João Marcelo Dutra Araujo e Jakson dos Santos Ribeiro


O ENSINO DE HISTÓRIA E IMPRENSA: MASCULINIDADE NO BRASIL REPUBLICANO ATRAVÉS DAS PROPAGANDAS DE MEDICAMENTOS



O presente trabalho é fruto de reflexões e inquietações relacionadas ao ensino de história na Educação Básica, uma vez que, compreende-se que esse conhecimento é parte fundamental do processo de construção de uma consciência crítica e social, bem como, da compreensão de si, do outro e de mundo, entretanto sabe-se que os desafios encontrados por educadores não são poucos, pensando isso, o trabalho em questão visa pensar uma proposta de ensino de história que utilize como ferramenta didática recortes de jornais, mais precisamente de propagandas de medicamento para o ensino de história, realizando assim um processo de levar para sala de aula aspectos que ficam fechados no âmbito acadêmico.

No mundo do século XXI, na famigerada “modernidade liquida” a qual referiu o autor Zigmund Bauman, as mudanças acontecem de forma acelerada, noções de tempo e verdades não se sustentam e parecem ser voláteis demais, vivemos no século da “informação”, na era da tecnologia que é capaz de oferecer um vasto repertorio de repostas, dados e visões sobre um fato ou uma pergunta na velocidade de um clic, e o que poderia ajudar acaba tornando-se uma problemática no âmbito educacional, todavia, não se pode confundir informação com conhecimento. Pinsky e Pinsky (2007) elucidam que: 

“Para informar aí estão, bem à mão, jornais e revistas, a televisão, o cinema e a internet. Sem dúvida que a informação chega pela mídia, mas só se transforma em conhecimento quando devidamente organizada. E confundir informação com conhecimento tem sido um dos grandes problemas de nossa educação... Exatamente porque a informação chega aos borbotões, por todos os sentidos, é que se torna mais importante o papel do bom professor”. [Pinsky E Pinsky, 2007, p. 22]

Desse modo, torna imprescindível aos profissionais da educação, sobretudo aos professores de história o encargo de não apresentar informações de forma solta, mas organiza-las, contextualizar e por vezes problematizar, tendo em vista que uma das metas do ensino de história é a construção de uma consciência crítica, entretanto muitos são os obstáculos que dificultam essa finalidade, o desinteresse por parte dos educandos pelas aulas de história sem dúvidas é uma delas, uma verdade que não se pode negar é que permeia no espaço escolar e no senso comum é que a representação da história enquanto disciplina é de ser uma matéria puramente decorativa e “chata”; Assim sendo, a importância de estuda-la é julgada erroneamente como desnecessária.

É possível dizer que esse é resultado de um processo de séculos de uma prática pedagógica positivista, onde o sujeito da educação estava centrado exclusivamente na figura do professor, o mesmo apenas narrava os fatos, datas e nomes, instituindo desse modo uma educação “mecânica”. Sobre essa educação “mecânica” e tradicional, Paulo Freire (1996) elucida que: 

‘A narração, de que o educador é o sujeito, conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração os transforma em “vasilhas”, em recipientes a serem “enchidos” pelo educador. Quanto mais vá “enchendo” os recipientes com seus “depósitos”, tanto melhor educador será. Quanto mais se deixem docilmente “encher”, tanto melhores educandos serão’. [Freire, 1996, p. 166]

Nesse sentido, de acordo com que diz Paulo Freire, o professor tradicional é visto como uma figura imponente e inquestionável, que se traduzia por um ensino unilateral e decorativo, o aluno nesse modelo seria uma espécie de receptáculo que assimilaria todo o conteúdo, forma que o autor considerada ineficaz, haja vista que para ele o processo de ensino não é dado de forma pronta, mas uma construção, ainda segundo o autor “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção.” [Freire, 1996, p.12]

Assim sendo, compete ao professor (não somente) a responsabilidade de buscar métodos, formas e meios para despertar nos alunos o interesse e participação em sala de aula, torna-los efetivamente atuantes no processo de ensino, uma vez que como já destacado estes são peças fundamentais desse processo.  A esse respeito, Schimitd (2004) argumenta que:  

“O professor de História pode ensinar o aluno adquirir as ferramentas de trabalho necessárias, o saber-fazer, o saber-fazer-bem, lançar os germes históricos. Ele é responsável por ensinar o aluno a captar e a valorizar a diversidade dos pontos de vista. […] Ensinar História passa a ser, então, dar condições para que o aluno possa participar do processo de fazer, construir a História”. [Schimitd, 2004, p. 57]

Dessa maneira, levando em conta a necessidade do educador reinventar-se frente aos desafios escolares, e ainda da necessidade de transformar as aulas de histórias em aulas que pudessem ser mais interessantes e articuladas com o fazer historiográfico, apresentamos uma proposta que é discutida, entretanto com pouca prática, a de levar produções e fontes que ficam acopladas exclusivamente no âmbito acadêmico e adaptá-las para o ensino básico, dentre uma diversidades de fontes e de narrativas é de pretensão do presente estudo pensar a fonte documental que são os jornais como uma possiblidade de ferramenta de apoio para o ensino, de outra forma seria a transformação da pesquisa em material didático, no estudo em questões apresentando a possibilidade de pensar a história do período republicano través de anúncios de medicamentos encontrados em periódicos do determinado recorte temporal. Assim, para composição do presente estudo utilizou-se recortes dos seguintes jornais: Jornal de Caxias: Órgão Comercial e Noticioso e Jornal do Comércio, periódicos que circularam na cidade de Caxias-MA durante os anos da Primeira República.


Jornais e propagandas: uma possibilidade para o ensino
Uma maneira de tentar afastar essa “aversão” ao estudo de história pelos educandos é mediante à desconstrução da concepção de que o conhecimento historiográfico é estático e acabado, levando-os a entender que o mesmo é produto de uma construção polifônica, isto é, que possui uma multiplicidade de narrativas que podem ser percebidas por meio de diferentes formas de análise, à exemplo do uso de músicas, imagens, livros literários e  jornais; é acerca do último que pretende-se discorrer posteriormente.

Os jornais carregam em si informações dos mais variados segmentos da sociedade, de lugares e de pessoas em determinados recortes temporais, além de expressarem informações sobre o cotidiano, sistema político ou econômico que utilizados de forma correta pode ser uma potencial fonte e passível de ser utilizada como ferramenta pedagógica, corroborando com essa premissa à autora Bittencourt (2004) no “livro Ensino de História: fundamentos e métodos”, expôs o seguinte:

‘As possibilidades de utilizar jornais como fonte histórica são múltiplas: a análise dos conteúdos das notícias (políticas, econômicas, culturais, etc.) da forma pela qual são apresentadas as notícias, as propagandas, os anúncios, as fotografias, etc. e de como esse conjunto de informações está distribuído nas diversas partes do jornal, entre outras […]’ [Bittencourt, 2004, pp. 335-336]

Posto isso, entende-se que é a utilização dessa fonte é viável e pode permitir ao aluno pensar de forma critica as informações veiculadas ou perceber aspectos de uma determinada realidade, entretanto a utilização do jornal em sala requer alguns cuidados que o professor deve tomar, sobre isso Alves (2012) diz que:

“A linguagem, a grafia, a organização editorial e as construções discursivas dos jornais antigos são obstáculos a ser enfrentados pelo professor, mas não motivo para a desistência da utilização de tais fontes documentais. O estudo prévio da contextualização histórica e das condições de produção de um determinado jornal, ou seja, das relações inter, intra e extradiscursivas que cercam a sua publicação, são ações básicas para que o docente possa lançar mão de tal documentação, calcado essencialmente numa bibliografia de apoio e no conhecimento de causa acerca do seu objeto de estudo”.  [Alves, 2012, p. 21]

Assim, a escolha dos jornais e dos aspectos que para serem analisados em sala de aula devem antes passar pelo crivo bibliográfico e teórico do professor, afim de apreender sobre o contexto e os jogos de interesses que podem conter na linguagem, símbolos e signos presentes nas páginas dos jornais.

Força, saúde e vigor: um modelo de República nos jornais
O período da Primeira República (1890-1930) é um momento de suma importância na história do Brasil, pois representa a mudança de um regime administrativo e político. Esse período é marcado dentre outros temas pela Belle Époque que significou grandes transformações socioculturais e técnicas [Sevcenko, 1998] que elevariam o status do Brasil a uma nação “Moderna”, entretanto, essas mudanças não aconteceriam somente no âmbito urbano, manifestou-se também através do discursos médico-higienista e cientifico, como bem ressalta [Machado, 2009, p. 49]. "[...] os símbolos da modernidade não devem ser orientados somente nas paredes dos prédios ou nas pedras das calçadas, eles deveriam se inscrever também nos corpos da população da cidade".

Corroborando com essa opinião, [Matos, 2003, p. 109] diz que: “O cientificismo imperante nesse período permitiu aos médicos expandir o controle sobre a vida de homens e mulheres, normatizando os corpos e os procedimentos, disciplinando a sociedade”, desse modo, fabricaram-se arquétipos de como as pessoas deveriam viver, assim sendo, exemplos de pessoas fracas, doentias e abatidas e que não “adequavam-se” ao modelo da recém República e deveriam ser combatidos, o grande beneficiado dessa proposta de cuidado do corpo como uma normatização social foi a indústria farmacêutica.

A indústria farmacêutica, essa que canalizou e a aproveitou a necessidade do cuidado com o corpo e viu nessa possiblidade um caminho para principal ânsia do mundo capitalista, o lucro. A proclamação de propagandas de medicamentos nos meios impressos, como jornais e revistas significou uma guinada para esse mercado que buscava uma ascendência e é exatamente por esse motivo que [Temporão, 1986, p.37] diz que “[...] a história da propaganda e das práticas publicitarias no Brasil confunde-se com a da propaganda de medicamentos”, a respeito da vasta produção publicitaria em torno de medicamentos [Matos, 2011] salienta que:

“[…] cabe destacar que essa produção publicitária projetava influenciar e aumentar o consumo, mas também transformava hábitos, educava e informava. Enquanto produto cultural reproduzia expectativas e práticas que circulavam socialmente; não inventava sentidos, mas recriava e reforçava, além de vender estilos de vida, sensações, emoções, visões de mundo e desejos” [Matos, 2011, p.133-134]

Então, compreende-se que não se vendia somente medicamentos, mas toda um conjunto de significações e sentidos encapsulados ou engarrafados. As propagandas farmacêuticas voltadas para o público masculino prometiam a reabilitação de características tradicionais como: força, robustez, disposição e virilidade, elementos que como já explano anteriormente são aceitos culturalmente como definidores do gênero e agora fica à disposição dos pacientes, ou melhor dizendo dos clientes, que fazem esse consumo pois o fortalecimento e a higienização dos corpos masculinos passam a ser necessidades e determinações sociais.

Uma vez realizada essa discussão de cunho teórico de eixos como o desafio do ensino, jornal como fonte e a sobre a construção de um modelo masculino atrelado ao ideal de uma nação saudável e moderna presente no Período Republicano, se faz relevante compartilhar a proposta de ensino a qual foi pensada desde o início da pesquisa. Bueno [2008] aborda que as propagandas de medicamentos não eram divulgadas de forma desconexas da realidade, antes estabeleciam uma ligação evidente com a conjectura social, isto é, o assunto do momento.

Nesse óptica, uma primeira ideia de trabalho na sala de aula seria levar os alunos a partir das propagandas de medicamento previamente selecionadas a identificarem o motivo e circunstâncias delas estarem sendo divulgadas, trabalhando com a curiosidade do aluno, levando o a querer entender o contexto, não é claro cobrando um vigor acadêmico, mas estimulando sua participação no processo de ensino aprendizagem.

Por exemplo foi encontrada nos jornais caxienses em 1915, período da primeira grande Guerra Mundial, em um momento onde milhares de pessoas perdiam suas vidas e ficavam debilitadas, propagandas da Emulsão Jonas que prometiam fazer o inverso e fortalecer os brasileiros em um momento de caos, a intenção da utilização dessa imagem é provocar os alunos para relação do Brasil para o que estava acontecendo no mundo, como também para a ideia de fortalecimento da nação.

Outro tipo de propagandas encontradas e que podem ser utilizadas foram as do medicamento Emulsão Scott, segundo [Bueno, 2008, p.40] esse é um remédio de origem norte-americana que foi vendido globalmente no século XX, o texto publicitário era claro, as ilustrações eram marcantes tudo para que o consumidor assimilasse a mensagem sem grandes dificuldades.   talvez seja a mais icônica e representativa da propaganda do medicamento da Emulsão Scott (A mesma continua sendo o slogan da marca), onde a figura masculina era representada como uma espécie de pescador que carrega em seus ombros um enorme peixe, estampado em letras garrafais os nomes dos males que prometiam sua eficácia, nessa imagem especifica aparece nomes de doenças respiratórias, vale lembrar que nesse período o mundo passava por uma pandemia de gripe espanhola, então existia um temor, remédios prometiam de forma irrefutável a cura, então o professor pode levar os alunos a refletirem como o sistema capitalista através das indústrias farmacêuticas podem se aproveitar de determinadas situações para gerar riqueza, perceber isso dentro de uma sistema republicano considerado liberal.

A partir dessa propaganda o professor pode trabalhar em sala de aula a respeito do padrão masculino considerado como correto construído pelo discurso higienista, um homem que representaria uma suposta masculinidade hegemônica, e que em seu corpo deveriam conter características vigorosas como: Força, destreza, musculatura, em suma deveriam ser um verdadeiro guerreiros.

Seria interessante nesse sentido o professor fazer um paralelo com temas da atualidade, problematizar por exemplo o sentido de ser homem, haja vista, que a masculinidade não é homogênea ou espontânea, mas plural. Nesse sentido, [Bandinter, 1993, p.4) ao argumentar sobre essa questão, a mesma aponta que a “virilidade não é dado de saída, mas deve ser construída, digamos 'fabricada'. O homem é, portanto, um artefato", então o professor pode estimular os alunos a pensarem e a refletirem sobre a diversidade, colaborando desse modo para a construção de uma sociedade que exclui preconceitos. 

Em suma, foi apresentado alguns exemplos de ideias que ainda estão desenvolvidas, considero um trabalho inovador e talvez isso seja um problema, entretanto considero ser uma proposta que pode ser passível ser colocada em pratica em sala de aula, vale ressaltar que é uma proposta que considero ainda em fase de gestação, isto é, considero em aberta para fazer ajustes e modificações em um futuro não tão distante.

Referências
João Marcelo Dutra Araújo é graduando em Licenciatura Plena em História, pelo Centro de Estudos Superiores de Caxias, da Universidade Estadual do Maranhão –CESC/UEMA. Bolsista PIBIC/FAPEMA – Fundação de Amparo à Pesquisa do Maranhão – FAPEMA. Membro do Grupo de Estudos de Gêneros do Maranhão- GRUGEM/UEMA
Jakson dos Santos Ribeiro - Professor Adjunto I, Doutor em História Social da Amazônia pela Universidade Federal do Pará (2018). Mestre em História Social pela Universidade Federal do Maranhão (2014). Especialista em História do Maranhão pelo IESF (Instituto de Ensino Superior Franciscano) (2011). Graduado no Curso de Licenciatura Plena em História da Universidade Estadual do Maranhão (Centro de Estudos Superiores de Caxias-MA) (2011). Coordenador do Grupo de Estudos de Gêneros do Maranhão- GRUGEM/UEMA Coordenador do Laboratório de Teatro do Centro de Estudos Superiores de Caxias – CESC – Campus /UEMA.

ALVES, Francisco das Neves. O ensino da história por meio dos jornais antigos: as imagens acerca dos atores político-partidários à época imperial. Historiae, v.3, n.1, p.19-36, 2012.
BANDINTER, Elisabeth. XY:  sobre a identidade masculina. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
BITTENCOURT, Circe M. Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.
BUENO, Eduardo. Vendendo Saúde: história da propaganda de medicamentos no Brasil. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra. 1996.
MACHADO, Vanderlei. Entre Apolo e Dionísio: a imprensa e a divulgação de um modelo de masculinidade urbana em Florianópolis (1889-1930). Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007.
MATOS, Maria Izilda Santos de. Cabelo, barba e bigode: masculinidades, corpos e subjetividades Locus: revista de história, Juiz de Fora, v. 17, n.02 p. 125-143, 2011.
MATOS, Maria Izilda Santos de. Delineando corpos: as representações do feminino e do masculino no discurso médico. In: MATOS, Maria Izilda Santos de; SOIHET, Rachel (org.). O corpo feminino em Debate. São Paulo: UNESP, 2003, pg. 107-128.
PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi. O que e como ensinar. In: KARNAL, Leandro (org.). História na sala de aula, Conceitos, práticas e propostas. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2007. p. 17-36.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora. A formação do professor de História e o cotidiano da sala de aula. In: BITTENCOURT, C. (Org.). O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2004. p. 54-66.
SEVCENKO, Nicolau. Introdução. O prelúdio republicano, astúcias da ordem e ilusões do progresso. In. História da vida privada no Brasil: vol. 3, São Paulo: Cia das Letras, 1998.
TEMPORÃO, José Gomes. A propaganda de medicamentos e o mito da saúde. Rio de Janeiro: Graal, 1986.

5 comentários:

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  2. Boa tarde!
    Primeiramente parabéns pelas reflexões e pelo trabalho. 😊
    Acredito que seja muito importante debater acerca dos modelos de masculinidade (tóxicas, inclusive) nas escolas, que é algo que não se discute muito nesse ambiente. Isso pode ser vinculado também com os modelos femininos que são consolidados no contexto, como o da mulher-mãe.
    Durante a Primeira República, o discurso médico, institucionalizado, também está tomando o seu espaço. Enquanto representantes dos ideais higienistas, os médicos que ditam as “regras” a serem seguidas nas questões da saúde, sobre como são os modelos de “corpos” ideais (no sentido físico e moral) e também sobre “qual remédio deve ser usado para determinado fim”. Por ser relativo, exclusivamente, às propagandas de medicamentos, você tem alguma informação sobre qual é o discurso médico sobre esses medicamentos ou Emulsões? Era largamente aceito pela “comunidade científica”? E também: como a medicina representava o “homem ideal” no contexto?
    Mas isso que são apenas indagações/sugestões que podem vir a expandir um trabalho futuro, nessa temática.
    Obrigada.

    Att,
    Fernanda Loch

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    1. Boa noite, professora Fernanda Loch.
      Obrigado pela participação, respondendo sua primeira pergunta, existiam é claro os remédios produzidos por farmacêuticos e até mesmo por alguns médicos que eram aceitos pela comunidade cientifica, todavia, o que se percebe de modo mais geral é que a comunidade médica, bem como o órgão da Junta Central de Higiene (Ancestral da ANVISA) criado em 1851, que a comunidade científica se colocava contrário ao uso dos variados medicamentos estampados nos jornais por dois motivos; O primeiro de ordem econômico e de prestigio social, visto que, os produtos que prometiam curar os mais variados males se apresentavam como uma alternativa para grande parte da população, gerando por si uma concorrência; O segundo motivo é ordem médica, posto que, o propagandas de medicamentos influenciavam ao autoconsumo ou prescrição para si, o que sabe-se que é extremamente perigoso.
      Respondendo sua segunda pergunta, A medicina, sobretudo do século XIX e das primeiras décadas do século XX se apoiam em teorias que basicamente defendiam o melhoramento da "Raça", ou seja, em teorias eugênicas, a figura ideal do homem desse modo é aquela se apresenta traços fortes de virilidade, jovial. O homem deveria ser fortificado fisicamente e mentalmente para exercer funções pré-estabelecidas pelo meio social.

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  3. Boa tarde professores. Eu penso que poderia ser questionado: a qual o público que era destinado essas propagandas? pq em termos econômicos poucos teriam acesso a esse produtos.
    Em termo conjunturais penso que poderiam ser abordados a questão dos medicamentos usados na 1ª guerra mundial.
    Só como reflexão.
    obrigado.
    Ana Paula Queiroz de Araujo Santana.

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  4. Boa noite, Professora Ana Queiroz.
    São bons questionamentos, havia uma diversidade de propagandas destinadas as pessoas de grupos variados, e mesmo os medicamentos serem mais acessíveis do que os médicos, pode-se dizer que nem todos tinham acesso, primeiro porque durante a Primeira República poucos tinham acesso aos meios impressos, mais poucos ainda eram aqueles que sabiam ler.
    Sobre sua consideração relacionadas à abordagem dos medicamentos usados na 1ª guerra mundial, ela já é realizada, mais devida as limitações técnicas e normas do evento não puderam ser inseridas de forma completa no trabalho apresentado.
    João Marcelo Dutra Araujo.

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