Alexia Henning e Vanda Fortuna Serafim


SOBRE VESTIR O OUTRO: APONTAMENTOS TEÓRICOS SOBRE OS PERSONAGENS MASCULINOS E FEMININOS NO COSPLAY



O presente artigo está vinculado à pesquisa de Iniciação Científica, intitulada: “As tendências explicativas e teóricas do cosplay: uma pesquisa bibliográfica” , cujo objetivo consiste em estudar o cosplay mediante a um levantamento bibliográfico a respeito do tema, com a finalidade de perceber quais são as áreas de conhecimento que se apropriam da discussão acerca do cosplay e assim, tornando possível uma análise no que remete as representações culturais associadas as práticas cosplay. Para a presente discussão, utilizaremos o trabalho de Victor Turner [1974], e Carolina Furukawa [2008], que nos permitirão uma compreensão na representação do cosplay no campo da antropologia e psicologia. Em certo momento faremos uso da obra de Erving Goffman [2002] que auxiliará com sua visão sob a perspectiva sociológica. E tentaremos problematizar as reflexões de Otavia Alves de Cé [2014] sobre a prática do cosplay, pensando na experiência das mulheres praticantes ao incorporar personagens masculinos.

Em primeiro lugar, faz-se necessário entender o significado de cosplay.  Tal prática consiste no emprego das palavras em inglês costume, traje/fantasia, e play ou roleplay, brincadeira/interpretação; ou seja, diz respeito a um hobby [passatempo] que consiste em práticas de comunicação por jovens que se vestem e elaboram uma atuação de acordo com seus personagens preferidos [NUNES, 2013].

A origem dessa atividade provém do final da década de 1930 nos Estados Unidos da América, em   uma convenção de ficção científica, sendo adaptada e renovada na década de 1990 no Japão, conforme sua cultura [NUNES, 2013]. Contudo o que nos interessa é: como esta atividade difundiu-se no Brasil? De acordo com as análises realizadas no projeto, ao focarmos o surgimento dessa prática no Brasil acredita-se que chegou no ano de 1996 com a primeira convenção de mangás e animes no país, o evento chamado Mangacon [BARBOZA e SILVA, 2013]. O evento, ficou marcado por ser o primeiro encontro que reuniu admiradores, fãs de mangás e animes no país em companhia com o crescimento da cultura jovem que expandiu o consumo do mesmo.

Dessa maneira, destacamos o evento em questão, foi realizado na cidade de São Paulo pela ABRADEMI – Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações. No ano de 1996 a ABRADEMI comemorou seu aniversário de fundação com exposição de mangás, animes, esculturas dos personagens dessa mídia [mangás/animes], música, como também o lançamento de uma revista chamada Anime Club que abordava matéria sobres cosplayers [praticantes da atividade] do mundo a fora. Por iniciativa da Associação que tal prática teve seu primeiro contato no Brasil, sendo confeccionada e usada por Cristiane A. Sato, a primeira cosplayer a participar de convenção no país, pois o título de fato desconsiderando eventos desse gênero é creditado ao Diego Fernando Ferreira, ao usar uma fantasia de Saint Seya [Personagem fictício da série de mangá Saint Seiya criada por Masami Kurumada] no Carnaval em Rio Claro-SP [www.abrademi.com – autor: Francisco Noriyuki Sato].

A notícia da nova atividade percorreu sobre o Brasil, o que gerou interesse de vários fãs e possivelmente futuros cosplayers. No mesmo ano, meses depois do primeiro evento de comemoração, a ABRADEMI realizou de fato o primeiro Concurso de cosplay. Portanto, destacamos que a prática, em geral, estará associada com os eventos que reúne admiradores do universo de animes e games.

Ao longo dos anos esses eventos possibilitaram a criação de um espaço importante aos cosplayers com a realização de concursos com diversas modalidades. Portanto, afirmamos que esta prática já se encontra anexada a cultura brasileira, devido aos vastos eventos/convenções estabelecidos ao ano. Todavia essa prática não ficou apenas voltada para a cultura do oriental, pois também teve a introdução de diversos ícones da cultura geral, tais como cantores de singles pop, videogames, literatura e cinematografia. Posto isto, podemos notar que há um apreço e um apoio muito grande pela cultura pop nos dias atuais, marcada principalmente pela prática cosplay.

Exposto isso, o presente artigo irá contar com análises a respeito das práticas e representações culturais associadas a esta modalidade. Sendo assim, o conceito aqui proposto sobre a palavra cosplay, pode ser entendido como uma amostra de afinidade e identificação por uma personagem favorita ou admirada em determinadas narrativas, levando a uma reprodução e performance inspirada nestas personagens.

Desta forma, início algumas abordagens para o desenvolvimento desse artigo com a seguinte citação:

“A indumentária como objeto de pesquisa é um fenômeno social completo pois apresenta simultaneamente um discurso histórico, econômico, etnológico e tecnológico e, pode-se apontar também, para uma linguagem religiosa, na acepção de um sistema de comunicação. Além de ser um sistema de signos, por meio dos quais os seres humanos delineiam a sua posição no mundo e a sua relação com ele, funciona como um sistema normativo que aponta para duas direções: de um lado as roupas tradicionais, de outro lado as roupas da moda.” [SERAFIM, 2013, p.71].

Sendo assim, é vantajoso salientarmos também a questão da indumentária xamânica que, segundo Eliade [2002] compõe uma manifestação do sagrado e símbolos cósmicos. Isto é, ele expõe como a as práticas xamânicas giram em torno desse fenômeno:

“A indumentária representa, em si mesma, um microcosmo religioso qualitativamente diferente do espaço profano circundante. De um lado, constitui um sistema simbólico quase completo e, de outro, está impregnado, pela consagração, de forças espirituais múltiplas e, principalmente, de "espíritos". Pelo simples fato de vesti-la - ou de manipular objetos que a substituem - o xamã transcende o espaço profano e prepara-se para entrar em contato com o mundo espiritual.” [ELIADE, 2002, p.170].

Posto esses dois excertos, podemos observar que os cosplayers ao fazerem o uso do vestuário pode ser entendido como um conjunto de peças e acessórios que o ajudam a compor o traje, contendo consigo múltiplas funções e origens complexas [NACIFLL, 2007]. No que diz respeito ao traje, isto é, o figurino, a partir de um ponto de vista do campo das artes cênicas, é um componente essencial para o espetáculo, sendo encarado como um objeto consagrado ao personagem, materializando-o e o privilegiando [CORTINHAS, 2010].

Sendo assim, o estudo da performance de Victor Turner [1974] se encaixa ao tema da presente discussão, visto que o mesmo está ligado a um campo de estudo interdisciplinar, envolvendo uma compreensão de aspectos artísticos como também da vida cotidiana. Há uma percepção no que diz respeito a vida social, por meio dos movimentos dialéticos envolvendo uma estrutura social.

O conceito elaborado por Turner [1974]: communitas, corresponde a uma forma de antiestrutura constituída pelos vínculos entre os indivíduos ou grupos sociais alimentados pelas práticas rituais, isto é, compartilham uma condição “limiar” [NOLETO,2015]. Essa condição “limiar” possibilita o grupo de cosplayers uma existência entre dois planos diferentes. Pois, o que caracteriza o cosplay e o difere do simples ato de se fantasiar, é que além de criar os trajes, também há uma interpretação do personagem escolhido, reproduzindo os traços de sua personalidade como postura, falas e poses típicas:

“Em todo caso, na medida em que os outros agem como se o indivíduo tivesse transmitido uma determinada impressão, podemos ter uma perspectiva funcional ou pragmática, e considerar que o indivíduo projetou “efetivamente” uma certa definição da situação e “efetivamente” promoveu a compreensão obtida por um certo estado de coisas” [GOFFMAN, 2002, p.16].

Mas aí surge a seguinte indagação: o que leva uma pessoa a se vestir de um personagem fictício por livre e espontânea vontade no mundo atual?! Acreditamos que, a partir de um ponto de vista da psicologia, ao interpretarem o personagem escolhido lidam com a realidade de forma subjetiva, visando uma condição favorável ao encarar certas situações do cotidiano [FURUKAWA, 2008]:

“Mesmo quando nenhuma dificuldade pesa, pode emergir a tentação de desligar-se de si mesmo – nem que seja por algum tempo – para fugir das rotinas e preocupações. Qualquer desobrigação é bem-vinda, ela permite desapegar-se por um instante.” [LE BRETON, 2018, p.10].

Dessa forma, podemos fazer uma alusão com a concepção sobre transe, possessão e consequentemente o êxtase religioso, o qual Lewis [1977] aborda. Ele expõe em sua obra: “êxtase religioso: um estudo antropológico da possessão por espírito e do xamanismo” como o transe se configura, dado que ele emprega um sentido médico a palavra como: “estado de dissociação, caracterizado pela falta de movimento voluntário, e, frequentemente, por automatismo de ato e pensamento, representados pelos estados hipnótico e mediúnico” [LEWIS, 1977, p.41], isto é, significa a ausência temporária ou completa da alma do indivíduo, representando até mesmo uma possessão.

Segundo o autor, Lewis [1977], o transe induz o ato de pensar e decorrente dele vem o termo possessão que é caracterizado pela perda do domínio do corpo. E por último, ele traz uma discussão a respeito da tomada do homem pela divindade, o êxtase religioso.

Sabemos que ao falarmos disso, logo vem à mente a experiência religiosa a quem se entrega de corpo e alma a determinada crença [SILVA; LANZA, 2009]. Diante disso, gostaria de destacar a semelhança entre o êxtase e o tema abordado.

Como Lewis [1977] ressalta em sua obra, os estados de transe podem ser induzidos por diversas formas de estímulos. Portanto, ao pensarmos no indivíduo em um estado de transe, ele estaria obtendo uma condição limiar entre os dois planos. A pessoa, ou melhor, o cosplayer, por trás da personagem precisa ser apagada, para assim dar espaço somente à personagem [CÉ, 2014].

Mas como podemos ver o significado do êxtase religioso nessa atividade? É interessante notar um aspecto muito importante, o comportamento emocional presente na persuasão da narrativa, visto que:

“Uma experiência intensa de “transporte”, por sua vez, reforça o impacto persuasivo da informação narrativa sobre as crenças dos leitores, onde a magnitude da necessidade de uma pessoa de se envolver emocionalmente em algo determina em que medida ela experimenta o “transporte” e é persuadida pelas informações apresentadas” [MARLET, 2016, p.81].

Sendo assim, segundo Lewis [1977] essa tomada da divindade é recordada como uma experiência intensa [PAES, 2017], sendo possível assimilar com a ideia de transportation apresentada por Marlet [2016], pois há situações as quais os indivíduos podem experimentar certas mudanças.

Essa experiência proporcionada pelo mecanismo de transportation: “o campo do fenômeno pode se tornar o mundo da história mais do que a realidade física em torno do indivíduo, o qual pode perder sua consciência do “eu” como uma entidade distinta.” [MARLET, 2016, p.64]. Em outras palavras, os cosplayers experimentam histórias cruéis, divertidas, mórbidas que são socialmente condenadas, pressupondo um distanciamento da realidade pois pegam a vida desses personagens e usam como passe para recriar suas ações cotidianas [ALMEIDA, 2017].

Dessa forma, o cosplayer empresta seu próprio corpo e, sendo uma das grandes responsáveis, a empatia ao se identificar com o personagem de determinada narrativa [SOARES, 2013]. Contudo, o êxtase em se fantasiar pode variar, mas a sensação de diversão e idealização de uma vida livre das normas é um fator que prevalece majoritariamente, pois esses cosplayers: “ Eram jovens/as que encontravam, nessa prática mutável e flutuante, uma maneira de se transformarem em algo que não conseguem ser ou atuar em suas experiências cotidianas e adquirir um reconhecimento pelas habilidades construídas para esse fim. ” [ALMEIDA, 2017, p.179].

No crossplay, uma vertente da palavra cosplay na qual o adepto da atividade interpreta um personagem do sexo oposto, podemos captar um rompimento das limitações de gênero o que proporciona aos seus participantes representações e performances cada vez mais distintas dos seus habituais [CÉ, 2014].  Sendo assim, a Otavia Alvez Cé [2014] em seu trabalho sobre as representações do papel da mulher sob ponto de vista da área de linguística aplicada, traz uma abordagem intrigante quando a mesma faz uma relação dos adeptos da prática crossplays com os crossdess. O crossdress é termo que diz respeito ao ato de se vestir e performar utilizando objetos associados ao sexo oposto.

Dessa maneira, vale ressaltar o termo representação discutido por Erving Goffman [2002], pois refere-se a uma atividade completa a qual um indivíduo, por um determinado período, se passa caracterizado diante de um grupo de observadores. Em vista disso, tanto as práticas de crossdresses como a de crossplays não possuem relação com a orientação sexual, sendo essa prática limitada ao seu vínculo social, ou melhor à sua esfera performática [CÉ, 2014].

As visões são de performatividade, de uma forma mais convencional, são as apresentações culturais as quais nos possibilita imaginar a existência de um cenário, isto é, o suporte para a representação. Portanto, Goffman [2002] para além do termo de representação traz também o termo fachada, referindo a um comportamento padronizado, seja ele intencional ou inconsciente empregado ao indivíduo durante o ato:

“Além do fato de que práticas diferentes podem empregar a mesma fachada, deve-se observar que uma determinada fachada social tende a se tornar institucionalizada em termos das expectativas estereotipadas abstratas às quais dá lugar e tende a receber um sentido e uma estabilidade à parte das tarefas especificas que no momento são realizadas em seu nome. A fachada torna-se uma “representação coletiva” e um fato, por direito próprio. [...] Dada que as fachadas tendem a ser selecionadas e não criadas, podemos esperar que surjam dificuldades quando os que realizam uma dada tarefa são obrigados a selecionar, para si, uma fachada adequada dentre muitas diferentes” [GOFFMAN, 2002, p.34].

Deste modo, o cosplay é inserido nessa performance cultural, em um dado contexto e local adequado e, sendo a atuação uma das bases para a performance [CÉ, 2014], a mesma constituí a fachada social mencionada no excerto.

Contudo, segundo as abordagens de Otavia Alvez de Cé [2014] que, ao nosso ponto de vista é indispensável, podemos fixar o nosso olhar para essa questão da performance no que diz respeito a realidade do gênero, ou seja, como a autora nos esclarece: “A ideia de masculino ou feminino é apenas ficção existente no imaginário humano, ditada pelas normas de uma sociedade” [p.106]. Entretanto, normas são estabelecidas, impondo-nos uma ideia de como se portar conforme o sexo biológico.

Posto isto, podemos dizer que de acordo com regras encontradas nas mais diversas sociedades, os gestos e comportamentos são o que demarca uma identidade de gênero. Vale ressaltar que não existe uma maneira certa de comportamento, mas sim padrões impostos [CÉ, 2014]. Logo, os adeptos da prática crossplay ao assumirem uma performance de gênero subversiva em um primeiro momento pode ser um choque, mas o mesmo é considerado “menos nocivo” quando relacionado a um palco e/ou espetáculo.

Segundo Le Breton [2018], somos movidos por valores, representações, modelos, papéis e afetos, pois a existência social é dita por meio da nossa capacidade de assumirmos diversos papéis sociais levando em consideração o público, portanto: “Quando ele encarna um de seus personagens no cenário social, os outros são colocados entre parênteses. Alguns sem alhures, em outro contexto, fora do papel que são acostumados a vê-lo exercer.” [p.196].

Apesar de Le Breton [2018] estar se referindo aos papéis que assumimos cotidianamente, podemos associar sua reflexão ao conceito de subversão de gênero na prática crossplay. Visto que, tal atividade exige uma transformação física e até mesmo mental para construção de um novo corpo [CÉ, 2014]. Portanto, podemos afirmar também que para além dos seus significados, as imagens passam a perpetuar em nossas vidas de modo que desejamos a ser como elas [SOARES, 2013]. 

Ao analisarmos o trabalho de Cé [2014], percebemos que ao tratar do termo crossplay, a mesma refere-se às praticantes mulheres. A apropriação e interpretação de personagens masculinas pode remeter uma libertação da opressão e consequentemente a fuga dos papéis de gênero, porém a autora afirma que esse processo de subversão pode acabar sendo revelado como silenciamento do feminino em prol do masculino. Portanto para Cé [2014]: “Essa “deformação” reforça a supremacia do homem sobre a mulher, isto é, preserva a hegemonia dos valores do universo masculino.” [p.171]. Contudo:

“Mesmo se cada mulher se vestisse de acordo com sua condição, ainda assim estaria sendo feito um jogo: o artificio, como a arte, pertence ao domínio do imaginário. Não se trata apenas de que cintas, corpetes, tinturas e maquilagem disfarçam o corpo e o rosto, mas do fato de que a menos sofisticada das mulheres, uma vez “arrumada”, não mostra ela mesma à observação. Tal como o quadro, a estatua ou o ator no palco, é um agente por meio do qual sugere alguém que não está ai, a saber, o personagem que ela representa mas não é. É esta identificação com algo irreal, fixo, perfeito, como o herói de um romance, um retrato ou um busto, que agrada a ela. Esforça-se em identificar-se com esta figura e assim parecer a si mesma estar estabilizada, justificada em seu esplendor.” [BEAUVOIR, 1953 appud GOFFMAN, 2002, p.59]

Apesar de estarmos cientes dessa construção social, do silenciamento e repressão qual nós mulheres passamos, ressaltamos aqui que somos um guarda-roupa de personagens prontos para se ajustar, pois a busca de si pode ser vista como algo positivo ou deveras dolorosa [LE BRETON, 2018].

Sendo assim, o modernismo pode ser entendido como algo que desnaturaliza nosso sistema no que diz respeito as funções psicofisiológicas [JUNIOR, 2008]. Relaciona-se também com a noção de liberdade, isto é, ideia de um sujeito autônomo [FURUKAWA, 2008]. Ressaltamos a reflexão de Le Breton [2018] quando o mesmo propõe a ideia de um indivíduo contemporâneo esgotado de sua rotina, se veem instigado a desfazerem de seu centro.

O presente artigo procurou apresentar, mediante o levantamento bibliográfico, uma série de apontamentos e questões possíveis que podem ser abordados com a temática referida. A proposta foi de analisar e expor algumas considerações a partir da perspectiva de História das Religiões assim como enfatizar algumas discussões acerca do gênero dentro da temática.

Contudo, acreditamos que a presente discussão consistiu em analisar e refletir como tal fenômeno pode ser analisado por meio das ideias propostas pelos autores acima citados. Desta maneira, nos parece possível explorar a prática cosplay enquanto objeto da história das religiões, visto que encontramos aproximações com os fenômenos analisados pelos autores trabalhados.

Referências
Alexia Henning: graduanda de Licenciatura em História pela Universidade Estadual de Maringá. Membro do Laboratório de Estudos em Religiões e Religiosidades (LERR/UEM) sob orientação da professora doutora Vanda Fortuna Serafim. E-mail: alexiahenning330@gmail.com.
Vanda Fortuna Serafim é professora e doutora Adjunta na Universidade Estadual de Maringá, atua nos cursos de graduação em História (presencial e EAD) e Pedagogia (EAD); é docente do Programa de Pós-graduação em História (PPH-UEM). Atua como pesquisadora/docente do Núcleo de Pesquisa em História Religiosa e das Religiões (CNPQ), no Grupo de Trabalho em História das Religiões e das Religiosidades (ANPUH) e no Laboratório de Estudos em Religiões e Religiosidades (UEM). E-mail: vandaserafim@gmail.com.

ALMEIDA, Nadja Rinelle Oliveira de. "Óh! Fui eu que fiz!": a saga de jovens cosplayers e seus fazeres educativos. 2017. Tese (Pós-Graduação em Educação) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2017.
BARBOZA, Renata Andreoni; SILVA, Rogério Ramalho da. Subcultura Cosplay: a Extensão do Self em um Grupo de Consumo. Revista Brasileira de Marketing - REmark , São Paulo, v. 12, n. 2, p. 180-202, jan. 2013.
CÉ, Otavia Alves. Silenciamento ou subversão? Representação do papel social da mulher no discurso performático das crossplayers de mangá. 2014. Tese (Pós-Graduação em Letras) - Universidade católica de Pelotas, Pelotas, 2014.
CORTINHAS, Rosangela. Figurino: um objeto sensível na produção do personagem. 2010. 7 - 75 p. Dissertação (Mestrado em Artes Cênicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2010.
ELIADE, Mircea. O Xamanismo e as técnicas arcaicas do êxtase. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
FURUKAWA, Carolina. "Cosplay": Identidades na hipermodernidade. 2008. 8 - 121 p. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.
GOFFMAN, Erving. A Representação do Eu na Vida Cotidiana. 10. ed. [S. l.]: Editora Vozes, 2002.
JUNIOR, Leconte de Lisle Coelho. Cosplayers no Brasil: O Surgimento de Uma Nova Identidade Social na Cultura de Massas. 2008. Tese (Doutor em Psicologia) - Universidade Federal do Espírito Santo, [S. l.], 2008.
LEWIS, Ioan M. Êxtase Religioso: um estudo antropológico da possessão por espírito e do xamanismo. SP, Perspectiva, 1977
LE BRETON, David. Desaparecer de si: Uma tentação contemporânea. [S. l.]: Editora Vozes, 2018.
MARLET, Ramon Queiroz. Transportation em narrativas transmídia: estudo sobre os efeitos cognitivos e sociais da exposição dos fãs a um universo ficcional multiplataforma contemporâneo. 2016. Dissertação (Pós-Graduação em ciências da comunicação) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.
NACIFLL, Maria Cristina Volpi. O vestuário como princípio de leitura do mundo. Rio de Janeiro: [s.n.], 2007. 1 - 10 p.
NOLETO, Rafael da Silva & ALVES, Yara de Cássia. 2015. "Liminaridade e communitas - Victor Turner". In: Enciclopédia de Antropologia. São Paulo: Universidade de São Paulo, Departamento de Antropologia.
NUNES, Monica Rebecca Ferrari. A cena cosplay: vinculações e produções de subjetividade. FAMECOS, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 430-445, maio/agosto. 2013.
OLIVEIRA, Vitória Barros de. ‘#ATTACK ON TITAN:” Engajamento transmidiático em comunidades de fãs no Tumblr. 2018. Dissertação (Programa de Pós-graduação em Comunicação Social) - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, Belo Horizonte, 2018.
PAES, A. C. L. Transe e Cosmogonia: Uma análise do Grande Casamento em As Brumas de Avalon (1982). In: V. Simpósio do GT História das Religiões e Religiosidade Regional Sul – ANPUH. Passo Fundo, Rio Grande do Sul, 2017.
SERAFIM, V. F. O significado da indumentária para os orixás. In: SIMILI, I. G.; VASQUES, R. S. (Orgs). Indumentária e moda: caminhos investigativos. Maringá: EDUEM, 2013, p. 71-84.
SILVA, Cláudia Neves da; LANZA, Fabio. O sagrado no cotidiano ocidental: corpo místico e êxtase religioso. Londrina: UEL, 2009.
SILVA, Wagner Alexandre. Comunicação, consumo e colecionismo: produção de memórias e práticas identitárias do fã-colecionador de estátuas e dioramas bishoujo. 2015. Dissertação (Mestre em Comunicação e Práticas de Consumo) - Escola superior de propaganda e marketing? ESPM/SP programa de mestrado em comunicação e práticas de consumo, Curitiba, 2015.
SOARES, Gabriel Theodoro. Cosplay: imagem, corpo, jogo. 2013. Dissertação (Pós-Graduação comunicação e semiótica) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2013.
TURNER, Victor W. O processo ritual: Estrutura e Antiestrutura. Petrópolis: Vozes Ltda, 1974. 5 - 248 p.

15 comentários:

  1. PARABÉNS, sua pesquisa traz uma abordagem muito interessante, no entanto, não poderia deixar de negar que notei certa confusão entre o titulo atribuído ao seu trabalho e a conclusão do mesmo, primeiramente porque o titulo do seu trabalho nos leva a entender que seu texto terá como abordagem principal as diferenças de gênero na prática de cosplay e como isso reflete-se no momento em que uma mulher decide vestir-se de um personagem masculino e vice e versa, porém a sua conclusão afirma que a prática de cosplay esta associado a história das religiões, mas dos variados animes que existem grande parte deles não trazem uma abordagem religiosa, como exemplos temos: one punch man, pokemon, bayblade e etc.. Baseado nisso meu questionamento é: A sua pesquisa tomou como base somente os teóricos apontados no texto, ou foi realizada uma consulta detalhadamente crítica aos vários gêneros existentes de animes e mangás antes de associar a pratica cosplayer a história das religiões?
    Cordialmente, ANTONIA STEPHANIE SILVA MOREIRA.

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    1. Boa Tarde Antonia! Primeiramente agradeço a questão e os apontamentos.
      Sobre isso, realmente faz sentido, pois traçamos um difícil trajeto ao tentar encaixar a questão de gênero com a temática da pesquisa visto que não trabalhamos com o mesmo por isso ficou um pouco confuso. E por ser apenas uma apresentação escrita fica difícil expressar corretamente em relação a isso, mas são coisas que vamos corrigindo aos poucos.
      Agora sobre a questão da abordagem das religiões, o trabalho não se encaixa na mesma, e é uma coisa que está cada vez mais claro para nós ao decorrer do desenvolvimento da pesquisa que, o mesmo está ligado à História Cultural. Dessa forma, ao tomar como base as práticas culturais vamos partir para uma discussão no sentido de uma vivência e/ou experiência religiosa do cosplay, mas claro, não é uma religião, de forma alguma.
      Então, mais uma vez agradeço pelos apontamentos pois são coisas que nos permite uma reflexão e nos auxiliará para seguir um caminho melhor para o próximo projeto.

      Att,
      Alexia Henning e Vanda Fortuna Serafim.

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  2. Olá colega Alexia e professora Vanda. Sou aluna do curso de História também da UEM na modalidade a distância e fiquei muito feliz e maravilhada quanto a temática do cosplay aliada a questão de gênero e também ao elemento religioso xamanístico.
    Assim, foi citado no texto o ponto do crossplay, a minha dúvida seria há diferenças entre as práticas da vertente entre os crossdresses ocidentais e orientais, tanto no ponto de vista de indumentária, atuação ou na própria questão social-cultural? Levando em consideração os dois maiores exportadores de bens de culturais pop, como os Estados Unidos e o Japão?

    Desde já agradeço a atenção.
    Renata Sayuri Sato Nakamine

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    1. Boa tarde Renata! Obrigada pela questão.
      Acreditamos que sim pode haver diferenças entre as vertentes pensando na prática ocidental e oriental, uma vez que tal prática pode ser pensada como algo prazeroso ou necessário para sobrevivência, isto é, forçado pela sociedade, o que ocorre muitas vezes com pessoas trans. Sendo assim, por serem práticas relacionadas (crossdess e crossplays) ambas são limitadas, se assim podemos dizer, à sua esfera performática, seja nos eventos de animes ou domicilio. Levando isso em consideração, acreditamos também que a prática referida pode ser mais naturalizada no oriente do que no ocidente, visto que o Japão adaptou e renovou o cosplay conforme a sua cultura e tornou-se uma dos maiores exportadores de bens culturais pop, afinal, o que vem a sua cabeça quando o assunto é cosplay?
      Contudo, não podemos deixar de levar em conta que no ocidente a prática crossdress/crossplays é melhor vista quando há mulheres realizando-a do que ao contrário, pois apesar de ser apenas uma prática lúdica, ainda estamos cercados por um comportamento sexista.
      Esperamos termos conseguido responder suas dúvidas, e novamente agradeço pelas reflexões.

      Att,
      Alexia Henning e Vanda Fortuna Serafim.

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  3. Olá, boa noite!
    Primeiramente gostaria de parabenizá-las pelo trabalho. Gostaria de saber a opinião das autoras sobre a relação pra prática de crossplay por parte das mulheres e a hiperssexualização das personagens femininas, e imposição de um padrão de corpo que pode ser observado através das vestimentas das mesmas.

    Raylane Ramos Gomes

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    1. Boa tarde Raylane!
      Então, a respeito da relação da prática crossplay por parte das mulheres acreditamos que, assim como foi dito na resposta do comentário da Renata pode ser visto como algo prazeroso, mas claro, dentro de seu vínculo social, tendo em vista que, ao retomarmos a experiência de transporte o qual foi mencionado no texto, os cosplayers vivenciam as histórias das narrativas de forma lúdica ao trocar os papéis.
      Agora, no que diz respeito a hiperssexualização de personagens é notório que isto é construído com os próprios artistas homens, seja de história em quadrinhos ou mangás, desse modo, há sim uma cobrança de um certo padrão de corpo quando lembramos a questão das imagens, onde a mesma passa a ser o ideal de algumas pessoas. Portanto, existe o preconceito quando a atividade cosplay de personagens femininas provém de pessoas que não são idealizadas, sendo essas pessoas vítimas dessa pressão social e de uma postura machista. Acreditamos também que, por conta desses rótulos estabelecidos a partir da imagem, muitas mulheres podem optar pela prática crossdresser/crossplays dentro do ambiente cosplay.
      Contudo, acontece também a hiperssexualização que partem das próprias cosplayers mulheres, ou seja, essas cosplayers tomam para si a imagem de personagens femininas que, de acordo com suas narrativas, as características das mesmas não condiz com essa sexualização. Sendo assim, possível alimentar um comportamento fetichista em cima de personagens (até mesmo infantis) e, consequentemente sistema machista.
      Mas vale ressaltar que, em hipótese alguma a hiperssexualização dessas cosplayers é um “passe livre” para o assédio, que em nossas observações, é algo recorrente.

      Att,
      Alexia Henning e Vanda Fortuna Serafim.

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  4. Olá, boa tarde!
    Gostaria de saber se desde o começo do cosplay, a figura feminina teve essa imagem muito sexualizada ou é algo mais recente?
    Lucas Gomes de Lima

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    1. Bom dia Lucas! Agradeço pela questão, sobre isso não vamos conseguir te responder com convicção, mas irei anotar aqui e pensarei sobre, pois irá contribuir para nossas reflexões a respeito da temática.

      Att,
      Alexia Henning e Vanda Fortuna Serafim.

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  5. Esse Artigo foi baseado somente em animes religiosos? Pois nem todos são ligados à religião. E o artigo trata religião com muita ênfase.
    Lucas Gomes de Lima

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    1. Oi Lucas!
      O artigo foi baseado nas práticas culturais, no caso o cosplay, para que assim como foi dito na resposta da Antonia, permitissem uma discussão da vivência dos cosplayers Portanto, levamos em consideração a crença, pensando também no aspecto do xamanismo no que diz respeito ao senso performático dessas práticas ritualísticas, no entanto reforçamos mais uma vez que, não estamos falando necessariamente de religião mas sim como as mentes e as práticas contemporâneas podem ser associados com as questões religiosas.

      Att,
      Alexia Henning e Vanda Fortuna Serafim.

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  6. Olá Alexia e Vanda! Parabéns pelo interessantíssimo texto, as reflexões são muito bem construídas. Me instiga muito a temática do transe/possessão/cosplay. Senti falta da questão do Ensino de História. Assim, quais as possibilidades, metodologias, ou enfoques, na compreensão de vocês, poderíamos utilizar para inserirmos tais discussões na sala de aula?

    Parabéns mais uma vez!
    Gabriella Bertrami Vieira

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  7. Parabéns pelo texto. No ato do crossdressing, vocês consideram uma demonstração de machismo estrutural quando um homem vestido de mulher recebe em geral “elogios” sexualizando o personagem por ser mulher ou quando fazem comentários transfóbicos ao falarem que um homem com uma fantasia de mulher seria o mesmo que uma mulher transexual? Seria apenas mais uma maneira de enxergar o feminino como característica inferior/pejorativa? (não estou dizendo que isso acontece em uma totalidade, é apenas uma situação para se pensar).

    Amanda da Silva Neto

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  8. Olá, achei incrível o tema proposto, por eu ser um consumidor de anime, da cultura pop e ocidental. Bom, só gostaria de apontar que o termo crossdresser está bem em desuso, acaba sendo meio antiquado para os dias atuais, onde drag queen seria melhor aproveitado, mas entendo que provavelmente a escolha foi por aproximação. Segundo, entendo que a autora apontada na abordagem sobre crossplay ser voltada para mulheres, mas homens também praticam, tanto no cross quando no genderband (troca de gênero de personagens para cosplay), e ambos quebram esteriótipos e enfrentam o machismo presente no meio dito otaku, onde sofrem uma sexualização e um fetichismo, dependendo do caso.

    Lucas Tavares Teixeira

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