LUGARES DE DOMINAÇÃO LUGARES DE OPRESSÃO: QUESTÕES SOBRE A PRESENÇA DAS MULHERES NAS CIÊNCIAS
São muitos os lugares que mostram as
desigualdades de gênero, a invisibilidade das mulheres, e a reprodução dos
estereótipos de feminino e masculino. As instituições de ensino e pesquisa
constituem espaço privilegiado para o estudo de das questões de gênero. De um
lado, são espaço de produção científica em que ocorrem as mais significativas
produções críticas sobre as desigualdades de gênero, por outro, espaço em que
se dão práticas culturais as que predominam em toda sociedade, e ações
corroboram para a naturalização das relações de dominação e opressão de gênero.
“Lugares de dominação lugares de opressão:
questões sobre a presença das mulheres nas ciências”, se propõe apresentar
considerações a partir de um estudo sobre desenvolvimento e gênero, que estamos
realizando, em um estágio pós-doutoral. Pesquisa que parte um trabalho mais amplo
há anos em desenvolvimento no Projeto Memória da Ciência e Tecnologia em
Campina Grande (Projeto Memória).
Nas ações que coordenamos para a formação em
iniciação científica de nossos alunos de graduação em História têm sido
recorrentes as questões que buscam compreender as desigualdades de gênero nas
ciências e tecnologias.
A proposta desta comunicação foi motivada por
questões da pesquisa do Projeto Memória sobre a presença das mulheres, sejam na
condição de professoras, seja como alunas dos cursos das ciências exatas e das
engenharias, matemática, física, engenharia mecânica, engenharia elétrica,
engenharia de minas etc., ou seja, cursos cultural e tradicionalmente tidos
como masculinos. Inicialmente chama a atenção a pouca quantidade de mulheres nos
cursos de ciências exatas e engenharias, cuja discussão foi nessa temática foi
inicialmente promovida pelo estudo de Fanny Tabak (2000) ao investigar a
existência e predomínio de situações de desigualdade de gênero no interior das
universidades brasileiras.
É inegável que as mulheres obtiveram
conquistas sociais e políticas históricas, principalmente a partir da década de
sessenta do século vinte. Mas, não obstante as conquistas de direitos ainda
existem muitas desigualdades sociais, políticas e econômicas entre os homens e
mulheres.
No ensino superior e especialmente nas
universidades públicas brasileiras, estruturadas na visão da indissociabilidade
do ensino, pesquisa e extensão, espaço de produção cientifica, em que há de se
esperar igualdade na importância e reconhecimento do trabalho de homens e
mulheres, constata-se que se mantêm desigualdades de gênero. No tocante ao
ensino superior, assunto mais relacionado ao tema desta comunicação, o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicou em 2018, dados
sobre estatísticas de gênero no Brasil. Nesse estudo, o IBGE informa que:
“A maior diferença percentual por sexo
encontra-se no nível “superior completo”, especialmente entre as pessoas da
faixa etária mais jovem, de 25 a 44 anos de idade, em que o percentual de
homens que completou a graduação foi de 15,6%, enquanto o de mulheres atingiu
21,5%, indicador 37,9% superior ao dos homens”. (IBGE, 2018).
Mas, se as mulheres têm conseguido em maior
quantidade que os homens concluir o ensino superior, quando observamos os dados
de mulheres atuando no magistério superior seja como docentes, seja como
pesquisadoras e cientistas, chamam a atenção as disparidades. Em matéria
publicada no Jornal da USP (2018), “Desequilíbrio de gênero afeta mulheres
cientistas no Brasil”, a pesquisadora Jaroslava Valentova, apresenta os dados
organizados a partir da coleta da base do Diretório dos Grupos de Pesquisa do
CNPq. Essa pesquisadora, constatou que:
“Os números de
pesquisadores financiados com a chamada Bolsa de Produtividade
em Pesquisa por área foram coletados no Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) entre os anos de 2013 e 2014. Também foi
verificada a proporção, no período, de membros na Academia Brasileira de
Ciências (ABC), por sexo e por área”. (Jornal da USP, 1/01/2018).
“A área mais discrepante foi a de
“Engenharia, Ciências Exatas e da Terra”. Não houve nenhuma das sub-áreas deste
grupo em que a mulher foi melhor representada. Em engenharia elétrica, por
exemplo, o número de mulheres inseridas no setor foi de 13 para 269 homens; em
engenharia civil e engenharia biomédica, a proporção foi de 56 para 210 e de 4
para 60, respectivamente. A segregação não ficou somente nas engenharias. Em
física e matemática, o número de mulher também foi infinitamente menor: 101
mulheres para 806 homens, na primeira categoria, e de 29 para 271 na a
segunda”. (Jornal da USP, 1/01/2018).
São muitos os artigos e estatísticas que
mostram as disparidades de gênero na ciência no Brasil e no mundo. Em nossa
pesquisa sobre a presença das mulheres no magistério superior na Universidade
Federal de Campina Grande (UFCG), constatamos o seguinte quadro:
No quadro acima chama-nos a atenção as
disparidades entre a quantidade de homens e mulheres no Centro de Engenharia
Elétrica e Informática, com apenas 11% de mulheres (quatro engenheiras
eletricistas e sete cientistas da computação), seguia pela pouca presença de
mulheres no Centro de Ciência e Tecnologias, que oferece cursos na área de
Ciências Exatas e da Terra (Física, Matemática, Estatística) e as Engenharias
(Mecânica, Química, Petróleo, Produção, Materiais). Dados que organizamos em um
gráfico com as grandes áreas de conhecimento, conforme classificação do CNPq,
que mostramos a seguir:
Quadro – Presença de gênero por grande área
de conhecimento
No tocante às diferenças na distribuição de
homens e mulheres nas áreas acima, muito provavelmente os percentuais
referentes a UFCG são muito próximos aos encontrados nessas mesmas áreas em
outras universidades públicas brasileiras.
Nesse sentido, como compreender a pequena
quantidade de mulheres nas engenharias, principalmente as que têm subáreas de
especialização teoricamente relacionadas ou que requerem maior força física?
Como exemplo especialidades dentro da engenharia Mecânica e engenharia de
Minas. Por que tão grande desproporção de gênero na distribuição de bolsas de
Produtividade em Pesquisa, nas lideranças de Grupos de Pesquisa, na autoria
principal de artigos científicos, na ministração de conferências e palestras?
Por que tão reduzida quantidade de mulheres Diretoras de Centro ou Institutos,
Pró-Reitoras, Reitoras?
Constata-se que as instituições públicas de
ensino superior cumprem a legislação que garante a igualdade de salários no serviço
público segundo o cargo, função e titulação, independentemente do gênero. Mas,
mantêm as desigualdades de gênero em outros níveis das atividades acadêmicas e
de gestão político administrativa. Por que aceitar como natural que uma
instituição de ensino superior que deve ser, por essência, questionadora e
crítica, mantêm relações de poder que colocam as mulheres em desigualdade de
gênero? Que práticas evidenciam a cultura de desigualdade de gênero na
universidade? Como poderiam ser modificadas essas práticas culturais? Quais
consequências sociais e econômicas das desigualdades de gênero? São questões
que estão no cerne desta proposta.
Como é do conhecimento da comunidade
científica, a análise de dados não é destituída do lugar de fala, concepção de
sociedade e visão de mundo do pesquisador ou pesquisadora. Nesse sentido,
buscamos referências e contribuições que problematizam e refletem as questões
de gênero na perspectiva teórica histórica e filosófica da desconstrução dos
discursos e narrativas que naturalizam as desigualdades de gênero. Para esta
análise estamos privilegiando as contribuições de autoras mulheres –
historiadoras, antropólogas, sociólogas, cientistas políticas, e filósofas,
destacando-se Joan Scott, Mariza Corrêa, Maria Margaret Lopes e Luce Irigaray.
A escolha por uma bibliografia produzida majoritariamente por mulheres tem
também um propósito de valorizar o gênero feminino.
O pensador Sigmund Freud, fundador da
psicanálise, afirmou em conferência que proferiu, entre 1932 e 1936, sobre o tema
Feminilidade, que “o menino, ao descobrir a menina, a descobre portadora de uma
falta [o pênis], isto é, como desigual e não como diferente, como inferior e
não como complementar.” (CORRÊA, 2018, p.9), (grifos meus).
Segundo Luce Irigaray, filósofa, linguista,
psicanalista e feminista belga, a “concepção de feminilidade” de Freud, teria
contribuído para fortalecer ainda mais as práticas culturais da desigualdade de
gênero, uma vez que Freud teria se pautado em:
“um determinismo biológico a partir da qual a
mulher é inferiorizada, e seu sexo não tem valor. A distinção anatômica entre
os sexos explicaria a diferença na economia psíquica, sendo só o sexo do homem
capaz de representação.” (COSSI, 2015).
Mas a verdade cientifica estabelecida pelos
pressupostos deterministas de superioridade biológica do sexo masculino sobre o
feminino, também fundamentado, na biologia, uma ciência exata (diferentemente
das supostas especulações e abstrações psicanalistas), partira de um
pressuposto, apresentado como “neutro”. Um pressuposto que justificava,
fundamentado em estudos e experiências de laboratórios, que a ciência mostrava
a diferença entre homens e mulheres como uma questão genética, daí a
compreensão da desigualdade.
A desigualdade seria a consequência natural
da diferença biológica. Um argumento de autoridade argumentado a partir das
ciências naturais cujos conhecimentos produzidos possuíam uma “autoridade
inigualável nas culturas ocidentais dos últimos séculos.” (LOPES, 2006, 37).
Desigualdade também naturalizada por visão de ciência ainda “pautada no
discurso Mertoniano que caracteriza o sistema cientifico como meritocrático e
neutro.” (LIMA; COSTA, 2016).
É possível afirmar que as ciências seriam um
lugar tão masculino e androcêntrico que não teria sequer cogitado a
possibilidade de ser ocupado por mulheres? Para Londa Schienbinger, “[...] a
promoção das ações de inclusão são constituídas em uma arquitetura concebida
para excluir o feminino, uma vez que a ciência [...] foi constituída em valores
centrados no masculino” (SCHIENBINGER apud LIMA; COSTA, 2016).
Essa é uma das questões mostradas no estudo
“Qual foi o impacto do feminismo na ciência?”, de Evelyn Fox Keller (2006), no
qual apresenta aos leitores as principais ideias e buscas de confirmação científica
da superioridade dos homens sobre as mulheres desde a “A Origem das Espécies”
(1859), passando pela “A descendência do homem e seleção em relação ao sexo”
(1871) chegando aos “efeitos modernos” dos avanços nos estudos da biologia
evolutiva e na ecologia, a partir de 1970, “quando os biólogos perceberam que
havia mais coisas na seleção sexual”, ou seja, mais de um século após Charles
Darwin.
Segundo Margaret Lopes (2006), “os termos
conjugados gênero e ciência aparecem pela primeira vez em 1978, como título de
um artigo em que Evelyn Fox Keller (1978)”. Nesse artigo, Keller identifica que
existe:
“[...] uma “associação historicamente
onipresente” entre masculino e objetivo, caracterizada por ter simultaneamente
um “ar de auto-evidente” no âmbito do conhecimento comum e por “não ter
sentido” no âmbito do conhecimento cientifico. O silêncio virtual sobre o tema
lhe sugeria que a associação entre masculinidade e pensamento cientifico
possuía status de um mito que ou não podia ou não devia ser investigado a
sério, uma vez que entrava em conflito com nossa imagem de ciência sexual e
emocionalmente neutra. (KELLER, apud LOPES, 2006, p.40).”
Ou seja, Keller identifica construções
discursivas que estabelecem padrões de masculinidades e feminilidades que reproduzem
não diferenças, mas desigualdades.
Ao refletir sobre diferenças e desigualdades
de gênero, Luce Irigaray (2002) ressalta: “a mulher deve aprender a entrar em
relação com o homem como outro, um outro diferente, mas não hierarquicamente
superior ou inferior”. Colocar-se na relação social segundo essa forma de
compreender a questão de gênero, “representa também o gesto capaz de sustentar
o conhecimento de todas as outras formas de outros, sem hierarquia, privilégio
nem autoridade sobre eles: que se trate de raças, idades, culturas, religiões”.
É pertinente ressaltar que todo tema que se
relaciona com gênero já enfrenta de imediato o preconceito: “Isso é coisa de
feminista”. As pesquisadoras e pesquisadores do tema podem ser os mais
brilhantes e reconhecidos pela qualificação e competência acadêmica e
intelectual, mas parece sempre terem seus estudos resumidos a algum comentário
do tipo “que interessante!”. Porque “o envolvimento com as questões de gênero e
feministas ainda pode gerar preconceito entre os pares, uma vez que isso
representa um questionamento sobre o discurso hegemônico da ciência e
tecnologia. assim, pode dificultar parcerias e alianças.” (LIMA; COSTA, 2016,
p.15). Aspecto já observado em trabalho clássico Joan Scott sobre esse assunto:
[…] a reação da maioria dos(as)
historiadores(as) não feministas foi o reconhecimento da história das mulheres
para depois descartá-la ou colocá-la em um domínio separado (“as mulheres têm
uma história separada da dos homens, portanto, deixemos as feministas fazer a
história das mulheres, que nãos nos concerne necessariamente” ou “a historia
das mulheres Trata do sexo e da família e deveria ser feita separadamente da
história política e econômica”). (SCOTT, 1989, p.5).
Talvez essa subjetividade faça parte das
razões conscientes ou não conscientes do fato de no Brasil serem raros os
trabalhos de mulheres cientistas ou mulheres engenheiras se interessarem por
pesquisas sobre as questões de gênero em suas áreas de formação, segundo
trabalho citado de Betina Lima (2016). Uma implicação negativa ao conhecimento
desse enfoque dentro dos estudos de gênero é o de esse debate ter um impacto
ainda menor nas áreas das Ciências Exatas e da Terra e na área das Tecnologias.
Ou seja, não conseguir despertar o interesse por esses estudos nos cientistas
das ciências exatas e técnicos das engenharias, principalmente.
Cabe interrogar o porquê de as mulheres
cientistas e engenheiras no Brasil não pesquisarem sobre as questões de gênero
na ciência e tecnologia. E observar que existem estudos sobre essas áreas sendo
feito por mulheres cientistas dessas áreas. Por exemplo, as contribuições de
Evelyn Fox Keller, autora referência nos estudos de gênero nas ciências.
Refletindo sobre essas ausências, as sociólogas Betina Lima e Conceição Costa
sugerem que a quase ausência de estudos de <gênero, ciência e tecnologia>
por mulheres dessas áreas possa estar relacionado ao “não reconhecimento da
questão de gênero como fator estruturante da ciência e tecnologia” (2016,
p.15). Um fator não-consciente.
Lima e Costa também nos ajudam a compreender
as ressignificações de objetividade, segundo a área de formação. Diferentemente
das formações nas Ciências Humanas e nas Ciências Sociais Aplicadas, os/as
cientistas das chamadas ciências duras e da área tecnológica entendem o
conceito de objetividade como um valor atemporal e central no conhecimento
cientifico (2016, p.16). Uma compreensão que tende a desmerecer a contribuição
do conhecimento produzido pelas Ciências Humanas e Ciências Sociais Aplicadas.
Esperamos que as questões aqui apresentadas
possam motivar estudantes e pesquisadores de História à investigação e ao
debate sobre um problema tão importante e grave como o é o da desigualdade de
gênero. Entendemos que é preciso combater as visões que negam projetos
coletivos de mudança social norteada pela utopoia de um mundo melhor, menos
desigual, e menos injusto, um mundo com mais democracia, uma democracia mais
forte, que permita o empoderamento das mulheres e consiga construir as
condições para o respeito de gênero reivindicado pelas mulheres para todas as
esferas de suas vidas e lutas.
Referências
Dra. Rosilene Dias Montenegro é professora de
História do Brasil, e coordenadora do Projeto Memória da Ciência e Tecnologia,
na Universidade Federal de Campina Grande.
CORRÊA, Mariza. Cara, cor, corpo. Cadernos
Pagu. No. 54. 2018, pp. 01-13.
COSSI, Rafael Kalaf. Pensando a positivação
da feminilidade: Luce Irigaray e a psicanálise. Disponível em: <https://psibr.com.br/colunas/sexualidade-e-genero/daniela-smid/pensando-a-positivacao-da-feminilidade-luce-irigaray-e-a-psicanalise>.
Acesso em 10 Set. 2019.
IRIGARAY, Luce. A questão do outro. Labrys,
estudos feministas. No. 1-2, Jul/Dez. 2002. Disponível em:
<http://www.historiacultural.mpbnet.com.br/feminismo/irigaray1.pdf>.
Acesso em: 10 Set. 2019.
KELLER, Evelyn Fox. Qual foi o impacto do
feminismo na ciência? No. 27. Jul/Dez, 2006, pp. 13-34.
LIMA, Betina S; COSTA, Maria Conceição da.
Gênero, ciências e tecnologias: caminhos percorridos e novos desafios. Cadernos
Pagu. No. 48, 2016, pp.1-39
LOPES, Maria Margaret. Sobre convenções em
torno de argumentos de autoridade. Cadernos Pagu. No. 27. Jul/Dez, 2006, pp.
35-61.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil para
análise histórica. 1989, pp.5-35.
IBGE. Estatísticas de gênero: indicadores
sociais das mulheres no Brasil. (2018). Disponível em:
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101551_informativo.pdfAcesso
em: 4 Abr. 2020.
Jornal da USP. Desequilíbrio de gênero afeta
mulheres cientistas no Brasil. Disponível em:
https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/desequilibrio-de-genero-afeta-mulheres-cientistas-no-brasil/.
Acesso em: 4 Abr. 2020.
Bom tarde. Parabéns pela pesquisa. Gostaria de saber se a pesquisa verificou alguma política institucional na Universidade em que atua com o projeto Memória, para combater as desigualdades de gênero na instituição? Essa desigualdade está centrada nos cursos de engenharias/ exatas ou também está presente na estrutura de cargos ( e pro-reitorias)?
ResponderExcluirAtenciosamente: Georgiane Garabely Heil Vázquez
Oi Georgiane Vásquez, obrigada pela oportunidade de falar um pouco sobre minha pesquisa. As desigualdades estão em todos as áreas. Nas ciências exatas, são maiores as desigualdades na Física, Computação e Matemática, nessa sequência. Nas engenharias, a Eng. Elétrica tem mantido uma média de 7% de mulheres professoras; já a Eng. Mecânica em quase cinco décadas só teve 2 professoras engenheiras mecânicas; e a Eng. de Minas, que tem 44 anos de existência em nosso campus, nunca teve uma professora formada em Engenharia de Minas. Esse curso tem 3 professoras, mas são Geólogas. As desigualdades são significativas também em alguns cursos das Ciências Humanas, por exemplo, a Filosofia. Em doze anos de criado em nosso campus, até hoje nunca teve uma professora. E nas Artes também existem desigualdades. O curso de Música de nossa instituição tem uma presença de pouco mais de 10% de mulheres professoras. As desigualdades se tornam ainda maior quando verificados os dados dos cargos de gestão superior. De 11 centros de ensino, somente 1 tem uma diretora; dentre os 10 cargos de pró-reitoria, dois são mulheres. A instituição nunca teve uma Reitora. E somente uma mulher candidatou-se em eleição para Reitoria. Estou concluindo minha pesquisa que pretendo publicar em breve. Obrigada.
ResponderExcluirGeorgiane, boa tarde. Lembrei que não respondi sua primeira questão. A UFCG não tem nenhuma política para enfrentar as desigualdades de gênero. Nossa pesquisa obteve depoimentos grave sobre assédio moral de professores contra alunas, mas infelizmente as alunas não autorizaram que usássemos esse material para denúncias. Mas vamos consultar a Procuradoria Jurídica sobre se existe forma de usarmos esse material sem criar riscos para as depoentes.
ResponderExcluir