O PROJETO “GÊNERO E DIVERSIDADE NA ESCOLA” E O ENSINO DE HISTÓRIA: OS CARTAZES COMO FONTES PARA AS SUBJETIVIDADES
A Escola de Educação Básica Coronel Antônio
Lehmkuhl, gestada pela Secretaria de Educação do Estado de Santa Catarina, se
localiza no município de Águas Mornas – SC, com forte influência de imigração
alemã, que conserva o viés religioso católico e protestante, com atividade
econômica predominantemente agrícola, muitos/as estudantes trabalham na lavoura
com a agricultura familiar.
A escolha da escola, parte do pressuposto da
minha atuação como docente entre os anos de 2011 a 2017. Os temas de gênero e
sexualidades sempre são pertinentes no meu planejamento anual; incorporados e
com o desejo de dialogar e esclarecer. Conheci o projeto “Gênero e Diversidade
na Escola,” e o eixo do Concurso de Cartazes por uma professora da mesma escola.
Participei do concurso de cartazes nos editais do Projeto do Papo Sério nos
anos de 2014 e 2015, e em 2016 com o edital próprio da EEBCAL.
Esta escrita está baseada na importância de
se discutir os temas de gênero e diversidade na escola, especialmente nas aulas
de História. As pessoas estão em constante transformação, variando seus
interesses e desejos, alterando práticas cotidianas e a forma como se percebem
e como vêem os outros. Durante muito tempo prevaleceu, na maior parte das
sociedades, a ideia de que as diferenças entre homens e mulheres eram naturais
e definidas por diferenças biológicas. As mulheres teriam nascido com uma
aptidão maior para o cuidado com o lar e os filhos, enquanto os homens tinham
maior facilidade para trabalhar fora, fazer maior esforço físico e assumir
cargos de chefia, entre muitas outras atividades que marcaram as distinções
entre os sexos. Esse mesmo discurso era, notadamente, utilizado para justificar
a subordinação feminina e as relações desiguais entre homens e mulheres.
Diante desse quadro que ainda rege as
relações de gênero, as aulas de História no Ensino Básico têm o papel de:
conscientizar, sensibilizar e informar alunas/os, professoras/es,
funcionárias/os, mães e pais sobre a necessidade urgente do trabalho com
questões de gênero e diversidade na escola. Desse modo, o ensino poderá
contribuir com a formação humana integral, que diante dessa categoria, o
Currículo Base do Território Catarinense da Educação Infantil e Ensino
Fundamental de 2019, traz como princípio do percurso formativo na Educação
Básica; o estímulo ao debate e a reflexão sobre questões de gênero e
diversidade na escola contribuem para a desmistificação de tabus e senso comum
sobre gênero e sexualidades. Diminuir as situações de preconceito e injustiça
no ambiente escolar e trabalhar com temas transversais e que estão contidos nos
marcos legais do país. É importante dialogar com autores, teóricos dos estudos
de gênero e do ensino de História para fomentar o debate; pensar em Gênero como
categoria de análise, a partir de Scot e Butler.
A partir desta problematização, analisar os
cartazes em foco, é permitir discussões acerca do projeto “Gênero e Diversidade
na Escola”, ocorrido na EEBCAL e vinculado ao Projeto Papo Sério, do NIGS –
UFSC, a partir do recorte temporal de 2015 a 2016, embora o projeto tenha se
estabelecido na escola entre 2013 a 2016. A escolha do ano de 2015 se dá pelo
motivo que, foi o último ano do Projeto Papo Sério, que por sete anos articulou
o concurso de cartazes com as escolas de educação básica; e do ano de 2016, com
recursos financeiros provindos do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, a
EEBCAL, criou o seu I (e único) Concurso de Cartazes os mesmos moldes
estruturais do Papo Sério. As fontes que serão utilizadas para a pesquisa se
encontram em bancos de documentações próprias.
O
Ano de 2015
Com os Projetos intitulados “Direitos
Humanos, vulnerabilidade e interseccionalidade: Propostas de reflexão práticas
à estudantes do Ensino Médio” e “Expressão de Gênero da infância à juventude e
Faces da Homofobia” com o 9º ano, perpassou os objetivos de conscientizar toda
comunidade escolar a pensar as questões de preconceitos e discriminações
relacionadas ao sexo, raça, gênero, entre outras.
Os métodos para a realização foram oficinas
de conscientização e sensibilização que contribuíram para a identificação
dos/as alunos/as com relação às intersecções, a transversalidade de
preconceitos pontuados nos grupos que se encontram em maior situação de
vulnerabilidade, tais quais as Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais. Em seguida, os/as alunos/as dos nonos anos 01 e 02 (Ensino
Fundamental II), Primeira, Segunda e Terceira série (Ensino Médio), produziram
cartazes sobre a temática do Concurso de Cartazes: Trans-Lesbo-Homofobia e
Heterossexismo nas Escolas, promovido pelo Núcleo de Identidades de Gênero e
Subjetividades – Projeto de Extensão “Papo Sério”/UFSC.
Categoria: INTERSECCIONALIDADE (Ensino Médio)
Cartaz 01
Cartaz 02
Cartaz 03
Cartaz 04
Cartaz 05
Cartaz 06
Cartazes do acervo próprio do autor.
No ano de 2015, as/os estudantes foram
convidados/as a pensarem sobre o conceito de Interseccionalidade. Por
interseccionalidade entende-se:
“A interseccionalidade é uma conceituação do
problema que busca capturar as conseqüências estruturais e dinâmicas da
interação entre dois ou mais eixos da subordinação. Ela trata especificamente
da forma pela qual o racismo, o patriarcalismo, a opressão de classe e outros
sistemas discriminatórios criam desigualdades básicas que estruturam as
posições relativas de mulheres, raças, etnias, classes e outras”. [CRENSHAW
apud RODRIGUES, 2013, p.6]
Com isso, pretendeu fazê-los voltarem seus
olhares para outras formas de preconceito e discriminação, além das citadas
anteriormente, tais como: racismo, capacitismo, xenofobia, preconceitos de
classe, de religião, gordofobia, entre outros.
No cartaz 01, apresenta a frase: “Sou negro,
cadeirante e homossexual, mas tenho um coração igual ao seu!”. Esse cartaz, bem
como os outros, foi produzido por alunes do Ensino Médio que trouxeram para a
discussão as temáticas de raça, deficiências e sexualidades. No cartaz 02,
apresenta a frase: “Born this way”, canção da Lady Gaga. Para o debate temos
apresentado no cartaz um casal de lésbicas, sendo que uma delas é cadeirante.
No cartaz 03, a frase que justifica o cartaz reflete: “Viva a Diversidade”.
Deficiência, sexualidades e gênero são perceptíveis para a reflexão. No cartaz
04, o tema é “Favela Gay”. Pensar em vulnerabilidade e classe social, diante de
um casal homossexual. No cartaz 05, a frase que nos provoca é: “Ser trans não é
um problema para mim, por que deveria ser pra você?”. Reflexão sobre identidade
de gênero e deficiências. E no cartaz 06, “minha sexualidade não é pro seu
prazer” justifica os debates em torno das relações de raça, identidade de
gênero e coloca uma questão pertinente para a população trans:
travesti/transexual como máquina de sexo.
A interseccionalidade, ferramenta teórica que
nos permite pensar na articulação de várias categorias para entender um
fenômeno discriminatório, traz como exemplo, a análise das reflexões dos
cartazes, bem como a ideia de uma mulher lésbica negra, a partir de uma
perspectiva interseccional, articulará as categorias de gênero, raça, orientação
sexual para explicar o fenômeno. Esse cenário pode provocar diversas formas de
preconceito, discriminação que culmina em várias formas de violências.
Os estudos sobre o tema das violências
desmitificam a concepção de violência como agressão física, passando a
analisá-la como um conjunto de fatores sociais que montam um ambiente violento.
Neste contexto, podemos identificar diversas formas de violências interligadas:
a violência verbal, a violência física, a violência simbólica e a violência
econômica. Cada qual com suas sutilezas, todas criam feridas, que às vezes, não
se curam. Quando pensamos estas violências contra grupos subalternos –
definidos como grupos que não preenchem modelos dominantes -, é necessário
observar a interseccionalidade de categorias que atuam simultaneamente no
processo de discriminação.
A oficina préelaboração dos cartazes permitiu
que os/as estudantes pudessem também refletir sobre a importância de uma
educação com uma perspectiva de respeito aos Direitos Humanos. Foi apresentado
o conceito/definição de vulnerabilidade, bem como foram pontuados os grupos
históricos que se encontram em maior situação de vulnerabilidade e a quais
riscos estão expostos. As mulheres estão vulneráveis ao machismo, sexismo e
misoginia; homossexuais à homofobia; lésbicas à lesbofobia; travestis,
transgêneros e transexuais à transfobia; negras/os ao racismo; populações
indígenas ao etnocentrismo. Além disso, foram citadas minorias étnicas,
religiosas e culturais, bem como exclusões por conta da aparência física e
idade. Conversamos também sobre a situação de imigrantes e refugiados remetendo
à presença de haitianos, comum na nossa região. Também foram citadas como
grupos em situação mais vulnerável as populações quilombolas e ribeirinhas.
Categoria: GÊNERO (Ensino Fundamental – Anos
Finais 9ºs anos)
Cartaz produzido por estudantes do Ensino
Fundamental – Anos Finais. Acervo próprio do autor.
No Brasil de Bolsonaro, a ministra da Mulher,
da Família e dos Direitos Humanos, Damares, afirma que azul é de menino e rosa
é de menina. O que ela quer com essa afirmação? Questionar os estudos
feministas e abraça o patriarcado desmerecendo a ciência.
A palavra “gênero” é uma categoria de análise
dos Estudos Feministas que tem sido utilizada para pensar a construção social
das diferenças entre homens e mulheres, conforme explica a historiadora Joan W.
Scott. Até recentemente, o senso comum considerava que os comportamentos, ações
e espaços na sociedade destinados de maneira diferente para homens e mulheres
se davam pela diferença biológica dos corpos. Os estudos feministas e de gênero
passaram a questionar essa origem biológica e a explicação causal para
comportamentos e condutas de mulheres e homens em diferentes sociedades.
Azul para meninos, rosa para meninas;
carrinhos para eles, bonecas para elas. Desta forma, as diversas instituições
sociais, como as escolas, as igrejas, a família e a mídia, vão transformando
crianças em meninos e meninas, alinhando o gênero ao sexo biológico com o qual
as pessoas nascem. Crescemos aprendendo pelo cinema, pela literatura e pela
televisão que as mulheres só são felizes se casarem, se tiverem filhos/as e que
devem ficar apenas em casa. Já os homens têm que garantir o sustento da família
e circular pelos espaços públicos. Eles têm de ser mais agressivos, enquanto
que elas devem ser mais compassivas.
Assim, na luta por um mundo com mais
igualdade, é de suma importância que se respeite os diferentes modos de ser e
estar no mundo, de modo que as pessoas possam expressar o gênero da maneira
como se sentem confortáveis e não por uma imposição sobre seus corpos.
Categoria: HOMOFOBIA (Ensino Fundamental –
Anos Finais 9ºs anos)
Acervo próprio do autor.
O Ensino Fundamental – Anos Finais, através
das turmas dos nonos anos (91 e 92), iniciaram as reflexões sobre as relações
de gênero e entraram no projeto no ano de 2015. As reflexões desenvolvidas
pelos(as) alunos(as), buscaram compreender a diversidade de experiências,
culturas, formas associativas e dinâmicas, que aos quais, para além desses
sujeitos, uma humanização crítica e respeitosa possa florescer nas terras de
Águas Mornas, no coração de jovens impulsionados pelo sentimento de mudança e
transformação de seu meio social.
No ano de 2015, além da continuidade dos
estudos de Gênero e Sexualidades no Ensino Médio, amplia-se o espaço de
divulgação e participação do Concurso de Cartazes para o Ensino Fundamental
Anos Finais, especificamente para as turmas dos 9ºs anos 01 (matutino) e 02
(vespertino), (aproximadamente 25 alunos(as) em cada turma) da EEBCAL.
O desafio inicial e que foi fruto das
socializações no decorrer dos encontros, se edificou com as contestações que
emergem a partir das violências, a homofobia. A Caixa “Pergunte Aí”, foi um
objeto de certificação de incertezas, descrenças e objeções. Algumas perguntas
que os(as) alunos(as) depositaram na caixa: - Homofobia é a mesma coisa do que
Bullying? – Por que alguns homens que se sentem mulher, usam roupas femininas e
outros usam roupas de homens mesmos? – Por que as pessoas acham que
homossexualidade é doença, sendo que é dessa forma que elas são felizes? – Por
que as pessoas têm tanto preconceito? – Se você fosse pai e tivesse um filho
gay, como você reagiria?
As violências por preconceito referem-se a
agressões e atos violentos que impõem o exercício de uma hierarquia social,
sendo expressivos de uma relação de dominação de um grupo ou categoria social
sobre outro/a, por exemplo, homens sobre mulheres, ricos sobre pobres, nativos
contra estrangeiros e migrantes, heterossexuais contra homossexuais etc. A LGBTfobia é tratamento mais cruel e que
anula, torna invisível, exclui as pessoas. A homofobia, atitude preconceituosa
que hierarquiza as pessoas em função da sua orientação sexual, é usada para se
referir às atitudes e condutas de desprezo, discriminação e ódio às pessoas não
heterossexuais e, em particular, a gays. A lesbofobia é a forma de
discriminação dupla que articula a intolerância, desprezo, discriminação por
causa da orientação sexual, com subordinação ao gênero. A transfobia despreza
às pessoas travestis e transexuais.
O
Ano de 2016
O projeto realizado em 2016, agora sem
vinculação direta com o “Projeto Papo Sério” – NIGS/UFSC, pois o mesmo recebeu
cortes financeiros, deu a oportunidade para a Escola de Educação Básica Coronel
Antônio Lehmkuhl andar com os seus próprios pés.
O I Concurso de Cartazes
sobre Trans-Lesbo-Homofobia e Heterossexismo humanizou os/as
estudantes do Ensino Fundamental – Anos Finais e Ensino Médio da Escola de
Educação Básica Coronel Antônio Lehmkuhl.
Trazer conhecimentos científicos da
diversidade sexual e de gênero ainda é um grande impasse, diante da sociedade.
Mas o tema está no cotidiano, nas rodas de conversas, nas famílias e,
especialmente, em um dos ambientes que unem os mais diversos posicionamentos e
personalidades, que é a escola. Para criar a discussão e expandir o
conhecimento dos/as estudantes sobre o tema, o I Concurso de Cartazes
sobre Trans-Lesbo-Homofobia e Heterossexismo, identificado
como lema “Escola é lugar de respeito às diferenças e construção da
igualdade”, que foi abordado de forma interdisciplinar através de oficinas e
roda de debates em ambiente escolar.
O Concurso, nos mesmos moldes do Concurso de
Cartazes do Projeto Papo Sério, fomentou à criação artística de cartazes sobre
às questões que discorram o combate às violências e discriminações LGBTfóbicas
em ambiente escolar. Nos cartazes, as temáticas foram diversas: discriminação,
responsabilidade da escola, padrões de vida criados pela sociedade, reivindicações
do movimento LGBTQ+, adoção por casais homossexuais, entre outras questões,
ficaram registradas nas imagens que dizem tudo sobre respeito, amor, igualdade
e cidadania.
Categoria: ADOÇÃO POR CASAIS HOMOSSEXUAIS
(Ensino Médio)
Cartaz 03 (Acervo próprio do autor)
No cartaz 01 e 02, a defesa da
responsabilidade da escola diante dos temas em discussão. A E.E.B. Cel. Antônio Lehmkuhl manteve seu
compromisso como escola construtora da igualdade de gênero. Acreditar que um
mundo mais justo, igualitário e que respeite as diferenças seja possível com a
contribuição da educação. Fazer da escola um lugar em que aqueles e aquelas por
anos invisibilizadas/os sejam reconhecidas/os, valorizadas/os e respeitadas/os.
A Diversidade e as Diferenças vivem e habitam a escola. Professores/as não
podem ser negligentes; devem educar para a valorização da diversidade e o
respeito às diferenças.
Assim como os processos sociais são
históricos, construir compreensões sobre a História também o é, e isso
significa discutir sobre sua relatividade conforme os períodos pelos quais
passa. Nos últimos anos, por exemplo, ensinar História se tornou uma resposta a
demandas e desafios que envolviam uma renovação do olhar sobre a prática do
ensino, bem como da prática enquanto produção de saber histórico. Os chamados
problemas de gênero (sexualidade, diversidade, violência de gênero,
homo/lesbo/transfobia, direitos das mulheres, pertença histórica) se tornaram
pauta necessária dentro e fora das salas de aula e em muitos casos dentro ou fora
da História enquanto disciplina. Considerando os problemas de gênero como sendo
também o conjunto de discursos disseminados (parlamentares, mídia,
profissionais liberais, empresários, legislações) e que trazem em seu bojo o
conservadorismo, a misoginia, a homofobia, sem esquecer de relacioná-los a vida
social mais ampla de um país que possui altos índices de violência contra
mulheres e LGBTQ+ como o Brasil, as reflexões propostas buscam compreender a
diversidade de experiências, culturas, formas associativas e dinâmicas que
contribuam para uma humanização crítica e respeitosa no coração de jovens
impulsionados pelo sentimento de mudança e transformação de seu meio social.
As desigualdades sociais advindas da
construção social da diferença entre o que é considerado “masculino” e o que é
“feminino” geram múltiplas violências e opressões. As desigualdades são
aprendidas dentro e fora da escola, porém dentro da escola essas desigualdades
se reproduzem.
A partir da perspectiva da escola como um
reflexo ativo e dialético da sociedade uma questão fundamental para a
construção dessa formação foi desconstruir e desvestir os conceitos e
preconceitos já estabelecidos pela sociedade.
O momento é de quebra de paradigmas, de
revisão de nossos conceitos. O debate é pertinente ainda em tempos de Escola
sem Partido. Esclarecer, conscientizar e relacionar o assunto com as práticas
cotidianas é entender os corpos que transitam pela escola e que formam a
sociedade.
Referências
Mestrando
em Ensino de História – UFSC, 2019-2020. Pós-graduado em Fundamentos e
Organização Curricular – UNISUL, 2018-2019. Especialista em Gestão Pública pela
Faculdade Municipal de Palhoça – FMP, 2016. Graduado em História (Licenciatura)
pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, 2014. Atualmente é
professor da rede estadual de ensino – Secretaria de Educação do Estado de
Santa Catarina. E-mail: rofefe23@gmail.com
CONNELL, Robert W.; MESSERSCHMIDT, James
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v. 21, n. 1, p. 241-282, 2013.
CORRÊA, Ester Cândida. Análise dos conceitos
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Profissional em Ensino de História, Cuiabá,, 2018.
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PEDRO, Joana Maria. Traduzindo o debate: o
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Parabéns, gostei muito do seu texto!
ResponderExcluirVejo que por meio dele é possível refletir a importância de se trazer para dentro da sala de aula debates ligados a gênero, não somente gênero enquanto menina e menino, mas como algo mais abrangente, bem como fica explicitado por você que é possível de trabalhar na sala. Achei muito interessante a forma como foi trabalho com os alunos, por meio de catazes. A minha pergunta é a partir de algo que você mencionado no texto sobre a ideia de que carrinho é para meninos e boneca é para as meninas ou sobre azul ser de menino e rosa é de menina, e entre outras ideias acabam gerando forte cobrança sobre as meninas, mas os meninos também são cobrados pela sociedade, onde eles devem ser fortes e viris e que não podem chorar. Em meio as atividades foi possível notar por parte dos meninos envolvimentos ou questionamentos sobre estas ideais? E por meio destes debates, discussões e trabalhos realizados na escola também foi possível notar mudanças dentro ambiente escolar?
obrigada!
Vanessa Trzaskos
Olá, Vanessa. Agradeço pelo tempo dedicado a leitura do meu texto. Os papéis de gênero estão fortemente ligados as culturas de uma sociedade; ainda percebemos esse binarismo quando entramos numa loja de brinquedos e temos um espaço rosa com vários brinquedos para as meninas, tais quais bonecas, vassouras, kits de cozinha, enquanto na ala dos meninos no mundo azul, temos carros, super-heróis, animais grandiosos etc... essa divisão binária, desde a infância, gera uma normatização de gêneros que infringe nas escolhas e possibilidades diversas desses meninos e meninas. Quando abordo essas temáticas em sala de aula, os meninos são mais ouvintes do que falantes; algumas vezes há um posicionamento de que, como o mundo está se transformando, essas juventudes precisam mudar também; conhecer o diferente, refletir sobre novas experiências. Porém, ainda há uma manifestação por parte de alguns de que os homens não choram, não podem expressar os seus sentimentos, precisam colocar as coisas dentro de casa, a virilidade e a masculinidade são diretrizes para o que é ser homem... o projeto estabeleceu oficinas, rodas de conversa, debates, atividades empíricas, análises de vídeos e que culminou na esfera escolar uma mudança de hábito; percebemos estudantes, meninos e meninas (sem distinção de orientação sexual ou identidade de gênero) que se posicionam acerca de uma desigualdade, violência, preconceito etc. Esse exercício de reflexão proporcionou uma escola, e até uma comunidade, mais ativa no debate e estudo das relações de gênero. As sementes foram plantadas e já conseguimos identificar os frutos. Penso que uma escola não pode negligenciar esses debates; os professores precisam de formações sobre os diversos temas que chegam na escola, tal qual o machismo, sexismo, misoginia, violências contra as mulheres etc. Uma sala de aula não é só composta por Português e Matemática; existem muitas subjetividades e identidades que transitam naquele espaço, e a escola precisa ficar atenta a essas demandas sociais. Um abraço!
ResponderExcluirRobson Ferreira Fernandes