Milena Calikoski


“O TRABALHO DAS MULHERES”: LAR, FAMÍLIA E CASAMENTO NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX



Quando vislumbramos o passado, através das nossas fontes, nos deparamos com contradições, pois olhamos para o passado pensando no que é padrão e no que é aceitável nos dias de hoje, portanto, não se trata de normatizar condutas que eram comuns nesse passado e não são – pelo menos não deveriam ser – mais aceitas nos dias de hoje. Assim devemos ter consciência de que os costumes e fatos retratados não eram uma norma de conduta para todas as classes sociais e para toda a população.

 No Brasil, a partir da segunda metade do século XIX tinha-se uma preocupação sanitária, movida por uma crença em novos padrões higienistas que colocavam a família e o cuidado com a saúde no ambiente familiar no centro do debate e, a partir disso se fazia necessário pensar a organização familiar e como essas famílias viviam. Esse movimento contribuiu para o surgimento de vários periódicos que tratavam da saúde familiar, muitos destes periódicos eram voltados para o público feminino, principalmente mulheres da elite, já que os índices de analfabetismo eram muito altos então não eram todos que tinham acesso a estes materiais. Estes periódicos tinham conteúdos que procuravam ajudar a mulher a compreender e executar o seu papel de mãe e dona de casa. Alguns desses periódicos tratavam de ressaltar a deficiência da educação feminina e reivindicavam uma educação melhor, pois a recebida até então era insuficiente para que educassem os filhos de maneira satisfatória.

Esses periódicos importavam muitos elementos da Europa, principalmente da França, questões como moda, dicas de comportamento e literatura. Eram veiculados no Rio de Janeiro, já que ali estavam os principais portos, por onde chegavam periódicos europeus, livros e informações de modo geral, contribuindo para o nascimento de um ambiente onde circulava muita informação tornado a capital do Brasil um grande polo de difusão da cultura nacional e também da cultura europeia, um bom exemplo da importância das publicações do Rio de Janeiro é o de que muitos outros periódicos ao redor do território nacional apenas copiavam conteúdo produzido em periódicos da capital e o reproduziam em suas páginas. O fato é que todos estes periódicos ajudavam a normatizar o que deveriam ser comportamentos adequados as mulheres da elite.

No periódico “A Família, Jornal Litterario Dedicado a Educação da Mãe da Família”, na edição número 14 publicado no ano de 1889, no artigo “Trabalho das Mulheres”, da autoria de Maria A. Vaz de Carvalho, podemos verificar as seguintes falas acerca do trabalho feminino: “O preconceito mais funesto, que ainda nasceu e medrou neste mundo, é o que considera o trabalho uma escravidão deshonrosa” [CARVALHO, 1889, ed. 13, p.5], a autora vai ainda classificar o trabalho como algo que deve ser santificado, um companheiro para todas horas, evidenciando a necessidade da mulher trabalhar. Com base no texto temos que considerar o que seria esse trabalho feminino, a autora dirá que: “Trabalhar é ser útil, é occupar o seu espirito, é adquirir conhecimentos ou espalhal-os em torno de si, é concorrer para o bem-estar dos outros e para o seu aperfeiçoamento proprio.” [CARVALHO, 1889, ed. 14, p. 6]. Vai dizer ainda que a mulher deve acordar cedo e preocupar-se em cerzir, em verificar a cozinha e a louça, pois assim torna-se ativa e “não tem aquellas horas de tédio profundo, que descobrem diante de um olhar os horisontes sinistros esbraseados do suicídio”. [CARVALHO, 1889, ed. 14, p. 6]. À menina solteira faz um apelo para que estude e se aprofunde no conhecimento de línguas, música e literatura, para conhecer a natureza humana em diversas culturas e para saber interpretar o coração dos homens, pois as matronas devem mais do que produzir filhos e os abastecer elas devem ser bem instruídas para bem instruírem seus filhos. Portanto o trabalho da mulher aqui descrito consiste em elementos muito específicos não podendo ser um trabalho que envolva muitas exigências físicas ou o trabalho que seja realizado fora do ambiente do lar, estavam restritas puramente a casa. Ao realizar o seu trabalho a mulher não teria que esforçar-se intelectualmente evitando ter pensamentos voltados para o seu bem-estar e os seus sentimentos, pois a sua felicidade e bem-estar dependia do bem-estar da sua família, se a sua família estivesse bem a mulher estaria bem, pois não havia melhor sensação do que ser uma esposa e mãe bem sucedida.

Não eram todas as mulheres que olhavam para o trabalho com essas preocupações, pois muitas não tinham escolha a não ser trabalhar na rua. As mulheres das classes mais pobres tinham um benefício, uma certa dose de liberdade, para circular e ir aonde precisassem sem a autorização dos seus maridos - que muitas vezes não tinham, sendo mães solteiras - eram pobres mas desfrutavam de uma certa liberdade financeira também pois não dependiam do marido ou do pai, exclusivamente para ganhar dinheiro e sustentar a família. Ainda assim essas mulheres estavam sujeitas a essas normas imposta por uma alta sociedade, as quais estavam impedidas de seguir pois o trabalho não era adequado para a mulher, era algo indigno, muitas dessas mulheres que tinham que trabalhar não eram nem consideradas mulheres, já que o trabalho consumia a sua beleza dando um aspecto doentio à sua aparência [MAGALDI, 1992, p. 69]. Por sua vez as mulheres pertencentes a essa alta sociedade, tinham uma estabilidade financeira, que dependia do marido ou do pai, portanto não era totalmente garantida, e não tinham liberdade, já que esta lhes era completamente restringida tornando-as totalmente dependentes dos seus pais ou maridos.

O fato de os periódicos terem um papel tão central na difusão das informações e de proporcionarem debates era a chegada da tecnologia que facilitava as publicações em quantidade, tais como os tipógrafos, isso permitiu que periódicos circulassem com mais facilidade e também permitiu a criação de gráficas e editoras. Os periódicos foram importantes para a Literatura brasileira já que neles é que circulava uma grande parte da literatura, chamada folhetim, algumas dessas conhecidas até hoje outras perderam-se no tempo. Muitos contos de Machado de Assis, assim como romances e poemas iniciaram a sua publicação em folhetins, periódicos ou jornais literários, outras tantas obras eram publicadas através de editoras. Desse fato é importante entender que este era um novo momento para o Rio de Janeiro, como capital e maior metrópole do país, onde se tinha maior circulação de informação inclusive escrita por mulheres e para mulheres e uma literatura florescente e brasileira.

Machado de Assis vai ressoar muito desses comportamentos femininos tão defendidos por estes periódicos elitistas só que desta vez como uma crítica a alta sociedade e a sua busca pela manutenção do status através da aparência, que se dava através da manutenção da distinção social. Em “O Segredo de Augusta” vemos o desenrolar da história de Augusta e de Vasconcelos. Augusta casa-se muito cedo, aos 15 anos, faz um bom casamento, com um homem rico. Mas Augusta é muito vaidosa, preocupando-se sempre em parecer jovem, manda a sua filha ser educada no interior para proteger a sua juventude. Passa os anos de casamento ajudando o marido a dilapidar a fortuna, este por sua vez não lhe negava nada e deixava que gastasse o dinheiro imprudentemente, como pagamento pelo silêncio e indiferença da mulher para os horários tardios em que chegava e as noites em que passava fora na companhia de amantes. Um dia Vasconcelos descobre-se a beira da falência, então tem a ideia de casar a sua filha Adelaide, Augusta é completamente contra, primeiramente alegando que a menina é muito nova contanto com apenas 15 anos, mas ao final do conto descobrimos que a sua recusa consistia no medo de se tornar avó. No meio disso Augusta e seu marido entram em uma discussão, Vasconcelos vai jogar a culpa pela iminente pobreza em cima de sua esposa dizendo que o motivo da ruína é o fato de ela gastar demais, então desenrola-se o seguinte diálogo:

“- Mas por que motivo não impediu o senhor essas despesas que eu fazia?
- Queria a paz doméstica.
- Não! – clamou ela -; o senhor queria ter por sua parte uma vida livre e independente; vendo que eu me entregava a essas despesas imaginou comprar a minha tolerância com a sua tolerância. Eis o único motivo, a sua vida não será igual a minha; mas é pior... Se eu fazia despesas em casa o senhor as fazia na rua... É inútil negar, porque eu sei de tudo; conheço de nome, as rivais que sucessivamente o senhor me deu, e nunca lhe disse uma única palavra, nem agora lho censuro, porque seria inútil e tarde” [ASSIS, 2017, p. 196].

Uma boa esposa cuida bem de sua casa e é econômica, gastando apenas o necessário para cuidar da casa, em todo caso é dever do marido fiscalizar como a sua esposa está regendo a casa, se faz as atividades corretamente e, acima de tudo, se trata o dinheiro com parcimônia, portanto o marido também tem responsabilidades para o bom andamento do casamento, se Vasconcelos ficar pobre ele vai descumprir com a principal dessas responsabilidades que é a de sustentar a sua família e dar-lhe prestígio social com a sua posição, já que a perderia com a pobreza. Assim o conto constrói as imagens de Augusta e de Vasconcelos para zombar da alta sociedade fluminense, pois Vasconcelos é o típico homem rico que vive apenas da sua fortuna herdada, sem nenhum preparo para geri-la, gastando-a de maneira imprudente, deita-se de madrugada e levanta-se depois da uma da tarde. Enquanto que Augusta no desespero da manutenção das aparências tem inveja da juventude da própria filha.

Neste conto podemos perceber também como o casamento era tratado. Vasconcelos, para salvar-se da falência quer casar a sua filha, não precisa procurar um homem rico por muito tempo, porque descobre que um dos seus amigos quer casar-se o assunto desenrola-se até que a Adelaide é consultada sobre o casamento, que não deseja. Um dia o advogado de Vasconcelos lhe diz que o Gomes, com quem desejava casar Adelaide, estava falido também e procurava um casamento para salvá-lo, eram dois golpistas, Vasconcelos decide testar Gomes e diz a ele que está sem dinheiro e Gomes desiste do casamento. Com isso observamos que o casamento era um meio muito importante e também bastante eficaz para se tecer relações entre famílias, muitos casamentos davam-se na medida em que eram necessárias estabelecer-se boas relações com outras famílias abastadas, ou como um rápido meio de obter benefícios financeiros. A última pessoa a ser ouvida acerca do casamento era sempre a mulher, a não ser é claro que se interessasse por um bom partido e que a família aprovasse o relacionamento.

É daí que vem a necessidade de manutenção do casamento, já que significa também status social, esse era um dos principais papeis da mulher na sociedade era o de mulher e esposa, por isso a maior responsabilidade sobre a manutenção do casamento recaia sobre os ombros da mulher. Apropriando-se de outro trecho do jornal “A Familia”, sobre a preservação do casamento, a colunista Maria A. Vaz de Carvalho diz:

“Todas as mulheres se queixam dos maridos; e nenhuma ainda percebeu o seguinte, são ellas que preparam e determinam o seu destino; é a ellas que a família em geral deve a sua desordem, a sua dissolução, ou a sua felicidade.” [CARVALHO, 1889, ed, 14 p 6].
        
A mulher era aquela que tinha o dever de governar a casa e a família, se a mulher fizesse bem o seu trabalho o marido iria preferir ficar em casa ao invés de ir a clubes e festas, portanto a mulher podia ser culpada pelo fracasso do casamento, se o homem preferisse o movimento da rua ao invés do conforto do lar. O homem por sua vez não pertencia, ou não deveria pertencer ao mundo de casa, portanto buscar o mundo externo era um dever do homem. O homem governava a mulher, pois detinha o poder econômico, portanto obrigava a mulher a se submeter, já que as mulheres não poderiam buscar realização no mundo externo, por sua vez os homens sentiam-se no direito e encaravam como um dever punir a esposa desobediente, tal como um pai, muitas vezes usando da violência física. [ MALUF;  MOTT, 1998, p. 377]. É dado um poder para a mulher, dentro do casamento, que ela não tem na realidade, pois depende financeiramente e é o marido que sustenta a casa, portanto governa sem governar, mal administra.

Com relação aos periódicos eles apresentam contradições, e ideias de manutenção quando apresentam a mulher como um ser que deve apenas habitar essa esfera privada da sociedade, cuidando dos filhos e da casa. Trazem também novidades e reinvindicações como a necessidade de uma educação melhor para as mulheres, mesmo que limitada. Esses periódicos proporcionam uma novidade que não deve ser ignorada que é a de dar voz as mulheres, proporcionar espaços onde elas pedissem por coisas que achassem justas e que discutissem assuntos relacionados a elas, elas mesma poderiam falar sobre educação da família. É verdade que é um espaço bastante restrito a um grupo específico de mulheres, mas não deve ter a sua importância menosprezada pois, possibilitou, mesmo que indiretamente, que as mulheres ocupassem um espaço fora da esfera do lar, permitiu que suas opiniões circulassem nas ruas.

Referências
Milena Calikoski, acadêmica do 4° ano de História da Unespar – Campus União da Vitória.

ASSIS, Machado de. O Segredo de Augusta. In: Mulheres de machado. São Paulo: SESI-SP editora, 2017, p. 172 – 204.
CARVALHO, Maria A. Vaz de. O Trabalho das Mulheres. In: A Família, Rio de Janeiro, 1889. Ed. 13, p. 5 – 6.
CARVALHO, Maria A. Vaz de. O Trabalho das Mulheres. In: A Família, Rio de Janeiro, 1889. Ed. 14, p. 6 – 7.
CARULA, Karoline. A Imprensa Feminina no Rio de Janeiro nas décadas finais do Século XIX. In: Revista Estudo Feministas. Vol. 24 n°1 Florianópolis jan./apr. 2016.
MAGALDI, Ana Maria Bandeira Mello. Mulheres no Mundo da Casa: Imagens Femininas nos Romances de Machado de Assis e Aluizio Azavedo. In: COSTA, Albertina de Oliveira. BRUSCHINI, Cristina. (Orgs.) Entre a Virtude e o Pecado. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos; São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1992, p. 57 – 87.
MALUF, Marina. MOTT, Maria Lúcia. Recônditos do Mundo Feminino. In: NOVAIS, Fernando A. (Coordenador-Geral); SEVCENKO, Nicolau (org.) História da Vida Privada no Brasil – República: da Belle Époque à Era do Rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 368 – 421.



17 comentários:

  1. Oi Milena, parabéns por seu belíssimo texto, e por essa temática tão necessária. Isso reforça a importância dos estudos de gênero e a História das mulheres, que por sinal me cativa muito.

    Ao estudarmos a história da mulher, no Brasil, podemos perceber que a representação em relação a ela foi marcada pelo domínio da ordem patriarcal, que validada pela religião cristã, cooperou com a disseminação desse domínio sobre o feminino em todas as esferas sociais. Elas eram consideradas como propriedade do homem, em sua grande maioria, subordinadas e dependentes do pai ou do marido. Desde meninas eram ensinadas a serem mães e esposas. Mantidas longe dos espaços públicos, eram consideradas frágeis, com inteligência reduzida, delicadas e indefesas.Dentro desse cenário o papel do gênero feminino, considerado ideal, era aquele em que a mulher é vista como ser inocente, submissa e virtuosa. . O bem estar do marido e dos filhos era visto como meio de se chegar à felicidade conjugal. Era necessário manter uma reputação de boa esposa e mulher ideal, mas, pra você quem era essa mulher ideal? Quais eram os papéis definidos e desempenhados pelas mulheres dentro e fora do casamento?

    Novamente, parabéns pelo texto.

    MARCIELE SOUSA DA SILVA

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    1. Obrigada.
      A ideia de mulher ideal depende muito da classe social para a qual você está olhando. Neste caso a minha preocupação é com o ideal de mulher construído pelas elites, que de certa maneira, afetava as outras classes, mas não chagava a ser uma norma imposta e seguida por essas classes. Se estamos pensando em um aspecto geral, é importante pensar primeiro na família da mulher, se é respeitável, qual o trabalho que o pai desenvolvia e como a mãe se comportava. Depois essa mulher deveria ter algumas qualidades, como ser subserviente ao marido; saber governar a casa, no que diz respeito a organização da mesma e cuidado com os membros da família; deveria saber poupar o dinheiro; ser modesta com relação aos atributos físicos; além de manter sempre uma aparência digna e respeitável. Com relação aos papeis as mulheres casadas deveriam ocupar-se em ser boas esposas e boas mães, era o seu dever. Com relação aos papeis exercidos fora do casamento as mulheres não tinham autonomia pra transitar livremente em outros ambientes, quando ocupavam estes ambientes brevemente elas deveriam transmitir sempre a aura de uma família feliz e realizada, onde elas se sentiam assim, pois a mulher deveria se assegurar de ter um comportamento irrepreensível pois dele dependia o status social da família.
      Espero ter respondido a sua pergunta.
      Assinado: Milena Calikoski

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  2. Olá Milena, tudo bem?
    Gostaria de parabenizar pelo excelente texto e pesquisa. Achei muito interessante a forma de como você ressalta a importância da circulação desses periódicos femininos, que apesar de ser voltado para a elite feminina, foi uma forma de dar voz a elas. Na sua opinião, os textos escritos por mulheres nos periódicos se diferem dos textos escritos por homens em relação a mulher? E nos dias de hoje, você acha que os meios de comunicação ainda influenciam o dito “ideal feminino”?
    Obrigada!!
    Ass: Flávia Schena Rotta

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    1. Obrigada!
      Com relação aos periódicos escritos por homens destinados ao público feminino a maioria data do início do século XIX, eles trabalhavam muito a partir da ideia de construir uma nação e o que era preciso para isso, buscavam valorizar as mulheres nesse sentido, como elementos essenciais na construção da nação. Os periódicos femininos são mais frequentes a partir da segunda metade do XIX, com a popularização deste meio, eles nascem de uma necessidade de as mulheres realizarem algumas reivindicações como à educação e o voto. Diferem no sentido e intenção. Com relação aos dias de hoje, acredito que os meios de comunicação tenham muita influência sim, na maneira como as mulheres se comportam, ao representarem um tipo específico de mulher, pecando pela falta de diversidade, reproduzindo padrões estéticos e patriarcais. O que eu vejo é que hoje as mulheres contestam mais esses padrões, muitas vezes criando conteúdo alternativo, já que se tem muito mais facilidade para difusão de ideias.
      Espero ter respondido a sua pergunta.
      Assinado: Milena Calikoski

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  3. Olá Milena, parabéns pelo texto!

    Acredito que esta temática seja muito necessária e ainda muito atual. Os jornais vem sendo cada vez mais abordados como fonte de estudo e gostaria de saber mais sobre a metodologia que usou neste estudo: como você selecionou as revistas que iria analisar, quantas delas analisou, de que período a que período e por que meio teve acesso a elas?

    Assinado: Bárbara Birk de Mello

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    1. Obrigada!
      Eu tive acesso aos jornais através da Hemeroteca Digital. Quando fui escrever a minha monografia - utilizo os contos de Machado de Assis para entender as representações de mulher -a minha orientadora disse para que eu utilizasse jornais, ela me sugeriu o Jornal das Moças, mas ele passa a ser escrito a partir de 1914, se não me engano, o que não serviria para mim. Apesar de Machado de Assis publicar no século XX, a maioria das obras com que eu estava trabalhando estavam localizadas, temporalmente, mais próximas a metade do século XIX, até a década de 1880 e eu utilizava também Dom Casmurro de 1899. Então se distanciava muito temporalmente. Então acabei encontrando o artigo da Carula - que eu cito aqui - em que ela menciona quatro periódicos femininos, fui pesquisa-los e acabei achando A Família mais interessante. Com relação a metodologia, busquei fazer a leitura de algumas edições pra entender a organização e temática, depois fui lendo e procurando artigos que me interessassem.
      Espero que tenha respondido a sua pergunta.
      Assinado: Milena Calikoski

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    2. Muito obrigada Milena, respondeu sim. Ótimo evento para você!

      Assinado: Bárbara Birk de Mello

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    3. Obrigada. Igualmente.
      Assinado: Milena Calikoski

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  5. Olá Milena! Primeiramente quero parabenizá-la pelo seu trabalho. Eu acho muito importante pensar sobre o papel das mulheres nas diferentes temporalidades.
    Milena Silvério Ferreira

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  6. Boa tarde Milena, muito bom o seu texto. Os periódicos de alguma forma serviram para dar voz as mulheres então privadas do trabalho intelectual. Gostaria de saber se em suas pesquisas nos periódicos encontrou, para além do modelo de mulher ideal, críticas a essa idealização, da ideia de inferioridade da mulher perante a seus maridos? Se não, por que acha que há esse silenciamento? Além disso, haviam mulheres mostrando sua produção intelectual para além de dicas de como servir seus pais e maridos?

    Leticia Arrabar

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    1. Obrigada!
      Com relação aos periódicos eu acabei não pesquisando em outros exemplares com profundidade, mas as mulheres estavam escrevendo, publicando e expondo suas ideias em outras plataformas, existiam mulheres que se ocupavam com a escrita de romances, peças teatrais, contos e até mesmo pesquisas com embasamentos científicos, inclusive pesquisa histórica. O silenciamento dava-se na medida em que as mulheres que escreviam literatura tinham maior dificuldade de veicular as obras através das editoras ou dos folhetins, pela falta de interesse de quem publicava e por uma suposta falta de interesse do público. De modo geral as escritoras, principalmente as que se ocupavam com a ciência, eram mal julgadas, muitas vezes não consideradas adequadas para o casamento, sendo tratadas como mulheres inferiores. Isso não quer dizer que elas não publicassem suas obras, só que sem dúvida o faziam com mais dificuldades e em menor escala.
      Espero ter respondido a sua pergunta.
      Assinado: Milena Calikoski

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Milena, parabéns pelo texto, muito bem articulado e direto!minha dúvida é a seguinte: sabe-se que muitos colunistas homens se passavam por mulheres usando pseudônimos femininos para gerirem as colunas femininas e responderem as cartas das leitoras. Em sua pesquisa, você conseguiu encontrar outros nomes de autoras que possamos comprovar que realmente foram mulheres que escreveram nesses periódicos como a Maria Amélia Vaz de Carvalho ?
    Naiara Ferreira de Aguiar Amaral

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    1. Obrigada.
      Há várias mulheres escrevendo nestes periódicos, como outro exemplo posso citar Josephina Alvares de Azevedo, que era a proprietária do Jornal A Família e também contribuía escrevendo para o jornal.
      Espero ter respondido a sua pergunta.
      Assinado: Milena Calikoski

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  9. Gostaria de parabenizar você Milena Calikoski pelo trabalho, percebo esse debate como algo extremamente necessário, na medida que mostra os rótulos e esteriótipos conjugados em relação a mulher no decorrer do tempo. A indagação que eu deixo esta ligada ao periódico estudado, a fonte em questão, você teve dificuldades para trabalhar com elas? o que chama atenção também é o discurso fomentado por trás de cada nota de jornal da época, reproduz um padrão exigido que limita a mulher a figura de "protetora do lar".

    Ruan David Santos Almeida

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    1. Obrigada.
      A dificuldade que tive é a de acesso e leitura da fonte. Muitas vezes os materiais disponibilizados na hemeroteca possuem partes manchadas ou apagadas devido a conservação e a idade desses materiais. E também a de selecionar os fragmentos do jornal com os quais eu iria trabalhar, visto que o periódico tem vários volumes. Mas nada que gerasse uma grande dificuldade.
      Espero ter respondido a sua pergunta.
      Assinado: Milena Calikoski

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