SANTIDADE E VIRGINDADE NAS CARTAS DE SANTO AGOSTINHO DESTINADA ÀS MULHERES: UMA QUESTÃO DE GÊNERO PARA O SÉCULO XXI
A questão de gênero
é um debate relativamente novo, o "apogeu" de sua discussão se dá
entre os fins da segunda onda feminista e o início da terceira onda. Entender qual o significado do conceito gênero e o
contexto em que se deu sua gênese é importante para as conclusões finais deste
artigo, que tem como objetivo identificar e compreender os significados de
virgindade e santidade presentes em cartas de São Agostinho, sendo essas
direcionadas a mulheres.
Sobre
gênero, a autora Joan Scott nos diz que: "As pesquisadoras feministas assinalaram
muito cedo que o estudo das mulheres acrescentaria não só novos temas como
também iria impor uma reavaliação crítica das premissas e critérios do trabalho
científico existente." [SCOTT, p.3, 1991].
Esse trecho da
autora nos mostra que a concepção de gênero, além de se dar em um período
específico, é criada devido à intensificação de estudos voltados para a área
feminista. Scott também afirma que: "A
palavra indicava uma rejeição ao determinismo biológico implícito no uso de
termos como “sexo” ou “diferença sexual”. O gênero sublinhava também o aspecto
relacional das definições normativas das feminilidades.". [SCOTT, p.3,
1991]. Já a Profª Dra Andréa Praun, em seu artigo afirma que: “O termo gênero, classificação construída pela sociedade, contribui para
exacerbar a distinção entre indivíduos de sexos diferentes. Essa classificação
possibilita a construção de significados sociais e culturais que distinguem
cada categoria anatômica sexual e que são repassados aos indivíduos desde a
infância.” [DEZIN, 1995, apud NOGUEIRA, 2001, apud PRAUN, 2011].
A questão sobre
a santidade e virgindade, que serão aqui abordadas, deve ser analisada levando-se
em consideração os aspectos a qual essas "qualidades"
são submetidas nas cartas escritas por Santo Agostinho. Posteriormente,
poderemos observar que a questão do gênero ainda não era significativamente importante,
pelo menos em algumas abordagens contidas nas cartas. Deve-se levar em
conta que este conceito não existia na época em que as correspondências foram
trocadas.
As cartas foram escritas no século V, antes do fim
do Império Romano. Entretanto, Santo gostinho influenciou e influencia até hoje
o pensamento religioso Católico-Apostólico- Romano. Agostinho de Hipona, mais
comumente conhecido como Santo Agostinho, nasceu no dia treze de novembro de
354 d.C., em Tagaste [nos dias atuais Souk Ahras, Argélia], e falecido no dia
vinte e oito de agosto de 430 d.C., em Hipona [nos dias atuais Annaba, Argélia].
Santo
Agostinho escreveu diversas cartas em sua vida, algumas delas destinada a
mulheres. Estas cartas foram analisadas de modo a se tentar compreender como o
Santo lidava com a noção da santidade e virgindade em sua troca de correspondências
com essas mulheres, e, de que modo atribuía essas designações as pessoas. Por
meio da análise de discurso[1], todas as
dezoito cartas foram lidas e analisadas, tendo como foco principal a “captura”
das palavras, virgindade, santidade ou sinônimos. Além disso, se prezou a
observação de que se a existência dessas palavras [santidade/virgindade] possuía
alguma interação. Após a leitura dessas cartas, foi possível concluir que
apenas cinco possuíam referências tanto a virgindade, como a santidade. A
seguir, uma breve descrição do conteúdo dessas epístolas será apresentada,
juntamente com algumas conclusões individuais.
A primeira carta a ser analisada será a 263. Tem
como título-tema: “Carta de
consolación”. Foi escrita por volta de 420 d.C., tendo como destinatária
Sápida. Como sugere o tema, trata-se de uma carta de consolação. Santo Agostinho
escreve a Sápida de modo a tentar consolá-la devido ao falecimento de seu
irmão. Há não só referências às palavras santidade e virgindade como também
existem a relação entre elas. Logo no início, Santo Agostinho a denomina como
uma santa filha. “Agustín saluda
en el Señor a Sápida, señora
piadosísima y santa hija”.[Agostinho de Hipona, Epístola 263]. Outra referência
é observada ao se falar de seu falecido irmão, segue-se: “[...] para tu
hermano, santo ministro del Señor”.[Agostinho de Hipona, Epístola 263]. Aqui, a
designação de santo foi utilizada levando-se em conta o fato de que Timeteo
fazia parte do clero. Em outro trecho, Santo Agostinho a designa como “Santa
irmã”. [Agostinho de Hipona, Epístola 263].
Partindo para a referência a virgindade, temos o seguinte
trecho: “Es para llorar que a ese hermano, que te amaba tanto por tu vida y
profesión de sagrada virginidad [...]”.[Agostinho de Hipona, Epístola 263]. Neste
trecho é extremamente explícita a relação que se tem entre santidade e
virgindade. Santo Agostinho continua consolando Sápida, e afirma que seu irmão
a amava não só pela sua vida, como também pela sua “profissão de sagrada
virgindade”. Este trecho nos demonstra que, na visão de Santo Agostinho, a
virgindade está completamente ligada com o sagrado, ou melhor, a virgindade é
uma coisa sagrada, que não é só considerada por ele, como também pelo falecido
irmão de Sápida. Nesta correspondência, fica clara a diferença de designação da
santidade. Enquanto Timoteo era considerado santo pelo seu ministério, ou seja,
por trabalhar para igreja, Sápida era considerada, como “santa filha” e “santa
irmã” por preservar sua virgindade, que é tida como sagrada.
A segunda carta é a de número 130. Foi escrita por Santo
Agostinho após 411 d.C. Esta carta possuiu como título-tema: “La oración”. O tema principal tem como foco
conselhos (relacionados à oração) dirigido a uma viúva. Nesta correspondência, é
possível observar diversas referências, não só sobre santidade, mais também
sobre a virgindade. Porém, me concentrarei em apresentar as menções que possuem
relações. No trecho: “Y no sólo tú, sino tu religiosísima nuera con tu
ejemplo y las demás santas viudas y vírgenes que se hallan bajo vuestra
protección”. [Agostinho de Hipona, Epístola 130]. Aqui podemos observar
claramente a relação entre santidade e virgindade [não só as virgens são
consideradas sa[i]ntas, mas
as viúvas também]. Ou seja, assim como na carta anterior, vê-se que para Santo
Agostinho a virgindade – no caso das mulheres- está ligada á santidade.
Entretanto, como dito anteriormente, esta carta tem como objetivo auxiliar uma viúva
a como proceder após o falecimento de seu marido. É importante destacar a
presença das palavras santo e santa, que aparecem tanto para homens como para
mulheres. No caso da santidade alcançada graças à permanência da virgindade,
deve-se tomar cuidado. A remetente da carta, Proba, é viúva, o que significa
que ela foi casada anteriormente, e, muito possivelmente teve relações sexuais
com seu marido, ou seja, ela não é mais virgem. Entretanto, mesmo assim, Santo
Agostinho continua definindo-a como santa, a questão é, por quê? A resposta
pode ser retirada do trecho a seguir: “De todas estas preocupaciones está libre
la virginidad integral”. [Agostinho de Hipona, Epístola 130]. Pode-se concluir,
com base nessa passagem, que diferente das virgens, que geralmente se preocupam
com questões como: matrimônio, filhos e o futuro destes, assim como sua própria
virgindade, Proba está livre desses questionamentos devido sua atual situação,
o que possibilita que suas atenções se voltem as orações. Ou seja, mesmo já
tendo sido casada, a santidade de Proba não é afetada, devido a sua viuvez, que
lhe proporcionou uma vida sem questionamentos “mundanos”, e uma vida voltada
para a oração, o que lhe dá, na visão de Santo Agostinho, a classificação de
pessoa santa.
A próxima epístola, 188, data entre os fins de 417 e inicio
de 418 d.C., dirigida a Juliana. Esta, juntamente com as duas cartas a seguir,
são as que mais possuem referências entre virgindade e santidade. O titulo-tema
é: “Precaución ante un escrito de
Pelagio a Demetríade” [Agostinho de Hipona, Epístola 188]. O assunto que é discorrido durante toda
correspondência se remete o fato da filha de Juliana ter escolhido permanecer
virgem, ou seja, decidiu não se casar, em favor de uma vida voltada para a religião,
dedicada em suas orações. Como dito anteriormente, nesta carta existe bastantes
menções a santidade e a virgindade. Utilizarei dois trechos para prosseguir em
meus comentários. Leia-se, a seguir:
“Ella profesó la santidad del estado virginal”. [Agostinho
de Hipona, Epístola 188].
“Que la virgen de Cristo lea en ese libro, si eso es lícito,
por qué cree que su santidad virginal y todas sus riquezas espirituales no son
sino de propia cosecha”. Que la virgen de Cristo lea en ese libro, si eso es
lícito, por qué cree que su santidad virginal y todas sus riquezas espirituales
no son sino de propia cosecha. [Agostinho de Hipona, Epístola 188].
Esses dois trechos apresentam a ligação entre a santidade e
virgindade, onde a escolha de Demetríade em permanecer virgem para ter como
foco uma vida religiosa, faz com que ela alcance o “status” de uma mulher santa.
Entretanto, deve-se atentar para o fato de que essa santidade é conquistada não
pela virgindade, mas sim pelo motivo que levou que Demetríade preferisse levar
uma vida de castidade ao invés de adquirir matrimonio, servir a Deus.
Na quarta correspondência, a de número 150, assim como a
anterior, possuiu muitas referências à santidade e virgindade. Ela, novamente é
dirigida a Juliana, e também, a Proba. Datada entre os anos 413/414 d.C., tem
como título-tema: “Gozo por la
consagración virginal de Demetríade” [Agostinho de Hipona, Epístola 150]. O assunto abordado nesta correspondência se
refere a já citada anteriormente, escolha e adesão de Demetríade a vida santa e
casta. Nesta carta, Santo Agostinho felicita Juliana e Proba pela escolha de
Demetríade. Novamente, trago um trecho que se refere à santidade e virgindade:
“Sois conocidas en todas partes. La fama volandera predica por
doquier la santidad virginal de vuestra estirpe [...]”.[Agostinho de Hipona,
Epístola 150].
Neste fragmento, além
de novamente, como na carta anterior -188-, relacionar a escolha de Demetríade
em permanecer virgem á santidade, vemos a exaltação de Santo Agostinho a essa
escolha, citando até mesmo a “fama”, graças ao fato de que a decisão de Demetríade
foi conhecida por outras pessoas.
A última epístola, das dezoito, que contém
menções tanto a virgindade como a santidade é a de número 208. É dirigida Felícia,
escrita depois de 411. Possui como título-tema: “Carta de consolación y exhortación” [Agostinho de Hipona, Epístola
208]. Nesta correspondência, Agostinho
consola Felícia, que parece estar vivendo um momento de fraqueza espiritual,
devido a escândalos que, pode-se supor, assolam e perturbam a remetente. Santo
Agostinho lhe dirige palavras com o objetivo de reconstituir sua fé, de modo
que ela siga com suas orações. Nesta carta, podemos observar algumas menções a santidade e virgindade, embora não estejam relacionadas. Leia-se a
seguir tais referências:
“Encomendándole a El tu corazón, tu compromiso, tu virginidad,
tu fe, esperanza y caridad, no te afectarán los escándalos, que abundarán hasta
el fin, sino que te salvarás con el firme vigor de la piedad y serás gloriosa
en el Señor, perseverando en su unidad hasta el fin.” [Agostinho de Hipona,
Epístola 208].
“[...]
pensé que debía enviar a tu santidad esta carta de consuelo o exhortación”. [Agostinho
de Hipona, Epístola 208].
No primeiro trecho, vemos a tentativa de Santo
Agostinho para manter Felícia forte nesses momentos conturbados que estão lhe afligindo,
nele, vemos Agostinho citar que a receptora da carta mantivesse sua virgindade
confiada a Cristo. Já no segundo trecho, vemos apenas uma pequena menção à
santidade, porém, esta não possuiu relação com o termo virgindade, exposta
anteriormente.
Esse artigo se limitou
a analisar e expor, entre as dezoito cartas que foram escritas por Santo Agostinho
e foram destinadas a mulheres, quais possuíam relações entre santidade e
virgindade. Nas cinco cartas analisadas podemos concluir que existe uma clara
relação entre o alcance de a santidade estar submetida ao estado de virgindade
[a exceção é a carta 208, onde, mesmo havendo referências não só a virgindade,
como a santidade, não temos uma relação explícita entre essas duas designações].
Entretanto, antes de concluir, é interessante expor um fato curioso. As demais
cartas [quinze], mesmo que não possuam uma referência à virgindade possuem à
santidade. A sua designação se dá em um contexto diferente. Para demonstrar
isso, utilizarei a carta 31. Tendo como título-tema: “Contestación a dos cartas
de Paulino. Envío y petición de libros”. [Agostinho de Hipona, Epístola 31]. Datada entre os anos 395/396
d.C., foi escrita por Agostinho para Theresia, tendo como temática a resposta
de cartas anteriores, escritas por Paulino [irmão de Theresia], assim como o
envio de livros que lhe foram solicitados. Nesta carta, é interessante observar
que Santo Agostinho não distingue [levando-se em consideração o gênero] ao tratar
de ambos os irmãos, muito pelo contrário. Em diversas passagens, encontramos
referências à santidade. Porém, é necessário destacar o contexto dessa
designação. Em um primeiro momento, mais especificamente no primeiro parágrafo,
Santo Agostinho diz:
“He recibido
con gran alborozo en el Señor a los santos hermanos Romano y Ágil, otra carta
vuestra [...]”. [Agostinho de Hipona, Epístola 31].
Neste trecho, fica claro que a designação de
santos irmãos se dá pela extrema consideração que Santo Agostinho tem com
Romano e Ágil que receberam as cartas escritas anteriormente por Paulino, provavelmente,
eles fazem parte do clero - e vivem com Santo Agostinho -, o que reforçaria a
denominação de santos irmãos.
Outra referência pode ser encontrada na carta, leia-se a
seguir:
“Creo que tu santidad descubrirá, con la sagacidad espiritual
que el Señor te da, la parte buena que Romaniano tiene y aquella de que adolece
por debilidad. Habrás leído, como lo espero, con qué solicitud recomendé a tu
humildad y caridad tanto a él como a su hijo, y qué familiaridad me une con
ellos. El Señor los edifique por tu ministerio.” [Agostinho de Hipona, Epístola
31].
Neste trecho, fica claro que a designação de santidade se
refere ao fato de Paulino ser padre, ou seja, esse modo de tratamento dado a
ele por Santo Agostinho leva em consideração o caráter religioso, já que a
carta nos leva a supor que ele é um padre. A palavra é observada em outro
trecho:
“Creo que tu santidad
tiene los libros del bienaventurado Ambrosio [...]”. Por último, a seguir, é
possível observarmos uma referência a ambos os irmãos: “Oh santos hermanos,
amados de Dios, miembros recíprocos nuestros”. [Agostinho de Hipona, Epístola
31].
Com base nos trechos retirados, podemos concluir que, nesta
carta, Santo Agostinho não faz uma distinção de gênero ao designar alguém como
santo. No caso de Romano e Ágil, pode-se supor que eles são padres, por estarem
com Santo Agostinho, lendo a carta que foi escrita anteriormente. No caso de
Paulino, temos uma referência que remete ao fato dele ser um irmão em Cristo,
pelo fato de também ser um sacerdote. Já no trecho em que ambos são chamados de
santíssimos irmãos, essa denominação foi utilizada de modo a demonstrar a
imensa consideração que Agostinho possui por ambos.
Comparando essa correspondência, que cita santidade, com as
demais cartas, que além de citar, relacionam santidade e virgindade entre si, é
possível chegar a uma conclusão. A visão de santidade para Santo Agostinho pode
ou não ter relação direta com a virgindade. Isto vai depender do contexto e do indivíduo
a quem se refere. Na carta 31, vemos que ambos os irmão são tidos como santos,
devido as suas atividades voltadas para a religião, entretanto, em nenhum
momento a virgindade é dada como uma condição para se alcançar o “status” de santo
[a]. Já nas cartas destinadas às mulheres, vemos a todo o momento a santidade
interligada com a virgindade. Em meu ponto de vista, as cartas que mais
exemplificam isso são as que remetem a escolha de Demetríade a preferir viver
uma vida casta e religiosa do que se submeter ao casamento [cartas e 150 e 188].
É claramente explícita a exaltação que Santo Agostinho faz, não só a Demetríade,
mas a Proba e Juliana, pela escolha da primeira, chegando a alegar que:
“[...] la santidad
virgin al de vuestra estirpe [...]”.[Agostinho de Hipona, Epístola 188].
Nesse contexto, pode-se observar que a questão de gênero é
bastante considerada [tomando o devido cuidado, para, nesse caso, não fazer
anacronismo, já que a definição de gênero não existia no período analisado], de
que, ao considerar uma mulher santa, Santo Agostinho, quase que
instintivamente, levava em conta sua virgindade. Ledo engano é pensar que somente
as mulheres estavam submetidas a isso, já que na carta 131, é mencionado o
cuidado com a concupiscência- “Así, con el buen uso se convierten en bienes, no acrecientan
nuestra concupiscencia y ejercitan nuestra paciência”. [Agostinho de Hipona,
Epístola 131]-, tanto do lado do homem, quanto o da mulher, porém, é nítido
que, a virgindade relacionada com a santidade tem um maior significado para a
mulher, na visão de Agostinho de Hipona.
Por fim, é válido destacar que as treze cartas restantes [as
já citadas 131 e 31, assim como a 32; 99; 124; 126; 127; 210; 262; 264; 265;
266 e 267] possuem algumas referências à santidade. Em sua maioria, destinadas à
santa escritura, ou, como na carta dirigida a Theresia, a santos irmãos, como
pode ser observado a seguir: “Quizá vuestra santidade” [Agostinho de Hipona,
Epístola 124]; “[...] gozar perpetuamente con los santos [...]”. (Agostinho de
Hipona, Epístola 267); “[...] un acuerdo más santo [...]”. [Agostinho de
Hipona, Epístola 262].
Referências:
Thaís Correa Da Silva é graduanda em História [licenciatura] na
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO.
Agostinho de Hipona, Epístolas (31; 92; 99; 124;
126; 127; 130; 131; 150; 188; 208; 210; 262; 263; 244; 265; 266 e 267).
Disponíveis para consulta em: http://www.augustinus.it/spagnolo/lettere/index2.htm
PRAUN, Andrea Gonçalves. Revista
Húmus - ISSN: 2236-4358 Jan/Fev/Mar/Abr. 2011. N° 1 Sexualidade, gênero e suas
relações de poder. Revista
Húmus, [s.i.], v. 1, n. 1, p.55-64, Não é um mês valido! 2011.
Quadrimestral. Disponível em:
http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/revistahumus/issue/view/128
SCOTT,
Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica.
Tradução de Christine Rufino Dabat e Maria Betânia Ávila. Recife, SOS Corpo,
1991.
SILVA, A. C. L.
F. Reflexões metodológicas sobre a análise do discurso em perspectiva
histórica: paternidade, maternidade, santidade e
gênero. Cronos: Revista de História, Pedro Leopoldo, n. 6, p.
194-223, 2002.
Boa tarde thaís ,quero te parabenizar pelo seu texto e achei bem interessante sua pesquisa, se tratando de virgindade e santidade ficou bem fácil de entender como esse assunto era tratado no tempo de antigamente .minha pergunta é você acha que hoje em dia a religião ainda continua influenciando no que diz respeito a santidade e virgindade ou isso não mudou em nada?
ResponderExcluirMichele almeida machado passos
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirBoa noite Michele, agradeço seu feedback.
ExcluirVamos lá: temos alguns pontos que devem ser levados em conta, a idade média é conhecida como fortemente cristã, isso que dizer que os hábitos sociais eram determinados pela Igreja Católica, nesse contexto inserimos a virgindade, que era tida como o extremamente necessária (aqui deve-se destacar, não só para mulheres, mas também para e- por mais que a das mulheres fosse mais preterida). Estamos lidando com costumes e tradições que foram cunhados pela Igreja por mais de mil anos. Agora, mais de quinhentos anos depois, nossa sociedade evoluiu, e os valores mudaram. A cristianismo se dividiu em diferentes vertentes (catolicismo, protestantismo, etc), e não possui a mesma influencia que tinha na Idade Média. Entretanto, ainda possuiu bastante seguidores em suas diferentes vertentes e, na maioria dos casos, a virgindade ainda é considerada como sinal de pureza, mantendo-se o pensamento da preservação desta até o casamento. Porém, devemos destacar que a sociedade atual, principalmente a desta década que vivemos, foi primordial para o fortalecimento e o surgimento de movimentos que prezam a liberdade, nesse caso a virgindade se encaixa na pauta de liberdade sexual. Por fim, é inegável que a Igreja, principalmente a Católica (aqui uso minha experiência nesse âmbito) preza do mesmo modo a permanência da virgindade pré casamento, mas isso não é levado tão em conta, considerando o fato que hoje, a religião não é completamente responsável por criar/controlar valores e ações dos indivíduos.
Thaís Correa Da Silva
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ResponderExcluirOi Jéssica, agradeço a questão.
ResponderExcluirSe você der uma olhadinha no comentário anterior, verá que: no período das cartas (no caso na transição da Idade Antiga para a Idade Média) a Igreja não era so influenciadora mas também responsável pela normas referentes a diversos aspectos da sociedade. A questão da virgindade é completamente ligada a religião. No caso da Cristã, menções a ela são encontradas na bíblia, (fugindo um pouco, posso citar o Alcorão e o Tanakh). Sobre a questão do por que isso ocorre, pode-se concluir que isso se deve ao fato da virgindade estar sempre ligada ao casto, ao puro, ao intocado. Também deve-se considerar que, diferente do que a sociedade atual tem em mente em relação práticas sexuais, para a Igreja, antes de mais nada, o sexo é visto como um prática sagrada, que consiste em gerar filhos. Isso não significa que o prazer seja ignorado, porém ele não é o ponto principal. Essa relação de Sagrado remete a algo maior, nesse caso, Deus (aqui faço a relação discutida no artigo, entre a virgindade e santidade). Essa questão era ainda mais forte na Idade Média. Não que fosse considerado um pecado, mais não era algo extremamente importante, naquele contexto. Aqui relembro uma das cartas citadas, que exemplifica bastante essa preferência da permanência da virgindade, em desfavor ao sexo (mesmo o realizado dentro do casamento): a 188 que refere a escolha de Demetríade a preferir escolher uma vida voltada a religião do que se casar e ter filhos.
Espero ter esclarecido sua questão.
Thaís Correa Da Silva