O PROTAGONISMO DA MULHER
NEGRA NA HISTÓRIA BRASILEIRA: DISCUTINDO GÊNERO E RAÇA NO ESPAÇO ESCOLAR
A escola tem grande participação na
construção da identidade da criança e adolescente. É nesse espaço que eles
recebem um conjunto de elementos e valores que formam seu pensamento e atitude.
Sendo assim, a interação com o outro, o reconhecimento e a representação
positiva constroem o olhar de si e a afirmação identitária. HALL [2006, p. 39] explica que “a identidade
surge não tanto da plenitude que já está dentro de nós como indivíduos, mas de
uma falta de inteireza que é “preenchida” a partir do nosso exterior”.
A interação com o outro é que dá sentido a
identidade. Nesse sentido, é muito importante que a escola esteja comprometida
em preparar cidadãos que respeitem a diversidade étnico-racial, que valorizem a
história de cada grupo e que esteja alinhada com projetos de educação para
relações étnico-raciais e igualdade de gênero, a fim de superar concepções de
superioridade e inferioridade.
É sabido que fora da escola as crianças e os
jovens são bombardeados por informações e posturas que muitas vezes podem levar
os mesmos a reproduzirem discursos preconceituosos, de raça e de gênero. A
escola, de modo algum, pode se colocar como uma instituição neutra frente aos
problemas sociais. Se os conflitos e desigualdades sociais acontecem fora da
escola, eles certamente surgirão dentro do espaço escolar. Desta forma, ao
fechar os olhos para situações de racismo e sexismo, a escola estará
contribuindo para a reprodução da desigualdade social, da intolerância e
violência, ferindo o seu papel de agente de transformação da sociedade.
Com o intuito de reparar anos de negação de
direitos à população negra e valorizar a sua história, cultura e reconhecer sua
contribuição para construção da nação brasileira, população essa que resistiu
em quilombos, em movimentos de lutas por direitos e visibilidade, como por
exemplo, o movimento da Frente Negra Brasileira (FNB), o Teatro Negro Unificado
(TNT), o Movimento Negro Unificado (MNU) e tantos outros que provocaram debates
e levantaram questões acerca das necessidades da população negra, impulsionando
assim a criação da Lei 10. 639/2003, que torna obrigatório nos estabelecimento
de ensino, a História e Cultura Afro-brasileira e Africana.
Para implementar essa lei e orientar as
práticas pedagógicas dos docentes foi criado o Plano Nacional de Implementação
das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico-Raciais, o Parecer CNE/CP nº 03/2004, a Resolução CNE/CP nº 01/2004 e as
Orientações e Ações para a Educação das relações Étnico- Raciais. Esses
documentos regulamentam as atribuições das esferas Federal, Estadual e
Municipal. Cabendo ao município:
- Apoiar as escolas para a implementação das
Leis nº 10.639/03 e 11.645/08 por meio de ações colaborativas com o Fórum de
Educação para a Diversidade Étnico- Racial, conselhos escolares, equipes
pedagógicas e sociedade civil; [BRASIL, 2013, p. 32].
A consolidação dessas práticas depende também
da atuação do município como meio propiciador e orientador dos profissionais da
educação. O documento – “Orientações e Ações para a Educação das relações
Étnico- Raciais” - organiza e orienta as ações didático-pedagógicas em cada
nível ou modalidade de ensino. Em relação ao Ensino Fundamental ele acrescenta:
No que se refere à ideia de currículo, é
importante entender que existem diferentes visões para sua construção e
encaminhamento. Em nossa visão o entendemos como mola-mestra para o processo de
sensibilização de alunos(as) para o conhecimento e exercício de seus direitos e
deveres como cidadãs(os). O trabalho docente pode, então, orientar-se para além
das disciplinas constantes do currículo do curso, mas também na exposição e
discussão de questões éticas, políticas, econômicas e sociais. [BRASIL, 2006,
p. 57].
Os temas voltados para educação das relações
raciais devem integrar todo o currículo escolar. Dito de outra forma, as
temáticas devem ser inseridas em todas as disciplinas e durante todo o ano
letivo e não de maneira folclórica e festiva. É preciso problematizar essas
questões constantemente a fim de provocar uma reflexão-ação, desenvolvendo nos
discentes postura crítica e respeitosa frente as diferenças. Para SILVA [2007]
a educação das relações étnico-raciais tem como objetivo:
A educação das relações étnico-raciais tem
por alvo a formação de cidadãos, mulheres e homens empenhados em promover
condições de igualdade no exercício de direitos sociais, políticos, econômicos,
dos direitos de ser, viver, pensar, próprios aos diferentes pertencimentos
étnico-raciais e sociais. [SILVA, p. 490].
O trabalho no espaço escolar deve se basear
nos princípios que norteiam as ações para implementação da lei: Consciência
Política e Histórica da Diversidade, Fortalecimento de Identidades e de
Direitos e Ações educativas de Combate ao Racismo e a Discriminações. Portanto,
é preciso que os docentes motivem/orientem os alunos/as para assumirem postura
de reconhecimento da diversidade, do respeito às diferenças e desenvolvam o
sentimento de pertença. Para tanto, é necessário que esses educadores também
passem pela conscientização, educação e aprendizagem. Segundo Munanga (2005),
somos resultado de uma sociedade eurocêntrica, e por conta disso o preconceito
é reproduzido de forma inconsciente.
A representação dos negros e negras nos
livros didáticos, quando aparecem, é sempre de forma negativa. Ele é o cativo,
submisso, fraco, inferior, feio e menos capaz. Todo esse preconceito é
introjetado na criança e adolescente negros/as, ferindo sua autoestima e
maculando sua identidade, levando muitas vezes a repetência e evasão escolar,
uma vez que não veem sentido na educação e não se sentem representados. Nesse
sentido, a educação deve ser um mecanismo poderoso de superação do racismo e de
qualquer tipo de desigualdade.
Os estereótipos ideológicos apresentados nos
livros didáticos podem ser desconstruídos pelo/a educador/a, seja através da
problematização das histórias e imagens ou até mesmo por meio de confronto com
outros materiais que enalteçam e valorizem a história dos negros/as e
afro-brasileiros/as.
Em um trabalho desenvolvido nas aulas de
História, na turma do 8º ano da Escola Municipal Almerindo Alves dos Santos,
situada no município de Eunápolis, sobre Maria Firmina dos reis, escritora
negra e abolicionista, uma aluna revelou o quanto aprender sobre Maria Firmina
fortaleceu sua identidade. Assim ela relata em seu diário:
(...) Eu já sofri racismo na minha própria
casa, alguns dos meus parentes que faziam isso comigo. Eu ficava ouvindo várias
vezes eles dizendo: Gorda, feia, cabeça de cupim, preta, etc. Diziam que preto
rouba, que eu não tomava banho porque era preta. Mas eu já superei tudo isso,
não me importo com o que dizem sobre mim. Mas quando eu li a história dela me
emocionei, porque, cara! Ela é foi muito corajosa e maravilhosa. Na minha casa
eu chorei. Ela é magnífica. E o incrível é que foi graças a Firmina que hoje
nós negras fazemos o que no passado nenhuma negra fazia. (Relato do diário de
trabalho da aluna F do 8º ano do Ensino Fundamental II, 2019).
Protagonismo
Feminino Negro
A narrativa histórica tem uma grande dívida
com a história das mulheres. Elas foram silenciadas, apagadas como meras
coadjuvantes dos fatos históricos. Condenadas a obscuridade dos espaços
privados e da vida traçada pelos papéis que lhe cabiam: mães e esposas. Para
Scott [1990, “O gênero se torna, aliás, uma maneira de indicar as “construções
sociais” – a criação inteiramente social das ideias sobre os papéis próprios
aos homens e as mulheres”. [p.7]. Nessa perspectiva, o estudo de gênero explica
como foram construídos os papéis femininos ao longo da história, esclarece que
a desigualdade social entre homens e mulheres é uma construção histórica,
social e cultural, rejeitando assim o determinismo biológico ou diferença
sexual.
Mas em
que momento da história a “superioridade” masculina firmou-se perante a
feminina marcada de maneira imposta? Para BEAUVOIR (2016) a soberania do homem
sobre a mulher se deu a partir do momento que ele dominou a natureza, limitando
a mulher apenas à maternidade. Segundo a autora, a mulher dá apenas a vida, o
homem arrisca a sua vida pelos seus pares, e isso o torna superior.
Quando nos voltamos para a história das
mulheres negras o silêncio é ainda mais taciturno. A mulher negra escravizada
era considerada não mulher, era uma mercadoria que dava lucro, seja através do
trabalho pesado, seja no seu valor de procriação. Se para as mulheres brancas
restava o espaço do lar, para as mulheres negras, nada restava, ela era o outro
do outro, ou seja, era duplamente inferiorizada. Para as mulheres negras não
restou o “encanto” de viver a maternidade. Elas trabalhavam nos campos,
grávidas e, quando tinham seus filhos, continuavam trabalhando de sol a sol,
com seus filhos amarrados pelas costas.
Segundo DAVIS (2016), as mulheres negras não
podiam ser mães e dona de casa, elas trabalhavam tanto quanto os seus
companheiros, e em relação a elas, eles não tinham privilégios:
‘É verdade que a vida doméstica teve uma
exagerada importância na vida social dos escravos, porque lhes deu o único
espaço onde podiam verdadeiramente experienciarem-se como seres humanos. As
mulheres negras, por esta razão – e também porque eram trabalhadoras tal como
os homens – não estavam rebaixadas nas suas funções domésticas do mesmo modo
que as mulheres brancas se tornaram. De forma desigual às suas parceiras, elas
não podiam nunca ser tratadas como meras “donas-de-casa”’. (DAVIS, 2016, p.19).
As mulheres negras escravizadas, quando
estavam na condição de mãe e donas de casa, dividiam igualmente com os seus
companheiros as tarefas domésticas, o trabalho nos campos, o cuidado com os
filhos, a luta contra o opressor, as inúmeras fugas e tentativas de fuga,
rebeliões e com grande peso, a luta pela abolição da escravatura.
A consciência de si e o desejo de romper as
amarras da subordinação através da igualdade entre homens e mulheres, foram as
bases para o surgimento de um movimento que nasce no apagar das luzes do século
XVIII e toma corpo e se fortalece no século XIX: o Movimento Feminista. Esse
movimento novo é esperançoso, pois busca pensar o papel das mulheres na
sociedade. Para as autoras, “Trata-se, hoje, de um movimento que questiona o
papel da mulher na família, no trabalho e na sociedade, luta por uma transformação
nas relações humanas e pela extinção das relações baseadas na discriminação
social”. (COSTA; SARDENBER, 2008 p.29).
No
entanto, nas duas primeiras ondas do Movimento Feminista as mulheres negras não
se sentiam representadas. Elas sofriam machismo dentro do movimento negro e
racismo dentro do movimento feminista. Sueli Carneiro é um dos grandes nomes de
representação das mulheres negras que buscou enegrecer o movimento feminista.
Segundo Carneiro (2003), os problemas das questões de gênero é ampliada pela
questão da raça.
Ao perceber a solidão em que se encontrava em
suas questões mais intimas, a mulher negra seguiu envolvida nas lutas dos
movimentos feministas e populares, mas estabeleceu para si uma frente de luta
própria de combate ao racismo e a discriminação, através de encontros, fóruns e
agendas programadas. Essa agenda diz respeito a tema tais como: trabalho,
educação, saúde e violência. O movimento feminista negro contribuiu para
incluir as questões de gênero na agenda pública, tendo como objetivo principal,
acabar com a desigualdade entre homens e mulheres.
Do início da colonização até a conquista do
voto, ocorreram muitas lutas. No Brasil colônia, as mulheres negras além de
trabalharem duramente, eram abusadas sexualmente por seus senhores, tendo sua
dignidade violada. As mulheres brancas embora tivesse o lar como seu “reduto de
proteção”, eram oprimidas por não poderem trabalhar, estudar e participar da
política. Quando o Brasil se torna uma República, a Constituição de 1891 diz
que todos são iguais perante a lei, mas não garante que “esse todos” inclua as
mulheres, que ficam, por costume, de fora dos direitos políticos. Logo após a
proclamação da República muitas mulheres se organizaram em diferentes regiões
do Brasil pra fazer valer o artigo que preconizava a igualdade jurídica. Elas
fundaram jornais, partidos políticos feministas, fizeram passeatas, mas foi com
a criação da Federação Brasileira para o Progresso Feminino (FBPF) sob o
comando de Bertha Lutz que as lutas feministas brasileiras pelo sufrágio
universal se consolidaram:
Tendo à frente Bertha Lutz, a FBPF será o
ponto de partida para a criação de várias outras associações de mulheres em
todo o Brasil, caracterizando-se como a primeira entidade de mulheres a nível
nacional. Torna-se assim, a principal responsável pela luta sufragista no
Brasil, uma luta que se travou quase que exclusivamente a nível parlamentar.
Apesar de toda a influência das sufragistas norte-americanas, jamais adotou o
“terrorismo feminista” como tática para chamar atenção às lutas das mulheres.
[COSTA; SARDENBERG, 2008, p.37].
A Federação fez duras críticas ao governo que
cobrava impostos das mulheres mais não garantia a elas a igualdade jurídica,
denunciando o machismo e o sexismo que retardava o progresso das mesmas. Após a
conquista do voto, Bertha Lutz desempenhou um importante papel no processo de
garantia de direitos para as mulheres, combatendo leis discriminatórias que
regulavam as desigualdades. É preciso lembrar que nessa primeira fase do
feminismo brasileiro as mulheres foram pensadas de forma genérica. Mesmo as
lutas importantes levantadas pelos partidos políticos ditos “de esquerda”, não
levavam em consideração questões como, por exemplo, raça e classe.
Segundo as autoras, o ego exacerbado e as
visões divergentes acerca da opressão feminina foi um grande entrave para o
avanço das lutas. Enquanto um grupo via no sistema patriarcal o algoz da
opressão feminina o outro grupo responsabilizava o sistema capitalista de
produção. Esse impasse gerou um esvaziamento das reuniões e encontros
feministas, uma vez que, muitas mulheres não se sentiam representadas por
nenhum dos grupos citados.
E quanto às mulheres negras, como ficam suas
demandas e representação frente ao movimento feminista brasileiro? Na década de
1970 muitas mulheres negras militavam no Movimento Negro, no entanto, embora
esse espaço represente um local de busca por direitos para o povo negro e luta
contra o racismo, ainda trazia no seu contorno o ranço do sistema patriarcal e
misógino. As mulheres negras eram meras coadjuvantes dos homens no movimento,
eram rechaçadas dos postos de lideranças, cabendo apenas o papel de cumprir
tarefas. Nesses espaços, suas lutas feministas por igualdade de representação e
poder não eram contempladas.
Por outro lado, o movimento feminista não as
representava, uma vez que, ele se apresentava compacto e genérico e não levava
em consideração as especificidades das mulheres negras, sem falar no
preconceito racial que sofriam por parte das mulheres brancas. Desta forma, é
importante deixar claro que, dentre todas as demandas do movimento feminista
que as mulheres brancas e negras buscavam conquistar, a mulher negra ainda
carregava em seus ombros a árdua tarefa de combater o racimo. Sueli Carneiro é
um dos grandes nomes de representação das mulheres negras que buscou enegrecer
o movimento feminista. Segundo Carneiro (2003), os problemas das questões de
gênero é ampliada pela questão da raça. Ao citar Gonzalez ela explica que:
Padeciam de duas dificuldades para as
mulheres negras: de um lado, o viés eurocentrista do feminismo brasileiro, ao
omitir a centralidade da questão de raça nas hierarquias de gênero presentes na
sociedade, e ao universalizar os valores de uma cultura particular (a
ocidental) para o conjunto das mulheres, sem as mediações que os processos de
dominação, violência e exploração que estão na base da interação entre brancos
e não-brancos, constitui-se em mais um eixo articulador do mito da democracia
racial e do ideal de branqueamento. Por outro lado, também revela um
distanciamento da realidade vivida pela mulher negra ao negar toda uma história
feita de resistências e de lutas, em que essa mulher tem sido protagonista
graças à dinâmica de uma memória cultural ancestral – que nada tem a ver com o
eurocentrismo desse tipo de feminismo. [GONZALEZ apud CARNEIRO, 2003, p. 4]
As mulheres negras ao longo da história,
tanto no Brasil quanto no mundo, sofreram discriminação por serem mulheres pela
raça e pela classe. Por isso que a luta pelo fim da desigualdade entre homens e
mulheres deve ser pensada a partir desses conceitos.
Uma forma de combater a discriminação racial
em relação às mulheres é levar essas discussões para o espaço da sala de aula.
Trabalhar a construção histórica de conceito tais como: raça, racismo, sexismo,
discriminação e gênero contribuirá para a reflexão dos discentes acerca da
construção da história das mulheres negras, possibilitando a mudança de postura
frente a situações de racismo e sexismo.
É também na escola que os papéis sociais e o
significado do que é ser homem ou ser mulher são construídos. Portanto a
escolha dos conteúdos diz muito sobre que tipo de cidadão a escola quer formar.
Será que os conhecimentos adquiridos têm levado os mesmos a estabelecerem
relações iguais, onde meninos e meninas se respeitam e valorizam as
potencialidades individuais, adquirindo de forma igualitária um acervo de
elementos que os possibilite trilhar o mesmo caminho de oportunidade? O estudo
do conceito de gênero possibilita a compreensão da sociedade como um todo.
Nessa questão, a inclusão do gênero como
categoria de análise é de grande importância, pois, segundo muitas estudiosas
dentre as quais Scott, ela amplia os paradigmas do conhecimento e, ao abrir
perspectivas para uma nova história, para uma nova realidade social,
possibilita a discussão sobre a desigualdade e a opressão, não só de gênero,
mas, em geral, ao tempo em que permite que a experiência feminina seja
contemplada. (SARDENBERG, 2011,p.55).
Ao inserir no ensino de história práticas
pedagógicas voltadas para história das mulheres negras, problematizando suas
lutas e papéis assumidos nessa temporalidade, os/ as docentes estarão
promovendo a igualdade racial e de gênero. Os meninos e meninas se reconhecerão
nessas histórias, muitas vezes refletindo o seu modo de vida, de suas mães,
tias e avós e outras mulheres.
Contemplar no ensino de história vozes
ausentes como mulheres, indígenas, homossexuais e outros grupos minoritizados é
apresentar um currículo para as diferenças. Esse é um exercício constante, um
tempo de longa duração. Portanto, é
preciso caminhar para uma educação das relações étnico-raciais. O primeiro
passo é reconhecer que somos um país racista, o segundo é perceber que as diversidades
não podem se tornar sinônimo de desigualdade e que, acima de tudo, não somos
superiores a ninguém.
Referências
Ana Paula Lima Cunha é mestranda do Programa
de Pós Graduação em Relações Étnico- Raciais (PPGER) – UFSB. Especialista em
Educação em Gênero e Direitos Humanos (UFBA). Graduada em História (UNEB).
Professora efetiva de História do município de Eunápolis – Ba. E-mail:
anaclio2010@gmail.com.
BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo: fatos e
mitos. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 2016.
BRASIL. Lei 10.639 de 09 de Janeiro de 2003.
D.O.U de 10 de Janeiro de 2003.
BRASIL, Ministério da Educação. Plano
Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
das Relações Étnico- Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira e Africana. Brasília: SECADI, 2013.
BRASIL, Ministério da Educação. Orientações e
Ações para Educação das Relações- Étnico Raciais. Brasília: SEDAD, 2006.
CARNEIRO, Sueli. Mulheres em movimento. 2003.
Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142003000300008
Acesso: 30/03/2019.
COSTA, Ana Alice Alcântara; SARDENBERG, Cecília
Maria B. (Org). O Feminismo do Brasil:
Reflexões Teóricas e Perspectivas. Salvador: UFBA / Núcleo de Estudos
Interdisciplinares sobre a Mulher, 2008.
DAVIS, Ângela. Mulher, raça e classe.
Boitempo: São Paulo, 2016.
HALL. Stuart. A identidade cultural na pós-
modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
MUNANGA, Kabengele. Superando o Racismo na
escola. MEC/BID/UNESCO:
Brasília, 2005.
SCOTT, Joan. Gênero:
Uma categoria útil para análise histórica. 1990. Disponível em:
https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/71721/40667.
Acesso: 04/04/2019.
SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves.
Aprender, ensinar e relações étnico-raciais no Brasil. Porto Alegre, Educação
2007, p. 489-506. Disponível em:
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/viewFile/2745/2092.
Acesso em 04/04/2019.
Em sua opinião, quais são as maiores dificuldades impostas à consolidação do ensino de gênero e raça na educação básica?
ResponderExcluirRaquel Barreto Nascimento
Bom dia, Raquel!
ExcluirEntão, eu sou professora da Educação Básica há 09 anos. Durante todo esse período, tenho buscado realizar na unidade escolar em que eu atuo, projetos voltados para a implementação da 10.639/2003. Confesso que tem sido um desafio solitário. Primeiro porque não recebemos apoio da Secretaria de Educação, através de materiais ou curso de formação. Segundo que a comunidade escolar, digo o corpo de professores e gestores, não se engajam. Existe um jogo de empurra em que o professor diz que não recebeu formação para trabalhar tais temáticas, por outro lado, a gestão escolar não auxilia na construção de um curriculo que busca discutir essas questões. Para Munanga, é preciso que a questão do preconceito seja primeiro trabalhado no professor para que depois possa ser problematizado na sala de aula. É o que Bell hoocks chama de curar a si, para depois construir uma educação libertadora. Eu continuo firme, fazendo da sala de aula um espaço de fortalecimento identitário, de luta contra as desigualdades de genêro e de raça, ainda que só.
Abraços fraternos!
Ana Paula Lima Cunha.
Sabe-se que o apaziguamento das relações raciais no Brasil proposto por Gilberto Freyre através do conceito de democracia racial fez-se prejudicial ao debate acerca do racismo, já que segundo a teoria, havia uma relação dinâmica e pacífica entre a chamada casa grande e senzala. Além disso, sabemos também, que a abolição da escravatura se deu devido a enorme pressão das nações europeias, por meio de uma decisão técnico-jurídica, sem nenhuma assistência prática aos negros antes institucionalmente escravizados, realocando-os aos setores marginais da sociedade. Essa situação se agrava na medida em que discute-se gênero, raça e classe. Dito isso, no que diz respeito ao conceito proposto por Freyre, há um consenso dentro das ciências humanas quanto a veracidade de tal teoria, fala-se em “mito da democracia racial”. Nesse sentido, considerando o impacto negativo que o mito da democracia racial teve sobre o debate racial, somado a discussão de gênero, trata-se de uma abordagem didática complexa no espaço da sala de aula. Por fim e a nível de dúvida, de que maneira esse debate pode ser introduzido no ambiente escolar? Há algum autor que trata do assunto de forma específica?
ResponderExcluirCaio Cesar Honório Moreira
Olá Caio! O primeiro passo é desconstruir esse mito. Kabengele Munanga é um dos grandes estudiosos do racismo no Brasil. O estudio afirma que O mito da democracia racial exalta a idéia de convivência harmoniosa entre os indivíduos de todas as camadas sociais e grupos étnicos, permitindo às elites dominantes dissimular as desigualdades e impedindo os membros das comunidades não-brancas de terem consciência dos sutis mecanismos de exclusão da qual são vítimas na sociedade. É preciso construir em nossos alunos essa consciencia da dominação.A descontrução pode ser feita levando para a sala de aula os movimentos de resistência negra que vai desde a formação dos quilombos até os movimentos negros atuais. É preciso mostrar para nossos alunos que resistimos até hoje. O Feminismo Negro brasileiro é um dos exemplos de que as mulheres negras se organizaram e construíram para si uma agenda de luta. Esse movimento vem crescendo a cada dia. A juventude negra tem impulsionado as lutas atuais.
ExcluirAbraços fraternos!
Ana Paula Lima Cunha.
Quando se fala do protagonismo das mulheres negras, eu como professora negra, me vi em situações diversas, ora como ponto de descrença, quando por vezes ouvi frases como "mas ela é negra e vai ser professora dos meus filhos" e de admiração, quando alunos, principalmente as meninas negras tinham alguém como referência e diziam "que legal ter um professora que se parece comigo". Infelizmente a população negra ainda se encontra em desvantagens em alguns postos de trabalho e precisamos reverter esse quadro para que não sejamos vistos como o diferente, mas como profissionais.
ResponderExcluirSônia O. Duarte
Olá Sônia! Faça da sua sala de aula um espaço de educação libertadora. Romper com esses preconceitos não é fácil. Aproveite e construa para si um projeto, ainda que individual, que vise trabalhar essas questões en sua sala de aula. Tente envolver as famílias também. Busque fazer com que as crianças valorizem o povo negro e fortaleçam suas identidades. Esse é um trabalho lindo e de muita resistência!
ExcluirAvante!
Ana Paula Lima Cunha.
Discutir o protagonismo da mulher negra na sociedade é importante para refletir os estereótipos, o preconceito e a discriminação que as cercam no país em vivemos. Como professora de Sociologia de uma escola pública do interior do Ceará, costumo discutir a temática com os estudantes através do Movimento Feminista Negro. Os jovens despertam seu olhar para perceber que, no geral, a mulher negra exerce papeis ligados ao cuidado doméstico, não aparece como protagonista em novelas, é a que sofre os maiores índices de violência e sua aparência física vai na contramão dos padrões de beleza impostos pela sociedade. Diante disso, fazemos um resgate histórico para compreender a formação social do Brasil na tentativa de desconstruir esses problemas. E não é nada fácil! Esbarramos no racismo de muitos estudantes, as meninas recordam de cenas de preconceito que já sofreram por causa do seu cabelo afro e dos discursos racistas que escutam dos próprios amigos e familiares. Gostaria de saber da autora como se deu essa experiência didática nas aulas de História do 8° ano da escola de Eulanópolis, que permitiu a uma de suas alunas o reconhecimento e fortalecimento da própria identidade. Quem sabe o seu relato de experiência não possa ajudar outros profissionais docentes a trabalhar a temática em sala de aula, não é verdade?
ResponderExcluirParabéns pela relevância do tema!
Vanderlene de Farias Lima
Olá Vanderlene, tudo bem?
ExcluirTudo começou em 2017, quando comecei a fazer uma Pós-graduação voltada para Educação em Gênero e Direitos Humanos. Eu já lia muito sobre feminismo e o interesse foi se acentuando conforme adentrava o curso. Então me descobri feminista. Eu sou professora de História ,e, ao longo de toda a minha formação percebi a invisibilidade das mulheres na história. No que tange às mulheres negras, esse fosso é ainda mais profundo. Quando comecei a lecionar, percebi que os livros didátidos invisilizavam as mulheres, quando aparececiam eram como adendos. A partir da especialização comecei a inserir as lentes de gênero em minhas práticas pedágógicas. Em um trabalho proposto aos alunos como ação do projeto da Consciência Negra sobre “Mulheres Negras da Comunidade”, os alunos entrevistaram mães, avós, irmãs, funcionárias da escola e amigas negras. A maioria das mulheres entrevistadas relatou que já sofreram preconceito racial e de gênero. Muitas afirmaram que tiveram sonhos interrompidos porque casaram cedo e tiveram que cuidar da família. A maioria não conseguiu dar prosseguimento aos estudos. Dentre os sonhos apontados por elas, voltar a estudar e ter uma profissão foram os mais destacados. Das 25 entrevistadas, apenas uma está na universidade. Esse trabalho bastante revelador me fez pensar sobre o papel da escola e os caminhos que esses alunos estão trilhando em relação a questões de gênero e raça. Desde então, não parei mais. Esse trabalho desenvolvido com os alunos partiu da leitura da obra Olhos Dágua de Conceição Evaristo. Essas experiências me levou a construir uma metodologia em que eu ensino história utilizando a produção intelectual e trajetórias de vida de mulheres negras. Os resultados são lindos. O relato da minha aluna citado no texto me leva a acreditar que estou no caminho certo.
Abraços fraternos!
Ana Paula Lima Cunha.
Olá Ana, parabéns pelo seu trabalho. A temática abordada possui ampla importância social e acadêmica, e explora ainda outros espaços como a sala de aula.
ResponderExcluirMinhas questões são apenas reflexivas e que permitam pensar novos trabalhos, abordagens e construirmos o conhecimento coletivo.
Seu texto parte do estudo da história das mulheres. Compreendo seu interesse em utilizar o gênero como categoria analítica, mas, diante de sua problemática e leituras abordadas, acredito que os estudos sobre interseccionalidade permitirá ampliar sua investigação. Em relação ao assunto do seu texto, em recente pesquisa nos livros de história que participaram do PNLD de 2018, mesmo diante de um longo debate sobre história das mulheres e até da obrigatoriedade em trabalhar sobre o tema, os livros ainda trazem pouca (ou nada) reflexão sobre as mulheres. Por acaso você realizou alguma consulta nos livros para identificar as narrativas (escritas e visuais) construídas sobre mulheres negras?
Mais uma vez obrigado pela participação.
att
Jorge Zaluski
Olá Jorge! Sou professora de História há 09 anos. Desde a graduação eu percebia a invisibilidade das mulheres na narrativa histórica. Quando comecei a lecionar, obsevei que as mulheres quando apareciam eram como adendo. No que tange às mulheres negras, a invisibilidade e o silenciamento é ainda mais potencializado. Foi então que desenvolvi uma metodologia que eu chamo de "ensino de história insurgente". Eu ensino história utilizando a produção intelectual e trajetórias de vida de mulheres negras. São mulheres negras atuando em diferentes espaços. Comecei com Conceição Evaristo e desde então não parei mais.
ExcluirAbraços fraternos!
Ana Paula Lima Cunha.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEssa abordagem dentro da sala de aula é tão importante, levando em consideração que a mulher ficou excluída da historiografia por tanto tempo, principalmente a mulher negra, quais os impactos positivos ao trabalhar o protagonismo da mulher negra dentro da sala de aula, no aspecto do reconhecimento identitário?
ResponderExcluirOlá Natália!
ExcluirSão muitos impactos positivos. O primeiro é o fortalecimento identitário. Antes eu escutava eles dizendo: "os negros, as negras, hoje eles falam nós negros. Eu dou aula numa escola periférica onde a maioria dos meus alunos são negros. Outro ponto é a valorização e reconhecimento da contribuição da população negra para a história do Brasil. É preciso que eles conhecam as histórias de resistência para que valorizem o seu povo. No incio desse ano, pedi que eles escrevem um texto colocando as expectativas para esse ano. Uma aluna negra disse que deseja melhorar a autoestima e aprender a se defender. Acredito que ensinar a partir das experiencias de mulheres negras é uma forma de ajudá-la.
Abraços fraternos!
Ana Paula Lima Cunha.
Boa tarde! Parabéns pelo texto. A mulher por seculos, foi desvinculada dos fatos históricos, cabendo a ela apenas as funções do lar. Infelizmente, os livros didáticos ainda se limitam a trabalhar a história das mulheres. Contudo gostaria de saber o seu pensamento sobre as principais problemáticas que dificultam o estudo de GÊNERO E RAÇA NO ESPAÇO ESCOLAR.
ResponderExcluirOlá Ana, eu aqui novamente. Lendo os comentários dos colegas, (apenas para refletir). Que estratégias podemos usar em sala para trabalhar o racismo e desigualdade de gênero com pessoas que negam a existência desses problemas sociais? abraço
ResponderExcluirOlá Jorge! Uma das estratégias é levar para sala de aula a produção intelectual e trajetória de vida de mulheres negras. Desde 2018, tenho ensinado história a partir da produção intelectual de mulheres negras que atuam em diferentes áreas. Tudo começou com a escritora Conceição Evaristo que tem colocado as mulheres negras no centro da cena dos seus inscritos. Eu trabalhei a obra "Olhos D`água", procurando abordar a violência de gênero que permeia toda a sua obra. Os contos possibilitaram refletir sobre opressões atuais enfrentadas pelas mulheres negras, além de dar visibilidade a produção intelectual da autora mineira.
ExcluirAna Paula Lima Cunha.
Boa noite! Parabéns pela temática trabalhada.Diante de um cenário muitas vezes excludentes, quais estratégias você acredita que os/as docentes podem utilizar parar abordar essa temática da construção do conceito de raça, sendo que notamos que muitos/ as alunos não se denominam negros/as por conta de uma construção histórica.
ResponderExcluirRita de Cássia Pereira Távora.
Olá Rita! Representatividade é muito importante. Os alunos precisam conhecer a história do seu povo do ponto de vista positivo. Ninguém quer se parecer com imagens negativas. Contar a história a partir de nossa própria visão é uma estratégia importante. Outra estratégia que tenho adotado é levar para a sala de aula a produção intelectual e trajetórias de vida de mulheres negras. Os resultados são muitos, dentre eles posso citar o autorreconhecimento enquanto negros e negras. Como diz Conceição Evaristo, escritora negra, é preciso borrar as imagens negativas do nosso passado.
ExcluirAbraços fraternos!
Ana Paula Lima Cunha.
Olá, Ana Paula Lima Cunha! Gostaria de começar parabenizando-a pelo seu texto. É sempre necessário levantar discussões sobre a negritude na sala de aula. Indo de encontro com o seu texto sobre o protagonismo da mulher negra, podemos discutir essa falta de protagonismo em diversos âmbitos? Ao falar sobre o espaço escolar ,desde a educação básica ao ensino superior, encontramos a falta de representatividade das pessoas pretas, sejam em bibliografias ditas como obrigatórias, como até mesmo o corpo docente ser majoritariamente branco e mais da maioria sendo homem branco. A minha pergunta é, quando uma aula/texto de uma pessoa branca sobre racismo, negritude, etc, passa a retirar o protagonismo de pessoas pretas ao falar sobre o assunto?
ResponderExcluirJoyce Silva Cardoso
Bom dia Joyce!
ExcluirDurante muito tempo nós fomos objetos de estudo de pessoas brancas que acreditavam que não éramos capazes de produzir conhecimento. Sofremos muitas violências, o epistemicído é uma delas. Conceição Evaristo, escritora negra afirma em sua dissertação que a literatura brasileira durante muito tempo construiu imagens negativas sobre homens e mulheres pretas. Eles não tinham linguagem. Acredito que é preciso disputar na academia e em todos os espaços, principalmente na sala de aula, o nosso lugar de fala. Somos capazes de produzir conhecimento sobre nós mesmos. É preciso conhecer intectuais negros!!
Ana Paula Lima Cunha.
Boa noite a todos! Infelizmente a questão de gênero e raça sempre tiveram pouca representatividade em nossa historiografia. Levar esse conteúdo para a sala de aula contribuirá no combate ao preconceito e a discriminação. Quem sabe dessa forma consigamos desmistificar essa construção histórica de inferioridade que se tem do negro e da mulher.
ResponderExcluirQuero registrar aqui um livro que achei muito interessante. História das Mulheres no Brasil de Mary Del Priore.
Ass: Maria Reinalda Farias dos Santos.
Olá!boa tarde.Ótimo texto, super gostosa, prazerosa e de fácil entendimento a leitura, e de grande valia para os tempos de hoje. Considerando que o preconceito de gênero, principalmente com relação racial no qual tem início no contexto escolar desde a educação infantil, podemos perceber que o professor ao trabalhar na sala de aula, ensina a criança a famosa "cor de pele", que sabemos que é salmão. Como podemos tentar evitar que essa falta de representatividade comece desde de cedo?
ResponderExcluirLeandro Cordeiro da Silva.
Olá Leandro! Esse é um trabalho bastante dificil quando o próprio professor reproduz preconceitos de raça e de gênero. Munanga afirma que a desconstrução tem que partir primeiro do/a professor/a. Penso que a escola tem que desenvolver um projeto pedagógico voltado para uma educação antirrascista que envolva toda a comunidade escolar. Esses discursos muitas vezes vem de casa e perpassam todos os espaços da escola, não apenas a sala de aula. Trabalhar uma literatura que reconheça as diferenças e promova uma educação para relações étnico-racial é uma boa proposta para iniciarmos esse caminho longo de desconstrução de estereótipos e inferioridades.
ExcluirAbraços fraternos!
Ana Paula Lima Cunha.
O texto é excepcional. Bastante informativo, e com as ideias bem organizadas. Levando em consideração a importância do papel do professor(a), para elevar e desenvolver essa narrativa da mulher negra, gostaria de saber como e com que método a gestão escolar juntamente com os professores pode expor esses pensamentos para ir além das escolas? Inserindo esses discursos mais no meio social.
ResponderExcluirLetícia Aparecida Rocha da Silva
Olá Boa Tarde! Como levar discussões sobre gênero racial e sexualidade dentro da sala de aula de forma que todos participem sem priorizar ou vitimisar um determinado grupo?
ResponderExcluirTalita de Souza Silva Bueno.
Olá, boa tarde! Seu texto ficou muito bom, mas gostaria de perguntar como os professores podem trabalhar esses temas em uma época tão complicada como a nossa? Porque hoje em dia os professores parece que a todo momento estão "pisando em ovos" na hora de dar aula, com uma vigilância constante em especial nas instituições privadas.
ResponderExcluirAmanda Pereira Rocha
Olá! Gostei muito do texto, foi bastante informativo, bem desenvolvido e escrito. Gostaria de perguntar como outras filosofias, como o Mulherismo Africano poderiam se encaixar nessa trajetória luta da mulher negra.
ResponderExcluirAissa Fernanda Pereira Santos
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Ana! Excelente texto, parabéns pela sua escrita, nesse momento de pandemia no meu grupo PET (Programa de Educação Tutorial) estamos discutindo justamente essas questões e começamos discutindo justamente o texto da Lélia Gonzalez "Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira", muito obrigado pela sua contribuição, creio que usaremos usar o texto para discussão. Como você avalia o apagamento de pensadores negros como Lélia Gonzalez em detrimento de pensadores brancos como Gilberto Freyre? Sendo que Lélia desmonta a o mito da democracia racial e uma das fundadoras do MNU. Como recuperar esses pensadores para o ensino de história? Ou ainda, como trabalhar com mais categorias como a questão LGBT+, tendo como exemplos Marsha P. Johnson ou Madame Satã para abordar certos processos históricos em sala de aula?
ResponderExcluirFREDERICO RENAN HILGENBERG GOMES.
Olá Frederico! Acredito que é preciso tomar um posicionamento político em favor de uma educação antirracista. Nós enfrentamos ao longo da história várias formas de violência, o epistemicídio certamente é uma delas. Infelizmente eu só conheci a Lélia tardiamente, quando entrei no mestrado. O apagamento e o silenciamento de homens e mulheres negras é um projeto da colonialidade. Para Conceição Evaristo, escritora negra brasileira, O que precisamos fazer é comprometer nossa escrita com a vida. Nesse sentido, temos que levar para as aulas de história a produção intelectual e trajetória de vida de homens e mulheres negras. O negro não pode aparecer apenas como um corpo escravizado, como diz Lélia, o negro tem que ter nome e sobrenome.Fico muito feliz de saber que o texto pode contribuir para provocar reflexões em seu grupo de estudos.
ExcluirAbraços fraternos!
Ana Paula Lima Cunha.
Abraços
Baseando-se na leitura,fica notório o quanto o Ministério da Educação é omisso na questão ações de mulheres negras na historicidade do Brasil.O texto coloca o docente como responsavel por introzir esse aprendizado,mas esse conhecimento só é pontêncializado no nivél superior. Diante dos argumentos citados se o Ministério da Educação incentiva-se por meio dos materiais didáticos nos níveis fundamental um e dois as ações das escravas de ganho e mulheres negras tais como Tereza de Benguela,Luiza Mahin, Dandara entre outra isso diminuiria o preconceito em relação as mulheres negra?
ResponderExcluirOlá Nilcilene, tudo bem?
ExcluirEsse é um dos grandes fatores desmotivador para que muitos professores não trabalhem o papel das mulheres negras na História. Infelizmente o muncipio em que trabalho não cumpre com as suas atribuições conforme regulamenta o Plano Nacional que instui as Diretrizes Curriculares para Educação das Relações Étnico-Racias. A verdade é que se desejamos construir e possibilitar uma educação que promova a igualdade de gênero e de raça temos que produzir nossos próprio acervo. Posso aqui te indicar o Geledés, um site maravilhoso que visa dar visibilidade a produção intelectual de mulheres negras. Você pode também trabalhar com a literatura e a produção intelectual de mulheres negras como: Maria Firmina dos Reis,Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus, Sueli Carneiro, Jarid Arraes e tantas outras, que tem me ajudado a romper com o preconceito.
Abraços fraternos!
Ana Paula Lima Cunha.