárias do Araguaia, Jane escolheu ser clandestina e participar de grupos de esquerda, primeiro no Brasil e, depois, no Chile, onde integrou o MIR (Movimento de Izquierda Revolucionária) que tentava derrubar a ditadura do general Pinochet. Nesse país, assumiu outras identidades, Gabriela Hernandez e Carmem Carrasco Tápia. Casada com José Carrasco Tápia, Pepe Carrasco, um dos dirigentes do MIR, “foi presa na sua casa após 4 horas de resistência contra os policiais. Na casa, ela deixou um bilhete para Pepe dizendo: Perdóname mi amor, fue un último intento por salvarte.” [MERLINO, OJEDA, 2010, p.163]. Jane foi morta em 6 de dezembro de 1974.

O bilhete e a atitude de Jane junto à Pepe, simbolizam o humanismo presente nessas ações de resistência. Revela uma rede de solidariedade e afeto que ajuda a resistir às dores da prisão ou da tortura. Nos ensina que as relações humanas, principalmente em tempos opressivos, podem nos comover e nos fortalece.

Consideração Finais
Podemos compreender, portanto, que a “segunda onda” do feminismo, no Brasil, ocorreu paralela à Ditadura Militar. Nesse contexto, além de romper com a dominação masculina, as mulheres tiveram que se organizar e resistir ao autoritarismo do Estado. Percebemos que diversas redes e formas de resistência passaram a ser construídas por essas mulheres.

Nos centros urbanos, grupos femininos envolviam-se num crescente ativismo político tanto através da participação em organizações opositoras ao governo, quanto requerendo os seus direitos junto ao Estado, como o acesso à creches, escolas, ou postos de saúde. No campo, as precárias condições de trabalho, uniam as trabalhadoras e as mobilizavam na criação e direção de sindicatos rurais. Do mesmo modo, a união feminina auxiliou na formação dos Comitês em favor da Anistia, indispensáveis para pressionar a classe dirigente na aprovação desta Lei. Algo que foi possível em 28 de agosto de 1979.

Para provar a sua força e combater a oposição, o Estado Ditador Brasileiro passou a dispor de um amplo aparato de torturas. A violência de gênero caracterizou as torturas praticadas contra militantes femininas no Brasil. Assim, os abusos sexuais, a violação do corpo, as humilhações, os insultos e ameaças contra a mulher, ou seu companheiro e filhos, eram práticas cotidianas nos quartéis. Elas visavam impor a ideologia do Estado, que pregava a suposta superioridade do masculino sobre o feminino.

Muitas mulheres também ocuparam espaço nos movimentos de guerrilha. Na guerrilha do Araguaia, por exemplo, elas atuaram como professoras, parteiras, lavradoras, além de pegarem em armas para combater o sistema vigente. As guerrilheiras e guerrilheiros do Araguaia, partilhavam da ideia que uma sociedade sem classes poderia ser implantada no país a partir de uma revolução camponesa. Entretanto, a força do Estado opressor transformou os ideais da guerrilha do Araguaia em utopia.

A história das mulheres da Guerrilha do Araguaia, assim como da militante mato-grossense, Jane Vanini, morta pela repressão chilena, são exemplos de resistência de protagonismo feminino. Visto que essas mulheres fizeram suas escolhas e levaram o idealismo político às últimas consequências. A atitude que todas elas tiveram em favor da defesa da liberdade e da justiça social é algo extremamente necessário hoje, pois, em tempos de quase inércia e cegueira coletiva em relação às posturas políticas, a memória e a história podem nos ensinar alguns caminhos para a mudança.

Referências
Alethéia Paula Lapas Prado, Professora de História para os anos finais do ensino fundamental, na Rede Pública Estadual de Mato Grosso. É mestre em Ensino de História pelo Programa Prof. História – UFMT.

ARANTES, Maria Auxiliadora de Almeida Cunha. IN MERLINO, Tatiana; OJEDA, Igor (ORGs). Direito à memória e à verdade: luta substantivo feminino. São Paulo: Editora caros Amigos, 2010.
BRASIL, Presidência da República, Secretaria de Direitos Humanos. Habeas Corpus: que se apresente o corpo – Brasília: Secretaria dos Direitos Humanos, 2010.
CAIMI, Flávia Heloisa. Geração Homo Zappiens na Escola: novos suportes de informação e aprendizagem histórica. In: Ensino de História Usos do Passado e da Memória. MAGALHÃES, Marcelo, Rocha Helenice, RIBEIRO, Jaime, CIAMBARELLA, Alessandra, (ORG). Rio de Janeiro. Editora FGV, 2014.
MARQUES, Ana Maria. Feminismos e Gênero: uma abordagem histórica. Revista Trilhas da História, Três Lagoas, v.4. n.8. jan-jun, 2015. P.06-19.
http://seer.ufms.br/index/php/RevTH/aricle/view/556
MERLINO, Tatiana; OJEDA, Igor (ORGs). Direito à memória e à verdade: luta substantivo feminino. São Paulo: Editora caros Amigos, 2010.
SKIDMORE, Thomas E. Uma história do Brasil. São Paulo: Paz e Terra. 1998.      
Documentário: Ditadura e Violência Sexual/ Glenda Mazarobba – Youtube
https://www.youtube.com/watch?v=0rY9KK69XXE
Site:  http://memoriasdaditadura.org.br/mulheres/index.html  acesso em: 19/08/2019

54 comentários:

  1. Cara Alethéia, primeiramente parabenizo pelo texto, pois além de ser um tema tão recente e que vem sofrendo com revisionismos, aproxima-se muito das minhas pesquisas. Atualmente estudo as mulheres baianas na Guerrilha do Araguaia. Dessa forma, gostaria de fazer duas perguntas. A 1ª: De onde surgiu o interesse pelo tema? 2ª: Como professora, classe tão desmerecida no país, sente alguma dificuldade em debater o tema apresentado ou relacionado à ditadura em sala de aula? Muito obrigado pela produção.

    Ary Albuquerque Cavalcanti Junior

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    1. Oi Ary! Agradeço muito a oportunidade de compartilhar com você esse trabalho. Quanto ao estudo que você está realizando sobre as mulheres baianas na Guerrilha do Araguaia, acredito que seja de extrema relevância. Gostaria de saber mais sobre a baiana Dinalva Oliveira Teixeira, a “Dina”, e o seu papel de liderança no seu destacamento, durante a Guerrilha. Desejo todo sucesso em suas pesquisas. Compartilhe conosco, por favor, seus resultados. O interesse sobre a participação feminina ao longo da Ditadura Civil e Militar no Brasil, surgiu a partir de uma atividade que desenvolvi para disciplina de História e Gênero, ministrada pela excelente Professora Dr.ª Ana Maria Marques, quando eu era aluna no Mestrado. Produzi uma breve pesquisa para escrever um ensaio que, mais tarde, transformei em um artigo. Como você pode observar, trato de alguns temas sobre a participação de determinados grupos femininos nos movimentos pelo fim da Ditadura Civil Militar Brasileira, porém, não os aprofundo. Pretendo, futuramente, estender as pesquisas sobre determinadas questões citadas ali, como por exemplo, a participação das mulheres na criação de sindicatos rurais. Sobre a sua segunda questão, falar sobre a Ditadura Militar em sala, na atualidade não é uma tarefa fácil. Hoje, infelizmente, vivemos um tempo de “liberdade vigiada” então, há sempre um receio da reação d@s alun@s e suas famílias ao abordarmos certas temáticas. Sem falar dos revisionismos, negação do passado e a militarização, que hoje são parte da nossa política de Estado. Tempos sombrios que vivemos agora.

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    2. Obrigado pelo retorno Alethéia, muito importante a proposta sobre as mulheres na criação de sindicatos rurais. Tenho uma amiga que fez algo nesse sentido também. Sobre as pesquisas em torno de Dinalva, estou fase final, em breve defendo a tese e os desafios foram inúmeros. Qualquer coisa me mande um e-mail que te passo o trabalho dessa minha amiga e trocamos figurinhas sobre o tema das mulheres no Araguaia. De toda forma, reitero a importância de seu texto e de nossa profissão em meio aos receios que nos cercam em sala de aula.

      Meu e-mail: academicoary@gmail.com


      Ary Albuquerque Cavalcanti Junior

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    3. Alethéia Paula Lapas Prado21 de maio de 2020 às 22:51

      Ary, muito obrigada por suas informações. Meu e-mail é paula_prado7@hotmail.com. Aguardo os trabalhos. Abraço! Sucesso.

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  2. Dentro do contexto da Guerrilha do Araguaia, eu gostaria de compreender melhor como as mulheres eram tratadas no interior do grupo dos militantes. Havia um menosprezo em relação ao papel exercido por elas?

    Carine Alves Silva

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado21 de maio de 2020 às 00:59

      Oi Carine! Primeiramente, gostaria de agradecer pela leitura do meu trabalho. Muito obrigada. Com relação à sua pergunta, penso que como em todas as relações humanas sempre há uma diversidade de comportamentos que se sobrepõem aos padrões pré-estabelecidos. Desse modo, percebe-se que havia variadas formas de tratamento as militantes. Não sei se podemos dizer que havia um menosprezo aos papeis exercidos por essas mulheres. Havia de fato, assim como permanece em nossos dias apesar das nossas lutas, o domínio do masculino, pois os principais postos de comandos nas associações, nos grupos revolucionários ficavam em poder dos homens. Por mais que todos estivessem engajados em uma luta de classes, não havia o mesmo empenho e favor da igualdade de gênero. Por isso, naquele contexto, o movimento feminista tornava-se fundamental.

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  3. Prezada Alethéia Prado, em primeiro lugar te parabenizo pela sua excelente escrita e por se dedicar à esta pesquisa tão importante e cuja temática vem sendo cada vez mais necessária à discussão. Neste sentido meus questionamentos são: Você acredita que as produções existentes acerca da atuação e protagonismo feminino nos movimentos de resistência durante a Ditadura Civil Militar no Brasil ainda são resumidos se comparados aos estudos sobre as personalidades masculinas nesse mesmo contexto? Como você avalia as produções que priorizam pela atuação feminina?

    Raquel Barreto Nascimento

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado21 de maio de 2020 às 01:00

      Boa noite, Raquel! Muito obrigada por todas as considerações feitas a esse trabalho. Embora seja uma produção em que faço apontamentos ainda bastante superficiais. Considero, pela importância do tema, que os assuntos ali citados devam ser abordados com mais profundidade. Partilho com você mesma opinião sobre o quão é importante discutirmos os papeis femininos nos espaços de poder. A respeito da sua primeira questão, creio que os estudos de História e Gênero nas universidades em muito têm contribuído para produção de novas pesquisas sobre o protagonismo feminino nos movimentos de resistência. E isso é fundamental para o momento de obscuridade que estamos vivendo no país. E aí, já faço uma ligação ao seu segundo questionamento. Precisamos cada dia mais de trabalhos que priorizam a atuação feminina nas mais diversas frentes. Enfrentamos uma realidade de violência, altíssimos números diários de feminicídios, possuímos inexpressiva representatividade política, desigualdades étnicas, enfim, pautas extensas e diversas dentro do movimento feminista. Diante desses aspectos, pesquisar, produzir e divulgar materiais que destacam a liderança feminina é um exercício pedagógico essencial para criação de novas práticas sociais.

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  4. Olá, Alethéia Prado, gostaria de parabenizar pela escolha temática, pois a ditadura também é um dos meus temas de pesquisa desde a graduação e, no meu doutoramento, tenho abordado como os ideólogos da ditadura engendraram uma política sexual autoritária. Neste contexto, gostaria de saber como você tem identificado na historiografia a denúncia também do caráter sexista dos movimentos de esquerda à época? Como vc mesmo aponta, de que forma a idiea de luta maior versus luta menor, ainda hoje, ecoa na relação dos movimentos de emancipação feminina e também dos movimentos lgbts com o campo das esquerdas no Brasil?

    Att.,
    Natanael de Freitas Silva

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado21 de maio de 2020 às 01:03

      Caro Natanael, boa noite! Muito obrigada por ler o artigo que produzi e estar aqui propondo esse debate. Suas questões são extremamente instigantes. Como falei acima, para Raquel, esse trabalho que produzi promove algumas provocações, porém, necessita de mais aprofundamentos para poder responder os questionamentos que surgem quando são trazidos para o campo das discussões. Com relação à primeira questão, observo sim, o predomínio do caráter sexista nos movimentos progressistas da época. Como você colocou, havia uma luta maior, que era o fim do domínio ditatorial militar, as outras questões, como os direitos das mulheres eram questões paralelas, vistas como secundárias, debatidas em esferas como a do movimento feminista, muito influenciado na década de 1960 pela segunda onda do feminismo. Os postos de comando nos movimentos de esquerda ficavam à responsabilidade masculina. Trazendo a sua primeira questão para os dias de hoje, observo que muitas pautas do movimento feminista foram incorporadas pelos partidos progressistas, o que considero uma vitória. Porém, mesmo sendo parte de vários projetos políticos, sobretudo nos partidos de esquerda, as pautas feministas como bem sabemos encontram resistências dos setores conservadores da sociedade para serem implantas de fato. E aí, respondemos sua segunda questão. A ideia de “luta maior” e “luta menor” é uma permanência até por conta das diversas questões pertinentes tanto ao movimento feminista, quanto nos movimentos lgbts porque eles abarcam a diversidade. Por exemplo, ao falarmos de direitos femininos no Brasil, precisamos compreender as questões étnicas, demandas referentes as mulheres negras, as indígenas, questões sociais, a mulher da periferia, as mulheres que vivem em áreas rurais. Temos ainda as mulheres lésbicas, as trans. Todas precisam estar contempladas nesse debate e a dúvida é essa, como buscar uma unidade diante de todas as especificidades que precisam ser trabalhadas? Esse é um dilema que os partidos precisam solucionar. Mas, novamente afirmo, acredito que mesmo diante dessa diversidade, os partidos de esquerda, assim como os movimentos sociais são bons defensores das pautas feministas e lgbts. Acho que o maior problema que enfrentamos hoje é a ascensão da extrema direita e representantes de grupos religiosos ao poder que acabam por impor o pensamento conservador.

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  5. Parabenizo pelo texto. Gostaria que você esclarecesse um pouco mais sobre a organização feminina dentro do contexto da Ditadura civil militar influenciados pela "segunda onda" do feminino do Brasil.


    Vanessa Cristina da Silva Sampaio

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado21 de maio de 2020 às 01:05

      Oi Vanessa! Boa noite! Agradeço muito por ter lido esse trabalho. Acerca do “feminismo da diferença” suas ideias chegaram ao Brasil ao longo das décadas de 1960 e 1970, durante a Ditadura Civil Militar. Por seu caráter libertário, a segunda onda feminista, não só pretendia romper com o domínio masculino, como também estimulou muitas mulheres a lutarem contra a opressão do regime militar. Considero que a grande importância da segunda onda feminista no Brasil foi, primeiro, quebrar padrões de costumes presentes na sociedade que eram bandeiras do regime militar como a ideia de “Deus, Pátria e Família”, por exemplo. A liberdade sexual, defendida pelas feministas era uma ameaça às famílias tradicionais e conservadoras da época. Segundo, a partir da influência da segunda onda, as mulheres passaram a protagonizar movimentos, através de associações de bairros que protestavam contra o aumento do preço de alimentos, ou de comitês que defendiam a anistia aos presos políticos.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Parabéns pelo excelente trabalho, Aletheia! É muito importante reforçarmos o papel que as mulheres tiveram em todos os períodos históricos e como tentam nos apagar. Gostaria de saber se podemos dizer que os métodos de tortura eram mais severos às mulheres, além de estarem se opondo à ordem instituída, mas também pelo “papel social” que eles deveriam desempenhar?

    Talita Samara Oliveira Mesquita

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado21 de maio de 2020 às 01:31

      Oi Talita Samara, boa noite! Muito obrigada pelas considerações sobre o trabalho que desenvolvi. Concordo com você, é muito importante reforçar os diversos papeis que as mulheres exerceram ao longo da história. Respondendo a sua pergunta, sim, havia uma espécie de dupla punição nas torturas direcionadas às mulheres. Primeiro, como você citou, elas eram uma ameaça ao sistema e, portanto, deveriam ser punidas. Segundo, esses atos de tortura, muito além da brutal violência física, eram acompanhados de um simbolismo cruel. A presença do insulto e da humilhação tinha, o objetivo de mostrar o desprezo à militância feminina e revolucionária, pelo fato de ser mulher, ou seja, merecem todo tipo de tortura porque extrapolaram o papel de mulher.

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  8. A escritora feminista Kate Millett em sua marcante obra da segunda onda do feminismo intitulada “Política Sexual” nos atenta a uma cultura de cortesia masculina em no que diz respeito ao tratamento às mulheres norte americanas, em seguida a coloca em contradição, uma vez que a força de trabalho feminina, por ser mais barata, fazia as mulheres terem uma certa preferência dos industriais, fazendo essas mulheres desempenharem as mesmas ou piores funções que os homens desempenhavam. Somente a mulher branca da alta sociedade se enquadrava nesse modo cortês de tratamento. Nesse sentido, e considerando a tortura como a linguagem usada pelos militares para com os grupos contrários ao regime e a mulher em específico era vítima de abusos sexuais e psicológicos, pode-se transportar a análise de Millett para o plano brasileiro no período em questão?

    Caio Cesar Honório Moreira

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado21 de maio de 2020 às 22:55

      Boa noite, Caio César! Muito obrigada pela leitura do trabalho e por proporcionar esse momento de discussão. Penso que é possível usarmos as análises de Millet para compreendermos as variadas formas de tratamento empregadas pelos militares às mulheres ao longo do período ditatorial brasileiro. Assim, a cortesia recaía àquelas que se enquadrassem no modelo de sociedade adotado pelo regime, ou seja, as que assumiam os estereótipos de esposas, passivas e ordeiras. Já as mulheres que se colocavam publicamente contra a cultura opressora do regime sofriam a repressão. De acordo com a Professora de Filosofia da UFRJ, Carla Rodrigues, há sempre um interesse de controle Estatal sobre os corpos. O corpo da mulher é o alvo principal do biopoder, que serve para constranger e humilhar. Assim, grande parte das torturas direcionadas às mulheres durante a Ditadura Civil Militar Brasileira eram acompanhadas de abusos sexuais. Como afirma, Glenda Mezarobba, no documentário “Ditadura Militar e Violência Sexual”, as mulheres torturadas descreviam que recebiam choques nos mamilos e genitais, eram obrigadas a se despirem no momento da prisão. Havia todo um aparato de “ataque a honra feminina” por assim dizer. Essas mulheres deveriam ser punidas pois quebravam a hierarquia “natural” do masculino sobre o feminino.

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  9. Olá Alethéia! Parabéns pelo texto, adorei lê-lo e adorei a discussão que trouxe sobre a atuação feminina nesse período. Como você disse, por meio do estudo de gênero podemos perceber a intensa participação das mulheres na luta contra poder exercido pelos militares e sua opressão. Assim, também estando presentes na Guerrilha do Araguaia. Portanto, gostaria de saber se você fez algum estudo aprofundado, ou pode comentar sobre a atuação das mulheres na Guerrilha, visto que na naquele período o machismo era muito mais forte que atualmente.

    Obrigada!
    Mirielen Machado Rodrigues

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado21 de maio de 2020 às 22:57

      Olá Mirielen, boa noite! Muito obrigada pelas considerações feitas ao texto que escrevi! Mirielen, essa pesquisa desenvolvi como trabalho de conclusão da disciplina História e Gênero que cursei no mestrado. Tentei abordar a participação feminina em alguns momentos da Ditadura Civil Militar no Brasil a partir de algumas provocações, porém o trabalho carece de grande aprofundamento, sobretudo, ao que se refere à Guerrilha do Araguaia. No artigo explico que as mulheres que compunham a Guerrilha dedicavam-se a tarefas variadas em seus destacamentos e que os postos de comando geralmente ficavam a cargo dos homens. Observa-se que mesmo entre os grupos revolucionários havia a permanência do pensamento que a ordem “natural” da sociedade era o comando masculino. A luta de classes estava acima da luta pela igualdade de gênero. Trazendo a questão para o hoje, acredito que mesmo após cinquenta anos, houve poucas transformações em relação ao machismo porque os espaços de poder que as mulheres ocupam na atualidade ainda são muito pequenos.

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  10. Primeiramente, parabéns pelo artigo, Alethéia!
    É essencial que se trabalhem as questões de gênero, que foram deixadas em segundo plano por tanto tempo. É hora de efetuar esse resgate histórico para que possamos ter consciência do que isto implica nos conflitos atuais, também.
    A união das mulheres, nos seus movimentos de articulação e resistência, desempenharam um papel fundamental na luta contra o Regime Militar, união esta que também foi de extrema importância no período de redemocratização. Por isso, meu questionamento é a respeito da articulação feminina na superação da ditadura. Considerando o movimento de mulheres, de luta e resistência, que no decorrer deste período foi adquirindo maior visibilidade e força, adquirindo uma organização política e também efetiva participação no processo de construção da Constituição Federal, símbolo de superação do período ditatorial, como você enxerga o desenvolvimento do movimento de mulheres para essa reconstrução democrática?

    Marina Broch

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado21 de maio de 2020 às 22:59

      Muito boa noite, Marina! Obrigada pelas considerações acerca do artigo e por colaborar para ampliação desse debate. Achei sua pergunta fabulosa. Acredito que a influência da segunda onda do feminismo assim como a necessidade do agrupamento de novos atores na luta contra a Ditadura Civil Militar colaboraram em muito para o surgimento de grupos majoritariamente protagonizados por mulheres. As bandeiras de lutas foram variadas, defesa da Lei da Anistia, mulheres das classes populares que passaram a enfrentar o poder público e reivindicaram moradias, escolas, creches, postos de saúde, houve a mobilização de camponesas para criação de sindicatos rurais. Enfim, todas essas ações foram essenciais para a reconstrução democrática e refletiram-se no texto constitucional de 1988. Texto esse que garantiu a isonomia jurídica entre homens e mulheres; proibiu a discriminação no mercado de trabalho; permitiu o direito das presidiárias de amamentarem seus filhos; coibiu a violência doméstica, entre outras coisas. Porém, apesar dessas conquistas, precisamos ampliar em muito nossa representatividade política e fazer valer o texto constitucional.

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  11. Olá, boa noite. Ao ler o texto é possível notar que a mulher em tempos da ditadura militar fora um alvo para governos autoritários, com opressões e torturas, algo que sempre ficará marcado em nossa história. Assim passado esse tempo de dominação masculina, nos tempos atuais podemos perceber que mesmo com grande avanço em direitos femininos vivemos em uma sociedade infelizmente machista, então pergunto: Mesmo não podendo estabelecer um grande paralelo entre a época da ditadura e a época atual é possível dizer que nós, mulheres ainda estamos sob um "lençol ditatorial", sofrendo com a censura, opressão e violência masculina? A violência mesmo que não seja pelo ato de tortura da época da Ditadura, mas sim pelo número de casos crescente de feminicídio e violência doméstica. A censura e opressão vinda de diversos modos que conhecemos, em grande parte do lado masculino.
    Agradeço a leitura,
    Nathalia de Campos Silveira.

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado21 de maio de 2020 às 23:02

      Oi Nathália, boa tarde! Muito obrigada por ler esse artigo e contribuir para o seu debate. Achei suas considerações muito pertinentes! Sem dúvida, vivemos em uma espécie de ditadura de costumes em que ainda é difícil nos desvencilharmos de um emaranhado de construções sociais que sempre favoreceram a figura masculina. A ideia da mulher como “propriedade” do homem, extremamente presente ainda em nossos dias, gera como você falou, o feminicídio, a violência doméstica, a opressão. Portanto, as ações pedagógicas para dar visibilidade e voz às mulheres são fundamentais para transformação social.

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  12. Olá, Alethéia Paula!

    Gostaria de lhes parabenizar pelo trabalho. Sua discussão é extremamente importante e a forma didática com que você aborda o tema contribui para um melhor entendimento.
    Uma coisa interessante no contexto da ditadura civil-militar no Brasil é a organização do movimento homossexual, o qual viria a se constituir, mais tarde, como Movimento LGBT. Dentre sua organização muito será discutido sobre quais pautas abordar, vindo a perceberem uma pluralidade de marcadores sociais. Cisões ocorrem visando melhor pautar aquilo que mais lhe atende, como é o caso das lésbicas que possuem diferenças nas pautas quando colocadas ao lado dos homossexuais masculinos. Haverá, também, divergências entre movimento (s) feminista (s) sobre abraçar, ou não, as lésbicas em virtude dessas discrepâncias de pauta e, também, de perspectivas de lutas que seriam priorizadas em virtudes de outras, como você ressaltou.
    Tem um trabalho muito bom escrito pela Marisa Fernandes, “Lésbicas e a ditadura militar”, em que ela fala dessas mulheres e suas ações frente ao regime. Inclusive ela cita a existência de um grupo chamado “Lésbico Feminista”, apesar disso, ela também discorre sobre um grupo de mulheres feministas que sobrepunham a luta de classes, alegando que pensar sobre especificidades das mulheres não interessava à revolução.
    Dentro de sua pesquisa, gostaria de saber: você encontrou menções as lésbicas dentro da “segunda onda” do feminismo? E na Guerrilha de Araguaia?

    Bruno Silva de Oliveira

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado21 de maio de 2020 às 23:04

      Oi Bruno, muito boa noite! Obrigada pela leitura do artigo e por suas contribuições nesse debate. Bruno, essa pesquisa desenvolvi como trabalho de conclusão da disciplina História e Gênero que cursei no mestrado. Tentei abordar a participação feminina em alguns momentos da Ditadura Civil Militar no Brasil a partir de algumas provocações, porém o trabalho carece de grande aprofundamento, sobretudo, ao que se refere à Guerrilha do Araguaia. Desse modo, não posso responder acerca de menções às lésbicas na Guerrilha do Araguaia, desconheço trabalhos sobre o tema e acredito que possa ser um bom objeto de pesquisa. Já com relação a representatividade lésbica na segunda onda do feminismo, penso que suas observações sejam corretas. A segunda onda trouxe ao movimento feminista uma discussão que perdura até o momento a pluralidade de pautas. Não é possível atribuir à mulher uma categoria universal, ao falarmos de direitos femininos no Brasil, precisamos compreender as questões étnicas, demandas referentes as mulheres negras, as indígenas, questões sociais, a mulher da periferia, as mulheres que vivem em áreas rurais. Temos as mulheres lésbicas, as trans. Todas precisam estar contempladas nesse debate e a dúvida é essa, como buscar uma unidade diante de todas as especificidades que precisam ser trabalhadas?

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    2. Olá, Alethéia Paula.

      Obrigado pelos esclarecimentos e questionamentos.

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  13. Boa noite, Alethéia!
    Muito obrigado por este texto absolutamente necessário.
    Diante da tua exposição, poderíamos afirmar que o poder capitalista, expresso na sustentação da ditadura civil-militar, tem a misoginia como eixo central? E, nessa lógica, o patriarcado seria a versão de gênero do capitalismo?

    Guilherme José Schons
    História - UFFS - Campus Erechim

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado21 de maio de 2020 às 23:07

      Oi Guilherme, boa noite! Muito obrigada por ler o texto e propor o debate. Guilherme, não vejo a misoginia como uma característica central apenas do sistema capitalista. Independente do sistema socioeconômico, há uma construção histórica pretensamente natural que sobrepõe o papel do homem ao da mulher.

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  14. Boa tarde, Alethéia.

    Gostei muito do seu texto. Gostaria de saber em quais fontes vc achou informações sobre Jane e as outras mulheres que foram citadas. Os filmes que foram mencionados acima, os livros, ou teve outra fonte? Faço essa pergunta porque o meu TCC da graduação pesquisei sobre o Movimento Feminino pela Anistia em Salvador, e achei nomes de mulheres soteropolitanas (a maioria) em dois jornais. Grata. Erine Estevam de Santana

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado21 de maio de 2020 às 23:11

      Oi Erine, boa noite! Muito obrigada por ler meu texto e fazer questionamentos sobre ele. Respondendo sua questão, uma boa fonte sobre algumas mulheres citadas no artigo é “Direito à memória e à verdade: luta substantivo feminino - MERLINO, Tatiana; OJEDA, Igor (ORGs)”. Especificamente sobre a Jane Vanini há um excelente trabalho produzido aqui em Mato Grosso, “As Missivas de Jane Vanini e as disputas pela memória de Kátia Gomes da Silva.” Acredito que as outras referencias que citei também podem ser úteis para você.

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  15. Olá, Alethéia Paula!

    Primeiramente parabéns pelo excelente texto. Sua discussão é inegavelmente necessária.
    Durante o período da ditadura houve um forte debate, que acompanhou o movimento feminista, sobre, se as mulheres deveriam atuar na luta geral contra a ditadura ou na luta específica pelos direitos das mulheres ou mesmo nas duas juntas. Desta forma eu posso afirmar que a partir daí foram surgindo várias correntes de pensamentos feministas, por conta de análises diferentes do patriarcado e da sociedade como um todo?

    Obrigada.
    Raiza Aparecida da Silva Favaro

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado21 de maio de 2020 às 23:14

      Oi Raiza, boa noite e muito obrigada pelas considerações feitas ao artigo que produzi. Penso que sim, paralelo a luta pelo fim da Ditadura, havia o desafio da busca pelos direitos das mulheres. Porém, era (e ainda é) necessário entender a pluralidade presente dentro do movimento feminista. Não há a categoria de mulher universal. A quais mulheres o movimento precisa representar? Negras? Camponesas? Moradoras das periferias? Indígenas? Homossexuais? Transexuais? Acredito que sejam todas. O movimento feminista, que se desenvolveu em plena Ditadura Militar, no Brasil chega ao século XXI com a tarefa de promover a representatividade das diversas mulheres que ele integra.

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  16. Através da sua pesquisa, foi/é possível mapear a que classes sociais pertenciam as mulheres que faziam resistência à ditadura civil militar no Brasil?
    Existem muitas produções sobre mulheres negras, mulheres trabalhadoras etc mas pouquissimas pesquisas sobre mulheres da elite, como se estas fossem uma sombra dos homens da elite. Encontrou algo relacionado a isso?

    Janaina Jaskiu

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado22 de maio de 2020 às 09:57

      Oi Janaína, bom dia! Obrigada pela leitura do artigo e por suas contribuições nesse debate. Janaína, essa pesquisa desenvolvi como trabalho de conclusão da disciplina História e Gênero que cursei no mestrado. Tentei abordar a participação feminina em alguns momentos da Ditadura Civil Militar no Brasil a partir de algumas provocações, porém, acredito que o trabalho carece de grande aprofundamento. Uma das temáticas que não citei foi justamente sobre as mulheres da elite. Achei bem interessante sua observação e auxilia muitíssimo a produção de novas pesquisas.

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  17. Este comentário foi removido pelo autor.

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  18. Parabéns pelo otimo texto.
    Pude perceber que mesmo entre os militantes havia uma forma de opressão em relação às mulheres,quando notamos que elas não exerciam muitos postos de comando. Você acha que os próprios militantes eram machistas e duminuiam as mulheres?

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado22 de maio de 2020 às 09:59

      Bom dia! Obrigada pelas considerações sobre o texto. Não creio que chegassem a diminuir as mulheres, mas havia observa-se que mesmo entre os grupos revolucionários havia a permanência do pensamento que a ordem “natural” da sociedade era o comando masculino. A luta de classes estava acima da luta pela igualdade de gênero

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  19. Cara Alethéia, boa tarde!

    Primeiramente parabéns pelo texto, segundo, gostaria de saber qual sua visão acerca das definições, diferenças e aproximações sobre a luta feminista e luta de mulheres no período da ditadura civil militar brasileira ora vista que a categoria de mulheres não pode ser entendido como universal e diversas autoras que retratam o período afirma que nem todas as mulheres que lutaram conta a ditadura eram ditas ou se enxergavam como "feministas".

    atenciosamente
    Alessandro Lopes Campelo

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado22 de maio de 2020 às 10:01

      Oi, boa noite! Muito obrigada por ter lido o texto e por suas considerações sobre ele. Verdade, apesar da segunda onda do movimento feminista ganhar força durante a Ditadura Civil Militar, muitas mulheres que lutaram contra a Ditadura não se enxergavam como feministas. Primeiro porque havia diversos estereótipos que eram utilizados no sentido de diminuir as integrantes de grupos feministas, fazendo com que muitas mulheres não quisessem ter suas ações ligadas ao movimento. Havia ainda, coletivos femininos ligados a outras associações, como comunidades de base lideradas pela Igreja Católica, lideranças de sindicatos, sobretudo sindicatos rurais, donas de casa que lutavam contra o aumento do custo de vida, mulheres ligadas à famílias de presos políticos que lutavam pela sua libertação, etc. Como você muito bem colocou, essas ações provam que a categoria de mulheres não pode ser entendida como universal.

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  20. Boa noite! Primeiramente, gostaria de parabenizá-la pela pesquisa, é muito interessante.
    Então, o espaço de poder era reservado aos homens, porém, algumas mulheres conseguiram um lugar de protagonismo, como a Jane Vanini. Na sua opinião, você acha que existia uma rivalidade entre as mulheres para ocupar essa posição de destaque?

    Eduarda Andréia Kerkhoff.

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado22 de maio de 2020 às 10:03

      Oi Eduarda, bom dia! Muito obrigada por ter lido o texto e as considerações que promoveu. Respondendo sua questão, creio que as mulheres estavam engajadas em uma “luta maior”, que era promover o fim de regimes militares. No caso da Jane, tanto aqui no Brasil, quanto no Chile. Além disso, havia a questão da sobrevivência, para tanto era necessário seguir regras e obedecer hierarquias em suas organizações para atingir os objetivos propostos e manterem-se vivas.

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  21. Maria Aparecida Viana

    Texto muito bem escrito e esclarecedor! A "Mulher" apesar de receber o título de sexo frágil,quando é para lutar por seus direitos e direitos de igualdade como por exemplo, salários iguais tanto para o homem quanto para a mulher,já que desempenham papéis,ela deixa esse título de lado e vai a luta por seus direitos como aconteceu na época da ditadura em que as mulheres lideraram tantos movimentos,mas mesmo assim elas ainda são tratatadas com inferioridade com relação aos homens que acreditam ser seus donos,um bom tempo já se passou em relação a ditadura militar e isso não muda,o que mais a mulher precisa fazer para ter seu lugar de direito reconhecido na sociedade?

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado22 de maio de 2020 às 11:19

      OI Maria! Bom Dia! Muito obrigada por ter lido o texto e por suas considerações sobre ele. Sim, mesmo com séculos de luta ainda não chegamos à igualdade de direitos entre homens e mulheres. E a situação ainda piora quando nos referimos às mulheres negras, por exemplo, que no Brasil são as que recebem os menores salários. Vemos que há uma permanência de um pensamento arraigado de dominação masculina. Para muitos homens, a mulher é um bem, sua propriedade. Tal postura culmina nos alarmantes números de feminicídio que presenciamos todos os dias. Acredito no poder do conhecimento , portanto, as pesquisas no campo da história e gênero são essenciais, assim como também é essencial a organização feminina nos mais variados espaços que ocupam em defesa dos nossos interesses.

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  22. Andréia de Arruda Machado21 de maio de 2020 às 15:14

    Parabéns pelo seu texto, muito pertinente diante da realidade que vivenciamos. Gostaria de saber se você tem algum material relacionado ao tema, que seja viável trabalhar com alunos do ensino médio. Já que estamos presenciando muita violência contra as mulheres atualmente, acredito que seja um bom momento para debater em sala de aula, pois, mesmo diante de toda tortura sofrida pela população na ditadura, principalmente contra as mulheres, nos deparamos com jovens que defendem a intervenção militar.
    Desde já agradeço se tiver sugestões.

    Ass: Andréia de Arruda Machado

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado22 de maio de 2020 às 11:24

      OI Andréia, bom dia! Muito obrigada pelas considerações feitas ao meu trabalho. Verdade, compartilho da mesma realidade que você. Sou professora de História no ensino fundamental e vejo que há entre muitos estudantes (assim como em grande parte da população brasileira, infelizmente) um movimento de negação e relativização do passado, algo desolador para nós, docentes. Andreia, tenho material que geralmente trabalho com alunos dos nonos anos. Creio que com algumas adaptações se apliquem ao ensino médio. Se você tiver interesse, meu e-mail é paula_prado7@hotmail.com. Entre em contato. Será um prazer compartilhar!

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  23. Maria Vitória Barbosa Santos21 de maio de 2020 às 20:45

    Excelente texto e abordagem, parabéns! Diante dos fatos apresentados, é possível afirmar que as pessoas atualmente apoiam o governo atual, apoiam a volta da ditadura e também a intervenção militar por não estarem informadas a respeito do assunto? Em relação as mulheres da época, é possível afirmar que as mesmas sentiam desejo para liderar partidos e chegarem ao poder do Estado para lutar por suas causas sociais?


    Att: Maria Vitória Barbosa Santos

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado22 de maio de 2020 às 11:26

      Oi Maria Vitória, bom dia! Muito obrigada por suas considerações a respeito do artigo. Sobre a sua primeira questão, bastante pertinente ao momento presente, por sinal, posso responder que o grupo vitorioso que agora está no poder criou uma narrativa onde o autoritarismo é visto como solução e não como um problema. O que vivemos hoje é um estado de desinformação, de negação. Atravessamos uma pandemia, com um número avassalador de mortos e o Estado brasileiro faz questão de minimizá-la ou até negá-la! Se o presente sofre esse tratamento, imagina o passado, não é? Sobre a segunda questão, também muito relevante, não posso trazer as respostas porque a pesquisa não chegou até esse objeto. Mas a achei formidável e vale sim fazer um estudo de casos.

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  24. Obrigada por compartilhar esse texto magnífico, em tempos que fatos vergonhosos do passado como a ditadura militar chega ser negada,e até reivindicada bem como o AI5 é louvável que a história faça seu papel de mostrar as "verdades" do passado. Como você vê o fato de muitas mulheres hoje,em pleno 2020 desacreditarem fatos tão dolorosos e repugnantes como os praticados pela ditadura militar,alguns retratados inclusive em documentários disponíveis a quem tiver interesse na internet, fatos inquestionáveis, que são colocados em xeque e postos como questionáveis ou mentirosos por mulheres que em redes sociais e até nas ruas pedem a volta da ditadura,seria esse um reflexo da falta de compreensão histórica?

    Lilian Daiane Both

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado22 de maio de 2020 às 11:28

      Oi Lilian, bom dia! Muito obrigada pelas considerações acerca do artigo. O seu questionamento é bem parecido com o da Maria Vitoria, que escreveu logo acima. Assim como vocês, eu me pergunto todos os dias como as pessoas chegaram a esse ponto de total incompreensão do passado e como muitas mulheres são capazes de apoiar um governo que é claramente misógino e que já teceu tantos comentários depreciativos sobre nós? De fato, isso é algo que demanda muita reflexão. Vivemos tempos de “pós-verdades” e estamos diante de um grupo político que se cercou de um aparato de “falsas verdades” para chegar ao poder e agora é mantido no poder, muito por conta dessa estratégia de manipulação através de notícias falsas que ganham, infelizmente, credibilidade de setores da população. Complemento a resposta, usando um pouco da resposta que passei à Maria Vitória. O grupo vitorioso que agora está no poder criou uma narrativa onde o autoritarismo é visto como solução e não como um problema. O que vivemos hoje é um estado de desinformação, de negação. Atravessamos uma pandemia, com um número avassalador de mortos e o Estado brasileiro faz questão de minimizá-la ou até negá-la! Se o presente sofre esse tratamento, imagina o passado, não é? Triste situação a nossa, para dizer o mínimo.

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  25. Parabéns pela pesquisa e texto, realmente é indiscutível que a popularização dos movimentos feministas tidos como "segunda onda do feminismo" ocorreram aqui no Brasil na mesma época da ditadura e temos as duas faces da mesma moeda, a primeira é de que mesmo com a pressão da ditadura, as mulheres conseguiram contorcer os limites e lutar por direitos e fazer oposição à ditadura; por outro lado, será que a ditadura não abafou a luta feminista fazendo assim com que seus efeitos fossem adiados? ou seja, será que os 21 anos de ditadura não atrapalharam o avanço do movimento feminista no Brasil?

    Novamente a parabenizo, é uma pesquisa maravilhosa!

    Vitória Amaral Marques

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    1. Alethéia Paula Lapas Prado22 de maio de 2020 às 11:30

      Oi Vitória, bom dia! Muito obrigada por ter lido o artigo e por suas considerações sobre ele. Concordo totalmente com você. A Ditadura, apesar de grande resistência por parte de muitas mulheres, serviu para atrasar ou adiar várias pautas do movimento feminista. Observa-se que a medida em que os meios de redemocratização começaram a ser fomentados, entre o final da década de 1970 e início dos anos de 1980, principalmente com abrandamento da censura o movimento pode avançar com mais liberdade.

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