Marcos de Araújo Oliveira


O JEITO CAPRICHO DE SER: MUDANÇAS DO PARADIGMA FEMININO ATRAVÉS DA REVISTA JUVENIL



Introdução
As revistas femininas durante muito tempo se constituíram como principal produto da difusão de padrões e comportamentos de feminilidade, instruindo mulheres das mais diversas maneiras a como agirem, pensarem e a tornaram-se “belas e inteligentes”. Ainda que em muitos casos, o conteúdo dessas revistas atendessem as necessidades do patriarcado para a manutenção de um comportamento feminino que não quebrasse o sistema de dominação masculina, incentivando uma “pureza” e “ternura” feminina, nota-se que estas revistas também representaram uma mudança no modo dessas mulheres conectarem-se com assuntos da sua realidade e de terem um veículo de comunicação com o qual pudessem se identificar.
A Revista Capricho é uma das mais importantes nesse segmento; ela surge em 1952 e se consolida ao longo dos anos através da produção de conteúdo para o público adolescente, lida por jovens entre 12 e 19 anos. A Capricho foi essencial para a construção de padrões sobre o “ser jovem” no Brasil, criando ídolos adolescentes e convenções de comportamentos próprios ao público “Teen”. Durante muito tempo foi comum ver em suas manchetes, matérias ligadas a namoro, beleza, moda e questões comuns da adolescência, muitas vezes com modelos que estampavam as capas dentro das esferas hegemônicos de beleza tidas como padrão (louro, branco, magro, etc).

Entretanto com o advento da informática e redes sociais no novo milênio, a Capricho passou a ser inteiramente digital em 2015 e revolucionou suas temáticas abordadas, debatendo assuntos como feminismo, empoderamento, negritude entre outras pautas. A Capricho apresenta então novas formas de ser adolescente e novos ídolos juvenis que vão ganhando força.

Sabendo-se da importância das revistas, jornais e outros periódicos para o estudo da história, as várias publicações da revista Capricho, seja em sua versão impressa e até as da nova era digital, tornam-se uma fonte para a compreensão das mudanças e anseios da juventude feminina ao longo dos anos, tendo em vista a importância dessas publicações enquanto testemunhos da história.

Atualmente a marca multimídia Capricho ainda possui grande impacto na formação de jovens, pois além da escola e da família, a mídia tem um poder de educação enorme, e o estudo das capas da Capricho ( impressa ou digital) contribuem na análise historiográfica ao nos apontar novos comportamentos difundidos entre adolescentes, como forma de se entender as transformações sociais, culturais e de gênero.


O surgimento das revistas femininas e a importância dos periódicos para a pesquisa em História
O sistema de desigualdades dos gêneros no Brasil desde a sua colonização, constantemente condicionou as mulheres a posições na maioria das vezes inferiores à dos homens, sendo assim, a educação feminina nunca foi uma preocupação prioritária no Brasil Colônia. Porém, esta realidade muda um pouco mais no século XIX, conforme aponta Mary Del Priore (2010), através do surgimento de escolas para meninas da elite, onde aprendiam a ler, escrever e contar.

Del Priore (2010) esclarece que logo, um público de leitoras se formaria no Brasil e os folhetins romance ganhariam grande destaque, sendo lidas massivamente por mulheres ao mesmo tempo em que a educação em escolas e internatos femininos vai ganhando força na segunda metade do século XIX. Porém o público feminino não se contentaria apenas em ficar na leitura e partiria também para a escrita. Mary Del Priore (2010, p. 169) defende então:

“A fundação de ‘O Jornal das Senhoras’ em 1852, em muito pode ter colaborado para a leitura de informações úteis e editoriais em torno de outros assuntos que começavam a despertar a atenção das mulheres. Atenção, mas também, ação. Muitas, já letradas ou formadas por Escolas Normais, iam participar diretamente da vida do país, colaborando ou escrevendo na imprensa[...]Entre os finais do século XIX e as primeiras décadas do século XX multiplicam-se escritoras e textos de autoria feminina”.

Este fenômeno de escrita feminina se comprova nas mais variadas produções como nos segmentos de romantismo adolescente, poesias, textos sentimentais, instruções escolares, etc, marcados pelo estilo feminino, crescente nas páginas de jornais dirigidos por mulheres. É nesta expansão de jornais e revistas dedicadas as mulheres com textos escritos “por elas e para elas” que o consumo de revistas femininas fica ainda mais forte no Brasil:

“O Rio de Janeiro, a partir de meados do século XIX, assistiu também ao surgimento de uma infinidade de jornais e revistas dedicados à mulher e a família. Este tipo de imprensa, dividiu com a leitura de romances e folhetins a esfera privada e íntima na qual a maior parte do público feminino. Alguns desses periódicos tentaram estabelecer um diálogo com as leitoras, abrindo suas colunas à participação destas. É o caso de ‘Iracema’, periódico literário e recreativo dedicado ao belo sexo e publicado a partir de 1902 (DEL PRIORE, 2010, p. 170)”.

De acordo com Guimarães (2017) na consolidação da imprensa feminina, pode-se perceber características comuns em todas essas publicações — da elite à popular, pois seu texto traz uma intimidade e uma relação de amizade com o público. Ele diferentemente da imprensa tradicional, dirige-se diretamente a leitora, utilizando o pronome você, em um tom coloquial. Além disso são abordados temas como variedades, pautas culturais, autoconhecimento, entre outros. Segundo a autora, a partir de 1950, as publicações de revistas femininas tornam-se cada vez mais massivas. Atendendo a uma lógica industrial (a de gerar lucros) e buscando comunicar-se cada vez mais com seu público.

Nas páginas dessas revistas são representados os assuntos mais diversos em relação ao universo feminino, sendo por isso que essas publicações são verdadeiras fontes aos historiadores que desejam analisar os comportamentos, o imaginário, a moda, padrões de beleza ou aspectos culturais de determinado grupo que o produz ou o compõe:

“O pesquisador dos jornais e revistas trabalha com o que se tornou notícia, o que por si só já abarca um espectro de questões, pois será preciso dar conta das motivações que levaram à decisão de dar publicidade a alguma coisa. Entretanto, ter sido publicado implica atentar para o destaque conferido ao acontecimento, assim como para o local em que se deu a publicação [...] Em síntese, os discursos adquirem significados de muitas formas, inclusive pelos procedimentos tipográficos e de ilustração que os cercam. A ênfase em certos temas, a linguagem e a natureza do conteúdo tampouco se dissociam do público que o jornal ou revista pretende atingir” (LUCA, 2008, p. 40)

Luca (2008) argumenta que o historiador que pretende trabalhar com publicações como essa deva analisar também que o sumário que se apresenta ao leitor resulta de "intensa atividade de bastidores", cabendo ao pesquisador recorrer a outras fontes de informação para dar conta do processo que envolveu a organização, o lançamento e a manutenção do periódico.

No caso da análise de uma revista como a Capricho, é preciso se levar em consideração os aspectos sociais relacionados ao conteúdo que se é abordado, pois em um caso de uma matéria sobre autoestima e amor próprio, é possível apontar que estas pautas procuram estar em conformidade aos novos discursos feministas que encorajam a autoaceitação.

Dessa forma, Luca (2008) defende que a utilização da imprensa não deve se limitar a extrair um ou outro texto isolados, por mais representativos que sejam, mas procurar elaborar uma análise circunstanciada do seu lugar de inserção e tecer uma abordagem que faz dos impressos, a um só tempo, fonte e objeto de pesquisa historiográfica, rigorosamente inseridos em uma crítica competente.

A Revista Capricho: do auge no mercado editorial à criação de novos padrões de comportamento
A Capricho foi a primeira revista feminina da editora Abril, tendo sido lançada no dia 18 de junho de 1952, iniciando o seu pioneirismo através da publicação de fotonovelas. Porém com o passar dos anos, o conteúdo da revista foi se diversificando e a capricho deixou de publicar fotonovelas para debater outras temáticas ligadas ao universo feminino. De acordo com Ferreira (2016) a publicação adquiriu um rosto mais jovem quando em 1982 deixou de lado a publicação das fotonovelas e assumiu o slogan novo “A revista da gatinha” para assim alcançar o público feminino mais jovem.

Entre as várias reformulações que vão acontecendo nos anos 80, a Capricho deixa de ser “a revista da gatinha”, mas continua aumentando o seu alcance para um público feminino ainda maior, atingindo até mesmo jovens da classe C. Na década de 90, a Capricho consolidou-se como uma das maiores revistas para adolescentes no Brasil, levando em suas páginas os mais diversos temas como sexualidade, beleza, saúde, família, futuro profissional, etc.

“Todas as mudanças foram para se enquadrar no período juvenil de cada geração[...]É nessa adolescência, nesse campo rico em novidades e descobertas que está o público da Capricho. A busca pela aceitação, construção de uma identidade, o conhecimento do que é socialmente considerado certo ou errado, o enquadramento social são alguns dos assuntos abordados pela revista que podem ser levados em consideração para o seu sucesso” (FERREIRA, 2016, p. 32).

É possível apontar então que a Capricho se tornou um verdadeiro “manual de vida” para a jovem brasileira, oferecendo as orientações necessárias para se tornar uma garota bem resolvida e “descolada”. Outrossim, a revista torna-se uma fonte para o entendimento da pedagogia cultural operante da mídia sobre o gênero feminino. Como defende Louro (2008, p. 18):

“A construção dos gêneros e das sexualidades dá-se através de inúmeras aprendizagens e práticas, insinua-se nas mais distintas situações, é empreendida de modo explícito ou dissimulado por um conjunto inesgotável de instâncias sociais e culturais [...] Mas como esquecer, especialmente na contemporaneidade, a sedução e o impacto da mídia, das novelas e da publicidade, das revistas e da internet, dos sites de relacionamento e dos blogs? [...] As proposições e os contornos delineados por essas múltiplas instâncias nem sempre são coerentes ou igualmente autorizados, mas estão, inegavelmente, espalhados por toda a parte e acabam por constituir-se como potentes pedagogias culturais”.

Louro (2008) explica que estes mecanismos da mídia tem um papel de extrema influência na instrução para a adequação nos padrões de gênero e sexualidade. Para a historiadora, conselhos e palavras de ordem interpelam-nos constantemente, ensinando sobre saúde, comportamento, religião, amor; dizem-nos o que preferir e o que recusar, ajudam-nos a produzir nossos corpos e estilos, nossos modos de ser e de viver.

Mediante essa justificativa, podemos analisar por meio de diferentes edições da revista Capricho, como houve direcionamentos de comportamentos femininos e as transformações dos mesmos, graças ao processo de emancipação do gênero feminino ao longo da história.

Através das manchetes nas diferentes capas da Capricho com a cantora Sandy, podemos constatar essa mudança feminina, pois na edição de 1999, a cantora nos seus 16 anos estampa a capa em uma pose mais tímida, com roupas que cobrem todo o seu corpo e afirmando nunca ter beijado; algo muito bem visto nos padrões hegemônicos de que a mulher deve ser adorável, meiga e pura. Entretanto, no ano 2000, Sandy estrela mais uma capa da capricho, só que dessa vez sua pose é de uma garota que mostra ser forte e decidida, com uma blusa mais curta e revelando que não gosta do rótulo de coitadinha e da visão que muitos tem dela de ser “a santa”, em alusão ao seu bom comportamento e doçura.


Figura. 1 - Capricho Ed. 811 – 1999



Figura. 2 - Capricho Ed. 846 – 2000

Vemos nessas capas, claramente uma transformação nos novos modos de ser mulher e de comporta-se como tal, pois antes Sandy era reflexo da mulher que atendia as convenções culturais do que se esperava do gênero feminino, porém ao amadurecer, ela não deseja que estes estereótipos sejam cristalizados acerca de sua figura.

Podemos apontar que esse novo posicionamento se reflete dentro de um contexto da “Terceira onda feminista”, fortalecida entre os anos 90 e 2000, que prega ainda mais a liberdade da mulher das correntes de opressão e submissão, e Sandy mesmo não sendo uma ativista feminista, acaba adentrando no processo de autonomia feminina proposto pelo movimento.

Como argumenta Gregori (2017) o feminismo nos seus aspectos basilares, caracteriza-se através de um processo constante de ações coletivas que se referem à emancipação política e conquista de direitos que refletem no empoderamento das mulheres. Portanto, vale destacar que o feminismo defende na autonomia da mulher, sua liberdade; pois independente de comportar-se como “santa” ou não, cabe a mulher decidir agir como quiser:

“Transformações são inerentes à história e à cultura, mas, nos últimos tempos, elas parecem ter se tornado mais visíveis ou ter se acelerado. Proliferaram vozes e verdades. Novos saberes, novas técnicas, novos comportamentos, novas formas de relacionamento e novos estilos de vida foram postos em ação e tornaram evidente uma diversidade cultural que não parecia existir” (LOURO, 2008, p. 19).

É possível apontar que a revista Capricho desde as suas primeiras reformulações na década de 80, até sua consolidação nos anos 90, procurou estar integrada com o modo de “Ser Jovem” no Brasil, o que a fez representar através de suas páginas a realidade desses adolescentes. Neste sentido, a revista se constitui como fonte histórica expressiva para o entendimento da formação dessa juventude e as mudanças desse universo jovem.

“Seja o que você quiser ser”: A Capricho na formação de identidades e de novos ídolos teens
Sabe-se, que a Capricho sempre foi se modificando para atender o seu público, tendo um papel fundamental ao dar mais visibilidade a famosos que tem grande influência na vida desses jovens. Ao trabalhar com essas figuras que dão voz ao universo do “ser adolescente”, por meio de suas informações e representações, a Capricho tem papel na construção de ídolos “teens” (termo inglês para adolescentes).

Esses ídolos se destacam por muitas vezes representarem pensamentos e a identidade de sua geração. Em muitos casos expressam as transformações dos comportamentos de gênero e sexualidade, como é evidenciado em edições com a cantora Anitta.


Figura. 3- Capricho Ed. 1179 – 2013


Figura.4- Capricho Ed. 1200 – 2014


Na edição 1179, ela é chamada de poderosa, graças ao seu empoderamento, e afirma: “Faço o que quero, o garoto que aceite”, quebrando a ideia de um padrão de purismo e mostrando que a mulher deve ser livre. Já na edição 1200, ela estrela a campanha social: “Camisinha, tem que usar”, estimulando o sexo seguro.

Entretanto, a Capricho é muito criticada pela sua falta de representatividade a outros tipos de beleza, pois a revista apesar dos debates em muitos assuntos importantes para a vida de adolescentes, como aborto e violência sexual, ficou marcada por reproduzir os padrões de beleza tidos como “convencionais”. Guimarães (2017, p. 41) destaca que a própria Capricho criou o seu padrão, pois “podemos concluir, mesmo que nunca tenha se dito, que a Capricho determina como bom, belo e certo aqueles que são branco, magro, jovem e heterossexual”.

Porém, com o advento das redes sociais e de novos debates sobre representatividade entre os jovens, a Capricho teve que vir a trabalhar com um novo olhar sobre seu público. Isso vem desde a sua reformulação em 2006 e com a expansão de seu conteúdo em mídias digitais, já que em 2015 a capricho passou a ser uma revista inteiramente digital: a “Capricho Week”.

Guimarães (2017) destaca que a busca por identidade e os desafios da vida adolescente são os temas recorrentes no discurso da revista. Nota-se assim, que a Capricho Week procura uma maior representatividade no seu conteúdo, aspecto evidenciado nas edições 178 e 208.


Figura. 5 - Capricho Week Ed. 178 – 2017


Figura. 6 -Capricho Week Ed. 208 – 2018

Esse novo paradigma é visto na edição 178 estrelada pela drag queen Pabllo Vittar, numa estratégia ousada da revista ao exibir na capa um artista transformista que quebra padrões de gênero e sexualidade. Já na edição 208 com a cantora MC Soffia, a Capricho Week dá visibilidade a uma jovem negra empoderada que fala da igualdade de gêneros.

Desse modo, o selo “Capricho” acaba ganhando ainda mais força dentro do mercado, aumentando o seu poder de alcance de público e levando a sua marca a outro patamar:

“Sabemos que a Capricho é hoje uma marca presente em vários produtos da vida das adolescentes brasileiras. Neste sentido, está ultrapassando o fato de ser apenas uma revista; também aparece estando presente em revista no modo impresso, no site, no celular, em produtos licenciados como: perfumes, cosméticos, material escolar, bolsas, sapatos, acessórios e eventos. A meta da revista busca explicar o mundo de um jeito simples e divertido, oferecendo os serviços para as meninas de 13 a 17 anos” (SANTOS, 2016, p. 17).

Nota-se que apesar de atrasos durantes anos, o “padrão Capricho” vai mudando positivamente, defendendo para suas jovens leitoras a ideia de autenticidade e do “Seja você o que quiser ser” ao mesmo tempo em que colabora para a notoriedade de novos ídolos do mundo juvenil, que trazem para a revista debates pertinentes dentro do universo jovem.

Considerações Finais
Por muito tempo a impressa feminina sofreu muitos preconceitos, entretanto com a reformulação da historiografia em buscar novas fontes que revelem aspectos relevantes para o estudo das transformações históricas, sociais, culturais e de gênero, as revistas femininas ganham destaque em discursos históricos, pois são testemunhos relevantes dessas transformações.

A revista Capricho através de suas publicações revela-se como um material com bastante potencial para os historiadores dos periódicos, pois proporcionam um verdadeiro panorama do modo de ser da juventude brasileira ao longo dos anos e também das construções de identidades através da mídia, já que os discursos da revista também possuem um caráter educativo e de direcionamento de comportamentos femininos.

Cabe destacar que, nas suas versões impressas ou digitais, a Capricho cria o seu próprio padrão de abordar assuntos do “ser adolescente” ou de evidenciar ídolos tens. O estudo da difusão desses padrões, normas comportamentais e discursos de famosos expostos na revista tem muito a nos revelar dos valores e ideais da juventude, do passado ou da própria contemporaneidade.



Referências
Marcos de Araújo Oliveira é graduado em Licenciatura em História na Universidade de Pernambuco – UPE (Campus Petrolina).

LUCA, Tânia Regina de. História dos, nos e por meio de periódicos. In: PINKSY, Carla Bassanesi (org). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2008.
FERREIRA, Laize Minelli. Capricho, senhora do tempo: cronotopo e autopoiese. 2016. 95 p. Dissertação (Mestrado em Ciência da Comunicação) – Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2016.
GUIMARÃES, P. P. Falta de Capricho: uma análise sobre o discurso da revista teen. 2017. 80 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Publicidade e Propaganda) - Faculdade de Comunicação, Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
GREGORI, Juciane de. Feminismos e resistência: trajetória histórica da luta política para conquista de direitos. Caderno Espaço Feminino - Uberlândia-MG - v. 30, n. 2 – Jul./Dez. 2017.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. Pro-Posições. Unicamp. v. 19 (2), 2008, p. 17-23.
DEL PRIORE, Mary. As mulheres e os livros: vidas que se contam ... In: FIÚZA, Regina Pamplona (org). A Mulher na Literatura: criadora e criatura. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2010. p.155-180.
SANTOS, Aline Mayara Brito. O ideal de beleza: pedagogias culturais de gênero na revista Capricho. 2016. 44 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2016.

Revistas Capricho usadas no artigo:
CAPRICHO. São Paulo: Abril, ed. 811, 1999.
CAPRICHO. São Paulo: Abril, ed. 846, 2000.
CAPRICHO. São Paulo: Abril, ed. 1779, 2013.
CAPRICHO. São Paulo: Abril, ed. 1200, 2014.
CAPRICHO Week. São Paulo: Abril, ed. 178, 2017.
CAPRICHO Week. São Paulo: Abril, ed. 208, 2018.

9 comentários:

  1. Apesar de toda a “evolução” em torno das temáticas abordadas pela revista Capricho no transcorrer dos anos, presumo que a proporção de capas que colocam pessoas que fogem do “padrão de beleza” (negras, gordas, deficientes, LGBT e etc) sejam muito menores do que as capas que enfatizam o estereotipo padrão. Assim sendo, até que ponto a revista de fato reflete a diversidade da juventude atual e até que ponto ela apenas aborda a diversidade de forma vaga buscando atingir o público “teen”?

    Carine Alves Silva

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    1. Olá Carine, obrigado pela sua pergunta! Essa sua indagação foi um dos questionamentos que fiz a algumas amigas minhas, inclusive uma colega negra relatou que sempre houve essa falta de representatividade na Capricho (Ela também foi leitora da revista) para pessoas pretas retintas.
      Acredito que a Capricho tenta abordar a diversidade não de forma vaga, isso até poderia acontecer alguns anos atrás, mas se hoje você acompanhar as mídias digitais da Capricho vai ver que a Revista busca se posicionar mais para proporcionar essa representatividade, Na matéria de 20 de Março de 2020, do site Capricho:
      https://capricho.abril.com.br/moda/7-mulheres-incriveis-que-estao-transformando-a-historia-da-moda-hoje/.
      Temos Meghan Markle, Lizzo e Rihanna como símbolos de referência da moda na atualidade, ou seja, 3 mulheres que fogem do padrão “convencional” (as 3 não são brancas; Meghan é divorciada, afro-americana e feminista, Rihanna é bissexual e Lizzo é gorda). Isso se destacarmos ainda Kim Kardashian, que foge de qualquer padrão de pureza feminina e recato. Então podemos apontar que a Capricho, mesmo com muitos atrasos procura essa adaptação a realidade de perfis cada vez mais plurais. Isto significa que ela busca atingir esse público diversificado, que vem criando uma consciência reflexiva acerca das quebras desses padrões, constantemente.

      Marcos de Araújo Oliveira

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  2. Olá tudo bem?
    Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pelo trabalho, pois é necessário frente a contemporaneidade onde os sujeitos expressam múltiplas identidades.Sendo assim,percebemos que a internet hoje tornou-se um grande recurso midiático gerador de conteúdos e opiniões, logo os leitores da revista, acompanham as redes. Além disso,vemos que os influenciadores digitais ganham destaque em redes como youtube e instagram. Você acredita que esses indivíduos podem contribuir para o combate frente aos padrões de beleza?

    Izabela de Paula Gomes

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    1. Olá Isabela, obrigadi!
      Bem, personalidades da internet tem um espaço sim fundamental na Capricho, afinal se pararmos para analisar a Capricho lançou Manu Gavassi, Foquinha, Federico Devito, etc...
      Eu creio que qualquer pessoa que tenha a capacidade de ser ouvida e influenciar pessoas pode ajudar positivamente ou negativamente.
      Esse combate aos padrões de beleza não podem ser feitos de modo irresponsável, como repudiando meninas magras ou loiras, mas sim reafirmando que cada pessoa é única e nossas diferenças nos tornam plurais.
      Talvez esse espaço que a Capricho dá aos influencer's venha a ser positivo quando é feito essa campanha de auto aceitação com consciência.

      Marcos de Araújo Oliveira

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  3. Boa tarde, prof. Marcos.
    Gostei muito do seu texto, pois sou fascinado pela década de 1950. Gostaria de fazer duas perguntas referentes a esse período: havia alguma tentativa de controle do Estado nas pautas trazidas pela revista? Além das fotonovelas, a revista se "inspirava" em outras atrações televisivas?

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    1. Olá Marcelo, em relação ao controle do Estado, ele não estava tão presente. Já que geralmente as revistas femininas ainda assim eram encaradas como mero passatempo para as mulheres, neste cenário a Capricho não tinha um âmbito ativista feminista ou de qualquer ideologia que ameaçasse o governo.
      Em relação ao conteúdo da revista, era comum que as revistas femininas nesse contexto além de fotonovelas, as revistas buscavam se inspirarem em temas como maternidade, receitas, cuidado com o lar. Assuntos pertinentes a mulher do lar.
      Obrigado pelas considerações.

      Marcos de Araújo Oliveira

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  4. Boa Noite, parabéns pelo trabalho.
    Ele me chamou muita atenção pois também estudo sobre a influência dos meios de comunicação para a construção do ser adolescente, principalmente de meninas...
    Enfim, primeiramente queria recomendações de textos que falam sobre o uso dos meios de comunicação para a manutenção de discursos hegêmonicos sobre gênero para quem trabalha com revistas.
    E também, sobre o trabalho, queria saber se dentre as matérias da revista atualmente houve um aumento do debate sobre outras questões sociais além de gênero... como por exemplo um maior debate sobre raça e classe na revista que agora é completamente virtual comparada com as que eram impressas durante o fim do anos 90 e começo dos anos 00s?

    Att: Hiza Júlia Ruben Corrêa Leal

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    1. Olá Hiza, obrigado pelas considerações.
      Em relação aos novos debates da Capricho, vemos sim uma mudança de conteúdos.
      Prova disso é a capa com MC Soffia, que é negra, e Anitta que era uma funkeira periférica.

      A capricho já debateu racismo em.materias digitais , como na que ela questiona as falas polêmicas da ex-bbb Paula Von Spearling durante o BBB 19:

      https://www.google.com/amp/s/capricho.abril.com.br/vida-real/paula-sperling-do-bbb19-e-o-triste-retrato-do-brasil-racista-e-enrustido/amp/

      Nesta matéria do Blog, a Capricho faz uma análise do racismo no Brasil, bastante provocativa por sinal.

      Já em outra matéria, a Capricho chama a atenção para a "Pobreza Menstrual", relatando a situação de meninas que não tem condições de comprar itens de higiene, como absorventes, evidenciando a importância de se sanar esse problema que afeta classes desfavorecidas:

      https://www.google.com/amp/s/capricho.abril.com.br/vida-real/absorventes-devem-ser-distribuidos-de-graca-em-escolas-municipais-do-rio/amp/

      Desse modo, vemos assim uma expansão positiva dos diálogos no sexuks XXI, difundidos pela Capricho.

      Marcos de Araújo Oliveira

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    2. Inclusive, indico os textos de Luca E Louro presentes nas referências do artigo
      Acho que irão te ajudar bastabba!

      Marcis de Araújo Oliveira

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