UMA PONTE ENTRE O ENSINO DE HISTÓRIA E OS MANUAIS DIDÁTICOS: REPRESENTAÇÃO DA MULHER NA GUERRA DO PARAGUAI
A Guerra do Paraguai, conhecida como o maior
conflito armado ocorrido na América Latina, nos possibilita historicizar por
vários vieses. Para além, no presente estudo, tencionamos pensar na guerra com
base nos livros didáticos, desenvolvendo a problemática acerca da
representatividade da mulher. Buscamos a compreensão de como a mulher é apresentada
nos materiais didáticos de 8º ano, em três livros de apoio utilizados por
escolas públicas de ensino básico.
Diferentes discussões foram travadas por
historiadores sobre as definições do que de fato efetivou o levante da Guerra
Paraguaia. Anteriormente concebia seus motivos causais culpados pelo
Imperialismo Britânico, estudado no decorrer de vários anos, com real tensão e
única, por supostos interesses Britânicos, com propensões diretas de
financiamento, de fato ao final da guerra, o Brasil acumulou uma dívida
abrangente com a Inglaterra, após os empréstimos, todavia apesar do suporte
monetário, este pensar caiu por terra.
Após as reformulações dos estudos, o que era
antes considerado a causa, acabou por ser superada. Dando espaço para as
motivações ligadas à geopolítica e questões econômicas, indícios com suporte
pautados em documentos e materiais que permitam este desbravar, assim como
coloca o historiador Francisco Doratioto, as questões da eclosão da Guerra
estavam ligadas a um processo regional, que se tornou o grande causador da
guerra.
As motivações estavam intrinsecamente ligadas
à disputa de poder, estabelecer o domínio tanto do meio fluvial como o
territorial, a tão almejada liderança da região platina, após a invasão do
Paraguai à Argentina para chegar à região mato-grossense brasileira, o “Brasil,
Paraguai, Argentina e Uruguai, países vizinhos e posteriores parceiros no
Mercosul, envolveram-se em um sangrento combate ao longo de cinco anos” [ROCHA,
2014, p.1]. Os três países formaram a Tríplice Aliança para a guerra travada
contra o Paraguai.
O marco inicial da batalha ocorreu com a
invasão do exército paraguaio em solo brasileiro, na região Mato-grossenses.
Apesar da duração da guerra ter se efetivado em longos cinco anos, somente um
ano de batalha aconteceu em solo brasileiro e “(...) por quase 4 anos – no
território do Paraguai” [DORATIOTO, p.2, 2009].
Nas mãos de Francisco Solano Lopez o Paraguai
vai a guerra ou de forma indireta devida à posição que se encontrava, para
derrota, preferido morrer a se render. Desse modo, a temporalidade nos traz
várias faces de Solano Lopez, desde a Guerra até os dias de hoje, estabelecendo
a linha tênue do desiquilibrado inconsequente a herói de uma nação, variando na
concepção de quem vê sua representação, principalmente a partir da população.
Algumas vezes com a grande influência que
Solano Lopez estabelecia, era chamado como colocado por Doratioto a “Guerra de
Lopez”, que governava de forma ditatorial, exercia controle sobre tudo e todos,
obviamente, inclusive sobre a impressa, domínio exclusivo estatal. Toda e
qualquer decisão final partia do governante, que cometeu brutalidades durante
sua vida, sem escrúpulos torturou e matou pessoas, inclusive seus próprios
irmãos, trazendo um peso de mortalidades em suas costas enorme.
O Paraguai sobre seu dúbio governo, em 1865,
após diversas batalhas em terra e mar foi ao declínio, levando consigo a
economia, e o seu povo ao chão, cerca de 75% da população fora dizimada,
mulheres, homens e crianças. A atualidade possui um exímio reflexo do seu
passado, sangrento passado.
Ao pensarmos na Guerra, se tratou de uma
catástrofe geral, pois todas as economias dos países envolvidos saíram
afligidas drasticamente. Ao fim, não houve vitoriosos, na realidade o
descomunal ganhador foi os prejuízos causados e a desumanidade vivida, perante
todos os ângulos.
Todos obtiveram grande rombo em suas
estruturas sociais. “[...] Os prejuízos que os países envolvidos tiveram foram
muito maiores do que os benefícios. Só a Inglaterra saiu ganhando, e
duplamente: recebeu com juros o dinheiro que havia emprestado [...] e passou a
vender seus produtos ao Paraguai”. [PILETTI; PILETTI; 1989 p. 22].
A
mulher e a guerra
A Guerra do Paraguai chegou ao seu fim, como
a grande guerra que aconteceu na América Latina, e a maior no mundo entre a
Guerra da Secessão e a Primeira Guerra Mundial. Mas apesar da sua tamanha
importância, a historiografia somente nos últimos tempos que obteve maior
desenvolvimento em produção de escritos sobre os sujeitos ditos marginalizados.
Antes se apresentava de certo modo vaga, com o passar do tempo vem se
solidificando e progredindo, ainda mais quando tratamos da mulher.
As mulheres sempre estiveram esquecidas na
História, não somente na representatividade em meio as Guerras, mas nos
acontecimentos históricos como um todo. Falar da representação feminina em
qualquer esfera da estrutura social, apresenta uma tarefa árdua, mas, contudo,
fascinante e produtiva. A partir dessa abertura de novos ares, a História começou
a ser tomou para si uma nova temática. “Não é exagerado dizer que por mais
hesitante que sejam os princípios reais de hoje, tal metodologia implica não só
em uma nova história das mulheres, mas em uma nova história” [SCOTT, 1989, p.
04].
Apesar da escassez de material sobre a mulher
na Guerra do Paraguai, tanto em escritos como memórias e documentos, trabalhos
estão sendo desenvolvidos cada vez mais, demonstrando efetividade para uma
abertura da representação do feminino. A mulher faz parte da História e deve
ser estudada concomitante aos homens, pois ambos papeis exercidos estabelecem
importância em qualquer acontecimento da estrutura social, a História não se
faz só.
Em vários momentos históricos os papeis
desempenho pelas mulheres são deixados de lado, assim como em diversos momentos
na Guerra do Paraguai. Como não assumiu cargos relacionados a uma figura de
poder, não significa que não foi efetiva na História. Esteve o tempo todo dando
estrutura para que ocorresse. O fato de não desenvolver papeis ligados a
liderança ou de frente no poderio armado, não diminui o peso do papel que
desempenhou, como agente histórica.
O estudo respaldado na mulher deve ser
trabalhado em sala de aula, dentro de qualquer acontecimento histórico, a
Guerra do Paraguai, não se faz exceção. A partir do contexto de sala de aula,
se torna o principal viés de desenvolvimento para essas abordagens, possibilita
quebrar essa História tão masculina, a qual presenciamos e molda a estrutura
social patriarcal.
O livro didático muitas vezes é usado como
material norteador de conteúdo em sala de aula, pela carência que se encontra o
ensino, muitos professores levam como única fonte histórica. A mulher deve
estar obrigatoriamente representada, em tal material de ensino, “não basta acrescentar
a mulher nos livros de história é preciso repensar o próprio saber histórico”
[PINSKY, 2011, p.9].
Como se porta o ensino da História, nos
livros didáticos, a partir da representação da mulher na Guerra do Paraguai. Um
cenário de dor e caos, em que as pessoas tiveram como palco da sua vivencia,
“pessoas”, não somente homens, logo a representação de ambos deve estar
evidenciada no material didático. Havendo mais que a explicitação de todo um
contexto, mas a libertação dessa História vista e feita somente por homens.
Em muitas das instituições de ensino, os
docentes tem como sua metodologia a utilização do livro didático, “[...]
planejados, organizados e produzidos especificamente para uso em situações
didáticas, envolvendo predominantemente alunos e professores, e que têm a
função de transmitir saberes circunscritos a uma disciplina escolar” [FREITAS,
2009, p.14]. A problemática gira em torno da utilização de somente dessa única
fonte, e usar essa mesma, como uma verdade absoluta. A representação da mulher
muitas vezes é falha, e como ela não está no livro, não ser trabalhada, se
torna inadmissível. Dentro dessa estrutura desenvolve os problemas, livros
falhos, sobre uma História falha.
A problemática dos livros deve tratar de
todos os paralelos constituintes, em uma temática, sua avaliação para a entrada
nas escolas deve ser meticulosa, pois está vinculada ao âmago de muitas
abordagens e metodologias. Os pressupostos para a análise devem se pautar na minúcia,
“[...] além da identificação dos valores e da ideologia que necessariamente é
portador, é preciso estar atento à outros três aspectos básicos que dele fazem
parte: sua forma, o conteúdo histórico escolar e o seu conteúdo pedagógico”
[BITTENCOURT, 2008 p. 311].
Dentro da concepção que se estabelece a
metodologia da presente análise acerca da representação feminina “pretende-se
tratar e analisar as informações textuais constantes no objeto de pesquisa no
caso os livros didáticos buscando uma compreensão crítica dos conteúdos postos
a luz dos objetivos que regeram a pesquisa” [PEREIRA, 2013, p.25].
Possibilitando uma reflexão sobre como está a
representação para escolas públicas, em relação a vida das mulheres que
morreram na Guerra, e aquelas que permaneceram viva após ela. A partir dos
livros didáticos, estabelecendo a problemática entorno da representação do
feminino. “O tipo de pesquisa que utilizado nesse estudo foi a documental tendo
em vista que o livro didático foi tomado enquanto documento e fonte de pesquisa
e não como referência bibliográfica” [PEREIRA, 2013, p.26].
Para o desenvolvimento da pesquisa foi
utilizado três livros didáticos do sistema público de ensino dos 8ª anos. Sendo
dois produzidos ela editora Moderna, e o outro editado pela FTD. Identificados
e analisados, processualmente. Levando em consideração o conteúdo estabelecido
no presente problemático.
Partimos da contextualização para a análise
do material didático, percebendo alguns ideais trazidos com ele. “O
conhecimento produzido pelo livro didático é categórico, característica
perceptível pelo discurso unitário e simplificado que se reproduz, sem
possibilidade de ser contestado, como afirmam vários de seus críticos”.
[BITTENCOURT, 2008, p.313]. Trazendo consigo esse instrumento de memória
nacional.
O livro didático “vontade de saber História”,
para 8º ano. Dentro do conteúdo e seu contexto que é apresentado da Guerra do
Paraguai, expressado em quatro páginas, esclarece aspectos como o jogo de
interesses, o conflito e mais especificações, vinculadas ao universo de
acontecimentos que desenvolveu na Guerra, de maneira sucinta.
Então traz o tópico “As mulheres na Guerra”,
desconstruindo alguns estereótipos, mostrando aos alunos que a mulher também
esteve em batalha, “A mulheres participaram ativamente da Guerra do Paraguai.
Entre elas havia mães, esposas, comerciantes e escravas”. Sintetizado em três
parágrafos, traz a representação da mulher a Guerra do Paraguai e mostrando o
papel que desempenhou, trazendo a presente citação: “Nas linhas de atiradores
que combatiam encarniçadas, vi [as mulheres] mais de uma vez aproximar-se dos
feridos, rasgarem as saia em ataduras para estacarem o sangue, montá-los na
garupa dos seus cavalos e conduzi-los no meio de balas” [Dionísio Cerqueira.
In: Maria Teresa Garritano Dourado. Tropas femininas em marcha. Nossa História.
São Paulo: Vera Cruz, ano 2, n. 13, nov. 2004. P.39].
Claramente o livro traz de um modo mais
próximo a real configuração que se estabeleceu na Guerra do Paraguai, qual foi
travada por todos, ampliando as visões sobre a temática, mostrando que os
autores do livro, saíram desse círculo fechado, onde a guerra é feita
unicamente por homens brancos, vista somente a partir de uma elite.
Ao lado da descrição textual sobre a mulher
na Guerra do Paraguai, o livro didático, apresenta uma imagem, conforme pode
ser vista abaixo na figura 1. Dessa forma, fazendo um paralelo com o contexto
que se estabeleceu nos parágrafos sobre a representação da mulher na guerra.
Demonstrando a mulher no campo de batalha, vestida a caráter segurando e
honrando a bandeira do Paraguai, quebrando o estigma que persegue a mulher,
como um ser sensível, incapaz de lutar. Apresentando Joana F. Leal de Souza,
que se voluntariou para a Guerra do Paraguai.
Figura 1. Fonte: Autor desconhecido – A
Voluntária da Pátria D. Joana Francisca Leal de Souza. Em semana Ilustrada.
03/09/1865. Fundação Biblioteca Nacional de Rio de Janeiro
Ao analisar o livro de 8º ano, “História das
cavernas ao terceiro milênio, volume 2, da conquista da América ao século XIX”.
Percebemos que traz o contexto da Guerra, de modo extremamente simplificado,
ocupando o espaçamento do livro em um total de somente duas páginas. De uma
maneira breve mostrando as formas de como ocorreram a Guerra, principais
aspectos vinculados às questões políticas e econômicas e o seu desfecho.
Finalizando o conteúdo do livro sobre a
Guerra do Paraguai, o livro traz a figura 2, como podemos observar abaixo,
apresentando a seguinte legenda para a imagem, “Quase toda população masculina
do Paraguai foi dizimada na Guerra. Às mulheres sobrou a imagem de desolação”.
Figura 2. Fonte: Paraguai: imagem de sua
pátria desolada (c.1880), de Juan Manuel Blanes. ArchivoIconografico
S.A/Corbis-Stock Photos.
O único momento em que as mulheres são
citadas no capítulo, se refere à descrição da imagem acima. E como podemos
perceber o contexto que a imagem é colocada, é como uma mulher amedrontada e
fraca que expressa sua tristeza, por seu pai, filho ou marido ter sido morto em
meio às batalhas, solidificando a imagem da mulher inferior incapaz de lutar em
uma Guerra, pelo simples fato de ser mulher.
"A Paraguaia" (1879), como é
conhecida a imagem do pintor uruguaio Juan Manuel Blanes (1830-1901). Em sua
essência retrata a face do povo paraguaio, por suas perdas, pelo sangue
derramado e todas as infelicidades que ocorreram durante e após a Guerra.
Entretanto, o livro didático acaba por recortar o sentido da imagem, colocando
em um contexto totalmente estereotipado. Já que a pintura representa a tristeza
de um povo, e não somente das mulheres, pela mortalidade masculina.
O terceiro livro didático do 8º ano trata-se
do material, “História das cavernas ao terceiro milênio, séculos XVIII e XIX:
as fundações do mundo contemporâneo”. O livro apresenta o conteúdo em três
páginas de forma eximiamente sucinta, ressaltando algumas questões políticas,
econômicas e sociais. Fazendo ênfase nos antecedentes da guerra, a eclosão dos
conflitos e as consequências que ocorreram no pós Guerra. Trazendo algumas
fontes icnográficas sobre o desenrolar da Guerra do Paraguai.
A única menção que o livro faz referente às
mulheres, se trata dessa quase imperceptível passagem, “A maioria dos
sobreviventes eram idosos, mulheres e crianças”. Hora alguma o livro destaca a
participação feminina, mas sim ofusca ainda mais. Já é construída a visão para
os indivíduos, das mulheres como apenas sendo um adorno na Guerra, acaba por se
concretizar e solidificar ainda mais.
Fazendo parte de uma História tradicional,
elitista, feitas de grandes personagens e os considerados importantes
acontecimentos, os autores pecam no desenrolar da constituição do material
sobre a Guerra do Paraguai. A necessidade da História vistas por todos os
ângulos é clara, “essa questão parece um desafio, ou mesmo um desejo de
recuperar a mulher na sua identidade social e mostrar a sua presença nos campos
de batalhas. Mesmo que não fizesse parte do processo de tomada de decisão”
[DOURADO, 2008, p.1]. A inserção da representação da mulher é falha em certo
pontos, demonstrando um viés de toda uma diversificada História. Tornando
várias pessoas heróis, e outras nulas no processo historico.
Considerações
Finais
O material didático, muitas vezes é o único
meio que alguns alunos entram em contato durante sua vivência, logo tem efetiva
importância para o processo de ensino-aprendizagem. Está ao cargo do professor,
não utilizar o livro como única fonte de conhecimento para conduzir a aula.
Além do fato que cabe ao docente desconstruir todos os estereótipos presentes
no livro, mostrando que a História se expande muito além das barreiras de
gênero. A Historiografia abre caminhos, e ainda os mesmos, podem ser
desbravados dentro de sala de aula, despertando o pensar e o senso críticos dos
alunos.
De modo geral, a representatividade da mulher
em todos os vieses da História ainda apresenta a carência de estudo, até mesmo
em certo ponto credibilidade. Assim como os homens as mulheres estavam
presentes e ativas no processo, como aconteceu na Guerra do Paraguai.
As discussões da representação feminina na
História sempre são importantes. Pois possibilita termos noções de como está se
relacionando a mulher e História, como um todo. Se torna instigante perceber
que com o passar do tempo ainda não obtermos uma História que conte a
participação de todos os viventes em um acontecimento histórico. Propriamente
advinda de um desinteresse da História contada pelo viés das minorias,
considerando menos importante do que a pelos grandes heróis.
A Guerra do Paraguai nos possibilitou um
olhar mais crítico, em relação às distinções de gênero, como se encontra
extremamente desigual. As mulheres lutaram arduamente, assim como os homens,
ambos se doaram em prol de ideais, mas os seus reconhecimentos como agentes
diretos na luta são de fato totalmente diferente. O livro didático acentua
ainda mais a visão de uma História feita por homens.
Referências
Ingrid Taylana Machado: Mestranda em História
- História e Regiões na UNICENTRO, (Universidade Estadual do Centro - Oeste).
Possui graduação em História - UNICENTRO (Universidade Estadual do Centro -
Oeste) campus Irati (2017). Pesquisa temas relacionados a Relações de Gênero,
História das Mulheres, Práticas e Representações, Saberes Populares, História
Cultural, Partos, Ensino de História.
E-mail: ingriditaylana@hotmail.com.
DAVIS, Arthur H.
Martín T. McMahon – diplomático – El estridor de las armas. Assunción:
Editora Litocolor, 1985, p.60.
DORATIOTO, Francisco. História e ideologia: a
produção brasileira sobre a Guerra do Paraguai. Nuevo Mundo-Mundos Nuevos , v.
0000, p. 49012, 2009.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de
História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.
FLORES,Hilda Agnes Hübner. Mulheres na Guerra
do Paraguai. Porto Alegre: EDIPUCRS,2010.
FREITAS, Itamar de. Livro didático de
História: definições, representações e prescrições de uso. In: Livros didáticos
de História: escolhas e utilizações. Natal: EDUFRN, 2009.
HOBSBAWM, Eric. Sobre história. São Paulo:
Cia. das Letras, 1998. 336 p.
PINSKY, CARLA B. Estudos de Gênero e História
social. Curitiba: World Laser, 2011.
PILETTI, Nelson; PILETTI, Claudino. A Guerra
do Paraguai. In: . História & Vida- 6ª série. São Paulo: Ática, 1989. p.
22-24.
PEREIRA. Alline Mikaela. A representação da
mulher no livro didático de História. 2013. 50 folhas. Monografia [Especialização
em Educação: Métodos e Técnicas de Ensino]. Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, Medianeira, 2013.
ROCHA, Maristela. Os 150 anos da Guerra do
Paraguai. A participação da compositora Chiquinha Gonzaga a bordo do São Paulo.
Anais do XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. In: Intercom,
2014, Foz do Iguaçu. Anais do XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação, 2014.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de
análise histórica. Educação e Realidade. Vol. 20 (2), jul/dez. 1995.
Imagens:
Fonte: Museo Nacional de Artes Visuales
[Disponível em:
<http://m.mnav.gub.uy/cms.php?o=1083>.
Acesso em: 14 Dez. 2016].
Olá Ingrid, parabéns pelo texto. Gostaria de perguntar se além das representações femininas na Guerra do Paraguai, você pesquisou também mulheres que escreveram sobre o episódio? Pergunto porque considero importante também a existência de narrativas femininas acerca da guerra, por ser a escrita e a interpretação histórica também uma forma de demarcação de um espaço e exercício de poder.
ResponderExcluirJeane Carla Oliveira de Melo
Obrigada pelas considerações Jeane!
ExcluirNo decorrer do presente estudo o que pude observar dentro dos limites da minha pesquisa, foi que os escritos feitos por pesquisadores homens, evidenciam a guerra paraguaia com base no conflito entre questões sociais e econômicas, e quando trata-se da perspectiva das relações de gênero, ou de realocar e dar a efetiva posição que a mulher ocupou na guerra e sua representatividade, é uma historiografia majoritariamente feita por mulheres. Claro, que necessita-se de uma pesquisa mais profunda para desenvolver uma estatística, e confirmar se realmente há uma supremacia de homens. Sempre é importante esta reflexão questionada por você em todas as temáticas, para que possamos equiparar em pesquisa e representação em todos os sentidos, fazendo e estando na História! Obrigada!
Assinado: Ingrid Taylana Machado
Muito boa a sua pesquisa. Também escrevo sobre a Guerra do Paraguai.
ResponderExcluirAssim, qual a sua visão pessoal a partir de seus estudos sobre a mulher paraguaia?
Cleberson Vieira de Araújo
Obrigada pelas considerações Cleberson!
ExcluirMinhas pesquisas giram em torno das perspectivas das relações de gênero, algumas vezes variado nas temáticas, neste estudo eu delimitei somente a problemática no contato com os escritos sobre a representatividade da mulher na Guerra do Paraguai. Dito isso, as leituras e o que pude perceber sobre a mulher paraguaia em meio à guerra, a partir de diferentes manuais didáticos, é o que descreve Flores (2010), a mulher muitas vezes é vista como a parte fraca na guerra com base em estereótipos e papéis de gênero, passando a ser representada desta forma, e para os homens ficam vívidas as honras, e a glorificação de lutar, a mulher ficaria destinada a reconstrução e viver no pós-guerra. A mulher paraguaia na guerra serviu ao seu país de diferentes formas tanto no exército, como na parte médica ou em casa provendo a sua família, ainda há necessidade de estudos que abordem mais estas perspectivas, obrigada!
Assinado: Ingrid Taylana Machado
Boa Tarde, Ingrid.
ResponderExcluirQuero dar os parabéns pelo seu texto, trouxe um singular olhar acerca das mulheres na Guerra do Paraguai, um tema que carece ainda de estudos, nesse sentido que eu gostaria de perguntar a você: Como esse tema pode ser melhor trabalhado em sala de aula ?, além do livro didático seria possível o uso de outros materiais para mostrar o papel das mulheres ?,
Grato!
Fernando Tadeu Germinatti.
Obrigada Fernando por suas considerações!
ExcluirSabendo que a jornada de um professor ou professora de História, principalmente da rede pública é uma tarefa árdua, com muito conteúdo para um tempo restrito, muitas vezes o manual didático pode ser um grande norteador e aliado no processo de ensino-aprendizagem. Contudo, certas vezes como visto, pode apresentar alguns pontos que poderiam ser melhores trabalhados, como a participação e a representatividade das mulheres e minorias. Acredito ser importante fazer pesquisas em artigos, livros, fotografias, outras fontes e métodos lúdicos, para complementar o trabalho em sala de aula, pois há uma quantidade relevante de trabalhos, por exemplo, que problematizam a mulher e a guerra paraguaia, importante mostrar para os alunos e alunas que a guerra não foi vivida só por homens, aguçando o senso crítico dos discentes.
Assinado: Ingrid Taylana Machado
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ResponderExcluirOlá Ingrid parabéns pelo trabalho! Gostaria de compreender melhor a quais questões ou hipóteses você atribui as lacunas, ausências, aproximações ou não com a historiografia em relação à produção didática sobre a Mulher na guerra do Paraguai? Seria a partir da ideia de cultura escolar? Ou você está pensando a partir da educação histórica? Obrigada Helena Ragusa Granado
ExcluirObrigada pelas considerações Helena!
ExcluirA historiografia foi por muito tempo hegemônica em favor de homens, escrevendo e vivenciando a História, em uma historiografia feita para os grandes heróis e personalidades, deixando de lado as mulheres e sua participação efetiva. Apenas um tempo depois abrindo espaço para aquela que evidencia os excluídos, mulheres e minorias. O que mostra resquícios e que ainda há muito caminho a percorrer, para que os estudos, importância e representatividade estejam equiparados, principalmente naquilo que é repassado em sala de aula. Uma estrutura de pensamento foi criada, um modo de ação enraizado que preza determinados valores e questões, que acaba não dando devida importância para certas temáticas transversais. Acredito que esta problemática poderia ser pensada pela categoria de análise da ideia de cultura escolar, nesses processos que ocorrem à transmissão da cultura no ciclo social e consequentemente no âmbito escolar, em suas formas de disseminação de conteúdos, comportamentos e questões que envolvem os processos sociais. Porém, gosto muito da ideia cunhada a partir do pensamento da educação histórica, da discussão e dos princípios que cabem na historiografia e os seus desafios. Obrigada!
Assinado: Ingrid Taylana Machado